Por Ayrton Centeno, no jornal Brasil de Fato:
Estas linhas são uma colaboração modesta ao ministro Paulo Guedes, tão ansioso no seu propósito de courear os pobres e alisar o lombo dos afortunados. Embora devoto aplicado da Teologia da Escravidão, seus últimos movimentos não tem obtido a graça divina. Na sua ida ao Congresso, deixado ao relento pelas bancadas da Bíblia, do Boi e da Bala, saiu de mãos abanando e com o apelido de Tchutchuca. Algo que, convenhamos, é pouco para quem planeja estrago tão grande na vida dos outros.
A exemplo dos colunistas da mídia empresarial, também me enterneço com o drama do ministro, sempre aflito podando os gastos da máquina pública, torrando ou doando tudo o que for possível e mesmo impossível. Seu intuito é deixar o Estado no osso, atacando aquilo que julga excessivo, dispendioso ou redundante. Chama a atenção que o nosso Paulo Mãos de Tesoura não tenha se voltado para um corte certeiro e – hoje em dia – plenamente justificado.
É o seguinte: o Brasil já entregou o Pré-Sal, que seria a redenção das gerações vindouras; passou adiante a Embraer, sua indústria aeronáutica, dona de grande mercado no exterior; deu de graça, sem contrapartida, a base de lançamento de foguetes de Alcântara aos Estados Unidos. É um pedaço do Brasil onde brasileiro não entra. Bem antes, doara o minério do seu subsolo ao privatizar a Vale do Rio Doce. Agora, o grande projeto é uma parceria com Donald Trump para patrolar a Amazônia.
O controle do solo, do subsolo e do mar são requisitos essenciais para definir um país como soberano. Mas o governo que Guedes frequenta resolveu colocar a nação a reboque do Grande Irmão do Norte. Como soberania e dependência são termos inconciliáveis, cria-se um problema e, por sorte, uma solução. O problema é o que fazer com as Forças Armadas. Se uma nação abre mão de sua soberania, cuja defesa é a tarefa primordial do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, o que justifica a existência das três forças? O que farão? Paradas? Marchas? Exercícios? Manobras? Pra quê?
A solução é dispensar as Forças Armadas e levar ao pregão tudo o que a elas se relaciona. Já pensou, ministro? Que maravilha, não?
Podemos seguir o exemplo esperto de Liechtenstein que extinguiu seu exército em 1868 (!) devido ao custo da sua manutenção. Ou da Costa Rica, cuja constituição aboliu suas forças armadas em 1949! Ou, ainda, do Panamá, das Ilhas Virgens, do Vaticano e tantas outras nações.
Vivemos em tempos líquidos então, calculadora em punho, vamos lá: as Forças Armadas custam em torno de R$ 95,6 bilhões a cada ano. São os números de 2017. Com tal turbilhão de dinheiro público seria possível, por exemplo, levantar mais de 1,3 milhão de casas populares de 45 m2 a cada ano, com custo unitário de R$ 70 mil reais.
Como o deficit do Brasil em moradias é de 7,7 milhões de unidades, em cinco anos e meio este deficit estaria zerado. E, Guedes, ainda nem estamos falando no patrimônio imobiliário de milhares de propriedades espalhadas pelo território nacional: prédios enormes, terrenos, campos de treinamento, aeroportos, aviões, portos, tanques, navios, canhões, metralhadoras etc. Que festa, hein? Vamos vender toda essa tralha.
A esta altura, um leitor mais receoso indagará: “Mas se nos atacarem?” É uma pergunta que merece duas respostas: 1) O território nacional não é invadido desde 1864 quando o Paraguai teve essa má ideia; 2) Mesmo assim, se nos invadirem, chamaremos nossos amigos do Norte, que possuem a maior força militar do mundo. Afinal, virão defender o que lhes pertence…
Claro, sempre haverá o pessoal preocupado com a Constituição. Dirão que lá está escrito, no artigo 142, que as Forças Armadas são uma instituição “permanente”.
Ora, quando tudo que é público no Brasil se dissolve no ar, a palavra “permanência”, dependendo de uma boa conversa no Congresso, dura menos que uma flor. Afinal, com boas conversas assim, Michel Temer escapou duas vezes de um flagrante de crime exposto em rede nacional.
Tenha coragem, ministro. Aperte o cinto, afie a tesoura, cerre os dentes e parta para a luta. A hora é agora. Seja Tigrão, Tchuchuca!
A exemplo dos colunistas da mídia empresarial, também me enterneço com o drama do ministro, sempre aflito podando os gastos da máquina pública, torrando ou doando tudo o que for possível e mesmo impossível. Seu intuito é deixar o Estado no osso, atacando aquilo que julga excessivo, dispendioso ou redundante. Chama a atenção que o nosso Paulo Mãos de Tesoura não tenha se voltado para um corte certeiro e – hoje em dia – plenamente justificado.
É o seguinte: o Brasil já entregou o Pré-Sal, que seria a redenção das gerações vindouras; passou adiante a Embraer, sua indústria aeronáutica, dona de grande mercado no exterior; deu de graça, sem contrapartida, a base de lançamento de foguetes de Alcântara aos Estados Unidos. É um pedaço do Brasil onde brasileiro não entra. Bem antes, doara o minério do seu subsolo ao privatizar a Vale do Rio Doce. Agora, o grande projeto é uma parceria com Donald Trump para patrolar a Amazônia.
O controle do solo, do subsolo e do mar são requisitos essenciais para definir um país como soberano. Mas o governo que Guedes frequenta resolveu colocar a nação a reboque do Grande Irmão do Norte. Como soberania e dependência são termos inconciliáveis, cria-se um problema e, por sorte, uma solução. O problema é o que fazer com as Forças Armadas. Se uma nação abre mão de sua soberania, cuja defesa é a tarefa primordial do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, o que justifica a existência das três forças? O que farão? Paradas? Marchas? Exercícios? Manobras? Pra quê?
A solução é dispensar as Forças Armadas e levar ao pregão tudo o que a elas se relaciona. Já pensou, ministro? Que maravilha, não?
Podemos seguir o exemplo esperto de Liechtenstein que extinguiu seu exército em 1868 (!) devido ao custo da sua manutenção. Ou da Costa Rica, cuja constituição aboliu suas forças armadas em 1949! Ou, ainda, do Panamá, das Ilhas Virgens, do Vaticano e tantas outras nações.
Vivemos em tempos líquidos então, calculadora em punho, vamos lá: as Forças Armadas custam em torno de R$ 95,6 bilhões a cada ano. São os números de 2017. Com tal turbilhão de dinheiro público seria possível, por exemplo, levantar mais de 1,3 milhão de casas populares de 45 m2 a cada ano, com custo unitário de R$ 70 mil reais.
Como o deficit do Brasil em moradias é de 7,7 milhões de unidades, em cinco anos e meio este deficit estaria zerado. E, Guedes, ainda nem estamos falando no patrimônio imobiliário de milhares de propriedades espalhadas pelo território nacional: prédios enormes, terrenos, campos de treinamento, aeroportos, aviões, portos, tanques, navios, canhões, metralhadoras etc. Que festa, hein? Vamos vender toda essa tralha.
A esta altura, um leitor mais receoso indagará: “Mas se nos atacarem?” É uma pergunta que merece duas respostas: 1) O território nacional não é invadido desde 1864 quando o Paraguai teve essa má ideia; 2) Mesmo assim, se nos invadirem, chamaremos nossos amigos do Norte, que possuem a maior força militar do mundo. Afinal, virão defender o que lhes pertence…
Claro, sempre haverá o pessoal preocupado com a Constituição. Dirão que lá está escrito, no artigo 142, que as Forças Armadas são uma instituição “permanente”.
Ora, quando tudo que é público no Brasil se dissolve no ar, a palavra “permanência”, dependendo de uma boa conversa no Congresso, dura menos que uma flor. Afinal, com boas conversas assim, Michel Temer escapou duas vezes de um flagrante de crime exposto em rede nacional.
Tenha coragem, ministro. Aperte o cinto, afie a tesoura, cerre os dentes e parta para a luta. A hora é agora. Seja Tigrão, Tchuchuca!
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