Por Luis Nassif, no Jornal GGN:
Na terça-feira participei de uma reunião com estrategistas da Executiva do PT. O tema principal da conversa foi a decisão de manter a candidatura de Lula até o último momento.
No geral, concordam com todos os riscos apontados no artigo “Xadrez da maior aposta de Lula”. Mas levantam argumentos sólidos a favor da tese da candidatura de Lula. Em todo caso, o que se tem, na opinião abalizada de um dos presentes, é uma nova etapa, caótica e imprevisível como foram os anos 30 e 80, tornando impossível definir como será o novo.
1- Eleitoral: garante as eleições imediatas.
É o partido com maior número de eleitores e o candidato, Lula, favorito absoluto para as próximas eleições. Mas tanto o governo Dilma quanto o candidato Lula alvos do golpe do impeachment, tentando impedir sua candidatura. Atropelando a Constituição e as leis, o golpe tenta impor uma derrota eleitoral a Lula.
2- Político: garante a perenidade do partido.
No caso de Lula-PT, seu acervo político é o projeto de desenvolvimento social do partido, já testado e aprovado no período Lula, com defesa da produção nacional e da distribuição de parte dos benefícios do desenvolvimento. É o que legitima partidos, garantindo sua perenidade.
A intenção do golpe não foi apenas inviabilizar eleitoralmente o PT, mas matar politicamente Lula. É o que explica os abusos reiterados contra seus direitos, desde os factoides dos pedalinhos até a invasão da sua casa, revirando até sua cama, o grampo nos escritórios de advocacia que o defendem, a condução coercitiva e a sequência monumental de acusações repetidas por todos os meios de comunicação.
E, no entanto, o resultado final representou uma derrota política do golpe. O movimento tornou explícitas as jogadas políticas no Judiciário, Ministério Público, Executivo, Mídia, vitimizou Lula, gerou reações internacionais, aumentou sua popularidade e aprovação, conferindo-lhe uma vitória política expressiva. Prenderam o homem, nasceu a lenda.
A intenção da candidatura Lula, para o PT, é preservar esse ativo.
Peça 2– os problemas da frente ampla
Como partido nacional, o PT padece das mesmas dificuldades do federalismo brasileiro: como manter a unidade nacional e, ao mesmo tempo, atender às peculiaridades de cada estado e cada candidato ao governo, cada qual montando seu arco de alianças?
Há convicção na Executiva do PT que, se não fosse o movimento em torno de Lula, o partido teria se dividido em arquipélagos regionais. Portanto, o primeiro motivo da candidatura Lula foi manter o PT unido.
O segundo motivo – e mais relevante – é a preservação da vitória política. A história está repleta de precedentes de partidos que abdicaram da disputa política e não mais se recuperaram. É o caso do PC italiano e do próprio PCB brasileiro pós 64, que perdeu o protagonismo na esquerda, sendo substituído pelo próprio PT.
No entendimento dos estrategistas do PT, montar uma frente de esquerda e entregar a cabeça de chave a alguém de fora do partido seria jogar fora o protagonismo futuro do PT. Ou, na expressão de um dos estrategistas do PT, “estaríamos entregando de bandeja ao pacto autoritário a nossa visão de futuro. Assim, o golpe se materializaria”.
O terceiro motivo foi o fato do PT, e Lula, terem se aproximado novamente das bases, das quais se afastaram no período em que foram poder. As caravanas e conferências e, especialmente, o contraste violento com o governo Temer, os abusos contra Lula, elevaram sua mística a níveis inéditos entre as classes de menor renda.
As pesquisas qualitativas, mesmo as manifestações espontâneas em diversos locais públicos – como a rodoviária de Brasília – mostram o mesmo discurso da parte dos entrevistados: lembram o que ganharam no governo Lula, o que estão perdendo agora e encaram a volta de Lula como único ponto de esperança. O tema comum é: “Eu quero meu futuro de volta”.
Há a identificação cultural e afetiva com o homem do povo, fruto do carisma pessoal de Lula. Mas há também uma base profundamente material, reforçada pelo desalento atual com o desemprego e com a deterioração dos níveis de emprego.
Se Lula abrir mão da candidatura, poderá ser encarado como traição. Se for impedido de se candidatar, reforçará os laços com a base.
Há um quarto motivo, a resistência a Ciro Gomes devido à sua trajetória política errática, pelas posições que tomou, de claro antagonismo ao PT e a Lula.
Peça 3 – os trunfos
Há esperanças vagas de que os tribunais não impeçam a candidatura Lula. Aferram-se ao caso Rosa Weber, que não acolheu representação do MBL para julgar antecipadamente o direito de Lula se candidatar. Seria um indício de que não haveria veto prévio à candidatura de Lula.
Avança-se também na conversa com partidos de esquerda mais próximos.
- Com PCdoB há alguma ambiguidade. Mesmo que a cúpula vá com Ciro, a base é lulista, devido à penetração de Lula no Nordeste. O PCdoB precisará desse lastro nas eleições de Flávio Dino, no Maranhão, e da senadora Vanessa Graziottin, no Amazonas.
- Com PSB a diferença é mais profunda. O novo PSB, que votou contra a reforma trabalhista, é essencialmente nordestino. No Sul, o PSB é mais conservador. Em Minas, a candidatura de Márcio Lacerda poderá atrapalhar o governador Fernando Pimentel. O divisor de águas é Pernambuco, estado no qual o PSB precisará muito do PT, devido à possível candidatura de Marilia Arraes. Fechando o acordo, o PT abrirá mão da sua candidatura.
No plano programático, foram anunciadas as cinco ideias centrais da campanha:
- Soberania popular
- Nova era de direitos
- Pacto federativo
- Novo modelo de desenvolvimento
- Transição ecológica para século 21
A entrevista de Fernando Haddad à Folha de hoje explicitou a proposta de casar responsabilidade social com ideias contemporâneas, de buscar a isonomia social através de leis e políticas testadas em grandes economias de mercado. Em suma, fugir da dicotomia rico x pobre, para modernos x anacrônicos.
Aliás, os setores liberais mais modernos já estão aceitando até acabar com a excrescência de isenção fiscal para ganhos de capital e dividendos.
Peça 4 – as agruras da direita
Considera-se que direita tem a força, mas não tem a legitimidade.
De uma lapada só o golpe liquidou com o pacto social de Lula, com a Constituição de 1988 e com a herança de Vargas. Foi gestada pelo PSDB, com a Ponte para o Futuro, implantada no governo Temer e será aprofundada no governo Alckmin.
É um projeto de poder que consiste em:
- Venda das riquezas naturais
- Privatização selvagem
- Apropriação da renda do trabalhador e dos fundos sociais.
- Eliminação das políticas sociais.
- Destruição do conceito de nação.
Esse projeto não pode ser explicitado eleitoralmente, exigindo enormes malabarismos retóricos de seus defensores.
Na avaliação dos estrategistas do PT, a situação da direita é mais periclitante:
* O quadro internacional.
A linha golpista dificilmente terá apoio do quadro internacional, devido ao acirramento da desglobalização. A Ponte para o Futuro tinha unidade de interesses externos e internos. A eleição de Donald Trump embolou. Agora, ficou difícil reconciliar o velho pacto do Real.
* A armadilha recessiva.
* As propostas em off
A direita não conseguiu produzir um projeto de país, uma visão de futuro minimamente razoável, nem um candidato competitivo. O único nome em que apostam, agora, é Geraldo Alckmin, que, na campanha, terá de esconder não apenas a natureza de suas propostas, como as alianças com o fisiologismo mais nefasto da República e as ligações com o governo Temer. É pouco?
Peça 5 – o plano B
Por tudo isso, a ideia é levar a candidatura Lula até o último momento. Sabem dos riscos, da aliança do golpe que junta Judiciário-mercado-mídia-Temer-PSDB. Mas entendem que o risco maior seria a esquerda passar por diluição no momento em que a direita radicaliza seu programa.
Para agosto, estão programados eventos em todo o país, pela libertação de Lula.
Se o Judiciário explicitar o estado de exceção e negar o registro, nesse caso lançar-se-á um candidato do PT que será a sombra de Lula. Terá que ter personalidade, lealdade, e, ao mesmo tempo, se limitar a ser o intermediário da palavra de Lula. Na campanha, ele falará em nome de Lula e dirá que todas suas decisões são decisões de Lula.
Há convicção de que o ungido teria condições de passar para o segundo turno.
As pesquisas de opinião são amplamente favoráveis a Lula.
Há duas regiões que se equilibram: Nordeste, com o lulismo avassalador; e São Paulo com sua dose de antilulismo. Mesmo assim, notam-se melhorias do apoio a Lula no estado.
No Sudeste – Rio, Minas Gerais, Espírito Santo – a situação é favorável. Pesquisa recente em Minas, feita pelo PSB, mostrou Lula com 43% das intenções de voto contra 30% da soma dos demais.
As incógnitas são o Sul – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – e o centro-oeste. Por lá, região mais conservadora do país, observa-se um crescimento surpreendente da candidatura Lula.
Mesmo assim, a expectativa maior é de derrota do segundo turno. Mas, na opinião dos estrategistas, evita-se o pior dos mundos: entrar em uma frente de esquerda, ser derrotado e perder a base social.
Resumo
No último Xadrez apresentei todos os riscos da candidatura Lula. Neste, os argumentos em favor da sua manutenção. O PT segue a lógica normal da sobrevivência partidária e de seu projeto de país.
O leitor que pese os argumentos de lado a lado e tire suas conclusões.
Na terça-feira participei de uma reunião com estrategistas da Executiva do PT. O tema principal da conversa foi a decisão de manter a candidatura de Lula até o último momento.
No geral, concordam com todos os riscos apontados no artigo “Xadrez da maior aposta de Lula”. Mas levantam argumentos sólidos a favor da tese da candidatura de Lula. Em todo caso, o que se tem, na opinião abalizada de um dos presentes, é uma nova etapa, caótica e imprevisível como foram os anos 30 e 80, tornando impossível definir como será o novo.
1- Eleitoral: garante as eleições imediatas.
É o partido com maior número de eleitores e o candidato, Lula, favorito absoluto para as próximas eleições. Mas tanto o governo Dilma quanto o candidato Lula alvos do golpe do impeachment, tentando impedir sua candidatura. Atropelando a Constituição e as leis, o golpe tenta impor uma derrota eleitoral a Lula.
2- Político: garante a perenidade do partido.
No caso de Lula-PT, seu acervo político é o projeto de desenvolvimento social do partido, já testado e aprovado no período Lula, com defesa da produção nacional e da distribuição de parte dos benefícios do desenvolvimento. É o que legitima partidos, garantindo sua perenidade.
A intenção do golpe não foi apenas inviabilizar eleitoralmente o PT, mas matar politicamente Lula. É o que explica os abusos reiterados contra seus direitos, desde os factoides dos pedalinhos até a invasão da sua casa, revirando até sua cama, o grampo nos escritórios de advocacia que o defendem, a condução coercitiva e a sequência monumental de acusações repetidas por todos os meios de comunicação.
E, no entanto, o resultado final representou uma derrota política do golpe. O movimento tornou explícitas as jogadas políticas no Judiciário, Ministério Público, Executivo, Mídia, vitimizou Lula, gerou reações internacionais, aumentou sua popularidade e aprovação, conferindo-lhe uma vitória política expressiva. Prenderam o homem, nasceu a lenda.
A intenção da candidatura Lula, para o PT, é preservar esse ativo.
Peça 2– os problemas da frente ampla
Como partido nacional, o PT padece das mesmas dificuldades do federalismo brasileiro: como manter a unidade nacional e, ao mesmo tempo, atender às peculiaridades de cada estado e cada candidato ao governo, cada qual montando seu arco de alianças?
Há convicção na Executiva do PT que, se não fosse o movimento em torno de Lula, o partido teria se dividido em arquipélagos regionais. Portanto, o primeiro motivo da candidatura Lula foi manter o PT unido.
O segundo motivo – e mais relevante – é a preservação da vitória política. A história está repleta de precedentes de partidos que abdicaram da disputa política e não mais se recuperaram. É o caso do PC italiano e do próprio PCB brasileiro pós 64, que perdeu o protagonismo na esquerda, sendo substituído pelo próprio PT.
No entendimento dos estrategistas do PT, montar uma frente de esquerda e entregar a cabeça de chave a alguém de fora do partido seria jogar fora o protagonismo futuro do PT. Ou, na expressão de um dos estrategistas do PT, “estaríamos entregando de bandeja ao pacto autoritário a nossa visão de futuro. Assim, o golpe se materializaria”.
O terceiro motivo foi o fato do PT, e Lula, terem se aproximado novamente das bases, das quais se afastaram no período em que foram poder. As caravanas e conferências e, especialmente, o contraste violento com o governo Temer, os abusos contra Lula, elevaram sua mística a níveis inéditos entre as classes de menor renda.
As pesquisas qualitativas, mesmo as manifestações espontâneas em diversos locais públicos – como a rodoviária de Brasília – mostram o mesmo discurso da parte dos entrevistados: lembram o que ganharam no governo Lula, o que estão perdendo agora e encaram a volta de Lula como único ponto de esperança. O tema comum é: “Eu quero meu futuro de volta”.
Há a identificação cultural e afetiva com o homem do povo, fruto do carisma pessoal de Lula. Mas há também uma base profundamente material, reforçada pelo desalento atual com o desemprego e com a deterioração dos níveis de emprego.
Se Lula abrir mão da candidatura, poderá ser encarado como traição. Se for impedido de se candidatar, reforçará os laços com a base.
Há um quarto motivo, a resistência a Ciro Gomes devido à sua trajetória política errática, pelas posições que tomou, de claro antagonismo ao PT e a Lula.
Peça 3 – os trunfos
Há esperanças vagas de que os tribunais não impeçam a candidatura Lula. Aferram-se ao caso Rosa Weber, que não acolheu representação do MBL para julgar antecipadamente o direito de Lula se candidatar. Seria um indício de que não haveria veto prévio à candidatura de Lula.
Avança-se também na conversa com partidos de esquerda mais próximos.
- Com PCdoB há alguma ambiguidade. Mesmo que a cúpula vá com Ciro, a base é lulista, devido à penetração de Lula no Nordeste. O PCdoB precisará desse lastro nas eleições de Flávio Dino, no Maranhão, e da senadora Vanessa Graziottin, no Amazonas.
- Com PSB a diferença é mais profunda. O novo PSB, que votou contra a reforma trabalhista, é essencialmente nordestino. No Sul, o PSB é mais conservador. Em Minas, a candidatura de Márcio Lacerda poderá atrapalhar o governador Fernando Pimentel. O divisor de águas é Pernambuco, estado no qual o PSB precisará muito do PT, devido à possível candidatura de Marilia Arraes. Fechando o acordo, o PT abrirá mão da sua candidatura.
No plano programático, foram anunciadas as cinco ideias centrais da campanha:
- Soberania popular
- Nova era de direitos
- Pacto federativo
- Novo modelo de desenvolvimento
- Transição ecológica para século 21
A entrevista de Fernando Haddad à Folha de hoje explicitou a proposta de casar responsabilidade social com ideias contemporâneas, de buscar a isonomia social através de leis e políticas testadas em grandes economias de mercado. Em suma, fugir da dicotomia rico x pobre, para modernos x anacrônicos.
Aliás, os setores liberais mais modernos já estão aceitando até acabar com a excrescência de isenção fiscal para ganhos de capital e dividendos.
Peça 4 – as agruras da direita
Considera-se que direita tem a força, mas não tem a legitimidade.
De uma lapada só o golpe liquidou com o pacto social de Lula, com a Constituição de 1988 e com a herança de Vargas. Foi gestada pelo PSDB, com a Ponte para o Futuro, implantada no governo Temer e será aprofundada no governo Alckmin.
É um projeto de poder que consiste em:
- Venda das riquezas naturais
- Privatização selvagem
- Apropriação da renda do trabalhador e dos fundos sociais.
- Eliminação das políticas sociais.
- Destruição do conceito de nação.
Esse projeto não pode ser explicitado eleitoralmente, exigindo enormes malabarismos retóricos de seus defensores.
Na avaliação dos estrategistas do PT, a situação da direita é mais periclitante:
* O quadro internacional.
A linha golpista dificilmente terá apoio do quadro internacional, devido ao acirramento da desglobalização. A Ponte para o Futuro tinha unidade de interesses externos e internos. A eleição de Donald Trump embolou. Agora, ficou difícil reconciliar o velho pacto do Real.
* A armadilha recessiva.
Golpismo não conseguiu se legitimar economicamente. Antes, as pessoas acreditavam que o desemprego era um problema de cada um. Agora, tornou-se claro que é um problema estrutural, de política pública com 28 milhões de pessoas procurando trabalho e até os que trabalham não tendo mais segurança.
* As propostas em off
A direita não conseguiu produzir um projeto de país, uma visão de futuro minimamente razoável, nem um candidato competitivo. O único nome em que apostam, agora, é Geraldo Alckmin, que, na campanha, terá de esconder não apenas a natureza de suas propostas, como as alianças com o fisiologismo mais nefasto da República e as ligações com o governo Temer. É pouco?
Peça 5 – o plano B
Por tudo isso, a ideia é levar a candidatura Lula até o último momento. Sabem dos riscos, da aliança do golpe que junta Judiciário-mercado-mídia-Temer-PSDB. Mas entendem que o risco maior seria a esquerda passar por diluição no momento em que a direita radicaliza seu programa.
Para agosto, estão programados eventos em todo o país, pela libertação de Lula.
Se o Judiciário explicitar o estado de exceção e negar o registro, nesse caso lançar-se-á um candidato do PT que será a sombra de Lula. Terá que ter personalidade, lealdade, e, ao mesmo tempo, se limitar a ser o intermediário da palavra de Lula. Na campanha, ele falará em nome de Lula e dirá que todas suas decisões são decisões de Lula.
Há convicção de que o ungido teria condições de passar para o segundo turno.
As pesquisas de opinião são amplamente favoráveis a Lula.
Há duas regiões que se equilibram: Nordeste, com o lulismo avassalador; e São Paulo com sua dose de antilulismo. Mesmo assim, notam-se melhorias do apoio a Lula no estado.
No Sudeste – Rio, Minas Gerais, Espírito Santo – a situação é favorável. Pesquisa recente em Minas, feita pelo PSB, mostrou Lula com 43% das intenções de voto contra 30% da soma dos demais.
As incógnitas são o Sul – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – e o centro-oeste. Por lá, região mais conservadora do país, observa-se um crescimento surpreendente da candidatura Lula.
Mesmo assim, a expectativa maior é de derrota do segundo turno. Mas, na opinião dos estrategistas, evita-se o pior dos mundos: entrar em uma frente de esquerda, ser derrotado e perder a base social.
Resumo
No último Xadrez apresentei todos os riscos da candidatura Lula. Neste, os argumentos em favor da sua manutenção. O PT segue a lógica normal da sobrevivência partidária e de seu projeto de país.
O leitor que pese os argumentos de lado a lado e tire suas conclusões.
1 comentários:
Minha resposta ao capitulacionista Nassif: "O honroso no xadrez, um jogo de cavalheiros, é você perceber inteligentimente a inevitabilidade de sua derrota e elegantemente derrubar o próprio rei. Só que a vida, prezado Nassif, não se reduz a um jogo de xadrez. Primeiro que não estamos lidando com cavalheiros mas com uma associação entre o autófago "mercado" financeiro transnacional e com uma elite oligárquica, covarde, submissa, inculta e virulenta (literalmente. Que aje até matar sua própria fonte de riqueza: o hospedeiro). Assim, ao contrário do xadrez (um jogo, eminentemente tático), a vida é feita de estratégia. É uma guerra em que, do outro lado, você tem jogadores canalhas que querem te destruir de qualquer forma. Não importa se você seja cabotino e, bonzinho, faça o que toda a direita quer, e entregue o seu rei. O inimigo que temos em tela não é a Roma de agregar culturas, povos e religiões. É a Roma de "delenda Catargo". A capitulação que você defende, Nassif, só vai facilitar o trabalho do inimigo. Retirar a candidatura de Lula, é confissão de culpa! É dizer ao inimigo: "admitimos que vocês estão certos. Então, por favor, tenham clemência". Mas para que aja clemência, você estará deixando de ser você. Se transformará em seu próprio inimigo. É terra arrasada. Não foram o moderado PT e o conciliador Lula que transformaram isso numa guerra. Foram os próprios inimigos aos quais, lamentavelmente, Ciro, PSB e o PDT (que saudades de Leonel Brizola), na prática, se juntaram.
Uma digressão: PSB e PDT capitularam de cara quando grande parte de seus parlamentares votaram a favor do golpe do impeachment ilegal. Para não falar dos vários votar que deram a favor da retirada dos direitos trabalhistas, dos direitos sociais e da privataria golpista.
Já Ciro, não se posicionou na primeira hora contra a perseguição a Lula. Ao contrário, foi vacilante. Chegou a fazer coro que, apesar de alguns avanços sociais (sic, alguns? E só sociais???), o PT se "sujou", na tradicional imoralidade da política (sic). Aliás, alguém viu Ciro em São Bernardo do Campo ou em Curitiba na resistência contra a prisão de Lula??? Ou seja, parafraseando Brizola quando o grande líder trabalhista disse (acertadamente, na época) que o PT era a UDN de macacão e tamancas, digo que Ciro, PSB e PDT se tornaram "o PSTU de fraque e cartola". Oportunismo falso moralista, na veia!
Assim, Ciro e os ciristas, os capituladores de primeira hora, exigem que o PT e Lula, capitulem também, na esperança oportunista de herdarem um suculento eleitorado. E aqui, não está uma questão de cunho estreitamente moral. A união das forças progressistas passaria por Ciro e seus apoiadores, desde a primeira hora cerrarem fileiras com Lula, Admitirem a estratégia (aqui sim, estratégia. Não pretenso e oportunista ganho tático) de uma chapa com Lula na cabeça e Ciro para vice. No caso, de uma impugnação pela justiça até antes das eleições, a mudança para Ciro viria como um processo natural e coerente. Não como uma capitulação, temperada com uma equivocada confissão de culpa e um pedido de clemência.
Então, caro Nassiff, vocês, os ciristas, não têm o direito de acusar Lula e o PT de isolacionistas. Vocês é que se isolaram ao atabalhoadamente quererem derrubar ao rei na esperança, oportunista, que Ciro viesse a se tornar rei. E o resultado é que Ciro, hoje, vítima de sua própria ambição paternalista, sequer conseguiu se transformar em rei fantoche do DEM. Se reduziu a um mero bobo da côrte da direita. Lamentável."
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