A indignação de parte da classe média contra as absurdas posições de Bolsonaro diante da pandemia de coronavírus parece ter estabelecido em uma quantidade expressiva de analistas de esquerda uma crença de que estaria em curso uma mudança na correlação de forças tendente a afastar o bolsonarismo do Palácio do Planalto, através, inclusive, de uma interdição médica, portanto, sem a necessidade da intervenção de uma luta de resistência de massas. O empenho da velha mídia em desconstruir a imagem do presidente-miliciano, manifestações de personagens políticos secundários, como Janaína, Lobão e Alexandre Frota, somados aos panelaços nos bairros da classe média, confirmariam essa inversão de sinal na correlação de forças. É interessante como o desejo de que algo aconteça (assim como o medo de que não aconteça) pode prejudicar uma "análise concreta da realidade concreta". Assim, uma análise política que, em sua introdução, considerou corretamente importantes elementos da conjuntura política, e que deveria, portanto, tê-los em conta para tentar desenhar um quadro de possibilidades factíveis, objetivo, realista, esqueceu-se inexplicavelmente de medir o peso dos elementos que citou para , em seguida, concluir que Bolsonaro está isolado, enfraquecido. O principal elemento presente no início da análise que foi esquecido foi precisamente o projeto de Bolsonaro "que sempre foi a aplicação de um golpe", projeto político que, para ser efetivado, independe de apoio da maioria; depende apenas de sua capacidade de subjulgar pela força das armas a maioria da sociedade. Nesse momento, com a esquerda, a oposição inteira, desarticulada, em quarentena, as condições para o referido golpe se tornaram muito mais favoráveis. Se reconhercemos como golpistas, Silas Malafaia e Edir Macedo, por exemplo, a intenção do golpe explicaria os seus esforços em desafiar a lógica científica, do ponto de vista epidemiológico, que recomenda a quarentena para se proteger do coronavírus, porque foram orientados, entretanto, por outra lógica, não menos científica, do ponto de vista das Ciências Políticas, que preside o referido projeto de golpe, pois a lotação dos templos evangélicos implicaria em poder contar com uma imensa massa de apoiadores de Bolsonaro nas Igrejas prontos para ser mobilizada para ocupar as ruas em apoio a um golpe armado , aproveitando o fato de a oposição, em respeito ao seu desejo humanista de salvar vidas, está em quarentena, observando o isolamento recomendado pela OMS dentro de casa, isolamento que é, sem dúvida, uma excelente forma de travar uma luta contra um vírus, mas também é a pior maneira de se enfrentar milicianos com armas nas mãos, apoiados por coros de fundamentalistas religiosos nas ruas, desafiando o coronavírus, a oposição, a velha mídia, e entregando o poder para o Messias miliciano. Geraldo Vandré revelou em verso a inconsequência de se enfrentar canhões com flores. Não menos inconsequente seria enfrentar canhões com panelas em apartamentos da classe média. PS: não há como alguém que seja estúpido saber jogar politicamente. Muitos cérebros brilhantes, a maioria nas dependências da CIA, têm orientado, desde o início, as ações, travestidas de estupidezes,de Bolsonaro e de outros indivíduos integrantes do bolsonarismo.
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A indignação de parte da classe média contra as absurdas posições de Bolsonaro diante da pandemia de coronavírus parece ter estabelecido em uma quantidade expressiva de analistas de esquerda uma crença de que estaria em curso uma mudança na correlação de forças tendente a afastar o bolsonarismo do Palácio do Planalto, através, inclusive, de uma interdição médica, portanto, sem a necessidade da intervenção de uma luta de resistência de massas. O empenho da velha mídia em desconstruir a imagem do presidente-miliciano, manifestações de personagens políticos secundários, como Janaína, Lobão e Alexandre Frota, somados aos panelaços nos bairros da classe média, confirmariam essa inversão de sinal na correlação de forças. É interessante como o desejo de que algo aconteça (assim como o medo de que não aconteça) pode prejudicar uma "análise concreta da realidade concreta". Assim, uma análise política que, em sua introdução, considerou corretamente importantes elementos da conjuntura política, e que deveria, portanto, tê-los em conta para tentar desenhar um quadro de possibilidades factíveis, objetivo, realista, esqueceu-se inexplicavelmente de medir o peso dos elementos que citou para , em seguida, concluir que Bolsonaro está isolado, enfraquecido. O principal elemento presente no início da análise que foi esquecido foi precisamente o projeto de Bolsonaro "que sempre foi a aplicação de um golpe", projeto político que, para ser efetivado, independe de apoio da maioria; depende apenas de sua capacidade de subjulgar pela força das armas a maioria da sociedade. Nesse momento, com a esquerda, a oposição inteira, desarticulada, em quarentena, as condições para o referido golpe se tornaram muito mais favoráveis. Se reconhercemos como golpistas, Silas Malafaia e Edir Macedo, por exemplo, a intenção do golpe explicaria os seus esforços em desafiar a lógica científica, do ponto de vista epidemiológico, que recomenda a quarentena para se proteger do coronavírus, porque foram orientados, entretanto, por outra lógica, não menos científica, do ponto de vista das Ciências Políticas, que preside o referido projeto de golpe, pois a lotação dos templos evangélicos implicaria em poder contar com uma imensa massa de apoiadores de Bolsonaro nas Igrejas prontos para ser mobilizada para ocupar as ruas em apoio a um golpe armado , aproveitando o fato de a oposição, em respeito ao seu desejo humanista de salvar vidas, está em quarentena, observando o isolamento recomendado pela OMS dentro de casa, isolamento que é, sem dúvida, uma excelente forma de travar uma luta contra um vírus, mas também é a pior maneira de se enfrentar milicianos com armas nas mãos, apoiados por coros de fundamentalistas religiosos nas ruas, desafiando o coronavírus, a oposição, a velha mídia, e entregando o poder para o Messias miliciano. Geraldo Vandré revelou em verso a inconsequência de se enfrentar canhões com flores. Não menos inconsequente seria enfrentar canhões com panelas em apartamentos da classe média. PS: não há como alguém que seja estúpido saber jogar politicamente. Muitos cérebros brilhantes, a maioria nas dependências da CIA, têm orientado, desde o início, as ações, travestidas de estupidezes,de Bolsonaro e de outros indivíduos integrantes do bolsonarismo.
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