Por Altamiro Borges
Como já demonstraram inúmeros estudos, a contrarreforma da Previdência forjada pela dupla pornô-rentista Jair Bolsonaro-Paulo Guedes é uma coleção de maldades contra os trabalhadores. Na prática, ela representa o fim da aposentadoria para milhões de brasileiros. Uma sacanagem, porém, tem sido pouco realçada. No emaranhado das medidas previdenciárias, o projeto incluiu ainda um contrabando ao restringir drasticamente o pagamento do abono salarial. Segundo a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, nove em cada dez trabalhadores que hoje recebem o benefício perderão esse direito caso a proposta da equipe econômica seja aprovada no âmbito da "reforma".
Como já demonstraram inúmeros estudos, a contrarreforma da Previdência forjada pela dupla pornô-rentista Jair Bolsonaro-Paulo Guedes é uma coleção de maldades contra os trabalhadores. Na prática, ela representa o fim da aposentadoria para milhões de brasileiros. Uma sacanagem, porém, tem sido pouco realçada. No emaranhado das medidas previdenciárias, o projeto incluiu ainda um contrabando ao restringir drasticamente o pagamento do abono salarial. Segundo a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, nove em cada dez trabalhadores que hoje recebem o benefício perderão esse direito caso a proposta da equipe econômica seja aprovada no âmbito da "reforma".
Atualmente, o abono é pago para quem ganha até dois salários mínimos – cerca de 23,9 milhões de trabalhadores, segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2017. Mas a dupla infernal Bolsonaro-Guedes quer restringir o direito apenas a quem ganha até um salário mínimo. Quase 90% dos que hoje recebem o abono têm rendimentos entre 1 e 2 salários mínimos, faixa que seria excluída do benefício. Apenas 2,6 milhões de trabalhadores receberiam o abono se a "reforma" for aprovada pelo Congresso Nacional. Segundo cálculos da IFI, esse contrabando terá enorme impacto na economia, gerando um corte fiscal de R$ 150,2 bilhões em uma década.
Essa fortuna ajuda a explicar a euforia dos rentistas e da sua mídia venal com a votação da "reforma". O jornal Estadão, hoje totalmente endividado e refém dos bancos, é um dos mais excitados. Recente artigo lembra que "o fim desse benefício, criado há quase meio século, chegou a ser discutido pela equipe do ex-presidente Michel Temer, mas acabou deixado de lado diante do elevado custo político, uma vez que seus beneficiários são justamente a camada mais pobre da população. Antes de incluir a medida na proposta de reforma da Previdência, a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, já havia defendido publicamente mudanças no benefício. A avaliação é de que o benefício não mais se justifica e que há outras políticas mais eficientes para reduzir a miserabilidade da população".
Ainda segundo o jornalão, que publica diariamente artigos – ou melhor, peças publicitárias – em favor da "reforma", esse contrabando corrigirá injustiças e reduzirá os gastos públicos. "No formato atual, o abono acaba transferindo renda para quase metade dos trabalhadores que estão no mercado formal e têm carteira assinada. O custo do benefício hoje fica em torno de R$ 17 bilhões ao ano. Com a mudança, esse valor passaria a cerca de R$ 2 bilhões. Em 2018, a despesa com o benefício alcançou R$ 17,2 bilhões, ou 0,25% do PIB, pagos a pouco mais de 23 milhões de beneficiários". Haja cinismo!
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