Parece que voltamos aos tempos daqueles programas policiais de final de tarde em que jorrava sangue e voavam balas num festival de violência e de desgraças, corpos estirados no chão.
Só que agora este noticiário invadiu o horário nobre em todos os telejornais, a começar pelo principal deles, o Jornal Nacional. O Brasil virou um caso de polícia, e não só por causa dos políticos. É a vida real.
Não sei se os caros leitores já notaram, mas nas últimas semanas a primeira meia hora do JN só tem matérias com rebeliões em presídios, mulheres de vítimas da violência chorando, acidentes de todo tipo, famílias e veículos destruídos, greves de policiais, assaltos com bombas em caixas automáticos, bandalheiras variadas e perseguição policial, bem na hora do jantar.
Está morrendo mais gente nos nossos telejornais do que nas novelas, o que não é comum. Se não é aqui, tem a interminável guerra civil da Síria e o eterno conflito no Oriente Médio, o gordinho sinistro da Coréia do Norte, atentados a bomba e refugiados para todo lado.
Fora isso, é o colapso galopante na saúde, casos de febre amarela em São Paulo, enchentes, a novela de Cristiane Brasil-sil-sil no Ministério do Trabalho, as tuitadas de Donald Trump, as idas e vindas do presidente Temer nos hospitais. É um verdadeiro massacre noticioso.
Será que não acontece nada de bom neste país continental e no planeta de um dia para outro?
Com a Lava Jato, o Congresso e o Judiciário em férias, a pauta fica mesmo limitada nesta época do ano, mas boa parte dos telespectadores também está de papo para o ar e talvez fosse o caso de buscar algumas histórias mais amenas para pelo menos dar um refresco ao distinto público.
Isso só acontece nos intervalos comerciais, em que gente bonita e feliz canta as belezas do Brasil Maravilha nos anúncios do governo, dos bancos, dos novos carrões e celulares. É como se fossem dois países distantes se encontrando no mesmo horário.
Entre a realidade e a ilusão, a única novidade boa nestes dez primeiros dias do ano foi a queda da inflação abaixo da meta, resultado da supersafra, dos alimentos mais baratos e de três anos de recessão que frearam o consumo.
Isso talvez explique porque cada vez mais gente está trocando a velha televisão da sala pelas séries e filmes de ficção das Netflix da vida que podem ser vistos em qualquer lugar a qualquer hora.
Da minha parte, aproveitei este recesso forçado em casa, que está chegando ao fim, para ler todos os livros que ganhei no Natal e ver os jogos da Copinha São Paulo, em que a molecada dos times de juniores muitas vezes mostra um futebol melhor do que os titulares dos grandes clubes, que investem mais em veteranos com o prazo de validade vencido.
Fica a sugestão para quem não aguenta mais ver tanta notícia ruim.
Vida que segue.
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