Hélio Doyle abriu série de 'lives' promovida pelo centro Barão de Itararé sobre comunicação no atual governo |
Fazer ao mesmo tempo comunicação pública e governamental, buscando audiência, é o desafio da nova direção da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), liderada pelo veterano jornalista Hélio Doyle. “Temos que atender a esses dois braços, que às vezes até parecem excludentes”, afirma o presidente da EBC, que participou de live, nesta terça-feira (20), organizada pelo Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé. Ele demarcou diferenças entre emissoras públicas e privadas de comunicação. E deixou claro que, sim, a EBC está atrás de audiência – mas não a qualquer custo.
“A gente não faz o discurso de que TV pública não precisa de audiência. A diferença é que a comunicação privada trata o público como consumidores. Nós temos que tratar o público como cidadãos”, afirma Hélio. “Mas temos que ter audiência. Não adianta falar para nós mesmos. Não queremos fazer nem um jornalismo popularesco, nem um jornalismo de elite.”
Comunicação não é propaganda
Ex-integrante do conselho do Barão de Itararé, o presidente da EBC abriu um ciclo de debates sobre comunicação no atual governo. O programa teve apresentação de Felipe Bianchi, com jornalistas convidados: Talita Galli, da TVT, Solon Neto (Alma Preta) e Theófilo Rodrigues, pesquisador e co-organizador do livro Democratizar a comunicação: teoria política, sociedade civil e políticas públicas.
O jornalista observou que fazer comunicação pública não é propaganda de governo. Cabe, inclusive, dar espaço à oposição. Ele contou que, como canais comerciais, como GloboNews e CNN, costumam levar, por exemplo, apenas pessoas favoráveis à política do Banco Central, a TV Brasil deveria fazer o oposto. Hélio discorda: “Nós temos que levar os dois lados”.
Conceito mal compreendido
Ao mesmo tempo, a EBC defende valores éticos e democráticos. “Ninguém vai usar nossos canais para defender golpe de Estado, racismo, opressão das mulheres. (…) No nosso jornalismo cabe uma crítica ao governo. Esse conceito de comunicação pública não é bem compreendido na sociedade brasileira”, avalia o jornalista.
A primeira preocupação ao chegar foi “reorganizar” a EBC. “Uma empresa pública está sujeita a uma série de normas e controles que as empresas privadas não têm.” Enquanto no segundo caso é possível fazer “tudo que a lei não proíbe”, no primeiro é “só o que a lei permite”.
Questão ideológica
Enquanto a Europa se caracteriza por forte presença de comunicação pública, o Brasil seguiu o modelo dos Estados Unidos: ou seja, privado. Mas claro que mesmo naqueles países o setor público enfrenta problemas. “Até porque as emissoras privadas não gostam das emissoras públicas. E não é porque divide faturamento, não. É pela questão ideológica. É porque as emissoras públicas, de modo geral, rompem o pensamento único. Neoliberal, vamos dizer assim, liberal.”
Por aqui, a experiência ainda é recente. A EBC foi criada em 2008. “Na Argentina, já tem TV pública há 45 anos, mas eles têm problemas semelhantes a nós. A TV pública ganhou os direitos para transmitir a última Copa do Mundo”, lembra Hélio Doyle.
“A gente não faz o discurso de que TV pública não precisa de audiência. A diferença é que a comunicação privada trata o público como consumidores. Nós temos que tratar o público como cidadãos”, afirma Hélio. “Mas temos que ter audiência. Não adianta falar para nós mesmos. Não queremos fazer nem um jornalismo popularesco, nem um jornalismo de elite.”
Comunicação não é propaganda
Ex-integrante do conselho do Barão de Itararé, o presidente da EBC abriu um ciclo de debates sobre comunicação no atual governo. O programa teve apresentação de Felipe Bianchi, com jornalistas convidados: Talita Galli, da TVT, Solon Neto (Alma Preta) e Theófilo Rodrigues, pesquisador e co-organizador do livro Democratizar a comunicação: teoria política, sociedade civil e políticas públicas.
O jornalista observou que fazer comunicação pública não é propaganda de governo. Cabe, inclusive, dar espaço à oposição. Ele contou que, como canais comerciais, como GloboNews e CNN, costumam levar, por exemplo, apenas pessoas favoráveis à política do Banco Central, a TV Brasil deveria fazer o oposto. Hélio discorda: “Nós temos que levar os dois lados”.
Conceito mal compreendido
Ao mesmo tempo, a EBC defende valores éticos e democráticos. “Ninguém vai usar nossos canais para defender golpe de Estado, racismo, opressão das mulheres. (…) No nosso jornalismo cabe uma crítica ao governo. Esse conceito de comunicação pública não é bem compreendido na sociedade brasileira”, avalia o jornalista.
A primeira preocupação ao chegar foi “reorganizar” a EBC. “Uma empresa pública está sujeita a uma série de normas e controles que as empresas privadas não têm.” Enquanto no segundo caso é possível fazer “tudo que a lei não proíbe”, no primeiro é “só o que a lei permite”.
Questão ideológica
Enquanto a Europa se caracteriza por forte presença de comunicação pública, o Brasil seguiu o modelo dos Estados Unidos: ou seja, privado. Mas claro que mesmo naqueles países o setor público enfrenta problemas. “Até porque as emissoras privadas não gostam das emissoras públicas. E não é porque divide faturamento, não. É pela questão ideológica. É porque as emissoras públicas, de modo geral, rompem o pensamento único. Neoliberal, vamos dizer assim, liberal.”
Por aqui, a experiência ainda é recente. A EBC foi criada em 2008. “Na Argentina, já tem TV pública há 45 anos, mas eles têm problemas semelhantes a nós. A TV pública ganhou os direitos para transmitir a última Copa do Mundo”, lembra Hélio Doyle.
Desmonte e orçamento
Ao assumir, ele também teve de lidar com um processo de desmonte da empresa, que chegou a estar na mira da privatização. “Temos muitas carências. Temos orçamento muito baixo para custeio e investimento.” Além disso, em um programa de demissões voluntárias a EBC perdeu quase 500 funcionários. “São Paulo já tinha um quadro reduzido. Nosso jornalismo está muito carente de pessoal, mas dentro disso queremos fazer o melhor possível.” O desafio é fazer comunicação com análises, comentários, entrevistas, inclusive com a oposição. “Porque senão não estaremos fazendo jornalismo público.” TVs públicas, lembra, “não podem ser vistas como instrumentos de governo”.
Ele também respondeu questionamentos sobre a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), à qual a EBC é vinculada. E disse ser totalmente favorável a parcerias com a chamada mídia alternativa, inclusive com verbas publicitárias, em geral destinada às emissoras comerciais. O problema, argumentou, é que o Tribunal de Contas e o Ministério Público costumam “cair em cima” quando isso acontece. “Estamos vendo como a gente pode fazer parcerias. Nós queremos que no telejornalismo a gente fale da mídia alternativa, mostre o que mídia alternativa está mostrando.”
O presidente do EBC citou como exemplo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), objeto de nova CPI no Congresso. O “lado positivo” do MST, como ele diz, “não tem a menor vez nos canais privados”. Além disso, é preciso pensar na questão da pluralidade. “Nós temos que regionalizar a nossa programação. Não é só por uma obrigação legal.” De novo, a emissora esbarra na falta de recursos. Segundo ele, é preciso pensar em outras fontes permanentes de financiamento”, independentemente do orçamento da União.
Ao assumir, ele também teve de lidar com um processo de desmonte da empresa, que chegou a estar na mira da privatização. “Temos muitas carências. Temos orçamento muito baixo para custeio e investimento.” Além disso, em um programa de demissões voluntárias a EBC perdeu quase 500 funcionários. “São Paulo já tinha um quadro reduzido. Nosso jornalismo está muito carente de pessoal, mas dentro disso queremos fazer o melhor possível.” O desafio é fazer comunicação com análises, comentários, entrevistas, inclusive com a oposição. “Porque senão não estaremos fazendo jornalismo público.” TVs públicas, lembra, “não podem ser vistas como instrumentos de governo”.
Ele também respondeu questionamentos sobre a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), à qual a EBC é vinculada. E disse ser totalmente favorável a parcerias com a chamada mídia alternativa, inclusive com verbas publicitárias, em geral destinada às emissoras comerciais. O problema, argumentou, é que o Tribunal de Contas e o Ministério Público costumam “cair em cima” quando isso acontece. “Estamos vendo como a gente pode fazer parcerias. Nós queremos que no telejornalismo a gente fale da mídia alternativa, mostre o que mídia alternativa está mostrando.”
O presidente do EBC citou como exemplo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), objeto de nova CPI no Congresso. O “lado positivo” do MST, como ele diz, “não tem a menor vez nos canais privados”. Além disso, é preciso pensar na questão da pluralidade. “Nós temos que regionalizar a nossa programação. Não é só por uma obrigação legal.” De novo, a emissora esbarra na falta de recursos. Segundo ele, é preciso pensar em outras fontes permanentes de financiamento”, independentemente do orçamento da União.
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