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Entre os desafios com que se defronta o movimento sindical na atual conjuntura destaca-se a necessidade de ampliar a capacidade de mobilização e conscientização das bases para lutar em defesa das mudanças sociais para a qual o governo Lula foi eleito, apontou o secretário de Relações Internacionais da CTB, Nivaldo Santana, durante reunião da Direção Nacional da Central classista nesta terça-feira (18) em São Paulo.
Em sua opinião, o mundo vive um “período histórico de transição na geopolítica mundial, com o centro de gravidade do poder econômico se deslocando do Ocidente para o Oriente devido à decadência dos EUA e seus aliados e emergência de novos polos de poder capitaneados pela China”.
É um momento que embute o risco de grandes confrontos, uma vez que “nenhum país hegemônico larga a rapadura de modo pacífico. A Otan está fazendo uma ameaça de guerra mundial dizendo que vai adotar medidas baseadas na violência para manter sua hegemonia. A guerra na Ucrânia é a ponta visível do iceberg”.
Contradições
Em meio à elevação da tensão e polarização política mundial, observa-se, em contrapartida, também o avanço das forças progressistas na América Latina, com vitórias importantes no México, na Colômbia, no Chile, em Honduras e, principalmente, a vitória do Lula no Brasil.
Ao mesmo tempo, o sindicalista apontou o avanço da extrema direita na região e as dificuldades para implementação de projetos progressistas na Argentina, Chile e demais países governados hoje por políticos progressistas.
“Este cenário que também existe no Brasil”, lembrou Santana, mencionando a empreitada golpista que culminou no 8 de janeiro e as dificuldades para viabilizar uma agenda mudancista com um Congresso Nacional majoritariamente conservador.
Ele ressaltou a extraordinária capacidade política do presidente Lula para enfrentar esta situação e ponderou que o saldo do governo nos primeiros seis meses é positivo, citando a retomada dos investimentos em Ciência e Tecnologia, aumento real do salário mínimo, Plano Safra e a restauração da credibilidade mundial do Brasil, que Bolsonaro transformou num pária internacional.
Mencionou também como avanços a aprovação da reforma tributária, embora não tenha contemplado as demandas das centrais e o arcabouço fiscal negociado com o Congresso em substituição ao Teto de Gastos.
Lula restabeleceu o diálogo com as centrais sindicais e os movimentos sindicais, bem como a defesa de uma agenda de valorização das negociações coletivas e fortalecimento do movimento sindical.
Santana notou que a formação de uma frente ampla em defesa da democracia foi fundamental para o êxito eleitoral em outubro do ano passado, com o isolamento e a derrota da extrema direita. Por outro lado, criou uma correlação de forças complexa e heterogênea para a construção de uma base de sustentação do governo no Congresso requer, neste momento, uma reestruturação ministerial para ampliar o espaço de participação de partidos que não apoiaram Lula.
Em tais condições, destaca-se para as centrais sindicais, os movimentos sociais e as forças democráticas e progressistas em geral o desafio de viabilizar uma ampla mobilização nacional para garantir as mudanças necessárias para retomar o crescimento da economia e caminhar na direção de um novo projeto de desenvolvimento nacional com democracia, soberania e valorização do trabalho.
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