Por Simão Zygband, no site Construir Resistência:
Anteriormente escrevi na minha coluna que o presidente em decomposição, Jair Bolsonaro, como todo bom psicopata, iria criar problemas maiores do que criou o seu amigo Donald Trump ao perder as eleições norte-americanas. O ex-presidente dos EUA demorou para reconhecer a derrota e quase teve que ser posto para fora da Casa Branca a pontapés.
Bolsonaro, um admirador do torturador Brilhante Ustra – e só por isso jamais deveria ter sido eleito e sim preso por apologia à tortura, crime previsto no Código Penal, – vendo que sua popularidade despenca a cada dia, que México, Argentina, Bolívia, entre outros colocaram fim à era de governos de direita, decidiu armar uma “barricada” para tentar se perpetuar no poder.
Como se diz no futebol, na frase cunhada pelo inesquecível atacante da seleção brasileira, Mané Garrincha, Bolsonaro só esqueceu de “combinar com os russos”. Realizou uma “reforma ministerial”, com a troca de seis ministros, dando mais poderes ao denominado Centrão do Congresso, para assim garantir conforto em votações de projetos que poderiam lhe ser problemáticos.
Mas, para fazer esta acomodação, o presidente (sic) retirou um pouco do poder dos militares no governo. Conclusão: todos os comandantes das Forças Armadas colocaram os cargos à disposição, fato que nunca havia acontecido antes na história do país.
Recentemente, centenas de economistas neoliberais, empresários, banqueiros divulgaram uma carta aberta criticando a “negligência” do capitão reformado no exercício da presidência, exigindo dele urgência na vacinação e políticas públicas “com base na ciência”. O documento defendeu lockdown geral e criticou o “falso dilema” entre salvar vidas e a economia, defendida por Bolsonaro. A carta tem 500 assinaturas.
Traduzindo, Bolsonaro perde apoio popular, conforme revelam as últimas pesquisas, de parte das Forças Armadas e de um importante contingente do empresariado. Tenta fazer o que mais entende, que é o toma lá dá cá no Congresso, onde hibernou por longínquos 33 anos, se notabilizando apenas por cuspir estultices com viés racista, homofóbico, misógino, entre outros.
Também não lhe agrada a ideia de ser considerado um pária na comunidade internacional onde é reconhecidamente o pior presidente do mundo no enfrentamento à pandemia de Covid-19, ocasionando fuga do capital estrangeiro do país e colocando qualquer brasileiro que queira ir ao exterior como um transmissor em potencial de coronavírus.
Quem analisa mentes doentias como a de Bolsonaro, como o psiquiatra forense Guido Palomba, sabe perfeitamente que ele não entregará o poder de bandeja e que poderá até promover um derramamento de sangue, caso seja pressionado a deixar o poder.
Talvez não haja clima para a realização de um golpe, pois falta unanimidade entre os militares, apoio popular (desgastado com o descontrole na economia) e de parte do empresariado para apoiá-lo em uma aventura golpista. Mas, cria-se uma atmosfera de insegurança e incertezas, já que o bolsonarismo também tem seus fanáticos, estúpidos suficientemente para lutar pelo seu capitão até a morte.
O capitão reformado dará um golpe baseado então em pastores evangélicos de má índole, que exploram a fé do povo pobre, com um exército de milicianos, criminosos mercenários com quem a família presidencial tem notório envolvimento e com o que resta de pessoas que ainda acreditam no genocida?
Parece que a barricada do extremista não resistirá por muito tempo.
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