Por Mauricio Dias, na revista CartaCapital:
É um direito de qualquer brasileiro ter se desgostado do tenente-brigadeiro-do-ar Walter Werner Bräuer, falecido, em maio passado, aos 81 anos. Era pouco conhecido. Mas há também razões para gostar dele.
Bräuer tem, pelo menos, um episódio no qual foi importante protagonista quando ministro da Aeronáutica. Foi ele quem bloqueou a primeira investida de empresas estrangeiras dispostas a comprar a Embraer brasileira. O vento era favorável à venda. Ganhou a queda de braço, mas foi aposentado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.
O tucano FHC tinha uma longa agenda de privatizações para “acabar com a Era Vargas”, como alardeava. Só não dizia, porém, que por trás de tudo ele ameaçava liquidar, a preços módicos, os ativos do País. A Embraer era mais uma empresa estatal nacional. Uma das mais importantes. FHC, no entanto, abriu a porta e botou várias delas no prego.
Agora chegou a vez de Michel Temer. No poder, ele fez o resgate da Embraer como oferta de negócio. Desta vez, o amigo-urso é a americana Boeing, a maior fabricante de aeronaves do mundo. As duas se associaram para formar uma joint venture. Assim, a Embraer terá a opção de vender seus 20% de participação, se aprovada no Conselho. A Companhia Vale do Rio Doce foi a empresa que abriu o caminho do que se repete agora. Foi vendida, em 2007, em meio a protestos e, pelo que se disse então, também a preço de banana.
A Embraer correu o risco. No dia 2 de setembro de 1999, o brigadeiro Bräuer enviou ofício confidencial a Carlos Leoni Siqueira, então presidente do conselho de administração da empresa, após ter recebido um ofício formalizando, “perante o Comando da Aeronáutica, a iniciativa dos acionistas controladores” da empresa.
O “Acordo de Compra de Ações” foi firmado entre os controladores nacionais e o “grupo francês”. Diversas outras se habilitaram, entre elas a Dassault e a Aerospatiale. No entanto, na melhor tradição militar brasileira, quando se trata de defesa da soberania do País, Bräuer reagiu: “Cumpre-me, de início, manifestar (...) a perplexidade e o desapontamento que causou à administração da Aeronáutica...”
O ministro protestou contra o “exíguo espaço de tempo” de que dispôs para avaliar a privatização da Embraer. Assim, diante da situação, Bräuer foi ainda mais objetivo:
“(...) o Comando da Aeronáutica não concorda com o prosseguimento da iniciativa em tela (...).
Ao ministro da Defesa, Élcio Álvares, alertou: “Solicito a interferência de Vossa Excelência e, salvo melhor juízo (...), do presidente da República (...) para que seja frustrada essa lesiva operação para a Segurança Nacional (...) de grande importância estratégica para o País”.
O que teria mudado de 1999 a 2018? Não há nada de novo no ar. Somente os aviões de carreira. Pelo que se sabe.
Bräuer tem, pelo menos, um episódio no qual foi importante protagonista quando ministro da Aeronáutica. Foi ele quem bloqueou a primeira investida de empresas estrangeiras dispostas a comprar a Embraer brasileira. O vento era favorável à venda. Ganhou a queda de braço, mas foi aposentado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.
O tucano FHC tinha uma longa agenda de privatizações para “acabar com a Era Vargas”, como alardeava. Só não dizia, porém, que por trás de tudo ele ameaçava liquidar, a preços módicos, os ativos do País. A Embraer era mais uma empresa estatal nacional. Uma das mais importantes. FHC, no entanto, abriu a porta e botou várias delas no prego.
Agora chegou a vez de Michel Temer. No poder, ele fez o resgate da Embraer como oferta de negócio. Desta vez, o amigo-urso é a americana Boeing, a maior fabricante de aeronaves do mundo. As duas se associaram para formar uma joint venture. Assim, a Embraer terá a opção de vender seus 20% de participação, se aprovada no Conselho. A Companhia Vale do Rio Doce foi a empresa que abriu o caminho do que se repete agora. Foi vendida, em 2007, em meio a protestos e, pelo que se disse então, também a preço de banana.
A Embraer correu o risco. No dia 2 de setembro de 1999, o brigadeiro Bräuer enviou ofício confidencial a Carlos Leoni Siqueira, então presidente do conselho de administração da empresa, após ter recebido um ofício formalizando, “perante o Comando da Aeronáutica, a iniciativa dos acionistas controladores” da empresa.
O “Acordo de Compra de Ações” foi firmado entre os controladores nacionais e o “grupo francês”. Diversas outras se habilitaram, entre elas a Dassault e a Aerospatiale. No entanto, na melhor tradição militar brasileira, quando se trata de defesa da soberania do País, Bräuer reagiu: “Cumpre-me, de início, manifestar (...) a perplexidade e o desapontamento que causou à administração da Aeronáutica...”
O ministro protestou contra o “exíguo espaço de tempo” de que dispôs para avaliar a privatização da Embraer. Assim, diante da situação, Bräuer foi ainda mais objetivo:
“(...) o Comando da Aeronáutica não concorda com o prosseguimento da iniciativa em tela (...).
Ao ministro da Defesa, Élcio Álvares, alertou: “Solicito a interferência de Vossa Excelência e, salvo melhor juízo (...), do presidente da República (...) para que seja frustrada essa lesiva operação para a Segurança Nacional (...) de grande importância estratégica para o País”.
O que teria mudado de 1999 a 2018? Não há nada de novo no ar. Somente os aviões de carreira. Pelo que se sabe.
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