segunda-feira, 28 de junho de 2021

Lula, 49%; Bolsonaro, 23%. Risco de golpe?

Por Altamiro Borges


Pesquisa não é eleição. É só um retrato do momento. Mas o retrato trazido pelo Ipec – instituto criado por ex-diretores do Ibope Inteligência – na sexta-feira (25) talvez ajude a explicar os chiliques e a agressividade crescentes do "capetão". Ela mostra que o ex-presidente Lula tem mais que o dobro das intenções de voto de Jair Bolsonaro – 49% a 23%.

Se a eleição fosse hoje, o candidato das forças democráticas venceria o fascista já no primeiro turno. Na sondagem, Ciro Gomes (PDT) aparece em terceiro lugar, com 7%; João Doria (PSDB) tem 5%; e Luiz Henrique Mandetta (DEM) marca 3% das intenções de voto. Outros 10% disseram preferir votar em branco ou nulo – 3% não responderam.

Reprovação do genocida cresce dez pontos

O Ipec também avaliou a gestão do atual presidente. De fevereiro para cá, a reprovação do genocida avançou dez pontos percentuais, passando de 39% para 49%. Já a aprovação de Jair Bolsonaro recuou de 28% para 24%. Outras quatro pesquisas recentes (Datafolha, Exame/Ideia, Vox Populi e Data-Poder) confirmaram a rápida desidratação do fascista.

A pesquisa traz ainda outros dados impressionantes. Ela mostra Lula liderando até mesmo entre o eleitorado evangélico – ele vence o “capetão” por 41% a 32%. Entre católicos, a sua vantagem é ainda maior: 52% a 20%. O ex-presidente lidera com folga em todas as regiões do país, faixas etárias e de renda.

No Nordeste, Lula bate em 63% das intenções de voto, 48 pontos percentuais à frente de Jair Bolsonaro. No Sudeste, onde se concentra o maior número de eleitores, o petista tem 47%, e o fascista, 24%. A diferença é menor na região Sul (35% a 29%).

Bolsonaro só vence nos índices de rejeição

Como ironiza Ricardo Kotscho, em postagem no UOL, “Bolsonaro só vence nos índices de rejeição: tem 62% contra 36% de Lula... Todos os números foram negativos para ele: 66% não aprovam a sua maneira de governar e 68% responderam não confiar nele”. A pesquisa ajuda a explicar porque o presidente “anda tão irritadiço e agressivo”.

Nos 16 meses que ainda faltam até as eleições – caso um impeachment não encurte o sofrimento do povo brasileiro –, o "capetão" pode obrar muitas loucuras! Ele já está criando um clima golpista, ameaçando não reconhecer o resultado do pleito caso não haja voto impresso. O fascista também tem radicalizado seu discurso, insuflando suas milícias – virtuais e reais – e tentando seduzir bases militares da PMs e das Forças Armadas. A defesa da democracia está na ordem do dia.

Como afirma Fernando Brito, no imperdível blog Tijolaço, “a pesquisa Idec vai levar Bolsonaro a uma nova onda de agressividade antilulista, a forma que tem de segurar seus decrescentes eleitores. E Lula? Ele vai deixar que a força gravitacional de sua liderança folgada siga desagregando os blocos de resistência que ainda existem e, ao contrário, vá somando apoios dos quais irá precisar, se não para ganhar, para governar um país em ruínas”.

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