Charge: DesenhoLadino |
Graças ao esforço de Marcelo Auler, no calor dos acontecimentos de quarta-feira, envolvimento o GSI e a queda do general GDias, tivemos na TV 247 uma entrevista do professor Xico Teixeira, um dos maiores especialistas brasileiros em questões militares e geopolítica global. E, entre tantas coisa relevantes, ele nos falou de uma certeza sua: "continua havendo um golpe em curso no Brasil".
E recordava ele que estes útimos acontecimentos que afetaram o governo Lula e sua agenda político-parlamentar vieram na esteira do estrilo ocidental contra a viagem de Lula à China e suas declarações sobre a guerra na Ucrânia, coincidentes com a visita do chanceler russo Serguei Lavrov à América Latina. Embora Lavrov tenha visitado outros países da região, e por iniciativa própria, a mídia brasileira, ecoando a ocidental, fez crer que ele veio a Brasília como dileto convidado do governo Lula. Não foi assim.
- Há pessoas no Governo que se iludem, achando que estamos em 2003 - disse-nos o professor Teixeira.
De lá para lá, as mudanças foram de fato muitas. No plano externo, há hoje uma certa guerra fria, em que a prioridade dos Estados Unidos e do sistema ocidental que lidera é conter o avanço da China e da Rússia para mudar a ordem global, estabelecendo um mundo multipolar. E aqui, neste canto do mundo, tudo é diferente daquele tempo em que não gostavam de Lula mas deixaram que ele governasse por oito anos, aos trancos e barrancos.
Agora há uma extrema direita com bandeiras e protagonistas, com um líder esfarrapado mas que continua empolgando seu gado. O país continua dividido como antes da eleição e as correntes de ódio e as fake news continuam dominando as redes digitais.
Neste ambiente bem diverso do que vigorou no inicio dos anos 2000, quando Lula foi eleito pela primeira vez, as tentativas de golpe vieram em série. Teixeira recorda a sequência. Tivemos uma tentativa em 7 de Setembro de 2021, quando Bolsonaro reuniu multidões golpistas em Brasília e em São Paulo e anunciou que não cumpriria mais ordens do STF. Depois recuou, Temer entrou de bombeiro e escriba, com aquela carta desculpenta.
Veio a campanha eleitoral, e entre tantas ameaças e negaças golpistas, chegamos ao segundo turno em que a PRF foi usada para impedir eleitores de Lula de votarem. A minuta do golpe estava na gaveta, os questionamentos ao sistema eleitoral haviam sido apresentados, inclusive a embaixadores estrangeiros, mas Bolsonaro não conseguiu efetivar o golpe, com a intervenção no TSE, a anulação do pleito e sua permanência no poder. Felizmente eles são incompetentes.
Depois tivemos o 12 de dezembro, dia da diplomação de Lula, em que as hordas bolsonaristas tocaram o terror em Brasília. Logo depois, a ameaça de bomba no aeroporto. Bolsonaristas continuavam garantindo que Lula não tomaria posse. O golpe estava planejado para o dia primeiro de janeiro mas, como desconfia Lula, a presença de uma multidão na Esplanada frustrou o plano e adiou a data do ataque.
Eu nunca esquecerei o 8 de janeiro porque tive a falta de juízo de ir paro a Esplanada. Fui cercada algumas vezes, fui quase linchada pelos bolsonaristas. Ouvi muitos deles dizendo que eram os petistas que estavam destruindo os palácios dos 3 Poderes para colocar a culpa neles. Desde o início havia o plano de culpar a vítima pela agressão, como dizem os que pedem a CPMI.
Agora tivemos este estranho episódio que derrubou o general G. Dias do GSI. De fato, as imagens mostram o general circulando placidamente pelo palácio , mas eu tenho minha leitura para o papel dele. G. Dias não limpou o GSI de bolsonaristas como devia ter feito a partir do dia primeiro de janeiro. Conciliou com seus colegas de fardas. Quis fazer uma transição que o deixasse bem com a tropa. Quebrou a cara. Mentiu para Lula, negando a existência dos vídeos que mostram tanto a sua circulação pelo interior do Planalto como a cooperação de outros militares com os invasores, aos quais serviram água gelada.
Depois dos vídeos, G. Dias não poderia mesmo continuar no cargo nem poderia o governo evitar a CPMI do 8 de janeiro. Ela virá, mas os governistas, os democratas de todos os partidos, podem fazer deste limão uma limonada. Se tiverem capacidade de domínio, poderão usá-la para desentocar todos os golpistas e criar uma conexão mais forte com a sociedade em defesa da democracia.
Lula houve-se muito bem no episódio da tentativa de golpe. Uniu as instituições em defesa da democracia mas errou num ponto. Não falou com a enfâse necessária à sociedade, de preferencia num pronunciamento em cadeira, sobre a gravidade do que tinha havido. Não criou a comoção necessária diante de uma tentativa de golpe. Não tentou criar, na sociedade, a mesma corrente que criou com as instituições, a reunir naquela marcha rumo ao STF os governadores e presidentes de instituições e poderes. Com a CPI, isso pode ser feito agora, se os democratas souberem conduzi-la, mirando-se na experiência dos que conduziram a CPI da Covid.
Agora há uma extrema direita com bandeiras e protagonistas, com um líder esfarrapado mas que continua empolgando seu gado. O país continua dividido como antes da eleição e as correntes de ódio e as fake news continuam dominando as redes digitais.
Neste ambiente bem diverso do que vigorou no inicio dos anos 2000, quando Lula foi eleito pela primeira vez, as tentativas de golpe vieram em série. Teixeira recorda a sequência. Tivemos uma tentativa em 7 de Setembro de 2021, quando Bolsonaro reuniu multidões golpistas em Brasília e em São Paulo e anunciou que não cumpriria mais ordens do STF. Depois recuou, Temer entrou de bombeiro e escriba, com aquela carta desculpenta.
Veio a campanha eleitoral, e entre tantas ameaças e negaças golpistas, chegamos ao segundo turno em que a PRF foi usada para impedir eleitores de Lula de votarem. A minuta do golpe estava na gaveta, os questionamentos ao sistema eleitoral haviam sido apresentados, inclusive a embaixadores estrangeiros, mas Bolsonaro não conseguiu efetivar o golpe, com a intervenção no TSE, a anulação do pleito e sua permanência no poder. Felizmente eles são incompetentes.
Depois tivemos o 12 de dezembro, dia da diplomação de Lula, em que as hordas bolsonaristas tocaram o terror em Brasília. Logo depois, a ameaça de bomba no aeroporto. Bolsonaristas continuavam garantindo que Lula não tomaria posse. O golpe estava planejado para o dia primeiro de janeiro mas, como desconfia Lula, a presença de uma multidão na Esplanada frustrou o plano e adiou a data do ataque.
Eu nunca esquecerei o 8 de janeiro porque tive a falta de juízo de ir paro a Esplanada. Fui cercada algumas vezes, fui quase linchada pelos bolsonaristas. Ouvi muitos deles dizendo que eram os petistas que estavam destruindo os palácios dos 3 Poderes para colocar a culpa neles. Desde o início havia o plano de culpar a vítima pela agressão, como dizem os que pedem a CPMI.
Agora tivemos este estranho episódio que derrubou o general G. Dias do GSI. De fato, as imagens mostram o general circulando placidamente pelo palácio , mas eu tenho minha leitura para o papel dele. G. Dias não limpou o GSI de bolsonaristas como devia ter feito a partir do dia primeiro de janeiro. Conciliou com seus colegas de fardas. Quis fazer uma transição que o deixasse bem com a tropa. Quebrou a cara. Mentiu para Lula, negando a existência dos vídeos que mostram tanto a sua circulação pelo interior do Planalto como a cooperação de outros militares com os invasores, aos quais serviram água gelada.
Depois dos vídeos, G. Dias não poderia mesmo continuar no cargo nem poderia o governo evitar a CPMI do 8 de janeiro. Ela virá, mas os governistas, os democratas de todos os partidos, podem fazer deste limão uma limonada. Se tiverem capacidade de domínio, poderão usá-la para desentocar todos os golpistas e criar uma conexão mais forte com a sociedade em defesa da democracia.
Lula houve-se muito bem no episódio da tentativa de golpe. Uniu as instituições em defesa da democracia mas errou num ponto. Não falou com a enfâse necessária à sociedade, de preferencia num pronunciamento em cadeira, sobre a gravidade do que tinha havido. Não criou a comoção necessária diante de uma tentativa de golpe. Não tentou criar, na sociedade, a mesma corrente que criou com as instituições, a reunir naquela marcha rumo ao STF os governadores e presidentes de instituições e poderes. Com a CPI, isso pode ser feito agora, se os democratas souberem conduzi-la, mirando-se na experiência dos que conduziram a CPI da Covid.
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