Por Altamiro Borges
E ainda tem otário que acredita nas bravatas privatistas de Bolsonaro/Guedes e da mídia neoliberal. No caso do setor de energia, o sistema é sucateado e privatizado e as coisas só pioram para o povão. Nesta sexta-feira (28), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que, durante todo o mês de junho, vai vigorar no país o patamar 2 da bandeira tarifária.
Com isso, um valor adicional de R$ 6,24 para cada 100 kWh de energia consumido será cobrado nas contas de luz dos clientes. É a primeira vez no ano que a agência aciona a bandeira vermelha nível-2. Em maio, já vigorou a nível-1, com adicional de R$ 4,16 para cada 100 kWh consumidos. E a situação tende a piorar nos próximos meses.
Segundo reportagem da CNN-Brasil, “a previsão de técnicos do setor é que as cobranças adicionais devem continuar até o final do ano, por conta do cenário climático... A energia elétrica tem sido um dos vilões da inflação neste ano. Na prévia do IPCA, índice que mede a inflação oficial no país, esse item contribuiu com o maior impacto individual no resultado”.
Queda de abastecimento de Belo Monte
Além da alta da conta, o consumidor ainda poderá conviver com apagões nos próximos meses. Na semana passada, após uma falha na linha de transmissão desligar as turbinas da usina de Belo Monte (PA), o fornecimento de energia foi cortado por cerca de 20 minutos em diversos municípios das região Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste.
A Aneel enviou um oficio à corporação privada BMTE (Belo Monte Transmissora de Energia) pedindo explicações sobre o ocorrido. O problema teria afetado um polo do sistema de transmissão da usina, o que levou ao corte de carga de 3,4 mil MW no Sistema Interligado Nacional. Até agora, a empresa não explicou a queda do fornecimento de energia.
Risco de novo racionamento?
Como explicam Roberto Rockmann e Lúcio Mattos, em artigo publicado na coluna de Leonardo Sakamoto no site UOL, o apagão da semana passada pode indicar que piores dias virão. “A fragilidade do setor elétrico veio à tona. Vinte anos depois, a ameaça de um novo racionamento de energia voltou aos noticiários e às conversas de empresários”, afirmam.
Hoje, 20 anos após o trágico racionamento de energia imposto pelo neoliberal FHC, “o Brasil se vê de novo diante de um cenário que com semelhanças com o anterior: reservatórios em níveis mínimos históricos, debates sobre a privatização da Eletrobras e Ministério de Minas e Energia comandado por uma pessoa sem experiência no setor”.
“Após duas décadas paralisado, o processo de privatização avança, com a aprovação em 19 de maio na Câmara dos Deputados da autorização de a União deixar o controle da Eletrobras, que detém um terço da geração e transmissão do país... Há 20 anos, a privatização da Eletrobras caiu por terra diante do racionamento. Fica a dúvida se a crise atual irá derrubar novamente o processo”.
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