Por Lu Sudré, Rute Pina e Joana Tavares, no jornal Brasil de Fato:
“Uma tragédia anunciada”, diz Thiago Alves, integrante do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), sobre o rompimento da barragem Mina do Feijão, da mineradora Vale, nesta sexta-feira (25). Até o momento, há cerca de 200 desaparecidos no município de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Perspectivas apontam que o número de desaparecidos pode subir para 600 pessoas.
O rompimento da barragem ocorre pouco mais de três anos do crime ambiental em Mariana, também em Minas Gerais – acidente que, em novembro de 2015, liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração na região e deixou 19 mortos, após o rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, da qual a Vale é uma das donas, em conjunto com a BHP Billiton.
A mineradora fechou acordo com o Ministério Público de Minas para o pagamento de indenizações, mas ação na Justiça Federal ainda não teve julgamento.
Para Alves, assim como ocorreu no caso de Mariana, a Vale não irá assumir responsabilidades sobre o rompimento.
“A Vale, mais uma vez, vai atuar para esconder seu crime. Criar uma narrativa de que foi um acidente, que esse tipo de coisa acontece, como foi o caso de Mariana, além de construir uma narrativa na imprensa e com as instituições, principalmente os governos”.
Ele acrescenta que a não reparação das vítimas do crime da Samarco, assim como a não responsabilização da empresa, permite que um modelo predatório de mineração continue se expandindo na região.
“A impunidade do crime de Mariana dá mais espaço e oportunidade para outros crimes. A forma com que as empresas atuam, especialmente a Vale, no contexto do crime de Mariana, e como a Justiça brasileira atua do lado das empresas, cria espaços e oportunidades para mais uma tragédia”, declara o integrante do MAB. “A impunidade do crime de Mariana permitiu mais uma tragédia anunciada”, lamenta.
A cidade de Brumadinho foi evacuada pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, assim como o Instituto Inhotim, o museu a céu aberto de arte contemporânea localizado na região.
Segundo Thiago, as mineradoras, o governo de Minas Gerais, assim como o governo federal, ignoram o direito das populações que moram no entorno e seus posicionamentos contrário à atividade minerária.
“Esse rompimento é o resultado de um modelo de mineração que é privatizado e transnacional, inteiramente à serviço do lucro das grandes empresas, contra os direitos dos trabalhadores e das comunidades”, ressalta Alves. “Essa tragédia é mais um resultado desse modelo de morte”, lamenta o militante.
Maria Júlia Gomes de Andrade, coordenadora do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), relembra que o licenciamento para a barragem rompida nesta sexta-feira (25) foi concedido a toque de caixa pelo governo estadual, em dezembro.
Andrade critica atuação das mineradoras enfaticamente. “Eles têm uma característica em comum: são projetos de grande escala, de minério de ferro, de empresas de grande porte. Mostram, de cara, uma incapacidade gigantesca dessas empresas de garantirem a segurança das suas estruturas.”
A população local e movimentos que atuam na região seguem em alerta prestando apoio aos moradores atingidos.
“Tinha muita gente trabalhando lá dentro. Esse complexo não é apenas uma mina. É um complexo que envolve várias minas. É uma extensão enorme, envolve dois municípios. A gente ainda não sabe o que aconteceu com esses trabalhadores que estavam lá na hora que rompeu essa barragem”, diz Maria Júlia, apreensiva.
“Em Fundão, 14 trabalhadores morreram na hora do rompimento da lama, sendo que 12 eram terceirizados. Isso mostra também o nível de precarização de quem trabalha nas áreas mais arriscadas dentro do complexo da mineração”, complementa.
Em relação a atuação do novo governo no licenciamento desses empreendimentos, Thiago Alves, do MAB, é pessimista. Ele acredita que tanto o presidente Jair Bolsonaro (PSL) quanto Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, vão atuar à favor das mineradoras, inclusive para facilitar a mineração em áreas quilombolas e indígenas.
“Isso já foi anunciado. Nós não temos nenhuma expectativa que o governo vá defender direitos dos trabalhadores da mineração e de comunidades atingidas. Temos um ministro do meio ambiente que é um criminoso, condenado na Justiça por favorecer mineradoras”, relembra.
Há dois dias, Zema comemorou no seu Instagram que a Vallourec estava expandindo a mineração em Brumadinho. "Minas é a principal região produtiva do grupo e meu governo vai trabalhar duro para trazer investimentos, gerar empregos e renda aos mineiros e mineiras".
Bolsonaro, por sua vez, já criticou as licenças ambientais alegando que elas atrapalham as obras e que seriam meros "caprichos".
“Uma tragédia anunciada”, diz Thiago Alves, integrante do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), sobre o rompimento da barragem Mina do Feijão, da mineradora Vale, nesta sexta-feira (25). Até o momento, há cerca de 200 desaparecidos no município de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Perspectivas apontam que o número de desaparecidos pode subir para 600 pessoas.
O rompimento da barragem ocorre pouco mais de três anos do crime ambiental em Mariana, também em Minas Gerais – acidente que, em novembro de 2015, liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração na região e deixou 19 mortos, após o rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, da qual a Vale é uma das donas, em conjunto com a BHP Billiton.
A mineradora fechou acordo com o Ministério Público de Minas para o pagamento de indenizações, mas ação na Justiça Federal ainda não teve julgamento.
Para Alves, assim como ocorreu no caso de Mariana, a Vale não irá assumir responsabilidades sobre o rompimento.
“A Vale, mais uma vez, vai atuar para esconder seu crime. Criar uma narrativa de que foi um acidente, que esse tipo de coisa acontece, como foi o caso de Mariana, além de construir uma narrativa na imprensa e com as instituições, principalmente os governos”.
Ele acrescenta que a não reparação das vítimas do crime da Samarco, assim como a não responsabilização da empresa, permite que um modelo predatório de mineração continue se expandindo na região.
“A impunidade do crime de Mariana dá mais espaço e oportunidade para outros crimes. A forma com que as empresas atuam, especialmente a Vale, no contexto do crime de Mariana, e como a Justiça brasileira atua do lado das empresas, cria espaços e oportunidades para mais uma tragédia”, declara o integrante do MAB. “A impunidade do crime de Mariana permitiu mais uma tragédia anunciada”, lamenta.
A cidade de Brumadinho foi evacuada pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, assim como o Instituto Inhotim, o museu a céu aberto de arte contemporânea localizado na região.
Segundo Thiago, as mineradoras, o governo de Minas Gerais, assim como o governo federal, ignoram o direito das populações que moram no entorno e seus posicionamentos contrário à atividade minerária.
“Esse rompimento é o resultado de um modelo de mineração que é privatizado e transnacional, inteiramente à serviço do lucro das grandes empresas, contra os direitos dos trabalhadores e das comunidades”, ressalta Alves. “Essa tragédia é mais um resultado desse modelo de morte”, lamenta o militante.
Maria Júlia Gomes de Andrade, coordenadora do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), relembra que o licenciamento para a barragem rompida nesta sexta-feira (25) foi concedido a toque de caixa pelo governo estadual, em dezembro.
Andrade critica atuação das mineradoras enfaticamente. “Eles têm uma característica em comum: são projetos de grande escala, de minério de ferro, de empresas de grande porte. Mostram, de cara, uma incapacidade gigantesca dessas empresas de garantirem a segurança das suas estruturas.”
A população local e movimentos que atuam na região seguem em alerta prestando apoio aos moradores atingidos.
“Tinha muita gente trabalhando lá dentro. Esse complexo não é apenas uma mina. É um complexo que envolve várias minas. É uma extensão enorme, envolve dois municípios. A gente ainda não sabe o que aconteceu com esses trabalhadores que estavam lá na hora que rompeu essa barragem”, diz Maria Júlia, apreensiva.
“Em Fundão, 14 trabalhadores morreram na hora do rompimento da lama, sendo que 12 eram terceirizados. Isso mostra também o nível de precarização de quem trabalha nas áreas mais arriscadas dentro do complexo da mineração”, complementa.
Em relação a atuação do novo governo no licenciamento desses empreendimentos, Thiago Alves, do MAB, é pessimista. Ele acredita que tanto o presidente Jair Bolsonaro (PSL) quanto Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, vão atuar à favor das mineradoras, inclusive para facilitar a mineração em áreas quilombolas e indígenas.
“Isso já foi anunciado. Nós não temos nenhuma expectativa que o governo vá defender direitos dos trabalhadores da mineração e de comunidades atingidas. Temos um ministro do meio ambiente que é um criminoso, condenado na Justiça por favorecer mineradoras”, relembra.
Há dois dias, Zema comemorou no seu Instagram que a Vallourec estava expandindo a mineração em Brumadinho. "Minas é a principal região produtiva do grupo e meu governo vai trabalhar duro para trazer investimentos, gerar empregos e renda aos mineiros e mineiras".
Bolsonaro, por sua vez, já criticou as licenças ambientais alegando que elas atrapalham as obras e que seriam meros "caprichos".
1 comentários:
Sobre a Vale, vejam isto:https://www.diariodocentrodomundo.com.br/como-a-vale-espionou-ativistas-sindicatos-e-criticos-por-marina-amaral/
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