Charge: Miguel Falcão/Jornal do Commercio |
Ninguém, é claro, vai confirmar em “on” a suposta advertência que o diretor-geral da Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), Williams Burns, teria feito ao governo brasileiro, em julho do ano passado, contra interferências no processo eleitoral de nosso país, recomendando o respeito às urnas.
Não é improvável que tenha acontecido, em palavras brandas, ainda mais que havia apenas seis meses que, com o apoio de Bolsonaro, os próprios norte-americanos tenham tido uma eleição questionada (e desafiada, no Capitólio, pela mesmas razões e com os mesmos métodos que aqui se fazia – e ainda se faz – da mobilização de fanáticos).
Rema a favor da versão o fato de ter coincidido exatamente com a troca do embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapmann, notório simpatizante de Bolsonaro, que saiu daqui dizendo que não acreditava em ameaças de golpe e que as “instituições eram solidas”, embora viéssemos da ameaça atribuída a Walter Braga Neto, de que o governo não aceitaria eleições pelo sistema com que se as faz há décadas.
O fato objetivo é que, se o governo Biden não fez aquela advertência em julho de 21, está fazendo agora, com o vazamento deste episódio à agência Reuters e, dela, para o conhecimento público.
Afinal, o encontro de Burns foi há quase um ano e, se não houve desdobramentos, não teria nenhuma razão para ser colocado às abertas se não fosse para que, agora, passasse (ou voltasse) a ser um aviso de que um golpe contra as eleições não teria apoio, mas oposição dos EUA.
E não um aviso exatamente a Bolsonaro, porque avisos seriam inócuos a alguém desesperado a este ponto, mas aos comandantes militares brasileiros que ele conta arrastar para esta aventura.
A razão para isso, provavelmente, é que o possível recado do ano passado não surtiu efeito e sequer lhes deu a certeza de ter chegado aos ouvidos de quem, em tese, teria poder para um golpe: os comandos militares.
Agora, sem dúvida, chegou e produzirá efeitos.
E sem grandes possibilidades, da parte de um presidente quem batia continência à bandeira estrelada, de uma reação baseada em “orgulho nacional”. Que, aliás, já teria tido toda a oportunidade de se manifestar no próprio episódio, uma vez que a narrativa dá conta da presença do próprio Bolsonaro na ocasião do “pito”.
Tudo indica que, como ocorria em julho de 21 com a escalada que não conseguiu concluir-se no Sete de Setembro, estejamos neste momento a uma nova ofensiva golpista, já agora usando mais que velhos tanques militares, ganhos como sucata dos norte-americanos.
Usando, sim, os próprios comandos militares que, na visão do Planalto, já teriam sido cooptados com as substituições levadas a cabo (sem trocadilho) pelo ex-Ministro da Defesa – agora virtualmente no cargo – Walter Braga Netto.
Quem quiser se meter a aventuras de quebra de legalidade, sabe que ficará só, aqui e no mundo. O pessoal que gosta de “mandar avisos” acaba de receber um, e público.
Não adianta dizer que não sabia.
Não é improvável que tenha acontecido, em palavras brandas, ainda mais que havia apenas seis meses que, com o apoio de Bolsonaro, os próprios norte-americanos tenham tido uma eleição questionada (e desafiada, no Capitólio, pela mesmas razões e com os mesmos métodos que aqui se fazia – e ainda se faz – da mobilização de fanáticos).
Rema a favor da versão o fato de ter coincidido exatamente com a troca do embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapmann, notório simpatizante de Bolsonaro, que saiu daqui dizendo que não acreditava em ameaças de golpe e que as “instituições eram solidas”, embora viéssemos da ameaça atribuída a Walter Braga Neto, de que o governo não aceitaria eleições pelo sistema com que se as faz há décadas.
O fato objetivo é que, se o governo Biden não fez aquela advertência em julho de 21, está fazendo agora, com o vazamento deste episódio à agência Reuters e, dela, para o conhecimento público.
Afinal, o encontro de Burns foi há quase um ano e, se não houve desdobramentos, não teria nenhuma razão para ser colocado às abertas se não fosse para que, agora, passasse (ou voltasse) a ser um aviso de que um golpe contra as eleições não teria apoio, mas oposição dos EUA.
E não um aviso exatamente a Bolsonaro, porque avisos seriam inócuos a alguém desesperado a este ponto, mas aos comandantes militares brasileiros que ele conta arrastar para esta aventura.
A razão para isso, provavelmente, é que o possível recado do ano passado não surtiu efeito e sequer lhes deu a certeza de ter chegado aos ouvidos de quem, em tese, teria poder para um golpe: os comandos militares.
Agora, sem dúvida, chegou e produzirá efeitos.
E sem grandes possibilidades, da parte de um presidente quem batia continência à bandeira estrelada, de uma reação baseada em “orgulho nacional”. Que, aliás, já teria tido toda a oportunidade de se manifestar no próprio episódio, uma vez que a narrativa dá conta da presença do próprio Bolsonaro na ocasião do “pito”.
Tudo indica que, como ocorria em julho de 21 com a escalada que não conseguiu concluir-se no Sete de Setembro, estejamos neste momento a uma nova ofensiva golpista, já agora usando mais que velhos tanques militares, ganhos como sucata dos norte-americanos.
Usando, sim, os próprios comandos militares que, na visão do Planalto, já teriam sido cooptados com as substituições levadas a cabo (sem trocadilho) pelo ex-Ministro da Defesa – agora virtualmente no cargo – Walter Braga Netto.
Quem quiser se meter a aventuras de quebra de legalidade, sabe que ficará só, aqui e no mundo. O pessoal que gosta de “mandar avisos” acaba de receber um, e público.
Não adianta dizer que não sabia.
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