Reprodução do Twitter: Fica EBC |
Diante do assédio moral, do arrocho salarial e da intransigência do governo nas negociações coletivas, os trabalhadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que mantém a Agência Brasil e coloca no ar a TV Brasil e sete rádios públicas – incluindo a Nacional e a MEC do Rio de Janeiro –, entraram em greve na madrugada de sexta-feira (26). A paralisação envolve os jornalistas e radialistas das três praças em que a EBC opera: São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
Segundo boletim da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o motivo da greve é “a intransigência da empresa que se nega a negociar o Acordo Coletivo de Trabalho desde novembro de 2020. De lá pra cá, a empresa se recusou a negociar com o Tribunal Superior do Trabalho (TST) e anunciou o fim do acordo, mantendo apenas direitos previstos na CLT e em normas internas, que podem ser alteradas a qualquer momento”.
Márcio Garoni, diretor da Fenaj e funcionário da EBC, explica que a pauta de reivindicação inclui recuperação das perdas salariais, manutenção do acordo coletivo e a regulação do teletrabalho, entre outros pontos. “A gente decidiu iniciar a greve por tempo indeterminado para que, de fato, a empresa possa negociar e a gente possa ter o mínimo, que é o reajuste correspondente às perdas salariais. A empresa alega que não pode aumentar gastos na pandemia, mas comprou novela da Record, gastou com a contratação de funcionários comissionados, economizou com o teletrabalho de muitos funcionários que passaram a ter que tirar do bolso para despesas como energia”.
As mutretas da direção da EBC
Além dos retrocessos trabalhistas e do arrocho salarial, ainda pesa sobre os funcionários da EBC o risco da privatização da empresa. Na sua primeira entrevista como presidente eleito, em outubro de 2018, Jair Bolsonaro prometeu “privatizar ou extinguir a TV Brasil”. De lá para cá, as ameaças foram constantes e o assédio virou rotina. A violência contra jornalistas, radialistas e demais profissionais só cresceu no período. Ao mesmo tempo, a EBC foi sendo aparelhada pelos fascistas.
Na semana passada, o site Metrópoles informou que “a Empresa Brasil de Comunicação está em negociações avançadas com a TV Record para exibir na TV Brasil a novela Escrava Isaura, que foi ao ar em 2004. A estatal planeja exibir a novela no início do ano que vem. Caso as previsões da EBC se concretizem, a estatal teria em sua grade duas novelas da Record, de Edir Macedo, bispo da Igreja Universal e apoiador de Jair Bolsonaro, em ano eleitoral. A TV Brasil já transmite a novela bíblica ‘Os dez mandamentos’, que custou R$ 3,2 milhões aos cofres públicos”.
Já no final de setembro, o presidente da EBC, Glen Valente, “escolheu o seu sócio para um cargo de confiança na estatal com salário de R$ 21,4 mil. O empresário Almir Roberto Lima foi nomeado para o posto de gerente de marketing em Brasília... Lima se reportará diretamente à presidência da estatal, chefiada pelo seu sócio na Boradoc. Sediada na própria casa de Almir em Jundiaí (SP), a firma informou à Receita Federal prestar ‘apoio administrativo’, ‘teleatendimento’ e ‘serviços de escritório’. O novo gerente de Marketing da EBC é o sócio-administrador da empresa”, revelou outra matéria do site Metrópoles.
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