Depende da mídia a decisão de Sergio Moro para ser ou não candidato a presidente ou contentar-se com uma cadeira de senador – oito anos, que ele acha garantido – pelo Paraná.
O ex-juiz está cheio de pesquisas a mostrarem-lhe que não parte de um patamar senão de 8 a 10%, o que, nas condições de hoje, estaria muito longe de levá-lo ao segundo turno.
Nem mesmo aos eleitores dos “nanicos” da chamada “Terceira Via” sua candidatura absorve, embora prejudique os já baixos reservatórios de voto.
Ciro seguiria sua marcha; Doria, idem. Restaria capturar parte dos votos da desistência de Datena e de Eduardo Leite, se este vier a ser mesmo o derrotado nas prévias tucanas.
Moro dependeria de um imenso esvaziamento político de Jair Bolsonaro, algo absolutamente impensável a esta altura, tamanha a capacidade do atual presidente de manter consigo o núcleo duro da parte mais obtusa do eleitorado.
Para isso, porém, não basta que o atual presidente tenha a antipatia da grande mídia – ao mesmo tempo, o seu argumento de legitimação – mas que ela pusesse o ex-juiz “no colo” e tentasse um processo de reabeatificação, virtualmente impossível depois que seu altar foi demolido pela suspeição julgada no Supremo Tribunal Federal.
O Senado pelo Paraná é uma possibilidade, mas longe de ser uma eleição fácil. O governador Ratinho Júnior, absurdamente bolsonarista, não ficará numa situação confortável para apoiar Moro, enquanto Roberto Requião vai trabalhar esta “conexão” com o bolsonarismo como um ponto fraco do filho de Ratinho.
Moro fica muito bem de “Sua Excelência” mas, depois de expelido do governo de Bolsonaro não conseguiu senão o desprestígio e o esquecimento. Na últimas duas pesquisas do Ipec (o antigo Ibope), registrou apenas 1% de menções espontâneas a sua eventual candidatura a presidente.
Seria lógico que ele não se aventurasse para preservar o que resta a lenda de que é um “herói” brasileiro. Mas a mosca azul do oportunismo tem um zumbido encantador para ele, o que torna, sim, possível que ele se torne candidato.
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