Por Haroldo Lima
Um apelo dramático ecoou neste fim de semana em São Paulo, o apelo pela unidade dos partidos de esquerda do Brasil. Levantou a sua voz, vibrante e uniforme, a direção nacional do mais antigo partido político de nosso país, o quase centenário Partido Comunista do Brasil, o PCdoB. O Partido lutou por uma Frente Ampla. Não sendo possível para essa eleição, pelo menos a união dos partidos de esquerda faz-se necessária e possível.
O chamamento dos comunistas não foi genérico, suprapartidário e impessoal. Ao contrário, foi preciso e dirige-se direta e nominalmente aos partidos de esquerda que tem responsabilidade com os destinos do país e aos seus candidatos à presidência da República: ao Partido dos Trabalhadores, PT, e ao companheiro Lula; ao Partido Democrático Trabalhista, PDT, e ao companheiro Ciro Gomes; ao Partido Socialista Brasileiro, PSB, que ainda não se fixou em nenhum nome; e ao Partido Socialismo e Liberdade, PSOL, do companheiro Guilherme Boulos.
A pré-candidata Manuela D’Ávila, do PCdoB, que tem desenvolvido exitosa pré-campanha, nunca deixou de defender essa união, reafirmado sempre não ser ela obstáculo à sua concretização.
O clamor dos comunistas dirigido aos PT, PDT, PSB e PSOL tinha uma razão de ser. Às vésperas dos registros das candidaturas e das alianças partidárias, a direita se uniu em torno de Geraldo Alckmin, com um séquito de dez partidos. Além disso, espalha-se a influência do representante da ultradireita no país, o ex-capitão Jair Bolsonaro.
A pulverização da esquerda sendo mantida nessa situação coloca com grande chance de acontecer, a hipótese de um segundo turno eleitoral disputado entre a direita e a ultradireita. E os brasileiros não merecem isto.
Esse espectro ameaçador paira sobre nós. Ele é tanto mais desatinado, absurdo e gravemente injusto para com o Brasil, quanto todos nós sabemos que unindo PT, PDT, PSB, PCdoB e PSOL, nossa vitória poderá ser ampla e um tempo novo ser aberto para nosso país e seu povo.
Nosso retrocesso tem sido grande. Economicamente estamos reduzidos. Nosso povo está confuso, dividido, espantado com tantos desacertos. Uma saída democrática agora, com gente comprometida com ideais nacionais e com a defesa dos direitos do povo, poderá abrir o caminho do reencontro do nosso país com seu futuro, com a harmonia de sua gente e com o desenvolvimento sustentável. Nós que já estivemos prestes a ter o quinto PIB do mundo e despencamos para a nona posição, que já tivemos com uma situação de quase pleno emprego e hoje arrostamos 13 a 14 milhões de desempregados, teremos a chance de trilhar os caminhos da prosperidade e do congraçamento, perseverando em acertos, corrigindo os erros que cometemos, abrindo-nos para os horizontes novos que o mundo está apontando e que um Brasil revigorado tem largas condições de abraçar.
Realizar a união que é possível e necessária é pôr os interesses nacionais acima dos objetivos menores, partidários, que podem ser legítimos em determinadas circunstâncias, mas não nas atuais. A posteridade saberá valorizar os que assim procederem.
Por outro lado, não ouvir os clamores do povo e não buscar os caminhos dessa união das esquerdas, é contribuir para que os destinos do país cheguem, pelo voto, a uma direita ou ultradireita desatinada, submissa ao estrangeiro, inimiga dos direitos dos trabalhadores, corrupta, hipócrita e violenta no trato dos estratos sociais mais vulneráveis, os pobres, as mulheres, os negros, os índios, a população LGBT.
Somente uma razão respeitável poderia se sobrepor ao objetivo da unidade desses partidos, seria a existência de diferenças essenciais de programas de governo desses partidos e dos seus candidatos. Concretamente, não é isto que ocorre.
Primeiro porque sempre estivemos e estamos nas mesmas trincheiras sociais, defendendo a soberania nacional, o desenvolvimento, os direitos dos trabalhadores, combatendo as prisões sem provas, como a de Lula.
Segundo porque, nessa batalha eleitoral específica, todos nossos partidos e candidatos tem dito o que pretendem, e alguns já escreveram as linhas programáticas de seus governos. E, efetivamente, predomina nesses programas uma unidade básica, com diferenças apenas de ênfase, de abordagem e de detalhamento.
Por que então marcharmos separados nessa eleição? No passado, em algumas campanhas, não estivemos juntos no primeiro turno. Mas, então, os riscos de derrota estratégica eram pequenos, tanto que sempre nos juntamos no momento adequado. Agora não.
Os riscos à nossa frente são grandiosos, estratégicos. Sofremos um golpe. O movimento social está abatido. Fruto de uma campanha odienta de criminalização da política, nosso povo está desconfiado dos políticos, tende a colocar em um mesmo saco políticos sérios e honestos com cafajestes e corruptos. Há um retrocesso no movimento de massas. A grande mídia faz parte do complô que nos golpeou. E agora a direita se uniu. Porque a esquerda não se une?
Urge sairmos das declarações de intenção de unidade para passarmos às iniciativas concretas dos entendimentos, dos contatos, da discussão de critérios e dos acordos. O que precisamos é de garantias de que as forças de esquerda, com as bandeiras democráticas e desenvolvimentistas, estejam no segundo turno.
* Haroldo Lima é membro da Comissão Política Nacional do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil.
O chamamento dos comunistas não foi genérico, suprapartidário e impessoal. Ao contrário, foi preciso e dirige-se direta e nominalmente aos partidos de esquerda que tem responsabilidade com os destinos do país e aos seus candidatos à presidência da República: ao Partido dos Trabalhadores, PT, e ao companheiro Lula; ao Partido Democrático Trabalhista, PDT, e ao companheiro Ciro Gomes; ao Partido Socialista Brasileiro, PSB, que ainda não se fixou em nenhum nome; e ao Partido Socialismo e Liberdade, PSOL, do companheiro Guilherme Boulos.
A pré-candidata Manuela D’Ávila, do PCdoB, que tem desenvolvido exitosa pré-campanha, nunca deixou de defender essa união, reafirmado sempre não ser ela obstáculo à sua concretização.
O clamor dos comunistas dirigido aos PT, PDT, PSB e PSOL tinha uma razão de ser. Às vésperas dos registros das candidaturas e das alianças partidárias, a direita se uniu em torno de Geraldo Alckmin, com um séquito de dez partidos. Além disso, espalha-se a influência do representante da ultradireita no país, o ex-capitão Jair Bolsonaro.
A pulverização da esquerda sendo mantida nessa situação coloca com grande chance de acontecer, a hipótese de um segundo turno eleitoral disputado entre a direita e a ultradireita. E os brasileiros não merecem isto.
Esse espectro ameaçador paira sobre nós. Ele é tanto mais desatinado, absurdo e gravemente injusto para com o Brasil, quanto todos nós sabemos que unindo PT, PDT, PSB, PCdoB e PSOL, nossa vitória poderá ser ampla e um tempo novo ser aberto para nosso país e seu povo.
Nosso retrocesso tem sido grande. Economicamente estamos reduzidos. Nosso povo está confuso, dividido, espantado com tantos desacertos. Uma saída democrática agora, com gente comprometida com ideais nacionais e com a defesa dos direitos do povo, poderá abrir o caminho do reencontro do nosso país com seu futuro, com a harmonia de sua gente e com o desenvolvimento sustentável. Nós que já estivemos prestes a ter o quinto PIB do mundo e despencamos para a nona posição, que já tivemos com uma situação de quase pleno emprego e hoje arrostamos 13 a 14 milhões de desempregados, teremos a chance de trilhar os caminhos da prosperidade e do congraçamento, perseverando em acertos, corrigindo os erros que cometemos, abrindo-nos para os horizontes novos que o mundo está apontando e que um Brasil revigorado tem largas condições de abraçar.
Realizar a união que é possível e necessária é pôr os interesses nacionais acima dos objetivos menores, partidários, que podem ser legítimos em determinadas circunstâncias, mas não nas atuais. A posteridade saberá valorizar os que assim procederem.
Por outro lado, não ouvir os clamores do povo e não buscar os caminhos dessa união das esquerdas, é contribuir para que os destinos do país cheguem, pelo voto, a uma direita ou ultradireita desatinada, submissa ao estrangeiro, inimiga dos direitos dos trabalhadores, corrupta, hipócrita e violenta no trato dos estratos sociais mais vulneráveis, os pobres, as mulheres, os negros, os índios, a população LGBT.
Somente uma razão respeitável poderia se sobrepor ao objetivo da unidade desses partidos, seria a existência de diferenças essenciais de programas de governo desses partidos e dos seus candidatos. Concretamente, não é isto que ocorre.
Primeiro porque sempre estivemos e estamos nas mesmas trincheiras sociais, defendendo a soberania nacional, o desenvolvimento, os direitos dos trabalhadores, combatendo as prisões sem provas, como a de Lula.
Segundo porque, nessa batalha eleitoral específica, todos nossos partidos e candidatos tem dito o que pretendem, e alguns já escreveram as linhas programáticas de seus governos. E, efetivamente, predomina nesses programas uma unidade básica, com diferenças apenas de ênfase, de abordagem e de detalhamento.
Por que então marcharmos separados nessa eleição? No passado, em algumas campanhas, não estivemos juntos no primeiro turno. Mas, então, os riscos de derrota estratégica eram pequenos, tanto que sempre nos juntamos no momento adequado. Agora não.
Os riscos à nossa frente são grandiosos, estratégicos. Sofremos um golpe. O movimento social está abatido. Fruto de uma campanha odienta de criminalização da política, nosso povo está desconfiado dos políticos, tende a colocar em um mesmo saco políticos sérios e honestos com cafajestes e corruptos. Há um retrocesso no movimento de massas. A grande mídia faz parte do complô que nos golpeou. E agora a direita se uniu. Porque a esquerda não se une?
Urge sairmos das declarações de intenção de unidade para passarmos às iniciativas concretas dos entendimentos, dos contatos, da discussão de critérios e dos acordos. O que precisamos é de garantias de que as forças de esquerda, com as bandeiras democráticas e desenvolvimentistas, estejam no segundo turno.
* Haroldo Lima é membro da Comissão Política Nacional do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil.
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