Editorial do site Vermelho:
O vídeo da reunião entre o presidente da República Jair Bolsonaro e seus ministros, ocorrida no Palácio do Planalto em 22 de abril, liberado por determinação do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), revela as entranhas e a essência desse governo. É uma prova robusta do que dissera o ex-ministro Sergio Moro sobre a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal (PF) por interesses pessoais, para proteger seus filhos, amigos e deputados aliados.
A prova está no trecho em que Bolsonaro diz que não pode ser surpreendido com notícias, a seu ver, sem que tenha informado anteriormente pela PF. Se fosse preciso, afirmou, demitiria quem se interpusesse à sua intenção de promover mudança na instituição, ameaça cumprida, imediatamente a seguir, com as demissões do Diretor-Geral da Polícia Federal, do próprio Moro, e, pouco depois , com a troca de comando da Superintendência da PF do RJ. A constatação se soma às provas documentais reveladas pela troca de mensagens entre a Carla Zambelli (PSL-SP) e o ex-ministro Justiça.
Outro aspecto grave da reunião de 22 de abril é que, em mais de duas horas de conversa, não se falou em defesa da vida ou em medidas para enfrentar a pandemia do coronavírus. Mas falou-se em armar a população para enfrentar governadores e prefeitos que adotam o isolamento social, no caso de Bolsonaro – que usou xingamentos escatológicos contra os governadores de São Paulo, João Dória (PSDB), e do Rio de janeiro, Wilson Witzel (PSC), e o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB) –, e em prisão, no caso da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.
Falou-se ainda, no caso do ministro da Educação Abraham Weintraub, em termos chulos, na prisão de ministros do STF, e, no caso do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em aproveitar a pandemia do coronavírus para de “passar reformas infralegais” com vistas a fragilizar a legislação ambiental.
A conclusão é de que esse governo não cumpre o seu dever institucional de defender o povo. Nem de representar a nação brasileira.
Outro fator relevante é que, pouco antes do anúncio de Celso de Mello de liberação do vídeo, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, emitiu nota sobre uma eventual apreensão do celular de Bolsonaro pedida por partidos políticos e encaminhada para apreciação do Ministério Público pelo ministro do STF em tom ameaçador. Heleno afirmou que o cumprimento do pedido poderia ter “consequências imprevisíveis”.
Para agravar ainda mais a situação de Bolsonaro, tem o depoimento empresário Paulo Marinho no Ministério Público Federal sobre suspeita de vazamento de informações da Operação Furna da Onça, que envolve um de seus filhos do presidente, quando no exercício do mandato de deputado estadual no Rio de Janeiro
A resposta ao conjunto da obra bolsonarista foi pronta e contundente. Várias instituições e personalidades criticaram e repudiaram as ameaças e os xingamentos, com destaque para as bancadas dos partidos de oposição na Câmara dos Deputados (PT, PCdoB, PSOL, PSB, PDT e Rede). O governador Flávio Dino (PCdoB-MA) foi enfático: “Na forma e no conteúdo, a tal reunião ministerial revela um repertório inacreditável de crimes, quebras de decoro e infrações administrativas. Além de uma imensa desmoralização e perda de legitimidade desse tipo de gente no comando da nossa Nação.”
Mas a principal lição é de que Bolsonaro tem, sim, o propósito de romper com o regime democrático, atentando contra a Constituição e os demais Poderes da República.
A reação democrática ao impulso autoritário exibido mais uma vez nesta sexta-feira (22) pode ir além, com a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional para ouvir e investigar todos os envolvidos, e avançar no fortalecimento de uma frente salvação nacional, em defesa democracia e da vida.
O vídeo da reunião entre o presidente da República Jair Bolsonaro e seus ministros, ocorrida no Palácio do Planalto em 22 de abril, liberado por determinação do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), revela as entranhas e a essência desse governo. É uma prova robusta do que dissera o ex-ministro Sergio Moro sobre a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal (PF) por interesses pessoais, para proteger seus filhos, amigos e deputados aliados.
A prova está no trecho em que Bolsonaro diz que não pode ser surpreendido com notícias, a seu ver, sem que tenha informado anteriormente pela PF. Se fosse preciso, afirmou, demitiria quem se interpusesse à sua intenção de promover mudança na instituição, ameaça cumprida, imediatamente a seguir, com as demissões do Diretor-Geral da Polícia Federal, do próprio Moro, e, pouco depois , com a troca de comando da Superintendência da PF do RJ. A constatação se soma às provas documentais reveladas pela troca de mensagens entre a Carla Zambelli (PSL-SP) e o ex-ministro Justiça.
Outro aspecto grave da reunião de 22 de abril é que, em mais de duas horas de conversa, não se falou em defesa da vida ou em medidas para enfrentar a pandemia do coronavírus. Mas falou-se em armar a população para enfrentar governadores e prefeitos que adotam o isolamento social, no caso de Bolsonaro – que usou xingamentos escatológicos contra os governadores de São Paulo, João Dória (PSDB), e do Rio de janeiro, Wilson Witzel (PSC), e o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB) –, e em prisão, no caso da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.
Falou-se ainda, no caso do ministro da Educação Abraham Weintraub, em termos chulos, na prisão de ministros do STF, e, no caso do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em aproveitar a pandemia do coronavírus para de “passar reformas infralegais” com vistas a fragilizar a legislação ambiental.
A conclusão é de que esse governo não cumpre o seu dever institucional de defender o povo. Nem de representar a nação brasileira.
Outro fator relevante é que, pouco antes do anúncio de Celso de Mello de liberação do vídeo, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, emitiu nota sobre uma eventual apreensão do celular de Bolsonaro pedida por partidos políticos e encaminhada para apreciação do Ministério Público pelo ministro do STF em tom ameaçador. Heleno afirmou que o cumprimento do pedido poderia ter “consequências imprevisíveis”.
Para agravar ainda mais a situação de Bolsonaro, tem o depoimento empresário Paulo Marinho no Ministério Público Federal sobre suspeita de vazamento de informações da Operação Furna da Onça, que envolve um de seus filhos do presidente, quando no exercício do mandato de deputado estadual no Rio de Janeiro
A resposta ao conjunto da obra bolsonarista foi pronta e contundente. Várias instituições e personalidades criticaram e repudiaram as ameaças e os xingamentos, com destaque para as bancadas dos partidos de oposição na Câmara dos Deputados (PT, PCdoB, PSOL, PSB, PDT e Rede). O governador Flávio Dino (PCdoB-MA) foi enfático: “Na forma e no conteúdo, a tal reunião ministerial revela um repertório inacreditável de crimes, quebras de decoro e infrações administrativas. Além de uma imensa desmoralização e perda de legitimidade desse tipo de gente no comando da nossa Nação.”
Mas a principal lição é de que Bolsonaro tem, sim, o propósito de romper com o regime democrático, atentando contra a Constituição e os demais Poderes da República.
A reação democrática ao impulso autoritário exibido mais uma vez nesta sexta-feira (22) pode ir além, com a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional para ouvir e investigar todos os envolvidos, e avançar no fortalecimento de uma frente salvação nacional, em defesa democracia e da vida.
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