Por André Barrocal, na revista CartaCapital:
A recente prisão de milicianos no Rio traz à tona elos do grupo, acusado à Justiça por formação de quadrilha e assassinato, com Flávio Bolsonaro. Como deputado estadual no Rio, Flávio empregou a mãe e a esposa de um dos chefes da milícia das favelas de Rio das Pedras e Muzema, propôs condecorações e fez discursos a favor de milícias.
Há mais razões para desconfiar de vínculos do primogênito do presidente Jair Bolsonaro com a milícia que acaba de ser denunciada pelo Ministério Público (MP)? Há: a eleição do atual governador do Rio, Wilson Witzel, do PSC, em outubro passado.
Na reta final da campanha no primeiro turno, Flávio e Witzel aliaram-se. Participaram unidos de compromissos eleitorais. Em 22 de setembro, por exemplo, estiveram em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Era um ato de Flávio. “Agradeço também a presença aqui do candidato Wilson Witzel, que estamos acompanhando em algumas agendas”, disse o então concorrente ao Senado.
Ali, Flávio portou-se como um bom Bolsonaro, família chegada a uma arma e uma farda, igual milicianos. “Bandido, com a gente, vai ser tratado como bandido. Ou é cadeia ou é cemitério.”
Witzel era um completo azarão. Naquele dia, tinha 3% nas pesquisas. Na véspera do dia D, 10%. No domingo, surpreendeu nas urnas. Foi o primeiro colocado, com 39%.
Um dia depois, um morador de Rio das Pedras chegou ao trabalho e contou uma história sinistra a colegas. No sábado à noite, véspera da eleição, milicianos tinham feito correr uma ordem entre os moradores. Era para votar no número 20. Nós, avisaram os milicianos, vamos conferir a votação. Se o número 20 não tiver ido bem, todo mundo vai pagar.
Ninguém na comunidade sabia quem era Witzel, nem que ele era o 20 na urna. Com medo de retaliação, muita gente votou nele.
Na 179a zona eleitoral do Rio, à qual pertence Rio das Pedras, o ex-juiz teve 34%. E teve 41% na 119a zona, a de Itanhangá, local do alegado QG da milícia, onde o MP achou 50 mil reais cash e 290 cheques de valores gordos.
CartaCapital tentou ouvir o morador de Rio das Pedras que relatou a história a colegas de trabalho. Ele não quis. Ficou com medo: “Essa terra tem lugar que não podemos entrar”.
Witzel defende que a polícia atire “na cabecinha” de bandidos, para alegria de policiais-milicianos.
Ele é também aliado dos Bolsonaro na facilitação de negócios com armas, efeito esperado da liberação da posse e da licença tácita para matar bandido (“É cadeia ou cemitério”). Em dezembro, pouco antes da posse, foi a Israel, reuniu-se com dois fabricantes de drones e prometeu comprar 50 deles para o Rio.
No dia da posse de Jair Bolsonaro, havia em Brasília um equipamento de segurança chamado DataGo. Serve para rastrear, num raio de 6 km, todos os números de celulares, ligações entre eles e o teor das conversas. Quem comprou? O Exército. Quem fabrica? Israel.
Bem que uma ex-autoridade da área internacional do governo Temer diz: Eduardo Bolsonaro, o caçula do presidente, tem negócios com empresas israelenses. Será?
Witzel viajou a Brasília para a posse presidencial e levou de carona no avião do governo um fã de Flávio e Jair, o juiz federal Marcelo Bretas, o da Operação Lava Jato no Rio.
No dia da eleição de Flávio ao Senado, Bretas festejou no Twitter: “Parabenizo os novos Senadores, ora eleitos pera representar o Estado do Rio de Janeiro a partir de 2019, Flávio Bolsonaro e Arolde de Oliveira. Que Deus os abençoe!”.
Agora anda aborrecido com “críticas prematuras” ao governo, “claramente oportunistas”, conforme escreveu na rede social em 9 de janeiro. Não explicou do que se queixava. Dá para imaginar. Seus ídolos derretem.
Há mais razões para desconfiar de vínculos do primogênito do presidente Jair Bolsonaro com a milícia que acaba de ser denunciada pelo Ministério Público (MP)? Há: a eleição do atual governador do Rio, Wilson Witzel, do PSC, em outubro passado.
Na reta final da campanha no primeiro turno, Flávio e Witzel aliaram-se. Participaram unidos de compromissos eleitorais. Em 22 de setembro, por exemplo, estiveram em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Era um ato de Flávio. “Agradeço também a presença aqui do candidato Wilson Witzel, que estamos acompanhando em algumas agendas”, disse o então concorrente ao Senado.
Ali, Flávio portou-se como um bom Bolsonaro, família chegada a uma arma e uma farda, igual milicianos. “Bandido, com a gente, vai ser tratado como bandido. Ou é cadeia ou é cemitério.”
Witzel era um completo azarão. Naquele dia, tinha 3% nas pesquisas. Na véspera do dia D, 10%. No domingo, surpreendeu nas urnas. Foi o primeiro colocado, com 39%.
Um dia depois, um morador de Rio das Pedras chegou ao trabalho e contou uma história sinistra a colegas. No sábado à noite, véspera da eleição, milicianos tinham feito correr uma ordem entre os moradores. Era para votar no número 20. Nós, avisaram os milicianos, vamos conferir a votação. Se o número 20 não tiver ido bem, todo mundo vai pagar.
Ninguém na comunidade sabia quem era Witzel, nem que ele era o 20 na urna. Com medo de retaliação, muita gente votou nele.
Na 179a zona eleitoral do Rio, à qual pertence Rio das Pedras, o ex-juiz teve 34%. E teve 41% na 119a zona, a de Itanhangá, local do alegado QG da milícia, onde o MP achou 50 mil reais cash e 290 cheques de valores gordos.
CartaCapital tentou ouvir o morador de Rio das Pedras que relatou a história a colegas de trabalho. Ele não quis. Ficou com medo: “Essa terra tem lugar que não podemos entrar”.
Witzel defende que a polícia atire “na cabecinha” de bandidos, para alegria de policiais-milicianos.
Ele é também aliado dos Bolsonaro na facilitação de negócios com armas, efeito esperado da liberação da posse e da licença tácita para matar bandido (“É cadeia ou cemitério”). Em dezembro, pouco antes da posse, foi a Israel, reuniu-se com dois fabricantes de drones e prometeu comprar 50 deles para o Rio.
No dia da posse de Jair Bolsonaro, havia em Brasília um equipamento de segurança chamado DataGo. Serve para rastrear, num raio de 6 km, todos os números de celulares, ligações entre eles e o teor das conversas. Quem comprou? O Exército. Quem fabrica? Israel.
Bem que uma ex-autoridade da área internacional do governo Temer diz: Eduardo Bolsonaro, o caçula do presidente, tem negócios com empresas israelenses. Será?
Witzel viajou a Brasília para a posse presidencial e levou de carona no avião do governo um fã de Flávio e Jair, o juiz federal Marcelo Bretas, o da Operação Lava Jato no Rio.
No dia da eleição de Flávio ao Senado, Bretas festejou no Twitter: “Parabenizo os novos Senadores, ora eleitos pera representar o Estado do Rio de Janeiro a partir de 2019, Flávio Bolsonaro e Arolde de Oliveira. Que Deus os abençoe!”.
Agora anda aborrecido com “críticas prematuras” ao governo, “claramente oportunistas”, conforme escreveu na rede social em 9 de janeiro. Não explicou do que se queixava. Dá para imaginar. Seus ídolos derretem.
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