Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
O esforço do PSDB para apresentar-se ao país como um partido bonzinho ao longo de um vídeo melodramático de dez minutos é um recorde universal de mistificação política.
Numa demonstração definitiva de que os personagens reais do partido de Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves, José Serra e João Dória, Geraldo Alckmin, Beto Richa e tantos mais não só enfrentam uma guerra interna profunda, mas não têm a menor credibilidade para falar olho no olho para a grande maioria de brasileiros, o partido preferiu empregar rostos anônimos que lembram pessoas comuns para encenar sua mensagem política.
São pessoas que nunca pediram seu voto nem jamais ocuparam qualquer qualquer função de responsabilidade política. Personagens ideais, que surgiram não se sabe de onde, para encenar uma farsa que tenta encobrir as responsabilidades de autoridades que todos conhecem: deputados, senadores, ministros, governadores, executivos e mesmo de um ex-presidente da República, no grande crime político de nossa história recente.
Estamos falando do golpe parlamentar - ou "encenação", como disse Joaquim Barbosa - que derrubou uma presidente eleita por mais de 54 milhões de votos e atirou a República no ambiente de incertezas e impasses, no qual a democracia foi humilhada, a economia, semi-destruída, e a sociedade estilhaçada num ambiente de incertezas e truculência.
Sabemos quem foram os protagonistas deste episódio infame - jamais denunciado numa peça tucana que fala em autocrítica - iniciado logo após a contagem de votos de outubro de 2014. Acompanhamos o jogo sujo de cada minuto, o inconformismo diante das urnas desfavoráveis, a armação junto aos grandes e pequenos corruptos de sempre, a pressão inclemente no Judiciário liderado por Gilmar Mendes e a mídia sob a batuta da TV Globo para sabotar uma decisão contra a vontade do eleitor. Nem é preciso lembrar, certo?
Seguindo a regra de um velho ministro da Fazenda tucano ("o que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde"), o vídeo apaga e omite o papel de protagonistas e coadjuvantes do PSDB, de modo que a História se resume a uma fábula para adultos infantilizados e imbecilizados.
Todos os males do país de 2017, com o maior desemprego da história, o desmanche de conquistas que são fruto de décadas de lutas são atribuídos desonestamente a uma causa única: o presidencialismo. Trata-se, como sabemos, do regime político que o povo aprovou e defendeu em dois plebiscitos. Como todos os outros, é um sistema que possui inúmeros e imensos defeitos mas, ao contrário dos demais, é aquele que representa a principal brecha de democracia que foi possível construir num sistema de poder fechado e oligárquico ao longo de 500 anos de história - o voto direto para escolha dos governantes, a começar pela presidência da República.
Como já havia feito na Constituinte, em 1988, seguindo o exemplo dos antecessores reacionários que emparedaram João Goulart, em 1962, o partido de coronéis e raposas sem voto agora se declara parlamentarista.
Referência política e ideológica do estado de barbárie em que o país se encontra, do qual Michel Temer, Eduardo Cunha & aliados são executores disciplinados ainda que particularmente interesseiros e gananciosos, o PSDB é a grande escola de quadros do momento.
É a matriz inspiradora desse triste momento histórico no qual nenhum problema importante foi resolvido, todos foram agravados - e novas dificuldades foram criadas no caminho de uma população que não desiste de encontrar seu destino.
No esforço para apagar suas próprias responsabilidades pelas tragédias de um país no qual tem o direito - como nenhum outro depois da velha UDN - de apresentar-se como representação da classe dominante, o PSDB assume a postura irresponsável de quem, na falta de argumento melhor, resolve colocar a culpa "no sistema". Quer dizer, no povo. Mais claramente, na democracia. Mais do que nunca, como se vê, é prudente recorrer ao serviço de homens e mulheres anônimos.
Parte da estratégia de impedir a realização de eleições livres e limpas em 2018, quando é exatamente o adversário de 1989, 1994, 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014 que se encontra à frente das pesquisas, o partido aposta no tumulto, no velho tapetão à brasileira, no bico de pena da Republica Velha, de eleições arranjadas e vencedores conhecidos de antemão.
A agit-prop do PSDB é tão desonesta que, no esforço para embelezar o parlamentarismo como promessa de estabilidade e garantia de bem-estar, esqueceu de lembrar a origem das duas principais tiranias da Europa civilizada do século XX, onde o fascismo italiano e o nazismo alemão são produtos inegáveis de crises de regimes parlamentaristas. Adolf Hitler jamais obteve a maioria dos votos dos alemães. Seu caminho foi aberto pelos impasses e omissões de um parlamento incapaz de apontar uma saída responsável para o desemprego e o empobrecimento que atingia um nível trágico nos anos seguintes a Primeira Guerra, acentuados pela crise de 1929. Benito Mussolini assumiu o poder por decisão do Rei Vitório Emmanuel, que dissolveu o parlamento para entregar o país aos fascistas, que governaram a Itália por 20 anos.
Com todas as distâncias e diferença que é preciso reconhecer, estamos falando de um jogo que envolve nosso o futuro. Procurando embelezar o golpe, Michel Temer diz que o Brasil chegou ao semi-parlamentarismo. O PSDB quer completar a obra.
O esforço do PSDB para apresentar-se ao país como um partido bonzinho ao longo de um vídeo melodramático de dez minutos é um recorde universal de mistificação política.
Numa demonstração definitiva de que os personagens reais do partido de Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves, José Serra e João Dória, Geraldo Alckmin, Beto Richa e tantos mais não só enfrentam uma guerra interna profunda, mas não têm a menor credibilidade para falar olho no olho para a grande maioria de brasileiros, o partido preferiu empregar rostos anônimos que lembram pessoas comuns para encenar sua mensagem política.
São pessoas que nunca pediram seu voto nem jamais ocuparam qualquer qualquer função de responsabilidade política. Personagens ideais, que surgiram não se sabe de onde, para encenar uma farsa que tenta encobrir as responsabilidades de autoridades que todos conhecem: deputados, senadores, ministros, governadores, executivos e mesmo de um ex-presidente da República, no grande crime político de nossa história recente.
Estamos falando do golpe parlamentar - ou "encenação", como disse Joaquim Barbosa - que derrubou uma presidente eleita por mais de 54 milhões de votos e atirou a República no ambiente de incertezas e impasses, no qual a democracia foi humilhada, a economia, semi-destruída, e a sociedade estilhaçada num ambiente de incertezas e truculência.
Sabemos quem foram os protagonistas deste episódio infame - jamais denunciado numa peça tucana que fala em autocrítica - iniciado logo após a contagem de votos de outubro de 2014. Acompanhamos o jogo sujo de cada minuto, o inconformismo diante das urnas desfavoráveis, a armação junto aos grandes e pequenos corruptos de sempre, a pressão inclemente no Judiciário liderado por Gilmar Mendes e a mídia sob a batuta da TV Globo para sabotar uma decisão contra a vontade do eleitor. Nem é preciso lembrar, certo?
Seguindo a regra de um velho ministro da Fazenda tucano ("o que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde"), o vídeo apaga e omite o papel de protagonistas e coadjuvantes do PSDB, de modo que a História se resume a uma fábula para adultos infantilizados e imbecilizados.
Todos os males do país de 2017, com o maior desemprego da história, o desmanche de conquistas que são fruto de décadas de lutas são atribuídos desonestamente a uma causa única: o presidencialismo. Trata-se, como sabemos, do regime político que o povo aprovou e defendeu em dois plebiscitos. Como todos os outros, é um sistema que possui inúmeros e imensos defeitos mas, ao contrário dos demais, é aquele que representa a principal brecha de democracia que foi possível construir num sistema de poder fechado e oligárquico ao longo de 500 anos de história - o voto direto para escolha dos governantes, a começar pela presidência da República.
Como já havia feito na Constituinte, em 1988, seguindo o exemplo dos antecessores reacionários que emparedaram João Goulart, em 1962, o partido de coronéis e raposas sem voto agora se declara parlamentarista.
Referência política e ideológica do estado de barbárie em que o país se encontra, do qual Michel Temer, Eduardo Cunha & aliados são executores disciplinados ainda que particularmente interesseiros e gananciosos, o PSDB é a grande escola de quadros do momento.
É a matriz inspiradora desse triste momento histórico no qual nenhum problema importante foi resolvido, todos foram agravados - e novas dificuldades foram criadas no caminho de uma população que não desiste de encontrar seu destino.
No esforço para apagar suas próprias responsabilidades pelas tragédias de um país no qual tem o direito - como nenhum outro depois da velha UDN - de apresentar-se como representação da classe dominante, o PSDB assume a postura irresponsável de quem, na falta de argumento melhor, resolve colocar a culpa "no sistema". Quer dizer, no povo. Mais claramente, na democracia. Mais do que nunca, como se vê, é prudente recorrer ao serviço de homens e mulheres anônimos.
Parte da estratégia de impedir a realização de eleições livres e limpas em 2018, quando é exatamente o adversário de 1989, 1994, 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014 que se encontra à frente das pesquisas, o partido aposta no tumulto, no velho tapetão à brasileira, no bico de pena da Republica Velha, de eleições arranjadas e vencedores conhecidos de antemão.
A agit-prop do PSDB é tão desonesta que, no esforço para embelezar o parlamentarismo como promessa de estabilidade e garantia de bem-estar, esqueceu de lembrar a origem das duas principais tiranias da Europa civilizada do século XX, onde o fascismo italiano e o nazismo alemão são produtos inegáveis de crises de regimes parlamentaristas. Adolf Hitler jamais obteve a maioria dos votos dos alemães. Seu caminho foi aberto pelos impasses e omissões de um parlamento incapaz de apontar uma saída responsável para o desemprego e o empobrecimento que atingia um nível trágico nos anos seguintes a Primeira Guerra, acentuados pela crise de 1929. Benito Mussolini assumiu o poder por decisão do Rei Vitório Emmanuel, que dissolveu o parlamento para entregar o país aos fascistas, que governaram a Itália por 20 anos.
Com todas as distâncias e diferença que é preciso reconhecer, estamos falando de um jogo que envolve nosso o futuro. Procurando embelezar o golpe, Michel Temer diz que o Brasil chegou ao semi-parlamentarismo. O PSDB quer completar a obra.
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