Foto: Ricardo Stuckert |
A pesquisa do Datafolha publicada hoje confirma o que já estava ficando claro nas últimas pesquisas. Lula voltará à Presidência da República, e Bolsonaro provavelmente não chegará ao segundo turno.
A popularidade de Bolsonaro não para de cair, e por isso não deverá chegar ao segundo turno, seja porque Lula já ganha no primeiro turno, ou porque outro candidato representando uma direita civilizada o deixará para trás, ou porque sofrerá antes um impeachment.
Afastá-lo da presidência da República continua a ser prioritário, porque é preciso interromper seu desgoverno o mais rápido possível. E agora estamos todos contando com os senadores e a CPI.
Mas também já é preciso pensar como será o novo governo Lula. Que será de centro-esquerda e solidário com os trabalhadores e os pobres, não há dúvida. Mas será também capaz de mudar o regime de política econômica de liberal para desenvolvimentista?
Para fazer essa mudança não basta ser a favor de política industrial. Essa é uma política muito necessária, mas não basta. É preciso também colocar os cinco preços macroeconômicos no lugar certo para dar condições para que a indústria brasileira volte a investir e a exportar.
Para isto será preciso manter a taxa de câmbio em um nível competitivo, em torno de R$ 4,80 por dólar, e que este nível ou faixa seja confiável para as empresas industriais aqui instaladas, sejam elas nacionais ou multinacionais, e as leve a investir e criar empregos.
Para que esse compromisso seja confiável o governo deverá manter baixo o nível da taxa de juros, rejeitar a política de endividamento externo, manter a conta corrente do país equilibrada, assegurar o equilíbrio fiscal, e neutralizar a doença holandesa.
A política de endividamento externo não leva ao aumento do investimento mas ao aumento do consumo, mesmo quando os dólares entrados visem especificamente determinados investimentos, porque aprecia o câmbio e desestimula o investimento.
Para neutralizar a doença holandesa, além de se reestudar as tarifas hoje existentes, será preciso estabelecer uma tarifa adicional linear, igual para todos os bens, variável de acordo com o preço médio das commodities exportadas pelo Brasil. Quando esses preços estiverem baixos, ela será zero.
E criar um subsídio para a exportação de manufaturados igualmente variável de acordo o preço internacional das commodities. Se a OMC não concordar, adotar assim mesmo essa política. Mais vale eliminar essa desvantagem competitiva e termos exportações de manufaturados competitivas do que apoio da OMC.
Finalmente, para reduzir a desigualdade, o novo governo Lula deverá se concentrar em uma ou mais reformas tributárias que tornem progressivo o sistema de impostos, enquanto continua a dar como deu anteriormente apoio ao SUS e à educação pública.
Ainda haverá necessidade de muita luta política para chegarmos lá, mas Lula é um grande líder político e saberá liderar essa luta ao mesmo tempo que se soma a ela, porque essa será uma luta dos brasileiros.
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