A crise sanitária da covid-19 trouxe severas repercussões econômicas e sociais em todos os países, como a brutal queda na atividade produtiva e o aumento do desemprego. Na sequência, com as medidas de proteção sanitária e, principalmente, a vacinação, passou-se a observar a recuperação econômica e a redução do desemprego.
O estudo produzido pela CEPAL/OIT “Coyuntura Laboral en América Latina y el Caribe & Los salarios reais durante la pandemia: evolución y desafíos” [1] apresenta os indicadores da dinâmica econômica e do emprego para a região no período de 2019 a 2021. Observa-se que as economias da América Latina e do Caribe tiveram uma recuperação de 6,6% do PIB médio em 2021, recolocando a economia da região no patamar pré-crise (4º trimestre de 2019), que veio seguido em menor força pela recuperação do emprego, da taxa de participação e da queda nas taxas de desemprego.
A crise sanitária derrubou em 2020 a taxa de ocupação em -8,2%, o pior indicador da série histórica desde 1952. Em 2021 observou-se uma recuperação da ordem de 6,8 % no contingente de ocupados. A crise provocou também uma brutal saída dos trabalhadores para a inatividade, refletida na queda de 4,5 pontos porcentuais na taxa de participação em 2020, parte recuperado em 2021, mas ainda 0,8 ponto percentual menor no quarto trimestre de 2021 (62,6%) em relação ao quarto trimestre de 2019 (63,4%). Essa diferença esta associada principalmente ao fato de que muitas mulheres seguem dedicando-se aos cuidados familiares e, portanto, não retornando ao mercado de trabalho.
A desigualdade entre homens e mulheres na dinâmica da recuperação dos empregos é clara nos dados apresentados pela CEPAL/OIT da variação anual (2021/2020):
- Aumento da taxa de participação: 3,0 % homens e 2,8% mulheres
- Aumento da taxa de ocupação: 3,7% homens e 2,8% mulheres
- Queda no desemprego: -1,3 % homens e -0,7% mulheres
A recuperação do emprego foi puxada pelas ocupações dos trabalhadores por conta própria, que tiveram uma queda de -7,5% no emprego em 2020 e cresceram 9,9% em 2021. Já os trabalhadores assalariados tiveram uma queda de 7,2% no emprego em 2020 e recuperaram 5,7% em 2021, ainda abaixo da situação pré-pandemia. O trabalho doméstico teve uma queda de 20,9% no emprego e uma recuperação parcial de 4,6%.
Quando se compara a dinâmica da economia e do emprego na saída da crise, observa-se uma performance totalmente diferente em relação a crises anteriores, conforme indica o estudo CEPAL/OIT. Anteriormente a recuperação econômica levou mais tempo que a do emprego, algo que na crise atual se inverte, o crescimento econômico segue na frente dos empregos.
Já a dinâmica das remunerações do trabalho está relacionada à criação de postos de trabalho de menor qualidade e, adicionalmente, fortemente impactada pela aceleração das taxas de inflação, corroendo o salário real, o que se observa também para os valores dos salários mínimos na região.
A queda do salário real foi de -5,5% para os trabalhadores do setor público, de -7% para os assalariados e de -9,7% para os trabalhadores domésticos. Em termos setoriais a queda foi de -5,6% para o setor primário (agricultura, pesca e mineração), de -8% para setor secundário (indústria, construção e energia, gás e água) e de -6% para setor terciário (comercio, serviços, finanças e demais serviços).
O que se observa no tecido produtivo é uma dinâmica econômica que conduz uma regressão industrial com perda de qualidade na estrutura das ocupações. A aceleração da digitalização dos serviços e comércio fez surgir milhões de novos postos de trabalho mediados por aplicativos que investem para descaracterizar a relação de trabalho. A precarização e vulnerabilidade dos postos de trabalho segue em frente através das múltiplas formas de terceirização, situação que afasta a proteção laboral e previdenciária. O aumento do custo de vida promove o arrocho salarial. Tudo, ao mesmo tempo, mantendo e ampliando os desafios que já eram enormes antes da crise sanitária e que se tornaram ainda maiores.
Nota:
- Aumento da taxa de ocupação: 3,7% homens e 2,8% mulheres
- Queda no desemprego: -1,3 % homens e -0,7% mulheres
A recuperação do emprego foi puxada pelas ocupações dos trabalhadores por conta própria, que tiveram uma queda de -7,5% no emprego em 2020 e cresceram 9,9% em 2021. Já os trabalhadores assalariados tiveram uma queda de 7,2% no emprego em 2020 e recuperaram 5,7% em 2021, ainda abaixo da situação pré-pandemia. O trabalho doméstico teve uma queda de 20,9% no emprego e uma recuperação parcial de 4,6%.
Quando se compara a dinâmica da economia e do emprego na saída da crise, observa-se uma performance totalmente diferente em relação a crises anteriores, conforme indica o estudo CEPAL/OIT. Anteriormente a recuperação econômica levou mais tempo que a do emprego, algo que na crise atual se inverte, o crescimento econômico segue na frente dos empregos.
Já a dinâmica das remunerações do trabalho está relacionada à criação de postos de trabalho de menor qualidade e, adicionalmente, fortemente impactada pela aceleração das taxas de inflação, corroendo o salário real, o que se observa também para os valores dos salários mínimos na região.
A queda do salário real foi de -5,5% para os trabalhadores do setor público, de -7% para os assalariados e de -9,7% para os trabalhadores domésticos. Em termos setoriais a queda foi de -5,6% para o setor primário (agricultura, pesca e mineração), de -8% para setor secundário (indústria, construção e energia, gás e água) e de -6% para setor terciário (comercio, serviços, finanças e demais serviços).
O que se observa no tecido produtivo é uma dinâmica econômica que conduz uma regressão industrial com perda de qualidade na estrutura das ocupações. A aceleração da digitalização dos serviços e comércio fez surgir milhões de novos postos de trabalho mediados por aplicativos que investem para descaracterizar a relação de trabalho. A precarização e vulnerabilidade dos postos de trabalho segue em frente através das múltiplas formas de terceirização, situação que afasta a proteção laboral e previdenciária. O aumento do custo de vida promove o arrocho salarial. Tudo, ao mesmo tempo, mantendo e ampliando os desafios que já eram enormes antes da crise sanitária e que se tornaram ainda maiores.
Nota:
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