Por Luisa Fragão, na revista Fórum:
Em fevereiro de 2020, o Brasil foi palco de um dos maiores eventos missionários do mundo. Autointitulado como um “movimento”, a edição brasileira do The Send lotou – de forma simultânea – um estádio em Brasília e dois em São Paulo, além de ter contado com a participação de figuras importantes da política nacional, como o próprio presidente Jair Bolsonaro e a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves.
O The Send tem como principal missão a evangelização em massa na América. Através de um discurso “pop” e descolado, o evento usa a juventude como massa de manobra para a propagação do movimento. “Estamos crendo e nos preparando para fazer o maior envio missionário da história: milhares de cristãos incendiados pelo amor de Deus, comprometidos a transformar universidades, escolas, nações e a realidade de crianças órfãs e em vulnerabilidade no nosso país”, diz o portal do The Send Brasil.
Por trás do discurso voltado ao jovem, porém, há um viés ultraconservador e colonizador. O movimento foi criado em 2016, depois que missionários dos grupos evangélicos The Call e Youth With a Mission (Jocum, em português), ambos dos Estados Unidos, se juntaram pra organizar um evento missionário no estádio Gathering, de Los Angeles. Na época, o evento reuniu 70 mil pessoas.
Além do The Call e Jocum, outros seis grupos fazem parte da organização do The Send: Dinamus, Lou Engle, Lifestyle Christianity, CFAN, Jesus Image e Circuit Riders. Segundo informações compartilhadas pela ativista cristã Camila Mantov no Twitter, parte dos membros desses “ministérios” também fazem parte do Capitol Ministries, grupo evangélico de extrema direita fundado em 1996 pelo pastor americano Ralph Drollinger e que tem o objetivo de “converter” políticos a uma visão evangélica de governança.
“Sem essa orientação, é bem mais difícil chegar a políticas públicas que satisfaçam a Deus e que sejam benéficas ao progresso da nação”, afirma Drollinger em um dos estudos em seu site. Segundo informações do El País, o pastor realizava encontros semanais com membros do alto escalão do governo de Donald Trump, incluindo o vice-presidente Mike Pence, e o secretário de Estado, Mike Pompeo.
Desde o ano passado, o vice-presidente dos EUA ajudou a financiar a expansão de ministérios do Capitol Ministries em cinco países latino-americanos: México, Honduras, Paraguai, Costa Rica e Uruguai. No Brasil, foram planejados “estudos bíblicos” no Senado e na Casa Civil.
Jocum e Damares Alves
Além de ser um dos idealizadores do The Send, o grupo norte-americano YWAM/Jocum também é parceiro da ministra Damares Alves e esteve envolvido em diversas polêmicas envolvendo a evangelização de indígenas no Brasil. A entidade, por exemplo, já foi expulsa do território suruwahá por praticar atividades “proselitistas e discriminatórias”, como escravizar indígenas e contrabandear sementes, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
Apesar das represálias da Procuradoria, em fevereiro deste ano, a ministra tentou levar duas missionárias do grupo para uma expedição na aldeia do povo suruwahá na Amazônia. O objetivo da viagem, segundo a pasta, seria sanar uma “crise de saúde mental” entre os indígenas, que vivem em território isolado no bioma. A Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, no entanto, cancelou a expedição.
A ministra também participou da fundação da organização evangélica Atini – Voz Pela Vida, um dos braços da Jocum, e que já acusou indígenas de ser praticantes de infanticídio. Assim como a entidade norte-americana, a Atini também foi denunciada pelo MPF. Desta vez, por sequestrar e traficar crianças das aldeias, dizendo que iriam salvá-las.
Em fevereiro de 2020, o Brasil foi palco de um dos maiores eventos missionários do mundo. Autointitulado como um “movimento”, a edição brasileira do The Send lotou – de forma simultânea – um estádio em Brasília e dois em São Paulo, além de ter contado com a participação de figuras importantes da política nacional, como o próprio presidente Jair Bolsonaro e a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves.
O The Send tem como principal missão a evangelização em massa na América. Através de um discurso “pop” e descolado, o evento usa a juventude como massa de manobra para a propagação do movimento. “Estamos crendo e nos preparando para fazer o maior envio missionário da história: milhares de cristãos incendiados pelo amor de Deus, comprometidos a transformar universidades, escolas, nações e a realidade de crianças órfãs e em vulnerabilidade no nosso país”, diz o portal do The Send Brasil.
Por trás do discurso voltado ao jovem, porém, há um viés ultraconservador e colonizador. O movimento foi criado em 2016, depois que missionários dos grupos evangélicos The Call e Youth With a Mission (Jocum, em português), ambos dos Estados Unidos, se juntaram pra organizar um evento missionário no estádio Gathering, de Los Angeles. Na época, o evento reuniu 70 mil pessoas.
Além do The Call e Jocum, outros seis grupos fazem parte da organização do The Send: Dinamus, Lou Engle, Lifestyle Christianity, CFAN, Jesus Image e Circuit Riders. Segundo informações compartilhadas pela ativista cristã Camila Mantov no Twitter, parte dos membros desses “ministérios” também fazem parte do Capitol Ministries, grupo evangélico de extrema direita fundado em 1996 pelo pastor americano Ralph Drollinger e que tem o objetivo de “converter” políticos a uma visão evangélica de governança.
“Sem essa orientação, é bem mais difícil chegar a políticas públicas que satisfaçam a Deus e que sejam benéficas ao progresso da nação”, afirma Drollinger em um dos estudos em seu site. Segundo informações do El País, o pastor realizava encontros semanais com membros do alto escalão do governo de Donald Trump, incluindo o vice-presidente Mike Pence, e o secretário de Estado, Mike Pompeo.
Desde o ano passado, o vice-presidente dos EUA ajudou a financiar a expansão de ministérios do Capitol Ministries em cinco países latino-americanos: México, Honduras, Paraguai, Costa Rica e Uruguai. No Brasil, foram planejados “estudos bíblicos” no Senado e na Casa Civil.
Jocum e Damares Alves
Além de ser um dos idealizadores do The Send, o grupo norte-americano YWAM/Jocum também é parceiro da ministra Damares Alves e esteve envolvido em diversas polêmicas envolvendo a evangelização de indígenas no Brasil. A entidade, por exemplo, já foi expulsa do território suruwahá por praticar atividades “proselitistas e discriminatórias”, como escravizar indígenas e contrabandear sementes, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
Apesar das represálias da Procuradoria, em fevereiro deste ano, a ministra tentou levar duas missionárias do grupo para uma expedição na aldeia do povo suruwahá na Amazônia. O objetivo da viagem, segundo a pasta, seria sanar uma “crise de saúde mental” entre os indígenas, que vivem em território isolado no bioma. A Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, no entanto, cancelou a expedição.
A ministra também participou da fundação da organização evangélica Atini – Voz Pela Vida, um dos braços da Jocum, e que já acusou indígenas de ser praticantes de infanticídio. Assim como a entidade norte-americana, a Atini também foi denunciada pelo MPF. Desta vez, por sequestrar e traficar crianças das aldeias, dizendo que iriam salvá-las.
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