Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
O crescimento do apoio popular a candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva constitui o elemento decisivo da atual conjuntura política. Mostra que, apesar da profunda derrota representada pelo golpe de Michel Temer, que abriu espaço para a destruição de um amplo conjunto de conquistas e direitos, o país começa a vencer a perplexidade e pessimismo dos primeiros meses para construir uma saída política capaz de vencer, nas urnas, uma das mais graves crises de nossa história republicana.
Num debate antecipado pela agonia sem fim na qual o país foi colocado pela dupla Temer-Meirelles, todos os levantamentos, de todos os institutos , mostram que, a onze meses da eleição presidencial, Lula é um candidato sem adversário real.
Envolvidos até a medula com o golpe, velhas estrelas do conservadorismo verde-amarelo, como José Serra e Aécio Neves, se encontram desmoralizadas e fora de combate, ao menos no plano federal.
Novos concorrentes, como João Dória, perderam oxigênio antes da disputa começar. Deixando de lado uma opção que pode atrair seu público mas não mobiliza a maioria dos brasileiros - o fascismo de Jair Bolsonaro - a esperança atual dos adversários de Lula é mais um personagem de laboratório, Luciano Hulk. Celebridade midiática que se pretende converter em candidato a presidente da República, o problema aqui deste não tem solução visível.
O crescimento do apoio popular a candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva constitui o elemento decisivo da atual conjuntura política. Mostra que, apesar da profunda derrota representada pelo golpe de Michel Temer, que abriu espaço para a destruição de um amplo conjunto de conquistas e direitos, o país começa a vencer a perplexidade e pessimismo dos primeiros meses para construir uma saída política capaz de vencer, nas urnas, uma das mais graves crises de nossa história republicana.
Num debate antecipado pela agonia sem fim na qual o país foi colocado pela dupla Temer-Meirelles, todos os levantamentos, de todos os institutos , mostram que, a onze meses da eleição presidencial, Lula é um candidato sem adversário real.
Envolvidos até a medula com o golpe, velhas estrelas do conservadorismo verde-amarelo, como José Serra e Aécio Neves, se encontram desmoralizadas e fora de combate, ao menos no plano federal.
Novos concorrentes, como João Dória, perderam oxigênio antes da disputa começar. Deixando de lado uma opção que pode atrair seu público mas não mobiliza a maioria dos brasileiros - o fascismo de Jair Bolsonaro - a esperança atual dos adversários de Lula é mais um personagem de laboratório, Luciano Hulk. Celebridade midiática que se pretende converter em candidato a presidente da República, o problema aqui deste não tem solução visível.
Hulk não só foi mimado nos mesmos salões que já deram vida ao tucanato paulista, mas está condenado a carregar até o último dia a irreversível desconfiança da maioria dos brasileiros diante de uma - mais uma! - operação nascida nos bastidores dos mercados financeiros para ser oferecida ao país como novela eleitoral pelos estúdios da TV Globo. Não é fácil imaginar que um eleitorado desconfiadíssimo venha a ser iludido mais uma vez, o que explica o apego dos 1% da sociedade brasileira ao tapetão judiciário da Lava Jato.
Neste ambiente de derrota, raiva e descrédito, Lula faz o mais difícil, que é apontar a esperança -- primeiro passo para um povo, de qualquer país, em qualquer momento de sua história, levantar a cabeça. Por isso continua perigoso, inconveniente.
Contra artifícios que o dinheiro pode comprar mas tem um poder cada vez menor de convencer, o crescimento de Lula se explica por aquilo que a política tem de mais consistente e evoluído -- os compromissos claros em defesa dos interesses da maioria e a memória histórica de oito anos no Planalto.
Num país que, corretamente, enxerga gastos excessivos de campanha como uma forma de obscenidade, as caravanas de Lula são exemplo de simplicidade e assim ele exercita os músculos políticos e reconstrói sua força. Apoiado, exclusivamente, na condição de maior liderança popular que a política brasileira já produziu, sem necessidade de retoque ou encenação, discute os dramas do presente e as opções para o futuro. Nos fundões de um país que se encontra em fronteiras desesperadas do empobrecimento e da falta de perspectiva, os encontros com Lula -- testemunhei vários na caravana pelo Nordeste -- envolvem uma combinação particular de emoção e consciência, reconhecimento e racionalidade.
Toda pessoa que não perdeu a capacidade de se identificar com o sofrimento urgente dos humildes e desprotegidos compreende a importância daquela comunhão entre a massa e seu líder, a natureza única de diálogos que expressam oportunidades únicas de mudança política. Fora das caravanas, isso também acontece.
De olho no municípios vizinhos de São Paulo, onde candidatos do Partido dos Trabalhadores tomaram uma surra nas eleições municipais de 2016, dias antes de embarcar para a caravana mineira, Lula visitou o gigantesco acampamento do MTST em São Bernardo - aquele onde Caetano Veloso foi impedido de cantar na segunda-feira, 30 de outubro - onde 8 000 famílias aguardam uma casa para morar. "Quando havia o Minha Casa Minha Vida, eles não precisavam fazer ocupações", disse Lula, em conversa com o 247. "A Dilma dava o dinheiro e eles construíram as casas. Depois que o Temer fechou o programa, não resta alternativa."
Numa época de desemprego em alta e salário em baixa, ali se encontram famílias diversos níveis de dificuldade. Um caso mais conhecido envolve aquelas que tentam escapar da maior das tragédias -- morar na rua. Outro caso é daquelas que ainda conservam um lugar para morar mas procuram de qualquer maneira arrumar uma renda para fugir de uma ação de despejo, que pode chegar a qualquer momento.
Ao contrário do que ocorria tempos atrás, diz Lula, nem todas são pessoas estabelecidas no acampamento se encontram abaixo da linha de pobreza. "Não são apenas miseráveis que enfrentam dificuldades", afirma. "São pessoa de classe média, que já não podem pagar aluguel". Na visita, Lula encontrou dois enfermeiros - mãe e filho - que perderam emprego, não podem arcar com um aluguel de R$ 2000 reais e, mesmo sem deixar a residência, se instalaram no acampamento.
Neste universo tenso entre os que nada-têm e aqueles que têm-um-pouco, ainda existem os vizinhos do acampamento, em sua maioria trabalhadores das industrias do ABC, onde o próprio Lula se construiu como líder operário. Muitas dessas pessoas conquistaram casa própria mas nem todas demonstram a necessária solidariedade aos acampados. Em seu discurso, Lula fez um apelo. Lembrando a crueldade dos tempos que correm, alertou: "Um dia vocês podem estar aqui".
Neste ambiente de derrota, raiva e descrédito, Lula faz o mais difícil, que é apontar a esperança -- primeiro passo para um povo, de qualquer país, em qualquer momento de sua história, levantar a cabeça. Por isso continua perigoso, inconveniente.
Contra artifícios que o dinheiro pode comprar mas tem um poder cada vez menor de convencer, o crescimento de Lula se explica por aquilo que a política tem de mais consistente e evoluído -- os compromissos claros em defesa dos interesses da maioria e a memória histórica de oito anos no Planalto.
Num país que, corretamente, enxerga gastos excessivos de campanha como uma forma de obscenidade, as caravanas de Lula são exemplo de simplicidade e assim ele exercita os músculos políticos e reconstrói sua força. Apoiado, exclusivamente, na condição de maior liderança popular que a política brasileira já produziu, sem necessidade de retoque ou encenação, discute os dramas do presente e as opções para o futuro. Nos fundões de um país que se encontra em fronteiras desesperadas do empobrecimento e da falta de perspectiva, os encontros com Lula -- testemunhei vários na caravana pelo Nordeste -- envolvem uma combinação particular de emoção e consciência, reconhecimento e racionalidade.
Toda pessoa que não perdeu a capacidade de se identificar com o sofrimento urgente dos humildes e desprotegidos compreende a importância daquela comunhão entre a massa e seu líder, a natureza única de diálogos que expressam oportunidades únicas de mudança política. Fora das caravanas, isso também acontece.
De olho no municípios vizinhos de São Paulo, onde candidatos do Partido dos Trabalhadores tomaram uma surra nas eleições municipais de 2016, dias antes de embarcar para a caravana mineira, Lula visitou o gigantesco acampamento do MTST em São Bernardo - aquele onde Caetano Veloso foi impedido de cantar na segunda-feira, 30 de outubro - onde 8 000 famílias aguardam uma casa para morar. "Quando havia o Minha Casa Minha Vida, eles não precisavam fazer ocupações", disse Lula, em conversa com o 247. "A Dilma dava o dinheiro e eles construíram as casas. Depois que o Temer fechou o programa, não resta alternativa."
Numa época de desemprego em alta e salário em baixa, ali se encontram famílias diversos níveis de dificuldade. Um caso mais conhecido envolve aquelas que tentam escapar da maior das tragédias -- morar na rua. Outro caso é daquelas que ainda conservam um lugar para morar mas procuram de qualquer maneira arrumar uma renda para fugir de uma ação de despejo, que pode chegar a qualquer momento.
Ao contrário do que ocorria tempos atrás, diz Lula, nem todas são pessoas estabelecidas no acampamento se encontram abaixo da linha de pobreza. "Não são apenas miseráveis que enfrentam dificuldades", afirma. "São pessoa de classe média, que já não podem pagar aluguel". Na visita, Lula encontrou dois enfermeiros - mãe e filho - que perderam emprego, não podem arcar com um aluguel de R$ 2000 reais e, mesmo sem deixar a residência, se instalaram no acampamento.
Neste universo tenso entre os que nada-têm e aqueles que têm-um-pouco, ainda existem os vizinhos do acampamento, em sua maioria trabalhadores das industrias do ABC, onde o próprio Lula se construiu como líder operário. Muitas dessas pessoas conquistaram casa própria mas nem todas demonstram a necessária solidariedade aos acampados. Em seu discurso, Lula fez um apelo. Lembrando a crueldade dos tempos que correm, alertou: "Um dia vocês podem estar aqui".
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