Por Eric Nepomuceno
Acossado pela possibilidade de que surjam dados concretos comprovando não uma vinculação direta do clã Bolsonaro com o assassinato de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, mas no mínimo com seus assassinos, a saída encontrada pela família que nos domina parece ter sido atiçar de maneira tresloucada os inimigos com ameaças absurdas (a tempo: para um Bolsonaro, não existem adversários; o que existem são inimigos a serem exterminados).
A mais recente - e por enquanto inviável - foi insinuar a possibilidade de implantar de novo o nefasto AI5.
Essa é, penso eu, a justificativa mais plausível para a escalada de absurdos que se espalham não apenas pelas redes sociais, mas também pelas emissoras de televisão aderidas ao governo anacrônico que a cada dia desgoverna mais este país náufrago.
Aliás, desgoverna e afunda enquanto Guedes e companhia contribuem com voracidade assombrosa para que tudo se afunde de vez.
(E repetindo o ‘aliás’, de onde, de que fundo de pântano içaram esse sacripanta que antes de se tornar um desenfreado especulador no mercado financeiro, e depois também, só tem como destaque no currículo ter trabalhado para o regime sanguinário de Augusto Pinochet no Chile?)
A ameaça de um dos filhos boçais do boçal que a cada dia deposita o traseiro na poltrona presidencial de retomar o AI-5 despertou indignação até mesmo dentro daquilo que é chamado de seu próprio partido político (na verdade, um fértil e produtivo laranjal).
E com isso, desviaram-se, ao menos por um tempinho, as atenções para o foco da crise: a proximidade da família Bolsonaro com os assassinos de Marielle Franco.
Chega a vez, então, de procuradores e tribunais entrarem no jogo. E a primeira coisa que aparece é a imagem de uma um tanto assanhada promotora de Justiça, a exibir seus dotes físicos para eventuais apreciadores, ao lado de um energúmeno troglodita que arrebentou a placa que homenageava a vereadora assassinada. Ou em outras imagens, elevando Bolsonaro aos céus ou quase.
Nunca houve tanta evidência da contaminação do ministério Público e, aliás, de todo o poder judiciário, por uma extrema direita desvairada.
Tudo isso é, num primeiro resumo, o retrato deste Brasil em que milhões de inconsequentes elegeram semelhante figura (semelhante família) para destroçar o país.
As vinculações (e reiterada admiração) do clã mais boçal da história da República com milícias criminosas eram fartamente conhecidas.
Aliás, todo o resto era fartamente conhecido. E ainda assim, o clã foi eleito.
Pois bem, a questão agora é outra: o que fazer com semelhantes aberrações e suas ameaças concretas?
Enquanto ninguém no Brasil parece saber responder a esta questão elementar, o país continua a ser motivo de vergonha mundo afora. E, nesses últimos dias, logo aqui, nas vizinhanças.
Depois de haver dirigido sua estupidez habitual que se reforça a cada dia contra o presidente eleito na Argentina, Alberto Fernández, o presidente brasileiro achou que era hora de se intrometer na eleição presidencial uruguaia, que no dia 24 de novembro terá um segundo turno.
Sem nenhum vestígio de pudor - aliás, tudo indica que ele ignora não apenas o sentido da palavra, mas a palavra - Bolsonaro resolveu apoiar o candidato direitista Luis Lacalle contra o da Frente Ampla, Daniel Martínez.
Lacalle é o favorito no segundo turno, com pleno apoio do resto da direita e até da extrema direita.
E o que aconteceu?
Bem, aconteceram duas coisas, que deixam claro de toda claridade o desastre que viraram não apenas o clã Bolsonaro, que sempre foi, mas um Itamaraty destruído por uma aberração chamada Ernesto Araújo.
A primeira: Lacalle não apenas dispensou, mas rejeitou o apoio de Jair Bolsonaro.
E fez isso de maneira contundente.
A segunda: o ministério de Relações Exteriores do Uruguai convocou (atenção: não convidou, convocou) o embaixador brasileiro no país, Antônio Simões, a prestar explicações “sobre as expressões vertidas pelo senhor presidente Jair Bolsonaro relacionadas ao processo eleitoral que ocorre em nosso país”.
Em castelhano é corrente a expressão “verguenza ajena”, que acontece quando alguém sente vergonha do que outro alguém, geralmente um boçal, está fazendo ou fez.
Pois devo confessar que graças a esse governo de puras aberrações, a começar pelo clã presidencial, não me lembro de ter sentido tanta verguenza ajena antes.
Nem mesmo nos tempos da ditadura: ali, pelo menos, o jogo era claro, e não essa baboseira institucional de hoje, que permite que um bando de tresloucados faça o que está fazendo.
Acossado pela possibilidade de que surjam dados concretos comprovando não uma vinculação direta do clã Bolsonaro com o assassinato de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, mas no mínimo com seus assassinos, a saída encontrada pela família que nos domina parece ter sido atiçar de maneira tresloucada os inimigos com ameaças absurdas (a tempo: para um Bolsonaro, não existem adversários; o que existem são inimigos a serem exterminados).
A mais recente - e por enquanto inviável - foi insinuar a possibilidade de implantar de novo o nefasto AI5.
Essa é, penso eu, a justificativa mais plausível para a escalada de absurdos que se espalham não apenas pelas redes sociais, mas também pelas emissoras de televisão aderidas ao governo anacrônico que a cada dia desgoverna mais este país náufrago.
Aliás, desgoverna e afunda enquanto Guedes e companhia contribuem com voracidade assombrosa para que tudo se afunde de vez.
(E repetindo o ‘aliás’, de onde, de que fundo de pântano içaram esse sacripanta que antes de se tornar um desenfreado especulador no mercado financeiro, e depois também, só tem como destaque no currículo ter trabalhado para o regime sanguinário de Augusto Pinochet no Chile?)
A ameaça de um dos filhos boçais do boçal que a cada dia deposita o traseiro na poltrona presidencial de retomar o AI-5 despertou indignação até mesmo dentro daquilo que é chamado de seu próprio partido político (na verdade, um fértil e produtivo laranjal).
E com isso, desviaram-se, ao menos por um tempinho, as atenções para o foco da crise: a proximidade da família Bolsonaro com os assassinos de Marielle Franco.
Chega a vez, então, de procuradores e tribunais entrarem no jogo. E a primeira coisa que aparece é a imagem de uma um tanto assanhada promotora de Justiça, a exibir seus dotes físicos para eventuais apreciadores, ao lado de um energúmeno troglodita que arrebentou a placa que homenageava a vereadora assassinada. Ou em outras imagens, elevando Bolsonaro aos céus ou quase.
Nunca houve tanta evidência da contaminação do ministério Público e, aliás, de todo o poder judiciário, por uma extrema direita desvairada.
Tudo isso é, num primeiro resumo, o retrato deste Brasil em que milhões de inconsequentes elegeram semelhante figura (semelhante família) para destroçar o país.
As vinculações (e reiterada admiração) do clã mais boçal da história da República com milícias criminosas eram fartamente conhecidas.
Aliás, todo o resto era fartamente conhecido. E ainda assim, o clã foi eleito.
Pois bem, a questão agora é outra: o que fazer com semelhantes aberrações e suas ameaças concretas?
Enquanto ninguém no Brasil parece saber responder a esta questão elementar, o país continua a ser motivo de vergonha mundo afora. E, nesses últimos dias, logo aqui, nas vizinhanças.
Depois de haver dirigido sua estupidez habitual que se reforça a cada dia contra o presidente eleito na Argentina, Alberto Fernández, o presidente brasileiro achou que era hora de se intrometer na eleição presidencial uruguaia, que no dia 24 de novembro terá um segundo turno.
Sem nenhum vestígio de pudor - aliás, tudo indica que ele ignora não apenas o sentido da palavra, mas a palavra - Bolsonaro resolveu apoiar o candidato direitista Luis Lacalle contra o da Frente Ampla, Daniel Martínez.
Lacalle é o favorito no segundo turno, com pleno apoio do resto da direita e até da extrema direita.
E o que aconteceu?
Bem, aconteceram duas coisas, que deixam claro de toda claridade o desastre que viraram não apenas o clã Bolsonaro, que sempre foi, mas um Itamaraty destruído por uma aberração chamada Ernesto Araújo.
A primeira: Lacalle não apenas dispensou, mas rejeitou o apoio de Jair Bolsonaro.
E fez isso de maneira contundente.
A segunda: o ministério de Relações Exteriores do Uruguai convocou (atenção: não convidou, convocou) o embaixador brasileiro no país, Antônio Simões, a prestar explicações “sobre as expressões vertidas pelo senhor presidente Jair Bolsonaro relacionadas ao processo eleitoral que ocorre em nosso país”.
Em castelhano é corrente a expressão “verguenza ajena”, que acontece quando alguém sente vergonha do que outro alguém, geralmente um boçal, está fazendo ou fez.
Pois devo confessar que graças a esse governo de puras aberrações, a começar pelo clã presidencial, não me lembro de ter sentido tanta verguenza ajena antes.
Nem mesmo nos tempos da ditadura: ali, pelo menos, o jogo era claro, e não essa baboseira institucional de hoje, que permite que um bando de tresloucados faça o que está fazendo.
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