Por Luciano Siqueira, no site Vermelho:
Com a ressalva de que sempre vale um olhar crítico diante de pesquisas, os dados da sondagem CNT/MDA, recém-divulgados, devem estar incomodando o governo Bolsonaro.
Com a ressalva de que sempre vale um olhar crítico diante de pesquisas, os dados da sondagem CNT/MDA, recém-divulgados, devem estar incomodando o governo Bolsonaro.
Embora 57,5% da população ainda apoiem o presidente - com apenas dois meses de governo seria catastrófico se assim não ocorresse -, apenas 39% avaliam positivamente o governo.
De quebra, 75,1% consideram que os três filhos do presidente não devem se intrometer no governo, como fazem ostensivamente.
Diante de números negativos, ou insuficientemente positivos, nunca falta quem atribua à comunicação a "culpa" ou o dom de reverter rapidamente a situação.
Uma boa comunicação institucional conquista a opinião pública, dizem.
Mas não é bem assim. A propaganda não faz milagres, é preciso que o produto seja bom.
Um dilema do governo Bolsonaro é justamente esse: não há como ser bom para a maioria, tal a natureza do seu programa ultraliberal.
Analistas isentos questionam a viabilidade de políticas ultra liberais em países periféricos, mesmo quando considerados emergentes, como o Brasil.
O que implica em rejeição por parte da maioria da população. E, no caso do atual governo, o programa não foi apresentado na campanha eleitoral e só agora é que vem à tona com a marca de antipopular.
Além disso, um dos pilares da propaganda eleitoral do atual presidente - o rigor com o uso dos recursos públicos - vem sendo minado com incrível rapidez, envolvendo seu partido, ministros e o próprio clã Bolsonaro.
O clã, contrariando os mais de 75% dos entrevistados na dita pesquisa, se constitui num dos núcleos do governo, batendo cabeças com a “turma da farda”, a “turma da toga” e os “Chicago boys” alojados no Ministério da Economia.
Para um presidente que em quase trinta anos de vida parlamentar jamais construiu alguma coisa relevante, nem se envolveu com a dinâmica legislativa, e por isso mesmo mostra-se insensível a uma boa relação com o Congresso (sequer dispõe de líderes de bancadas de apoio e de governo hábeis e respeitados), o período pós-carnaval virá carregado de dificuldades.
E em perspectiva, num processo gradual e cumulativo, a decepção da maioria dos brasileiros poderá emergir como combustível para uma inevitável e necessária resistência oposicionista no parlamento e nas ruas.
* Luciano Siqueira é médico, vice-prefeito do Recife, membro do Comitê Central do PCdoB.
De quebra, 75,1% consideram que os três filhos do presidente não devem se intrometer no governo, como fazem ostensivamente.
Diante de números negativos, ou insuficientemente positivos, nunca falta quem atribua à comunicação a "culpa" ou o dom de reverter rapidamente a situação.
Uma boa comunicação institucional conquista a opinião pública, dizem.
Mas não é bem assim. A propaganda não faz milagres, é preciso que o produto seja bom.
Um dilema do governo Bolsonaro é justamente esse: não há como ser bom para a maioria, tal a natureza do seu programa ultraliberal.
Analistas isentos questionam a viabilidade de políticas ultra liberais em países periféricos, mesmo quando considerados emergentes, como o Brasil.
O que implica em rejeição por parte da maioria da população. E, no caso do atual governo, o programa não foi apresentado na campanha eleitoral e só agora é que vem à tona com a marca de antipopular.
Além disso, um dos pilares da propaganda eleitoral do atual presidente - o rigor com o uso dos recursos públicos - vem sendo minado com incrível rapidez, envolvendo seu partido, ministros e o próprio clã Bolsonaro.
O clã, contrariando os mais de 75% dos entrevistados na dita pesquisa, se constitui num dos núcleos do governo, batendo cabeças com a “turma da farda”, a “turma da toga” e os “Chicago boys” alojados no Ministério da Economia.
Para um presidente que em quase trinta anos de vida parlamentar jamais construiu alguma coisa relevante, nem se envolveu com a dinâmica legislativa, e por isso mesmo mostra-se insensível a uma boa relação com o Congresso (sequer dispõe de líderes de bancadas de apoio e de governo hábeis e respeitados), o período pós-carnaval virá carregado de dificuldades.
E em perspectiva, num processo gradual e cumulativo, a decepção da maioria dos brasileiros poderá emergir como combustível para uma inevitável e necessária resistência oposicionista no parlamento e nas ruas.
* Luciano Siqueira é médico, vice-prefeito do Recife, membro do Comitê Central do PCdoB.
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