Por Pedro Breier, no blog Cafezinho:
O debate da Globo, o último antes do primeiro turno da eleição, foi bom para o campo popular.
A começar pela fala espetacular de Boulos detonando a ditadura militar. Assertiva e emocionante.
Haddad, alvo natural dos adversários pelo seu segundo lugar nas pesquisas, defendeu-se dos ataques com qualidade e veemência.
Ciro começou o debate um pouco enrolado, citando dados demais, mas depois deslanchou, tornando-se, para este que vos escreve, o destaque positivo da noite.
Foi, de longe, quem bateu mais vezes e mais duro em Bolsonaro, especialmente por sua ausência no debate. A fala final de Ciro foi, estrategicamente falando, certeira: citar que ganha tanto de Bolsonaro quanto de Haddad nas simulações de segundo turno pode atrair eleitores de ambos (os antipetistas e os antibolsonaristas), além dos indecisos.
Meirelles e Alckmin continuam com seu carisma negativo. Marina segue com sua indignação um tanto quanto vazia. Álvaro Dias foi a sensação cômica do debate, por parecer não estar sóbrio e por repetir à exaustão a cantilena sobre corrupção e Lava Jato. Nenhum dos quatro parece ter chance de protagonizar uma arrancada final.
A mudança mais plausível em relação às pesquisas seria uma aproximação da votação de Ciro com a de Haddad, embolando a vaga da esquerda no segundo turno. O bom desempenho do pedetista no debate pode reforçar o movimento de declarações de voto em Ciro visto, nos últimos dias, nas redes sociais.
Outro ponto positivo da noite, para o campo democrático, foi a ausência de Bolsonaro. A entrevista concedida pelo candidato à Record, no mesmo horário, reforça a impressão – verdadeira – de que ele fugiu do debate com os adversários.
Comparecer ao debate também traria, muito provavelmente, danos à candidatura de Bolsonaro, considerando a sua notória dificuldade de fazer raciocínios simples e de argumentar coerentemente, além das recentes declarações contra os trabalhadores de Mourão, seu vice.
Se a conjuntura está um tanto desesperadora, ao menos temos o consolo de o candidato da direita ser tão ruim, mas tão ruim que sua melhor estratégia possível para os debates é simplesmente não comparecer.
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