Por Pedro Breier, no blog Cafezinho:
Notícia esdrúxula do dia: Ronaldinho vai se filiar ao partido de Bolsonaro (atual PEN e futuro Patriota) e concorrerá ao Senado por Minas Gerais.
No meio do teatro do absurdo que virou a política nacional, buscar alguma ordem em meio ao caos é tarefa inglória.
Mas no caso Ronaldinho-Bolsonaro este colunista vai aproveitar seu conhecimento de causa (sou gremista) para apontar o que une a insólita dupla: o oportunismo.
Ronaldinho é cria das categorias de base do Grêmio. Chegou a dizer, no início da carreira, que jogaria até de graça pelo clube. Nos fim dos anos 90 explodiu para o futebol. Com atuações antológicas, especialmente em clássicos e jogos decisivos, seu valor de mercado era altíssimo.
Entretanto, Ronaldinho assinou um pré contrato com o PSG para sair de graça do clube, ao fim do seu contrato. O Grêmio recorreu à Fifa e arrancou uma indenização mixuruca do clube francês. A torcida ficou revoltada com o craque.
“O meio do futebol é isso aí mesmo, todo mundo só quer saber de dinheiro”, você deve estar pensando, com certa dose de razão. Entretanto, Ronaldinho leva a obsessão doentia por grana a patamares inacreditáveis.
Em 2011, já no fim da carreira, ele decidiu voltar a jogar no Brasil. Negociou com o Grêmio a sua volta para casa. A transação foi dada como certa. Chegaram a armar o palco para a festa de recepção a Ronaldinho no velho estádio Olímpico. Alguns gremistas, animados com a possibilidade de um dos maiores jogadores da história voltar a jogar em Porto Alegre, perdoaram a traição do passado e foram ao estádio para saudá-lo.
Ronaldinho e seu irmão/empresário Assis, contudo, estavam promovendo um leilão com outros times. O Grêmio pagaria uma fortuna mensal para contratá-lo, mas o Flamengo ofereceu uma fortuna um pouquinho maior e Ronaldinho não teve dúvidas: deu mais uma rasteira no seu time de origem e acertou com o rubro-negro.
A torcida ficou irada. Ronaldinho é odiado pela metade azul do Rio Grande do Sul até hoje. Eu estava no estádio quando ele foi, com o Flamengo, enfrentar o Grêmio pela primeira vez. Muita gente balançava notas de dinheiro, chamando-o de mercenário.
O tricolor gaúcho ganhou de 4 x 2 e a torcida cantava, em êxtase, os versos de Beth Carvalho: “você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão”. Não é à toa que Ronaldinho não sairá candidato no Rio Grande do Sul.
A sanha do ex-atleta por bons negócios é similar à de Jair Bolsonaro, seu futuro companheiro de cédula.
Bolsonaro costumava defender, de forma até coerente com o seu apoio à ditadura militar e pretenso nacionalismo, políticas econômicas anti-liberais. Para ter o apoio do mercado, hoje jura de pés juntos que é liberal de carteirinha.
Votou muitas vezes junto com o PT em relação a questões econômicas. “Compilando o texto das ementas dos projetos em que Bolsonaro e PT votaram igual entre 1999 e 2010, nota-se um predomínio de temas associados à Nova Matriz Econômica – visão intervencionista da economia levada a cabo pelo PT”, diz esta reportagem da Folha.
Como o antipetismo virou filão eleitoral depois do golpe, Bolsonaro se vende como anti-petista até debaixo d’água. As redes sociais piraram essa semana com um antigo elogio entusiasmado do suposto anti-esquerdista mor da nação a, vejam vocês, Hugo Chávez:
Portanto, Ronaldinho e Bolsonaro concorrendo a presidente e senador pelo mesmo partido, apesar do aparente nonsense, até que faz sentido.
Os mais novos “patriotas” do Brasil são oportunismo em estado puro.
P.S.: Ronaldinho anunciou que está torcendo para o Grêmio no mundial de clubes e foi gloriosamente xingado pelos gremistas nas redes sociais. De fato, não precisamos da torcida de um bolsominion traíra para ganhar do Real Madrid.
Notícia esdrúxula do dia: Ronaldinho vai se filiar ao partido de Bolsonaro (atual PEN e futuro Patriota) e concorrerá ao Senado por Minas Gerais.
No meio do teatro do absurdo que virou a política nacional, buscar alguma ordem em meio ao caos é tarefa inglória.
Mas no caso Ronaldinho-Bolsonaro este colunista vai aproveitar seu conhecimento de causa (sou gremista) para apontar o que une a insólita dupla: o oportunismo.
Ronaldinho é cria das categorias de base do Grêmio. Chegou a dizer, no início da carreira, que jogaria até de graça pelo clube. Nos fim dos anos 90 explodiu para o futebol. Com atuações antológicas, especialmente em clássicos e jogos decisivos, seu valor de mercado era altíssimo.
Entretanto, Ronaldinho assinou um pré contrato com o PSG para sair de graça do clube, ao fim do seu contrato. O Grêmio recorreu à Fifa e arrancou uma indenização mixuruca do clube francês. A torcida ficou revoltada com o craque.
“O meio do futebol é isso aí mesmo, todo mundo só quer saber de dinheiro”, você deve estar pensando, com certa dose de razão. Entretanto, Ronaldinho leva a obsessão doentia por grana a patamares inacreditáveis.
Em 2011, já no fim da carreira, ele decidiu voltar a jogar no Brasil. Negociou com o Grêmio a sua volta para casa. A transação foi dada como certa. Chegaram a armar o palco para a festa de recepção a Ronaldinho no velho estádio Olímpico. Alguns gremistas, animados com a possibilidade de um dos maiores jogadores da história voltar a jogar em Porto Alegre, perdoaram a traição do passado e foram ao estádio para saudá-lo.
Ronaldinho e seu irmão/empresário Assis, contudo, estavam promovendo um leilão com outros times. O Grêmio pagaria uma fortuna mensal para contratá-lo, mas o Flamengo ofereceu uma fortuna um pouquinho maior e Ronaldinho não teve dúvidas: deu mais uma rasteira no seu time de origem e acertou com o rubro-negro.
A torcida ficou irada. Ronaldinho é odiado pela metade azul do Rio Grande do Sul até hoje. Eu estava no estádio quando ele foi, com o Flamengo, enfrentar o Grêmio pela primeira vez. Muita gente balançava notas de dinheiro, chamando-o de mercenário.
O tricolor gaúcho ganhou de 4 x 2 e a torcida cantava, em êxtase, os versos de Beth Carvalho: “você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão”. Não é à toa que Ronaldinho não sairá candidato no Rio Grande do Sul.
A sanha do ex-atleta por bons negócios é similar à de Jair Bolsonaro, seu futuro companheiro de cédula.
Bolsonaro costumava defender, de forma até coerente com o seu apoio à ditadura militar e pretenso nacionalismo, políticas econômicas anti-liberais. Para ter o apoio do mercado, hoje jura de pés juntos que é liberal de carteirinha.
Votou muitas vezes junto com o PT em relação a questões econômicas. “Compilando o texto das ementas dos projetos em que Bolsonaro e PT votaram igual entre 1999 e 2010, nota-se um predomínio de temas associados à Nova Matriz Econômica – visão intervencionista da economia levada a cabo pelo PT”, diz esta reportagem da Folha.
Como o antipetismo virou filão eleitoral depois do golpe, Bolsonaro se vende como anti-petista até debaixo d’água. As redes sociais piraram essa semana com um antigo elogio entusiasmado do suposto anti-esquerdista mor da nação a, vejam vocês, Hugo Chávez:
Portanto, Ronaldinho e Bolsonaro concorrendo a presidente e senador pelo mesmo partido, apesar do aparente nonsense, até que faz sentido.
Os mais novos “patriotas” do Brasil são oportunismo em estado puro.
P.S.: Ronaldinho anunciou que está torcendo para o Grêmio no mundial de clubes e foi gloriosamente xingado pelos gremistas nas redes sociais. De fato, não precisamos da torcida de um bolsominion traíra para ganhar do Real Madrid.
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