Por André Barrocal, na revista CartaCapital:
O avanço da extrema-direita e de líderes autoritários pelo mundo, cujo símbolo maior é o norte-americano Donald Trump, tem feito a festa da turma do 1% mais rico, enquanto os trabalhadores enfrentam condições de vida cada vez difíceis.
Essa é a visão dos idealizadores de uma frente progressista internacional a ser lançada nos próximos dias com a provável presença do petista Fernando Haddad.
Por trás da iniciativa estão o senador dos EUA Bernie Sanders, um autodeclarado socialista ainda ativo em seus 77 anos, e o economista grego Yanis Varoufakis, ministro da Fazenda do governo de esquerda de seu país em 2015 que em vão lutou contra a ortodoxia econômica europeia.
Varoufakis mandou dias atrás uma carta a Haddad, a convidá-lo para o lançamento da frente, em 1o de dezembro, nos Estados Unidos. Outro convidado é o presidente eleito do México, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, mas ele tomará posse em 1o de dezembro, justamente o dia marcado para o evento.
O lançamento acontecerá na sequência de uma conferência com ativistas progressistas dos EUA a ser promovida entre 27 de novembro e 1o de dezembro pelo Instituto Sanders, um think thank criado no ano passado pela esposa do senador, Jane.
O senador lançou a proposta da Internacional Progressista em setembro, em um artigo no jornal britânico The Guardian. No texto, ele aponta o surgimento de um “eixo autoritário internacional” cujo rosto principal é Trump, embora não se limite a este.
Esse eixo, segundo Sanders, caracteriza-se por governos hostis à democracia e à liberdade de imprensa, intolerantes com minorias étnicas e religiosas e a serviço de milionários e grandes corporações.
“Os governos do mundo devem se unir para acabar com o absurdo das empresas ricas e multinacionais que armazenam mais de 21 trilhões de dólares em contas bancárias offshore para evitar pagar sua parcela justa de impostos e exigir que seus respectivos governos imponham uma agenda de austeridade às famílias trabalhadoras”, escreveu o senador.
Parceiro de Sanders, Varoufakis diz que “os financistas há muito tempo formam uma ‘irmandade’ internacional para garantir a si mesmos resgates internacionais quando suas pirâmides de papel caem”. Segundo ele, a frente pode ser o embrião de “um New Deal Internacional, um New Bretton Woods progressivo”.
“Além da hostilidade de Trump em relação às instituições democráticas, temos um presidente bilionário que, de uma maneira sem precedentes, incorporou descaradamente seus próprios interesses econômicos e os de seus comparsas nas políticas do governo”, escreveu Sanders.
Em um relatório de junho, o relator especial da ONU para pobreza extrema e direitos humanos, Philip Alston, classificou a política econômica do governo Trump de anti-pobres.
Entre as medidas trumpistas condenadas por Alston estão “isenções financeiras e ganhos sem precedentes para os ricos e as grandes corporações”, combinados com “redução de benefícios sociais” e com um “programa radical” de desregulamentação financeira, ambiental, de saúde e segurança que “elimina proteções que hoje atendem principalmente as classes médias e os pobres”.
Medidas trumpistas inspiram Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, o futuro ministro da Economia. Por exemplo: cortar impostos dos ricos e das empresas. Em 22 de outubro, dias antes de se consagrar nas urnas, Bolsonaro prometeu a industriais que apresentaria um pacote de medidas e que pretendia fazer algo semelhante a Trump para “ampliar a base de emprego”.
“Para combater eficazmente a ascensão do eixo autoritário internacional”, escreveu Sanders no Guardian, “precisamos de um movimento progressista internacional que se mobilize por trás de uma visão de prosperidade compartilhada, segurança e dignidade para todas as pessoas e que atenda à enorme desigualdade global que existe, não apenas em riqueza, mas no poder político”.
“Para efetivamente nos opormos ao autoritarismo de direita, não podemos simplesmente voltar ao status quo fracassado das últimas décadas”, anotou o senador. “Hoje, nos Estados Unidos e em muitas outras partes do mundo, os indivíduos estão trabalhando mais horas para estagnar os salários e temem que seus filhos tenham um padrão de vida mais baixo do que eles.”
Reeleito senador em novembro com 64% dos votos em seu estado, Vermont, Sanders disputou as prévias do Partido Democrata para concorrer a Casa Branca em 2016, mas a burocracia partidária trabalhou por Hillary Clinton e ela levou a vaga, apesar de as pesquisas mostrarem-na com menos chances contra Trump.
Devido à idade, é improvável que Sanders tente a presidência de novo em 2020, mas seu apoio será decisivo na escolha do candidato democrata e empurrará o partido para a esquerda, na avaliação de Mark Langevin, cientista político especializado em Brasil da universidade George Mason.
Essa é a visão dos idealizadores de uma frente progressista internacional a ser lançada nos próximos dias com a provável presença do petista Fernando Haddad.
Por trás da iniciativa estão o senador dos EUA Bernie Sanders, um autodeclarado socialista ainda ativo em seus 77 anos, e o economista grego Yanis Varoufakis, ministro da Fazenda do governo de esquerda de seu país em 2015 que em vão lutou contra a ortodoxia econômica europeia.
Varoufakis mandou dias atrás uma carta a Haddad, a convidá-lo para o lançamento da frente, em 1o de dezembro, nos Estados Unidos. Outro convidado é o presidente eleito do México, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, mas ele tomará posse em 1o de dezembro, justamente o dia marcado para o evento.
O lançamento acontecerá na sequência de uma conferência com ativistas progressistas dos EUA a ser promovida entre 27 de novembro e 1o de dezembro pelo Instituto Sanders, um think thank criado no ano passado pela esposa do senador, Jane.
O senador lançou a proposta da Internacional Progressista em setembro, em um artigo no jornal britânico The Guardian. No texto, ele aponta o surgimento de um “eixo autoritário internacional” cujo rosto principal é Trump, embora não se limite a este.
Esse eixo, segundo Sanders, caracteriza-se por governos hostis à democracia e à liberdade de imprensa, intolerantes com minorias étnicas e religiosas e a serviço de milionários e grandes corporações.
“Os governos do mundo devem se unir para acabar com o absurdo das empresas ricas e multinacionais que armazenam mais de 21 trilhões de dólares em contas bancárias offshore para evitar pagar sua parcela justa de impostos e exigir que seus respectivos governos imponham uma agenda de austeridade às famílias trabalhadoras”, escreveu o senador.
Parceiro de Sanders, Varoufakis diz que “os financistas há muito tempo formam uma ‘irmandade’ internacional para garantir a si mesmos resgates internacionais quando suas pirâmides de papel caem”. Segundo ele, a frente pode ser o embrião de “um New Deal Internacional, um New Bretton Woods progressivo”.
“Além da hostilidade de Trump em relação às instituições democráticas, temos um presidente bilionário que, de uma maneira sem precedentes, incorporou descaradamente seus próprios interesses econômicos e os de seus comparsas nas políticas do governo”, escreveu Sanders.
Em um relatório de junho, o relator especial da ONU para pobreza extrema e direitos humanos, Philip Alston, classificou a política econômica do governo Trump de anti-pobres.
Entre as medidas trumpistas condenadas por Alston estão “isenções financeiras e ganhos sem precedentes para os ricos e as grandes corporações”, combinados com “redução de benefícios sociais” e com um “programa radical” de desregulamentação financeira, ambiental, de saúde e segurança que “elimina proteções que hoje atendem principalmente as classes médias e os pobres”.
Medidas trumpistas inspiram Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, o futuro ministro da Economia. Por exemplo: cortar impostos dos ricos e das empresas. Em 22 de outubro, dias antes de se consagrar nas urnas, Bolsonaro prometeu a industriais que apresentaria um pacote de medidas e que pretendia fazer algo semelhante a Trump para “ampliar a base de emprego”.
“Para combater eficazmente a ascensão do eixo autoritário internacional”, escreveu Sanders no Guardian, “precisamos de um movimento progressista internacional que se mobilize por trás de uma visão de prosperidade compartilhada, segurança e dignidade para todas as pessoas e que atenda à enorme desigualdade global que existe, não apenas em riqueza, mas no poder político”.
“Para efetivamente nos opormos ao autoritarismo de direita, não podemos simplesmente voltar ao status quo fracassado das últimas décadas”, anotou o senador. “Hoje, nos Estados Unidos e em muitas outras partes do mundo, os indivíduos estão trabalhando mais horas para estagnar os salários e temem que seus filhos tenham um padrão de vida mais baixo do que eles.”
Reeleito senador em novembro com 64% dos votos em seu estado, Vermont, Sanders disputou as prévias do Partido Democrata para concorrer a Casa Branca em 2016, mas a burocracia partidária trabalhou por Hillary Clinton e ela levou a vaga, apesar de as pesquisas mostrarem-na com menos chances contra Trump.
Devido à idade, é improvável que Sanders tente a presidência de novo em 2020, mas seu apoio será decisivo na escolha do candidato democrata e empurrará o partido para a esquerda, na avaliação de Mark Langevin, cientista político especializado em Brasil da universidade George Mason.
0 comentários:
Postar um comentário