Foto: Ricardo Stuckert |
Hoje foi um dia bem diferente dos demais do ponto de vista profissional. Eu não passei a noite ansioso, não acordei nervoso, não deu dor de barriga na hora de preparar as perguntas. Nada disso. Mas eu estava meio embaralhado, meio angustiado e até mais triste do que feliz.
Eu acordei umas 6h da manhã para ir à entrevista do presidente Lula. Não é exatamente uma novidade para mim entrevistá-lo. Nunca contei as vezes que o fiz, mas certamente já devem estar perto de 10. Se for contar as pequenas entrevistas, talvez mais de 20 ou 30.
Algumas dessas pequenas entrevistas se deram quando ainda era estudante. Como fiz faculdade de jornalismo na Metodista, de 1985 a 1988, antes de Lula disputar a presidência da República, às vezes eu o encontrava nas greves, no Sindicato dos Metalúrgicos ou em eventos políticos. E sempre que podia corria com um gravador pra tentar fazer qualquer pergunta.
Em 1994, quando fui cobrir a Guerrilha Zapatista no México, fiz uma entrevista com o Lula. Ele nem deve imaginar, mas eu e o fotógrafo Jesus Carlos o “usamos” como fonte de recursos. Estávamos sem grana para ir e ligamos para o jornal La Jornada propondo várias pautas sobre o Brasil. Mas, o editor disse que só tinha interesse numa entrevista com o Lula. Ligamos para o Paulo Okamoto e conseguimos agendá-la.
Fiquei 1h30 explorando o “baiano”, como Lula é conhecido no ABC. E recebemos uns 500 dólares pela matéria. Devo essa ao Lula. Essa grana foi usada para a gente se deslocar pelo México, pagar comida, passagens etc. E de lá do México trouxemos várias matérias sobre a guerrilha que acabaram mostrando um lado humano do movimento Zapatista, que ainda era um mistério para muitos.
Neste momento, o Luiz Inácio já era o Lulinha Quase Lá. Ele mesmo brincava com isso. Uma das noites que tive o prazer de desfrutar da companhia dele sem estar fazendo uma entrevista foi na casa do ex-deputado estadual Geraldo Siqueira. Ele brincava com o Geraldinho, que acabava de fazer o tratamento de um câncer, que tinha que ser bem cuidado porque era o Lulinha Quase Lá. E durante boa parte da noite ficou brincando com a minha filha Carolina. Ela no colo dele e ele contando histórias. Uma cena que nunca vou esquecer.
Mas por que tô contando tudo isso. Porque ir entrevistar o Lula hoje na Polícia Federal, na prisão que lhe meteram de forma injusta, não foi algo tranquilo. Menos pelo evento jornalístico em si, mas por aquele gosto amargo na boca que certas coisas nos trazem. Lula não podia estar neste lugar.
Eu acordei umas 6h da manhã para ir à entrevista do presidente Lula. Não é exatamente uma novidade para mim entrevistá-lo. Nunca contei as vezes que o fiz, mas certamente já devem estar perto de 10. Se for contar as pequenas entrevistas, talvez mais de 20 ou 30.
Algumas dessas pequenas entrevistas se deram quando ainda era estudante. Como fiz faculdade de jornalismo na Metodista, de 1985 a 1988, antes de Lula disputar a presidência da República, às vezes eu o encontrava nas greves, no Sindicato dos Metalúrgicos ou em eventos políticos. E sempre que podia corria com um gravador pra tentar fazer qualquer pergunta.
Em 1994, quando fui cobrir a Guerrilha Zapatista no México, fiz uma entrevista com o Lula. Ele nem deve imaginar, mas eu e o fotógrafo Jesus Carlos o “usamos” como fonte de recursos. Estávamos sem grana para ir e ligamos para o jornal La Jornada propondo várias pautas sobre o Brasil. Mas, o editor disse que só tinha interesse numa entrevista com o Lula. Ligamos para o Paulo Okamoto e conseguimos agendá-la.
Fiquei 1h30 explorando o “baiano”, como Lula é conhecido no ABC. E recebemos uns 500 dólares pela matéria. Devo essa ao Lula. Essa grana foi usada para a gente se deslocar pelo México, pagar comida, passagens etc. E de lá do México trouxemos várias matérias sobre a guerrilha que acabaram mostrando um lado humano do movimento Zapatista, que ainda era um mistério para muitos.
Neste momento, o Luiz Inácio já era o Lulinha Quase Lá. Ele mesmo brincava com isso. Uma das noites que tive o prazer de desfrutar da companhia dele sem estar fazendo uma entrevista foi na casa do ex-deputado estadual Geraldo Siqueira. Ele brincava com o Geraldinho, que acabava de fazer o tratamento de um câncer, que tinha que ser bem cuidado porque era o Lulinha Quase Lá. E durante boa parte da noite ficou brincando com a minha filha Carolina. Ela no colo dele e ele contando histórias. Uma cena que nunca vou esquecer.
Mas por que tô contando tudo isso. Porque ir entrevistar o Lula hoje na Polícia Federal, na prisão que lhe meteram de forma injusta, não foi algo tranquilo. Menos pelo evento jornalístico em si, mas por aquele gosto amargo na boca que certas coisas nos trazem. Lula não podia estar neste lugar.
De qualquer maneira, o que posso dizer antes de fazer a matéria que será publicada amanhã é que vi um Lula altivo, um sujeito absolutamente dono da situação, um cara com o senso político apuradíssimo. Um ser humano no melhor dos seus dias. Parece absurdo, mas é isso.
A primeira hora da conversa foi com o amigo Haroldo Ceravollo, do Ópera Mundi. A segunda, comigo. Foram umas 30 perguntas ao todo. Ele falou de China, EUA, Irã, Ciro Gomes, Frente Ampla, Lula Livre, PT, da entrevista com o Rui Costa e do telefonema vazado do Temer. Falou de muita coisa. E nos deu muitos títulos…
Aos poucos vou soltando trechos desta conversa. Agora estou correndo para ir para o aeroporto e vou aproveitar pra ir pensando um pouco em tudo que ouvi e vivi hoje. Porque, além de tudo, Lula quando chegou me deu um abraço e já foi falando do Luca. E mandando solidariedade para a Dri. Não é fácil saber que tem um cara com essa força, dignidade e humanidade preso numa cela enquanto o Brasil está sendo governado por um boçal.
Lula é muito maior que a prisão que o recebe, a gente sabe disso. Mas vê-lo voltar acompanhado pelo seu segurança enquanto a gente sai do prédio não é exatamente fácil. Não é nada justo. É uma experiência que revolta, que trava a boca, mas que ao mesmo tempo dá a exata dimensão do grande líder que Lula é. Um líder que não se deixa curvar.
Não o achei triste, não o achei cansado, não o achei bravo. Mas acho que ele espera algo mais de nós.
Ao responder uma pergunta da Federação Única dos Petroleiros, quase no final da entrevista, ele disse que a gente precisa ter mais força e coragem para defender o Brasil. Que a gente não pode deixar eles destruírem tudo sem fazer nada. Que não podemos ficar apenas olhando a história acontecer. Temos que fazer algo para intervir nela.
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