Charge: Thais Linhares/Cartoon Movement |
Na semana em que o presidente Lula voltou a falar sobre a urgência da regulação das plataformas digitais para combater a “disseminação do ódio”, vale recuperar uma reportagem recente do site UOL que aponta que os algoritmos têm “radicalizado” os jovens da chamada Geração Z. O artigo é baseado em pesquisas internacionais que mostram que as redes sociais estimulam a distribuição de vídeos machistas e violentos.
“A ‘machosfera’ ou ‘manosfera’ e o movimento Red Pill têm crescido nas redes, especialmente entre os homens da Geração Z, que hoje têm entre 14 e 27 anos. Os chamados grupos ‘masculinistas’ exaltam a supremacia masculina, dizem como homens e mulheres devem se comportar e defendem a meritocracia e a busca pelo sucesso. O movimento sempre existiu, mas ganhou destaque após se consolidar em fóruns online, redes sociais, podcasts e cursos de coachs”, descreve a matéria.
O texto cita uma pesquisa realizada em abril deste ano pela Universidade de Dublin (Irlanda) para analisar o papel dos algoritmos nessa onda. “O estudo constatou que vídeos com temáticas consideradas ‘tóxicas’ – como discursos misógino, antifeminista, supremacia masculina, da direita reacionária e de teorias da conspiração – são recomendados após 2 a 26 minutos de uso dos aplicativos. Depois que o usuário mostra interesse no tema, ele é bombardeado com os conteúdos da ‘machosfera’”.
A ditadura do algoritmo das big techs
A ditadura do algoritmo imposta pelas poderosas big techs cria as chamadas “bolhas”, aprisionando os internautas. Segundo Manoel Fernandes, sócio da empresa de análise de dados Bites, “é comum entrar em contato com um conteúdo que se apresenta de maneira mais branda e, aos poucos, ir mergulhando no universo daquele tema, cada vez com mais profundidade, conforme surgem recomendações ofertadas pelo algoritmo... As pessoas passam a se identificar com o grupo e ganham a sensação de pertencimento, o que dificulta o abandono do conteúdo”.
Também ouvida pelo site, a cientista social Bruna Camilo, que pesquisa grupos masculinistas, afirma que os jovens são mais facilmente capturados pelos algoritmos. “A fase da adolescência é muito complexa, e quando um menino não consegue socializar como outros garotos, ele fica totalmente envolvido em jogos, fica o dia inteiro em casa em frente ao computador... Quando se tem jovens fragilizados é muito mais fácil organizar algum tipo de radicalização, porque é mais fácil identificar qual a angústia daquele menino”.
A reportagem registra que os homens da Geração Z dos EUA, Alemanha e Coreia do Sul “são cada vez mais conservadores. Gráficos divulgados pelo jornal norte-americano Financial Times mostram que, nestes três países, o número de homens de 18 a 29 anos que se identificam como conservadores tem aumentado ao longo dos últimos anos. As mulheres, no entanto, seguem o movimento contrário, identificando-se cada vez mais como liberais”.
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