Por Ronnie Aldrin Silva, no site da Fundação Perseu Abramo:
Bolsonaro discursou na Assembleia Geral da ONU na manhã desta terça (24) e fez uso de um arsenal de fake news para tentar melhorar a atual imagem internacional brasileira. Ele iniciou falando que o Programa Mais Médicos contava com dez mil trabalhadores escravos cubanos respaldados pela ONU e que Cuba enviou, há poucas décadas, vários agentes para implantar uma ditadura nos demais países americanos.
Esta fala, num discurso da própria entidade, já abala a credibilidade do discurso. Ou será que algum dos presentes acreditaria que a ONU chancelaria a escravidão de trabalhadores? Ou ainda na segunda afirmação? Em sua fala ele pareceu esquecer de muitos atos de seu governo, como a recente fragilização do combate ao trabalho escravo no campo, por meio do decreto 9.767, em abril.
Ele exaltou também o acordo Mercosul-UE, mesmo sabendo que este possui altos riscos de não ser ratificado devido às práticas ambientais brasileiras e a seus discursos antidiplomáticos.
Talvez a fake news mais criativa do discurso tenha sido a de que, além do clima seco, agora são os indígenas os responsáveis pelas queimadas na Amazônia, além das ONGs, naturalmente. Segundo Bolsonaro queimadas fazem parte da cultura indígena.
Essa informação não só ignora a diversidade cultural e modos de vida indígenas, mas também se contrapõe ao fato de que os índios são os grandes protetores da floresta. Dados do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) mostram que o desmatamento é dez vezes maior (19% contra 2%) fora das Terras Indígenas, e que os indígenas, na verdade, atuam como uma barreira antidesmatamento e pró estoque de carbono. Então, se há um desejo real do governo de preservar a Amazônia, deveria também proteger, de fato, as Terras Indígenas e até mesmo criar mais reservas, expandi-las.
Para ajudar a defender suas teses, inclusive as de que “os indígenas querem ser como nós”, que querem “deixar de ser um povo pobre em cima de terras ricas”, o presidente levou em sua comitiva, e citou em seu discurso, a youtuber indígena Ysani Kalapalo, sua apoiadora desde o período eleitoral e não reconhecida pela entidade indígena de seu próprio território original como representante da causa.
Bolsonaro discursou na Assembleia Geral da ONU na manhã desta terça (24) e fez uso de um arsenal de fake news para tentar melhorar a atual imagem internacional brasileira. Ele iniciou falando que o Programa Mais Médicos contava com dez mil trabalhadores escravos cubanos respaldados pela ONU e que Cuba enviou, há poucas décadas, vários agentes para implantar uma ditadura nos demais países americanos.
Esta fala, num discurso da própria entidade, já abala a credibilidade do discurso. Ou será que algum dos presentes acreditaria que a ONU chancelaria a escravidão de trabalhadores? Ou ainda na segunda afirmação? Em sua fala ele pareceu esquecer de muitos atos de seu governo, como a recente fragilização do combate ao trabalho escravo no campo, por meio do decreto 9.767, em abril.
Ele exaltou também o acordo Mercosul-UE, mesmo sabendo que este possui altos riscos de não ser ratificado devido às práticas ambientais brasileiras e a seus discursos antidiplomáticos.
Talvez a fake news mais criativa do discurso tenha sido a de que, além do clima seco, agora são os indígenas os responsáveis pelas queimadas na Amazônia, além das ONGs, naturalmente. Segundo Bolsonaro queimadas fazem parte da cultura indígena.
Essa informação não só ignora a diversidade cultural e modos de vida indígenas, mas também se contrapõe ao fato de que os índios são os grandes protetores da floresta. Dados do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) mostram que o desmatamento é dez vezes maior (19% contra 2%) fora das Terras Indígenas, e que os indígenas, na verdade, atuam como uma barreira antidesmatamento e pró estoque de carbono. Então, se há um desejo real do governo de preservar a Amazônia, deveria também proteger, de fato, as Terras Indígenas e até mesmo criar mais reservas, expandi-las.
Para ajudar a defender suas teses, inclusive as de que “os indígenas querem ser como nós”, que querem “deixar de ser um povo pobre em cima de terras ricas”, o presidente levou em sua comitiva, e citou em seu discurso, a youtuber indígena Ysani Kalapalo, sua apoiadora desde o período eleitoral e não reconhecida pela entidade indígena de seu próprio território original como representante da causa.
Segundo a Atix (Associação Terra Indígena Xingu), ela não está autorizada a falar em nome das tribos da região e, apesar de Ysani se dizer moradora do Xingu, ela reside na realidade em Embu das Artes (SP). A Associação e outras catorze lideranças locais ainda divulgaram um manifesto contra a representação de Ysani na comitiva presidencial na ONU. A "carta de repúdio" diz que o convite a Ysani "demonstra mais uma vez o desrespeito com os povos e lideranças indígenas renomados do Xingu".
Por fim, informando que a Amazônia permanece praticamente intocada, que ela não está sendo devastada ou queimada pelo fogo, passando a ideia de que com seu governo os crimes violentos ficaram para trás e afirmando que seu governo possui “os mais altos padrões de direitos humanos” e respeito à liberdade de imprensa, o presidente encerrou seu discurso exaltando a importância da verdade e citando a bíblia.
Por fim, informando que a Amazônia permanece praticamente intocada, que ela não está sendo devastada ou queimada pelo fogo, passando a ideia de que com seu governo os crimes violentos ficaram para trás e afirmando que seu governo possui “os mais altos padrões de direitos humanos” e respeito à liberdade de imprensa, o presidente encerrou seu discurso exaltando a importância da verdade e citando a bíblia.
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