Por Nicolas Gael
“A democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as demais”, teria dito o político conservador e estadista britânico Winston Churchill. E se é o governo do povo, pelo povo e para o povo, deveria proteger-se com salvaguardas para impedir que os eleitos virem as costas a quem os elegeu e passem a cometer todos os tipos de crimes e violências contra aqueles que prometeram defender da tirania dos mais poderosos.
Deveria cercar-se de cuidados para impedir que quem prega abertamente a violência, o racismo, a misoginia, a homofobia, a eliminação física e ideias fascistas dela se apodere para práticas que podem, no limite, até serem legais, mas totalmente ilegítimas. E que se oferece não como mais uma opção democrática, mas como o carrasco de um regime que não poderá sequer ser chamado por este nome, tão logo conquistado o poder. Sejamos claros: quando sob o pretexto de liberdade de expressão, garantida em uma democracia, ameace com ditadura se preciso for.
A democracia não deveria ser tão benevolente muito menos assistir ingenuamente quem não tem apreço pelo diálogo e prega ideias que vão na contramão dos alicerces que lhe dão sustentação. Não deveria ser refém daqueles que querem sequestrá-la de modo dissimulado ou totalmente escancarado, como no caso brasileiro, onde, por exemplo, um candidato sente-se à vontade para prometer o uso de armas para eliminar oponentes (“vamos metralhar os petralhas”, para ficar apenas em um exemplo). Ameaça indígenas, negros, mulheres, gays e quem quer que se disponha a defender direitos humanos, traduzidos por essa corrente ideológica como ideias “comunistas”, embora isso já não pareça fazer mais sentido em pleno século 21.
Milhões de brasileiros parecem querer voltar a um passado ditatorial, sem se incomodar com o horizonte de um novo golpe militar, porque não reconhecem os horrores do golpe de 64 – ou deles façam pouco caso. Boa parte dessas pessoas quer reescrever a história, não só aqui como lá fora, pois duvida que houve um holocausto. Cidadãos e cidadãs que querem resolver seus medos e enterrar suas culpas por um país tão desigual no cano de um revólver ou qualquer arma de grosso calibre. Os problemas sociais – pregam – serão resolvidos à bala.
E que ironia do destino: quem tem tantos seguidores simpáticos ao nazismo é convidado para proferir palestra justamente numa associação judaica. Há quem se disponha a pôr a cabeça na boca do leão, na esperança injustificada que ele será sempre manso. Há quem queira flertar com ideais de morte acreditando que ela ficará circunscrita a um inimigo distante, quando todos sabemos, por experiência histórica, que o ódio se alastra como fogo sem controle.
A democracia não deveria ser o regime da ingenuidade política, em que o menosprezo aos valores humanistas universais seja legitimado em plataformas políticas ou em palanques contraditoriamente antidemocráticos. Como pode a democracia aceitar passivamente quem dela queira se livrar, pela força e pelo arbítrio, civil ou militar, tão logo chegue ao poder? Por que deveria duvidar do que é pregado abertamente, sem subterfúgios, ou mal disfarçadamente, como a perseguição política, a tortura e até mesmo a eliminação física?
Se o Judiciário e o Congresso, apoiados pela mídia, por empresários, pela polícia federal, pelo ministério público, por igrejas e outros setores, aceitam um golpe contra uma presidenta eleita pelo povo brasileiro sob alegações meramente contábeis; se prendem o mais popular presidente brasileiro sob acusações frágeis e baseadas em depoimentos de pessoas interessadas em diminuir suas penas, por que permitem que um candidato dissemine ideias tão perigosas à democracia – como reconhecem intelectuais e publicações em várias partes do mundo – e seja legitimado por tribunais tão seletivos contra alguns e tão cegos às ameaças que acabarão também por atingi-los?
Será um erro eleger para a presidência do Brasil um candidato com tão pouco apreço pelo regime democrático. É mais que um voto, é um cheque em branco, um passaporte para o perigo. Uma enorme ameaça à democracia, que pode ser eliminada, ironicamente, com o voto de milhões de brasileiros, abrindo caminho para um golpe dentro do golpe.
“A democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as demais”, teria dito o político conservador e estadista britânico Winston Churchill. E se é o governo do povo, pelo povo e para o povo, deveria proteger-se com salvaguardas para impedir que os eleitos virem as costas a quem os elegeu e passem a cometer todos os tipos de crimes e violências contra aqueles que prometeram defender da tirania dos mais poderosos.
Deveria cercar-se de cuidados para impedir que quem prega abertamente a violência, o racismo, a misoginia, a homofobia, a eliminação física e ideias fascistas dela se apodere para práticas que podem, no limite, até serem legais, mas totalmente ilegítimas. E que se oferece não como mais uma opção democrática, mas como o carrasco de um regime que não poderá sequer ser chamado por este nome, tão logo conquistado o poder. Sejamos claros: quando sob o pretexto de liberdade de expressão, garantida em uma democracia, ameace com ditadura se preciso for.
A democracia não deveria ser tão benevolente muito menos assistir ingenuamente quem não tem apreço pelo diálogo e prega ideias que vão na contramão dos alicerces que lhe dão sustentação. Não deveria ser refém daqueles que querem sequestrá-la de modo dissimulado ou totalmente escancarado, como no caso brasileiro, onde, por exemplo, um candidato sente-se à vontade para prometer o uso de armas para eliminar oponentes (“vamos metralhar os petralhas”, para ficar apenas em um exemplo). Ameaça indígenas, negros, mulheres, gays e quem quer que se disponha a defender direitos humanos, traduzidos por essa corrente ideológica como ideias “comunistas”, embora isso já não pareça fazer mais sentido em pleno século 21.
Milhões de brasileiros parecem querer voltar a um passado ditatorial, sem se incomodar com o horizonte de um novo golpe militar, porque não reconhecem os horrores do golpe de 64 – ou deles façam pouco caso. Boa parte dessas pessoas quer reescrever a história, não só aqui como lá fora, pois duvida que houve um holocausto. Cidadãos e cidadãs que querem resolver seus medos e enterrar suas culpas por um país tão desigual no cano de um revólver ou qualquer arma de grosso calibre. Os problemas sociais – pregam – serão resolvidos à bala.
E que ironia do destino: quem tem tantos seguidores simpáticos ao nazismo é convidado para proferir palestra justamente numa associação judaica. Há quem se disponha a pôr a cabeça na boca do leão, na esperança injustificada que ele será sempre manso. Há quem queira flertar com ideais de morte acreditando que ela ficará circunscrita a um inimigo distante, quando todos sabemos, por experiência histórica, que o ódio se alastra como fogo sem controle.
A democracia não deveria ser o regime da ingenuidade política, em que o menosprezo aos valores humanistas universais seja legitimado em plataformas políticas ou em palanques contraditoriamente antidemocráticos. Como pode a democracia aceitar passivamente quem dela queira se livrar, pela força e pelo arbítrio, civil ou militar, tão logo chegue ao poder? Por que deveria duvidar do que é pregado abertamente, sem subterfúgios, ou mal disfarçadamente, como a perseguição política, a tortura e até mesmo a eliminação física?
Se o Judiciário e o Congresso, apoiados pela mídia, por empresários, pela polícia federal, pelo ministério público, por igrejas e outros setores, aceitam um golpe contra uma presidenta eleita pelo povo brasileiro sob alegações meramente contábeis; se prendem o mais popular presidente brasileiro sob acusações frágeis e baseadas em depoimentos de pessoas interessadas em diminuir suas penas, por que permitem que um candidato dissemine ideias tão perigosas à democracia – como reconhecem intelectuais e publicações em várias partes do mundo – e seja legitimado por tribunais tão seletivos contra alguns e tão cegos às ameaças que acabarão também por atingi-los?
Será um erro eleger para a presidência do Brasil um candidato com tão pouco apreço pelo regime democrático. É mais que um voto, é um cheque em branco, um passaporte para o perigo. Uma enorme ameaça à democracia, que pode ser eliminada, ironicamente, com o voto de milhões de brasileiros, abrindo caminho para um golpe dentro do golpe.
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