Por Fernando Brito, em seu blog:
É claro que há uma imensa desumanidade, um desprezo olímpico pela vida humana e uma estupidez, em escala cavalar, no mantra de Jair Bolsonaro de que “pior que a pandemia é a economia” e em seus apelos para que as pessoas “saiam para trabalhar” de qualquer maneira, sem as restrições que, em maior ou menor grau, em todo o mundo se adotam.
Mas não são estas as razões do mantra bolsonarista, beneficiado pela banalização da morte que este ano de pandemia nos legou.
O colapso das contas públicas e a retração econômica causada pela perda de renda da população estão bem mais perto do que o foguetório da especulação na Bovespa faz pensar.
Assim como a pressão dos preços, que não deixou nem mesmo esfriar a demagogia do diesel de anteontem e já partiu para um novo aumento, hoje.
Salvo em ou ou outro setor, resta pouca retração compulsória nos negócios que se possa atribuir ao isolamento social: turismo, transporte aéreo, alimentação e hospedagem e olhe lá.
No resto, os resultados medíocres que se vem apurando já em bem pouco podem ser atribuídos à vida de eremitas adotada meses atrás, hoje está restrita a uma parcela bem pequena de pessoas de maior idade.
A notícia de que 13% dos brasileiros (26 milhões de pessoas) estão sobrevivendo com uma renda per capita de apenas R$ 250 por mês, mais do que os 12% (24 milhões) contabilizados antes da pandemia não só não surpreende como é consenso entre os economistas que se ampliará pelo menos até que se arranje uma fórmula para arranjar um novo auxílio emergencial que não melindre a “turma do teto”.
Provavelmente, uma antecipação do 13° salário como a que já se anunciou para o abono do PIS.
Este é o fantasma que assombra Jair Bolsonaro, não o de uma “frente ampla” de oposição, algo mais que improvável numa sociedade tão irracionalmente dividida pelos ódios – o que a ele convém.
Óleo de soja a R$ 8 é muito mais perigoso que Fernando Haddad.
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