Reproduzo excelente artigo de Mark Weisbrot, co-diretor do Centro para Pesquisa Política e Econômica e colunista do jornal britânico Guardian, publicado na Folha:
O que José Serra está tentando fazer? Em sua campanha pela Presidência do Brasil, ele acusou a Bolívia de cumplicidade no tráfico de drogas e criticou Lula por tentar mediar a disputa entre Washington e o Irã, e por recusar (em companhia da maioria dos demais países sul-americanos) reconhecimento ao governo de Honduras, “eleito” sob uma ditadura.
Por algum tempo ele optou por não aderir à campanha internacional de Washington contra a Venezuela, mas agora Serra e seu candidato a vice, Indio da Costa, também adentraram aquele pútrido pântano, alegando que a Venezuela “abriga” as Farc (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas), o principal grupo guerrilheiro que combate o governo da Colômbia.
Que conste: a despeito de uma década de alegações, Washington ainda não conseguiu apresentar publicamente um traço de prova de que o governo de Chávez de fato apoie as Farc.
A única “prova” de que existe em domínio público vem de laptops e outros equipamentos de computação supostamente capturados pelas Forças Armadas colombianas em sua incursão ao território do Equador em março de 2008.
Blogueiros de direita como Reinaldo Azevedo repetem o mito de mídia de que a Interpol teria confirmado a autenticidade desses arquivos supostamente capturados, mas um relatório da Interpol nega enfaticamente essa possibilidade. Tudo que temos é a palavra das Forças Armadas colombianas -organização que sabidamente assassinou centenas de adolescentes inocentes e os vestiu como guerrilheiros.
Será que Serra realmente deseja que o Brasil compre brigas com todos os seus vizinhos a fim de se colocar desafiadoramente do lado errado da história? E isso apenas para se tornar o maior aliado direitista de Washington? Sim, caso Serra não tenha percebido, os Estados Unidos, sob o governo Obama como sob o governo Bush, só têm governos de direita como aliados no hemisfério: Canadá, Panamá, Colômbia, Chile, México. Existe um motivo para isso: a política norte-americana com relação à América Latina não mudou sob Obama.
Mesmo de um ponto de vista puramente maquiavélico - deixando de lado qualquer ideia de fazer da região ou do mundo um lugar melhor -, a estratégia “Serra Palin” faz pouco sentido. O Brasil tinha boas relações com Bush e pode ter boas relações com Obama sem incorrer nessa espécie desonrosa de servidão.
O Brasil não é El Salvador, país cujo governo vive sob chantagem por ameaças de enviar de volta ao seu território os milhares de emigrantes salvadorenhos que vivem nos Estados Unidos. E nem El Salvador tomou a estrada que Serra está percorrendo.
Não é apenas na Venezuela e na Bolívia que os Estados Unidos investem dezenas de milhões de dólares para adquirir influência política. Em 2005, como reportou este jornal, os Estados Unidos bancaram um esforço para mudar a lei brasileira de maneira a reforçar a oposição ao Partido dos Trabalhadores.
Washington tem grande interesse no resultado da eleição deste ano porque procura reverter as mudanças que tornaram a América Latina, no passado o “quintal” dos Estados Unidos, mais independente que nunca em sua história. José Serra está fazendo com que esse interesse cresça a cada dia.
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sábado, 7 de agosto de 2010
A necessidade de uma bancada de esquerda
Reproduzo artigo de Maria Cristina Fernandes, publicado no jornal no Valor Econômico:
Ao deixar o Planalto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desalojará do poder o movimento sindical. É muito pequena a chance de o sindicalismo manter com o eleito, seja qual for, a interlocução e o peso alcançados neste governo. Nas duas candidaturas de oposição o afastamento é explicitado pelas alianças partidárias e programáticas que os sustentam. Na campanha petista o estranhamento vai desde os desacertos em torno do programa de governo do partido à ausência de qualquer interlocutor do movimento entre seus estrategistas.
Ao longo de sua carreira no serviço público, Dilma Rousseff, apesar de egressa do trabalhismo, nunca se aproximou do movimento sindical. Como ministra da Casa Civil, foram encontros majoritariamente empresariais que pautaram sua agenda apesar da tentativa das centrais de marcar presença. Como candidata, trata com desenvoltura da abertura de capital de estatais como a Infraero e os Correios, tema que, nas campanhas presidenciais de Lula, os sindicatos fizeram de cavalo de batalha contra tucanos inertes à estratégia da mistificação.
Esse afastamento é uma sinalização de que, no próximo governo, a retomada de propostas como a desoneração da folha ou a reforma da Previdência encontrará menos resistências internas, ainda que seja cedo para supor que a divisão de cadeiras no Congresso lhe seja favorável.
Ao se iniciar, este governo tinha ambas as propostas entre suas prioridades. Chegou a propor, sem sucesso, o fim da multa de 40% do FGTS, mas conseguiu aprovar mudanças tão ou mais significativas que as do governo anterior na Previdência, como a cobrança dos inativos, a instituição do redutor do benefício e a elevação da idade mínima.
A pauta foi suspensa com o mensalão, cujo enfrentamento levou o governo a convocar as centrais sindicais para a comissão de frente. Só seria retomada em 2007 com a apresentação pelo Executivo do projeto que institui a previdência complementar para o funcionalismo.
Pela proposta, todo servidor que ingresse no setor público depois da aprovação da lei teria direito a um teto previdenciário equivalente ao da iniciativa privada (hoje R$ 3,4 mil). Quem quisesse ganhar mais que contribua com um fundo de pensão. O projeto parte do pressuposto de que o Estado não deve ser onerado pelas aposentadorias mais altas.
Em mesa de debates durante o 10º encontro da Associação Brasileira de Ciência Política que acontece esta semana no Recife a professora da USP Marta Arretche mostrou como as desigualdades no mercado de trabalho são a principal agenda social que este governo deixou inacabada.
Ao longo do governo Lula programas sociais como o Bolsa Família permitiram acesso milhões a conta bancária e a um mínimo de consumo. O crescimento da economia elevou o nível de emprego a patamares históricos. Mas na população em idade de trabalhar não são poucas as diferenças no acesso à cidadania.
Um fosso separa o trabalhador informal de um celetista com férias e repouso semanal remunerado, vale transporte, seguro desemprego e contribuição previdenciária do empregador e de um estatutário que tem estabilidade, licença, direito à greve paga pelo erário e aposentadoria acima do teto do INSS.
Marta Arretche reconheceu que a legislação é insuficiente para explicar disparidades aprofundadas ao longo de ciclos econômicos que sempre contaram com grandes exércitos de reserva de mão-de-obra. Da mesma forma, o pleno emprego na Europa tem que considerar as levas de imigrantes que deixaram o continente nos últimos séculos e as baixas ocorridas com a Segunda Guerra Mundial. Mas em lugar algum do mundo a redução das desigualdades foi alcançada sem mudanças legais.
Listou os três governos europeus mais bem sucedidos na promoção de reformas que diminuíram essas desigualdades nos anos 1990 e em todos identificou em comum uma coalizão parlamentar de esquerda. Na França de Lionel Jospin a coalizão reuniu socialistas, comunistas e verdes, na Itália de Dini a reforma aprovada pela aliança de esquerda foi a mesma que havia derrubado o primeiro governo Berlusconi e, na Holanda, a entrada do partido trabalhista no governo foi condicionada ao apoio às mudanças.
Marta credita a paralisia das reformas em parte às incertezas em relação à viabilidade eleitoral da bancada do PT na disputa pós-mensalão. Na eleição de 2006 as pesquisas indicavam que o grau de identificação com a legenda tinha sofrido um baque, mas isso não impediu que o partido fizesse uma bancada maior.
As mudanças ocorridas na bancada do PT em 2006 – a redução de parlamentares da região centro-sul ligados a bandeiras sindicais e o aumento na proporção de cadeiras do Norte e Nordeste conquistadas pela associação com programas sociais e emendas parlamentares – devem se intensificar na eleição de outubro.
O novo perfil da bancada do PT pode indicar uma maior permeabilidade às propostas de redução das desigualdades no mercado de trabalho. Além da previdência complementar dos servidores há uma infinidade de projetos que foram contidos no Congresso, como a criação das fundações estatais, a limitação do gasto com pessoal e a regulamentação do direito de greve.
Entre os sindicalistas, a aposta é outra. Como não haveria no mercado eleitoral proposta que afugente o de capitais, restaria ao partido radicalizar ao lado das bandeiras do movimento. De acordo com essa tese, isso não teria sido possível no governo Lula pelo compromisso com a Carta aos Brasileiros. O PT não poderia afugentar os mercados que o presidente, a muito custo, havia acalmado. Desta vez, não há fios desencapados na sucessão, o que liberaria o PT a agir em favor das teses que o movimento acredita serem de esquerda.
Se a tese parece razoável num cenário de vitória tucana, as chances de que vingue num eventual governo Dilma estão diretamente associadas à crença de que Lula continue bancando o movimento mesmo longe do Planalto. A pergunta que fica é por que Lula, se estivesse interessado na permanência da hegemonia sindical, teria escolhido uma candidata que não soma meia dúzia de horas de assembleia.
Sindicalistas e empresários passaram a travar uma batalha pela prioridade das reformas trabalhista e sindical. O mensalão jogou Lula no colo de sua base social e as centrais acabaram descolando seu reconhecimento legal. O crescimento acelerado da economia e a fartura do crédito aquietaram o patronato.
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Ao deixar o Planalto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desalojará do poder o movimento sindical. É muito pequena a chance de o sindicalismo manter com o eleito, seja qual for, a interlocução e o peso alcançados neste governo. Nas duas candidaturas de oposição o afastamento é explicitado pelas alianças partidárias e programáticas que os sustentam. Na campanha petista o estranhamento vai desde os desacertos em torno do programa de governo do partido à ausência de qualquer interlocutor do movimento entre seus estrategistas.
Ao longo de sua carreira no serviço público, Dilma Rousseff, apesar de egressa do trabalhismo, nunca se aproximou do movimento sindical. Como ministra da Casa Civil, foram encontros majoritariamente empresariais que pautaram sua agenda apesar da tentativa das centrais de marcar presença. Como candidata, trata com desenvoltura da abertura de capital de estatais como a Infraero e os Correios, tema que, nas campanhas presidenciais de Lula, os sindicatos fizeram de cavalo de batalha contra tucanos inertes à estratégia da mistificação.
Esse afastamento é uma sinalização de que, no próximo governo, a retomada de propostas como a desoneração da folha ou a reforma da Previdência encontrará menos resistências internas, ainda que seja cedo para supor que a divisão de cadeiras no Congresso lhe seja favorável.
Ao se iniciar, este governo tinha ambas as propostas entre suas prioridades. Chegou a propor, sem sucesso, o fim da multa de 40% do FGTS, mas conseguiu aprovar mudanças tão ou mais significativas que as do governo anterior na Previdência, como a cobrança dos inativos, a instituição do redutor do benefício e a elevação da idade mínima.
A pauta foi suspensa com o mensalão, cujo enfrentamento levou o governo a convocar as centrais sindicais para a comissão de frente. Só seria retomada em 2007 com a apresentação pelo Executivo do projeto que institui a previdência complementar para o funcionalismo.
Pela proposta, todo servidor que ingresse no setor público depois da aprovação da lei teria direito a um teto previdenciário equivalente ao da iniciativa privada (hoje R$ 3,4 mil). Quem quisesse ganhar mais que contribua com um fundo de pensão. O projeto parte do pressuposto de que o Estado não deve ser onerado pelas aposentadorias mais altas.
Em mesa de debates durante o 10º encontro da Associação Brasileira de Ciência Política que acontece esta semana no Recife a professora da USP Marta Arretche mostrou como as desigualdades no mercado de trabalho são a principal agenda social que este governo deixou inacabada.
Ao longo do governo Lula programas sociais como o Bolsa Família permitiram acesso milhões a conta bancária e a um mínimo de consumo. O crescimento da economia elevou o nível de emprego a patamares históricos. Mas na população em idade de trabalhar não são poucas as diferenças no acesso à cidadania.
Um fosso separa o trabalhador informal de um celetista com férias e repouso semanal remunerado, vale transporte, seguro desemprego e contribuição previdenciária do empregador e de um estatutário que tem estabilidade, licença, direito à greve paga pelo erário e aposentadoria acima do teto do INSS.
Marta Arretche reconheceu que a legislação é insuficiente para explicar disparidades aprofundadas ao longo de ciclos econômicos que sempre contaram com grandes exércitos de reserva de mão-de-obra. Da mesma forma, o pleno emprego na Europa tem que considerar as levas de imigrantes que deixaram o continente nos últimos séculos e as baixas ocorridas com a Segunda Guerra Mundial. Mas em lugar algum do mundo a redução das desigualdades foi alcançada sem mudanças legais.
Listou os três governos europeus mais bem sucedidos na promoção de reformas que diminuíram essas desigualdades nos anos 1990 e em todos identificou em comum uma coalizão parlamentar de esquerda. Na França de Lionel Jospin a coalizão reuniu socialistas, comunistas e verdes, na Itália de Dini a reforma aprovada pela aliança de esquerda foi a mesma que havia derrubado o primeiro governo Berlusconi e, na Holanda, a entrada do partido trabalhista no governo foi condicionada ao apoio às mudanças.
Marta credita a paralisia das reformas em parte às incertezas em relação à viabilidade eleitoral da bancada do PT na disputa pós-mensalão. Na eleição de 2006 as pesquisas indicavam que o grau de identificação com a legenda tinha sofrido um baque, mas isso não impediu que o partido fizesse uma bancada maior.
As mudanças ocorridas na bancada do PT em 2006 – a redução de parlamentares da região centro-sul ligados a bandeiras sindicais e o aumento na proporção de cadeiras do Norte e Nordeste conquistadas pela associação com programas sociais e emendas parlamentares – devem se intensificar na eleição de outubro.
O novo perfil da bancada do PT pode indicar uma maior permeabilidade às propostas de redução das desigualdades no mercado de trabalho. Além da previdência complementar dos servidores há uma infinidade de projetos que foram contidos no Congresso, como a criação das fundações estatais, a limitação do gasto com pessoal e a regulamentação do direito de greve.
Entre os sindicalistas, a aposta é outra. Como não haveria no mercado eleitoral proposta que afugente o de capitais, restaria ao partido radicalizar ao lado das bandeiras do movimento. De acordo com essa tese, isso não teria sido possível no governo Lula pelo compromisso com a Carta aos Brasileiros. O PT não poderia afugentar os mercados que o presidente, a muito custo, havia acalmado. Desta vez, não há fios desencapados na sucessão, o que liberaria o PT a agir em favor das teses que o movimento acredita serem de esquerda.
Se a tese parece razoável num cenário de vitória tucana, as chances de que vingue num eventual governo Dilma estão diretamente associadas à crença de que Lula continue bancando o movimento mesmo longe do Planalto. A pergunta que fica é por que Lula, se estivesse interessado na permanência da hegemonia sindical, teria escolhido uma candidata que não soma meia dúzia de horas de assembleia.
Sindicalistas e empresários passaram a travar uma batalha pela prioridade das reformas trabalhista e sindical. O mensalão jogou Lula no colo de sua base social e as centrais acabaram descolando seu reconhecimento legal. O crescimento acelerado da economia e a fartura do crédito aquietaram o patronato.
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O PT e a "blindagem" da mídia aos tucanos
Reproduzo matéria de Anselmo Massad, publicada na Rede Brasil Atual:
Ativistas e lideranças do PT de São Paulo defenderam, em encontro na noite de quinta-feira (5) no centro da capital, ações para acabar com o que chamaram de blindagem da mídia aos governos do PSDB. Para eles, os meios de comunicação do estado são os principais responsáveis pela continuidade tucana no Palácio dos Bandeirantes.
O encontro buscava detalhar propostas de políticas de comunicação para um eventual governo de Aloízio Mercadante, candidato da legenda em São Paulo. Para Aparecido Luiz da Silva, o Cidão, secretário de Comunicação do PT-SP, um dos caminhos seria adotar um modelo de distribuição de anúncios do setor público semelhante ao empregado na gestão federal. "Precisaríamos dividir o bloco publicitário com os veículos menores, do interior e democratizar a comunicação, para não passar quatro anos de raiva com a mídia falando mal da gente", sugeriu.
Para Paulo Salvador, diretor da Editora Atitude, que produz a Rede Brasil Atual, a Revista do Brasil, a Rádio e os jornais Brasil Atual, é preciso superar um patamar de ingenuidade. "A ideia de que uma boa assessoria de imprensa resolve já se mostrou equivocada, porque a mídia é destrutiva em relação às construções sociais. Não podemos acreditar que vamos mudar o país e o estado com essa mídia que não tem apreço sequer à verdade e aos fatos", criticou.
"É necessária uma tomada de consciência de que a comunicação é estratégica", insistiu. Salvador usou a articulação de 60 sindicatos em torno dos projetos de comunicação a que representa como um exemplo dessa prioridade.
"Após oito anos de governo Lula, deveríamos estar democratizando a comunicação", criticou Joaquim Palhares, diretor da agência Carta Maior. "Na América Latina, o que se vê (em termos de democracia nos meios de comunicação) é ainda pior, o que nos coloca em uma posição de fragilidade da soberania dos povos", avalia. Ele considera que sem avançar na pluralidade da mídia, "perde-se tudo em cinco anos de governo de direita", por não terem sido estabelecidas raízes das transformações junto à população.
Palhares mostrou que todos os veículos da mídia conservadora, os maiores grupos, dependem de verba publicitária do setor público. Por isso, ele defendeu que, em uma eventual gestão de Mercadante, 20% dos recursos publicitários do estado sejam destinados a criar um fundo para projetos de comunicação escolhidos por meio de editais públicos.
Essas e outras propostas colhidas no encontro, realizado instantes antes do início do primeiro debate entre os presidenciávies, poderão ser incorporadas ao programa de governo petista em São Paulo.
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Ativistas e lideranças do PT de São Paulo defenderam, em encontro na noite de quinta-feira (5) no centro da capital, ações para acabar com o que chamaram de blindagem da mídia aos governos do PSDB. Para eles, os meios de comunicação do estado são os principais responsáveis pela continuidade tucana no Palácio dos Bandeirantes.
O encontro buscava detalhar propostas de políticas de comunicação para um eventual governo de Aloízio Mercadante, candidato da legenda em São Paulo. Para Aparecido Luiz da Silva, o Cidão, secretário de Comunicação do PT-SP, um dos caminhos seria adotar um modelo de distribuição de anúncios do setor público semelhante ao empregado na gestão federal. "Precisaríamos dividir o bloco publicitário com os veículos menores, do interior e democratizar a comunicação, para não passar quatro anos de raiva com a mídia falando mal da gente", sugeriu.
Para Paulo Salvador, diretor da Editora Atitude, que produz a Rede Brasil Atual, a Revista do Brasil, a Rádio e os jornais Brasil Atual, é preciso superar um patamar de ingenuidade. "A ideia de que uma boa assessoria de imprensa resolve já se mostrou equivocada, porque a mídia é destrutiva em relação às construções sociais. Não podemos acreditar que vamos mudar o país e o estado com essa mídia que não tem apreço sequer à verdade e aos fatos", criticou.
"É necessária uma tomada de consciência de que a comunicação é estratégica", insistiu. Salvador usou a articulação de 60 sindicatos em torno dos projetos de comunicação a que representa como um exemplo dessa prioridade.
"Após oito anos de governo Lula, deveríamos estar democratizando a comunicação", criticou Joaquim Palhares, diretor da agência Carta Maior. "Na América Latina, o que se vê (em termos de democracia nos meios de comunicação) é ainda pior, o que nos coloca em uma posição de fragilidade da soberania dos povos", avalia. Ele considera que sem avançar na pluralidade da mídia, "perde-se tudo em cinco anos de governo de direita", por não terem sido estabelecidas raízes das transformações junto à população.
Palhares mostrou que todos os veículos da mídia conservadora, os maiores grupos, dependem de verba publicitária do setor público. Por isso, ele defendeu que, em uma eventual gestão de Mercadante, 20% dos recursos publicitários do estado sejam destinados a criar um fundo para projetos de comunicação escolhidos por meio de editais públicos.
Essas e outras propostas colhidas no encontro, realizado instantes antes do início do primeiro debate entre os presidenciávies, poderão ser incorporadas ao programa de governo petista em São Paulo.
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Blogosfera: A turma da Kombi faz a hora
Reproduzo artigo de Lula Miranda, publicado no sítio Carta Maior:
O texto que segue versa sobre o poder da internet [mais precisamente da chamada “blogosfera”] na modificação do paradigma da comunicação e da mídia no país, e, como conseqüência ou instância última, na transformação da sociedade. É um “corte”. Apesar de longo [peço-lhe desculpas de antemão por ser demasiado prolixo] esse artigo é um pequeno-grande capítulo dessa história. O título, para aqueles que ainda não perceberam, alude a certa frase de um certo ex-presidente da Suprema Corte do país, e também àquela antiga canção de protesto “Para não dizer que não falei de flores” mais conhecida como “Caminhando e Cantando”. A alusão a essa canção, por sua vez, pretende remeter àqueles tempos em que alguns jovens “idealistas” sonhavam mudar o Brasil. A tal “turma da Kombi” seria, na visão dos “reacionários”, o povo da blogosfera que, agora, “faz a hora, não espera acontecer”.
A comunicação no Brasil está mudando. Graças à internet. O Brasil está mudando. Graças ao bafejar dos ventos mudancistas soprados por uns tais “militantes da utopia”, por aqueles que desejam e combatem, desde sempre, seja enfrentando a sordidez da real política seja navegando/militando na blogosfera, por uma democracia plena e, mais ainda, desejosos que este país seja, de fato, um país de/para todos os brasileiros.
[Contextualizando: a atmosfera que se respirava na época ou a “ambiência”. Vivia-se a retomada da anima esquerdista, incorporava-se o espírito das reuniões do Fórum Social Mundial que nos ensinava que “um outro mundo era possível”. Se um outro mundo era possível, então uma nova comunicação também era possível e, mais que isso, necessária. Diversas reuniões e conferências sobre comunicação “pipocavam” por todo o país]
Os blogs, no começo utilizados por alguns como uma espécie de singelo diário eletrônico ou virtual, evoluiu, amadureceu bastante [mas ainda não o suficiente] e se transformou, nos dias que correm, em vital instrumento de comunicação e combate aos humores do “mercadismo” e à grande mídia oligopolista, que, sabemos, era pretensa detentora do monopólio da verdade. Ou seja: a versão deles dos fatos [e da história] era a que prevalecia, posto que apenas veiculava-se essa versão “única”, apenas essa única maneira de ver o mundo tinha espaço. Hoje, não mais. Graças ao poder da participação do cidadão. Graças à força da cidadania.
“Cidadania.com” era, a propósito, o nome de um desses blogs precursores. Pilotado por um comerciante, um cidadão comum que, inconformado com as manipulações e inverdades publicadas diuturnamente pelos grandes jornais, resolvera ir à luta e “botar a boca no trombone”. Esse homem comum foi, decerto, a princípio, utilizado/manietado como um “inocente útil” pelos colunistas e editores desses “jornalões”. Mas, quando passou obstinadamente a buscar “a verdade”, tal qual um Quixote redivivo, foi logo descartado e rotulado de “louco” por esses mesmos colunistas e editores que antes lhe davam guarida e paparicavam. O espírito ali já se revelava outro: o homem comum, o leitor, buscava participar da tessitura da realidade, da notícia. Quem sabe faz a hora. O homem ordinário desejava ser extraordinário.
Eduardo Guimarães [este é o nome desse personagem], talvez após constatar que a solução para aquele problema que lhe incomodava deveras [e a muitos como ele] não passava somente pelo estratagema, digamos, bem intencionado, mas talvez ingênuo, de melhorar o jornalismo praticado pelos grandes veículos/grupos de comunicação utilizando-se tão-somente de esporádicas manifestações nos espaços dedicados aos leitores, teve então a idéia de criar um movimento agrupando aqueles que, como ele, se sentiam sem vez e voz, incomodados com o “duplipensar” e a “novilíngua” daquela imprensa que, desde sempre – agora, enfim, ele comprovara – esteve a serviço dos chamados “donos do poder”. Guimarães [e muitos com ele] naquele instante apreendeu a lição. Nascia então o MSM – Movimento dos Sem Mídia.
E foi exatamente esse mesmo MSM que, a despeito das suas fragilidades e insuficiências, dentre as várias ações que realizou, empreendeu uma que marcou, de modo indelével, definitivo a história dessas eleições de 2010. O movimento, agora uma ONG, entrou com uma representação na Procuradoria Geral Eleitoral (PGE) ajuizando a abertura de um processo em que solicita auditoria, fiscalização e acompanhamento das pesquisas realizadas por todos os institutos, pois havia fortes indícios de manipulação nessas sondagens [as principais suspeitas recaíam sobre DataFolha e Ibope]. O inquérito foi aberto e o processo instaurado (Nº 4559.2010-33). A Polícia Federal está investigando. Daí em diante, as empresas de pesquisas, e também o PIG, colocaram as barbas de molho. Não dava mais para mexer nos dados, dar uns 10 ou 12 pontos de vantagem ao candidato da oposição de direita e dizer-lhe: “Vai que a gente garante!”. Esse “empurrãozinho” fraudulento o conduziria direto ao abismo.
Porém, nessa breve história que lhes conto aqui existem outros, vários protagonistas e precursores. E é essa exatamente a principal característica da “blogosfera”: o chamado “protagonismo cidadão”. Leitores e articulistas-militantes se envolvem numa quase-perfeita sintonia. As notícias e opiniões são comentadas e, muitas vezes, contestadas em tempo real. Os comentários postados são, algumas das vezes, mais ricos e esclarecedores que os próprios artigos ou “posts” originais. Os leitores são agentes ativos do debate nacional, não mais passivos.
Para assomo de alguns “puristas”, alguns jornalistas egressos da grande mídia também se engajaram nessa intrincada, árdua e aparentemente inglória tarefa de construir e trilhar os caminhos de uma nova comunicação. Antes, você deve se lembrar, esse mister, esse ofício era atribuído à chamada imprensa alternativa. Surgem, porém, nomes de “celebridades” proscritas da grande mídia como “o impagável” Paulo Henrique Amorim e “o mineiríssimo” Luis Nassif, bem como nomes mais ou menos célebres como Luiz Carlos Azenha e Rodrigo Vianna, dentre outros.
Nassif tatuou a ferro e fogo seu nome nessa história quando publicou em seu blog o “Dossiê Veja”, onde revela os bastidores sombrios e pútridos desse semanário e da grande imprensa em geral – em decorrência disso responde hoje a inúmeros processos com custos (ou seriam custas?) de difícil mensuração. Atravessou para o lado de cá e queimou as caravelas que poderiam conduzir-lhe de volta. Nassif comeu o pão que o diabo amassou. Hoje pilota uma das mais instigantes e competentes experiências em jornalismo colaborativo na blogosfera.
Paulo Henrique Amorim, com seu jeito bonachão e galhofeiro de “bom carioca” foi intrépido e arriscou: deu vez e voz ao valente e “ínclito” delegado Protógenes Queiroz em sua luta contra o “banqueiro bandido” [nas palavras deste último]. Bateu de frente com gigantes das telecomunicações e foi “saído” do portal IG. É dele a “tirada”: “O supremo presidente do Supremo, Gilmar Dantas – como diria o Noblat”. Paulo Henrique também responde a inúmeros processos na Justiça. É inegável a importante contribuição que esses “traidores” da grande imprensa, por assim dizer [com o auxílio da ferina ironia do destino], deram à causa desses aqui chamados “militantes da utopia” ou, como querem alguns, dessa “turma que não enche uma Kombi”.
A estes se somam, como disse, outros, vários, diversos personagens anônimos [já nem tão anônimos assim] e protagonistas nesse “levante” dos “utopistas”. Ouso citar alguns só para cometer o pecado de me esquecer de muitos.
São importantes personagens dessa nova comunicação veículos como Carta Maior, Caros Amigos [faço aqui uma referência e reverência ao saudoso Sergio de Souza], Revista Carta Capital, ConversaAfiada, Nassif OnLine, Vi o Mundo, Escrevinhador, Blog da Cidadania, Vermelho.org.br [e o blog do Miro], Revista Fórum [revista, site e blog capitaneado por Renato Rovai], Revista do Brasil [alô, alô, Paulo Donizette!], RS Urgente, Abunda Canalha, Amigos do Presidente Lula [alô, alô, Helena Stephanowitz!], Óleo do Diabo, Cloaca News, Tijolaço [blog do jovem e valente deputado Brizola Neto - como o nome “entrega”, neto do saudoso e valoroso Leonel Brizola].
Não tenho aqui a pretensão de contar toda essa grande história em toda sua magnitude e dimensão; de enumerar/citar todos os seus mais importantes feitos, fatos e personagens – pois são muitos os seus aguerridos combatentes. Tampouco tenho a pretensão de mostrar a melhor visão ou enfoque desse rico movimento, essa onda que hoje se levanta diante de nossas retinas já tão fatigadas cristalizando o tal “quem sabe faz a hora acontecer”.
Trata-se apenas, como disse, de um “corte”, um “primeiro capítulo” de uma obra em construção. Mais um olhar, mais uma palavra semeada que, característica inerente a essa nova comunicação libertária, soma-se à sua visão e palavra, prezado leitor-cidadão, e se espalha. Enredo que se enreda rede adentro, mundo afora, por intermédio da internet e da blogosfera.
Não mais a serviço de um único tutor ou “dono”, seja esse “dono” uma empresa, um “coroné”, um partido ou uma determinada oligarquia. Sempre a serviço da “causa”. Qual seja: uma comunicação revolucionária, democrática e um Brasil para todos.
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O texto que segue versa sobre o poder da internet [mais precisamente da chamada “blogosfera”] na modificação do paradigma da comunicação e da mídia no país, e, como conseqüência ou instância última, na transformação da sociedade. É um “corte”. Apesar de longo [peço-lhe desculpas de antemão por ser demasiado prolixo] esse artigo é um pequeno-grande capítulo dessa história. O título, para aqueles que ainda não perceberam, alude a certa frase de um certo ex-presidente da Suprema Corte do país, e também àquela antiga canção de protesto “Para não dizer que não falei de flores” mais conhecida como “Caminhando e Cantando”. A alusão a essa canção, por sua vez, pretende remeter àqueles tempos em que alguns jovens “idealistas” sonhavam mudar o Brasil. A tal “turma da Kombi” seria, na visão dos “reacionários”, o povo da blogosfera que, agora, “faz a hora, não espera acontecer”.
A comunicação no Brasil está mudando. Graças à internet. O Brasil está mudando. Graças ao bafejar dos ventos mudancistas soprados por uns tais “militantes da utopia”, por aqueles que desejam e combatem, desde sempre, seja enfrentando a sordidez da real política seja navegando/militando na blogosfera, por uma democracia plena e, mais ainda, desejosos que este país seja, de fato, um país de/para todos os brasileiros.
[Contextualizando: a atmosfera que se respirava na época ou a “ambiência”. Vivia-se a retomada da anima esquerdista, incorporava-se o espírito das reuniões do Fórum Social Mundial que nos ensinava que “um outro mundo era possível”. Se um outro mundo era possível, então uma nova comunicação também era possível e, mais que isso, necessária. Diversas reuniões e conferências sobre comunicação “pipocavam” por todo o país]
Os blogs, no começo utilizados por alguns como uma espécie de singelo diário eletrônico ou virtual, evoluiu, amadureceu bastante [mas ainda não o suficiente] e se transformou, nos dias que correm, em vital instrumento de comunicação e combate aos humores do “mercadismo” e à grande mídia oligopolista, que, sabemos, era pretensa detentora do monopólio da verdade. Ou seja: a versão deles dos fatos [e da história] era a que prevalecia, posto que apenas veiculava-se essa versão “única”, apenas essa única maneira de ver o mundo tinha espaço. Hoje, não mais. Graças ao poder da participação do cidadão. Graças à força da cidadania.
“Cidadania.com” era, a propósito, o nome de um desses blogs precursores. Pilotado por um comerciante, um cidadão comum que, inconformado com as manipulações e inverdades publicadas diuturnamente pelos grandes jornais, resolvera ir à luta e “botar a boca no trombone”. Esse homem comum foi, decerto, a princípio, utilizado/manietado como um “inocente útil” pelos colunistas e editores desses “jornalões”. Mas, quando passou obstinadamente a buscar “a verdade”, tal qual um Quixote redivivo, foi logo descartado e rotulado de “louco” por esses mesmos colunistas e editores que antes lhe davam guarida e paparicavam. O espírito ali já se revelava outro: o homem comum, o leitor, buscava participar da tessitura da realidade, da notícia. Quem sabe faz a hora. O homem ordinário desejava ser extraordinário.
Eduardo Guimarães [este é o nome desse personagem], talvez após constatar que a solução para aquele problema que lhe incomodava deveras [e a muitos como ele] não passava somente pelo estratagema, digamos, bem intencionado, mas talvez ingênuo, de melhorar o jornalismo praticado pelos grandes veículos/grupos de comunicação utilizando-se tão-somente de esporádicas manifestações nos espaços dedicados aos leitores, teve então a idéia de criar um movimento agrupando aqueles que, como ele, se sentiam sem vez e voz, incomodados com o “duplipensar” e a “novilíngua” daquela imprensa que, desde sempre – agora, enfim, ele comprovara – esteve a serviço dos chamados “donos do poder”. Guimarães [e muitos com ele] naquele instante apreendeu a lição. Nascia então o MSM – Movimento dos Sem Mídia.
E foi exatamente esse mesmo MSM que, a despeito das suas fragilidades e insuficiências, dentre as várias ações que realizou, empreendeu uma que marcou, de modo indelével, definitivo a história dessas eleições de 2010. O movimento, agora uma ONG, entrou com uma representação na Procuradoria Geral Eleitoral (PGE) ajuizando a abertura de um processo em que solicita auditoria, fiscalização e acompanhamento das pesquisas realizadas por todos os institutos, pois havia fortes indícios de manipulação nessas sondagens [as principais suspeitas recaíam sobre DataFolha e Ibope]. O inquérito foi aberto e o processo instaurado (Nº 4559.2010-33). A Polícia Federal está investigando. Daí em diante, as empresas de pesquisas, e também o PIG, colocaram as barbas de molho. Não dava mais para mexer nos dados, dar uns 10 ou 12 pontos de vantagem ao candidato da oposição de direita e dizer-lhe: “Vai que a gente garante!”. Esse “empurrãozinho” fraudulento o conduziria direto ao abismo.
Porém, nessa breve história que lhes conto aqui existem outros, vários protagonistas e precursores. E é essa exatamente a principal característica da “blogosfera”: o chamado “protagonismo cidadão”. Leitores e articulistas-militantes se envolvem numa quase-perfeita sintonia. As notícias e opiniões são comentadas e, muitas vezes, contestadas em tempo real. Os comentários postados são, algumas das vezes, mais ricos e esclarecedores que os próprios artigos ou “posts” originais. Os leitores são agentes ativos do debate nacional, não mais passivos.
Para assomo de alguns “puristas”, alguns jornalistas egressos da grande mídia também se engajaram nessa intrincada, árdua e aparentemente inglória tarefa de construir e trilhar os caminhos de uma nova comunicação. Antes, você deve se lembrar, esse mister, esse ofício era atribuído à chamada imprensa alternativa. Surgem, porém, nomes de “celebridades” proscritas da grande mídia como “o impagável” Paulo Henrique Amorim e “o mineiríssimo” Luis Nassif, bem como nomes mais ou menos célebres como Luiz Carlos Azenha e Rodrigo Vianna, dentre outros.
Nassif tatuou a ferro e fogo seu nome nessa história quando publicou em seu blog o “Dossiê Veja”, onde revela os bastidores sombrios e pútridos desse semanário e da grande imprensa em geral – em decorrência disso responde hoje a inúmeros processos com custos (ou seriam custas?) de difícil mensuração. Atravessou para o lado de cá e queimou as caravelas que poderiam conduzir-lhe de volta. Nassif comeu o pão que o diabo amassou. Hoje pilota uma das mais instigantes e competentes experiências em jornalismo colaborativo na blogosfera.
Paulo Henrique Amorim, com seu jeito bonachão e galhofeiro de “bom carioca” foi intrépido e arriscou: deu vez e voz ao valente e “ínclito” delegado Protógenes Queiroz em sua luta contra o “banqueiro bandido” [nas palavras deste último]. Bateu de frente com gigantes das telecomunicações e foi “saído” do portal IG. É dele a “tirada”: “O supremo presidente do Supremo, Gilmar Dantas – como diria o Noblat”. Paulo Henrique também responde a inúmeros processos na Justiça. É inegável a importante contribuição que esses “traidores” da grande imprensa, por assim dizer [com o auxílio da ferina ironia do destino], deram à causa desses aqui chamados “militantes da utopia” ou, como querem alguns, dessa “turma que não enche uma Kombi”.
A estes se somam, como disse, outros, vários, diversos personagens anônimos [já nem tão anônimos assim] e protagonistas nesse “levante” dos “utopistas”. Ouso citar alguns só para cometer o pecado de me esquecer de muitos.
São importantes personagens dessa nova comunicação veículos como Carta Maior, Caros Amigos [faço aqui uma referência e reverência ao saudoso Sergio de Souza], Revista Carta Capital, ConversaAfiada, Nassif OnLine, Vi o Mundo, Escrevinhador, Blog da Cidadania, Vermelho.org.br [e o blog do Miro], Revista Fórum [revista, site e blog capitaneado por Renato Rovai], Revista do Brasil [alô, alô, Paulo Donizette!], RS Urgente, Abunda Canalha, Amigos do Presidente Lula [alô, alô, Helena Stephanowitz!], Óleo do Diabo, Cloaca News, Tijolaço [blog do jovem e valente deputado Brizola Neto - como o nome “entrega”, neto do saudoso e valoroso Leonel Brizola].
Não tenho aqui a pretensão de contar toda essa grande história em toda sua magnitude e dimensão; de enumerar/citar todos os seus mais importantes feitos, fatos e personagens – pois são muitos os seus aguerridos combatentes. Tampouco tenho a pretensão de mostrar a melhor visão ou enfoque desse rico movimento, essa onda que hoje se levanta diante de nossas retinas já tão fatigadas cristalizando o tal “quem sabe faz a hora acontecer”.
Trata-se apenas, como disse, de um “corte”, um “primeiro capítulo” de uma obra em construção. Mais um olhar, mais uma palavra semeada que, característica inerente a essa nova comunicação libertária, soma-se à sua visão e palavra, prezado leitor-cidadão, e se espalha. Enredo que se enreda rede adentro, mundo afora, por intermédio da internet e da blogosfera.
Não mais a serviço de um único tutor ou “dono”, seja esse “dono” uma empresa, um “coroné”, um partido ou uma determinada oligarquia. Sempre a serviço da “causa”. Qual seja: uma comunicação revolucionária, democrática e um Brasil para todos.
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“A mídia é concentrada e de direita”
Reproduzo entrevista concedida ao jornalista Osvaldo Bertolino, publicada no sítio da Fundação Maurício Grabois:
Nesta entrevista ao Grabois.org, o jornalista, secretário de Mídia do PCdoB e presidente do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé Altamiro Borges comenta o papel da mídia na formação do Brasil. Para ele, há duas tendências na mídia que não se revertem a não ser com rupturas. Uma é concentração e a outra a maior capacidade de manipulação. “Cada vez mais ela é concentrada e cada vez com posições mais à direita”, diz. Segundo Altamiro Borges, a mídia alternativa tem o papel de fazer a disputa com setores formadores de opinião. Mas não ganha eleição. “O que ganha a eleição são as mudanças no Brasil”, afirma.
O que é o Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé. O que é?
A ideia é fruto dos dois últimos anos, 2008 e 2009, em que o debate sobre democratização da comunicação ganhou certo impulso, principalmente no ano passado com a convocação da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). Essa era uma reivindicação antiga dos movimentos sociais. No interior do governo havia quem era contra. Havia forte pressão das empresas de comunicação para não se realizar a Conferência. Mas ela saiu. Foi convocada em janeiro, depois de anunciada no Fórum Social Mundial de Belém (FSM) em Belém, Pará, pelo presidente Lula anunciou. Para surpresa de muita gente, saiu. Isso fez com que o debate sobre comunicação ganhasse outra dimensão no Brasil.
O Barão de Itararé é fruto desse movimento. Aglutinou muita gente, trouxe à tona muitos que inclusive estão na chamada grande imprensa e que tem uma posição crítica. Muitas entidades do movimento social se inseriram nessa batalha. O Centro não nasceu do nada. Nasceu dessa luta pela democratização da comunicação, casada evidentemente com sua antítese — que é o desmascaramento da mídia hegemônica. Conforme vai caindo a ficha do que representa essa mídia, a luta pela democratização da comunicação cresce.
A ideia do Barão de Itararé, primeiro, é essa homenagem a um grande jornalista brasileiro, Aparício Fernando Brinkerhoff Torelly, um gaúcho que fez toda a sua história no Rio de Janeiro. Foi inclusive foi vereador do Partido Comunista do Brasil, o PCB, no Rio de Janeiro. Era um jornalista muito crítico. Ele foi o jornalista que fez a primeira imprensa alternativa no Brasil — tirando a imprensa sindical, anarquista e comunista. A primeira imprensa alternativa não partidária e nem sindical no Brasil, como o jornal A Manha, o Almanhaque.
Outra característica dele foi a irreverência, a ironia. O Barão é considerado o pai do humorismo no Brasil. Por isso, resolvemos fazer uma homenagem a essa figura, cujas idéias casam com o período que estamos vivendo. Esse movimento de sites, blogs é muito irreverente. A ideia do Barão é agregar essas pessoas, os vários movimentos sociais, agregar as entidades que lutam pela democratização da comunicação, as várias publicações, sites, revistas, jornais que têm um papel contra-hegemônico. E agregar pessoas que têm tido um papel importante na denúncia dessa mídia golpista. Pessoas como Paulo Henrique Amorim, Luis Nassif, Leandro Fortes, Maria Inês Nassif, Luis Carlos Azenha, Rodrigo Viana etc.
São pessoas que têm tido uma contribuição muito grande para estimular o senso crítico, um jornalismo mais crítico. O Barão procura agregar tudo isso. Para quê? Basicamente para quatro coisas: contribuir para o fortalecimento da luta pela democratização da comunicação; contribuir para o fortalecimento das mídias alternativas já existentes ou por existir - como blogs, sites, rádios comunitárias, TVs comunitárias, TVs públicas etc. -; e ajudar na formação dessa galera. Aprendo com ela, pois não há teoria pronta para isso. No intercâmbio vamos construir uma formação, desde o jornalista que está na faculdade — que está sendo formado para ser William Bonner e Fátima Bernardes da vida, mas que poderia ter um senso crítico maior — até a pessoa que está fazendo radiodifusão comunitária, jornal sindical, jornal de bairro.
A idéia é ajudar na pesquisa, no estudo, tentar entender mais o que ocorre com a mídia não apenas no sentido do reativo. Essa mídia que está aí é a nossa crítica, mas estudar principalmente o que está pintando de novo, porque há muita coisa nova. Alguns autores até chamam de nova mídia. Então, tentar entender o que está acontecendo e potencializar isso.
Você diria que o Barão é resultado dessa ressaca da mídia dominante, depois daquela investida feroz, golpista contra o governo Lula?
Para mim, ele é resultado de duas coisas. Do desmascaramento e da ressaca dessa mídia que está aí, com sua overdose de manipulação e golpismo, de preconceito, de pensamento único. E é resultado não apenas da constatação, não apenas da ressaca, mas da reação a essa overdose. É resultado da crítica e do movimento. Da crítica a essa mídia que está aí e do movimento que vem sendo feito principalmente nesse último período por democratização da comunicação no Brasil. A meu ver, são essas duas coisas.
Você acha que a mídia, depois dessa invertida na tentativa frustrada de golpe contra o governo Lula, tem força nestas eleições?
A meu ver, tem. Para mim, a mídia perdeu força. Hoje ela é mais vulnerável. Mais vulnerável basicamente por três razões. Primeiro pela própria mudança tecnológica. O velho Marx tinha razão, porque quando as forças produtivas se mexem outras coisas se movem. O fato de haver alterações profundas na base tecnológica da comunicação, como a internet, fragilizou essa mídia. Vê-se uma queda de tiragem de jornais. Isso não apenas no Brasil.
No Brasil chama a atenção o fato de a Folha de S.Paulo, que na década de 1980 tinha uma tiragem de 1.000.000 /1.100 milhão exemplares aos domingos, hoje ter 300 mil. É um negócio impressionante. O mesmo se dá com o Estadão, com O Globo, com o Correio Brasiliense. Porque houve uma migração dessa mídia impressa para a mídia virtual, para a internet. Isso ocorre não só a mídia impressa. Mesmo a televisão está perdendo audiência. Esse é um fenômeno que se verifica nos Estados Unidos, na Europa, e começa a se verificar no Brasil. As pessoas estão saindo da TV, que é uma coisa unidirecional: o sujeito está lá, sentado no sofá, e ouve todas as abobrinhas ditas. A pessoa é passiva. Já a internet que é mais interativa. A pessoa pode escrever, colocar o filme dela, a foto.
Acho que na crise dessa mídia tradicional tem como primeira razão a questão tecnológica. A segunda é a crise de credibilidade – que Emir Sader chama de crise moral –, porque essa mídia vem se desgastando no Brasil e no mundo. Veja nos EUA, onde se destacou a capacidade de manipulação da mídia na preparação da invasão do Iraque. Tudo o que se disse sobre armas químicas e bacteriológicas era papo furado, era mentira do Bush que a mídia amplificou. O único jornal que reconheceu isso foi o The New York Times — embora timidamente.
Fico imaginando na Venezuela, onde houve um golpe que foi orquestrado pela mídia. O próprio Chávez chama de golpe midiático. Aquele povo não acredita muito na mídia, não chora de amores pela RCTV, que teve a outorga cancelada recentemente. E nem pela Globovisión, com seu dono metido em corrupção. Outro exemplo é a Bolívia, onde quase 90% das notícias na campanha eleitoral, na vitória de Morales, foram contra ele. Ou no Brasil. Há uma crise de credibilidade.
Acho que um terceiro fator é o crescimento de uma consciência crítica, que se materializa até em mudanças legislativas. Têm ocorrido mudanças importantes na Venezuela, no Uruguai, na Argentina, na Nicarágua, em El Salvador, Equador, na Bolívia etc. Portanto, começa a ter não só perda de credibilidade, mas começa a se pensar em alternativas. Políticas públicas, regulamentação. Por isso, acho que essa mídia está em crise. Mas não acho que essa crise tire o poder da mídia. Ela ainda tem ainda muita capacidade de interferir na sociedade.
Há a tese de que acabou-se aquela história da pedra na lagoa que bate e se expande. As redes estariam superando esse efeito. Mas não superam a TV Globo. A TV Globo tem um poder monstruoso. Pegue pela Copa. Nas ruas o povo repete a argumentação da Globo. O Dunga – e olha que eu não gosto do Dunga, acho um técnico retranqueiro – é o vilão e a Globo, coitadinha, a vítima. A televisão ainda tem um papel fenomenal. Os jornais têm um papel fenomenal. A revista Veja, com 1 milhão de exemplares para a classe média, faz a cabeça. Acho que a mídia está mais vulnerável, mas não significa que ela perdeu o seu papel.
Existe uma pesquisa do Vox Populi que mostra que, em 2006, se não fosse o papel da Globo a eleição teria sido decidida no primeiro turno. Aquela onda que a Globo fez nos dois últimos dias, com os tais dos aloprados com pacotes de dinheiro, fez com que 6% do eleitorado se movessem. Foi o que garantiu o segundo turno. Por isso, acho que ela ainda tem muito poder. Às vezes o pessoal brinca que a mídia está na UTI. Nada, a mídia para ir para a UTI ainda vai demorar um bocado.
Você vê um componente ideológico nesses movimentos, baseado no fato de que o sistema norte-americano vai mais para a direita e desperta seu contraponto?
Gramsci, uma figura interessante, ao estudar mais essas chamadas sociedades complexas do Ocidente, como ficou a terminologia, estudou a questão da luta ideológica, o papel da hegemonia. E Gramsci, já nas décadas de 1920 e 1930, disse que quando as instituições da burguesia entram em crise a imprensa – não era a mídia – ocupa o papel do partido da classe dominante, ocupa o papel do partido do capital. Hoje, as instituições burguesas estão com dificuldades de administrar esse mundo cada vez mais sob a hegemonia do capital financeiro, cada vez mais desregulado. Há uma crise dessas instituições e a imprensa passa a ocupar o papel mais proeminente na sociedade.
Não quer dizer que ela não ocupasse isso no passado. Ela já ocupava. Se pegarmos a história do Brasil, o papel da imprensa foi decisivo. Veja o papel do Estadão na época de Canudos. Peguemos fatos mais recentes, de 60 anos para cá – no governo Getúlio Vargas, por exmplo, no governo do Juscelino Kubitschek. Ou o fato dramático que foi o golpe de 1964. Quem ajudou a preparar o golpe de 1964 foi a imprensa. Inclusive, certos chavões ditos hoje são mesmos daquela época. Eles não têm nem criatividade para mudá-los. A história de república sindical que a revista Época recentemente usou tem as mesmas terminologias.
Há um estudo impressionante de um pesquisador da Fundação Getúlio Vargas sobre o papel que a imprensa teve na Constituinte. Como ela foi moldando a Constituinte. Lembremos o papel que a imprensa teve na campanha das diretas, na eleição de Collor. Acho que cada vez mais ela vai por uma confluência, porque adquiriu maior poder econômico. O o setor de comunicação e de telecomunicação é um dos setores que mais cresce na economia mundial. Isso decorre da fragilidade, da crise vivida pelo capital. A mpidia passa a ocupar o papel de partido do capital de forma mais proeminente. E o partido do capital, na situação do mundo atual, tem uma marca reacionária muito forte.
O capital vai contra a humanidade. Esse sistema é contra a humanidade. Portanto, para se expressar a hegemonia desse sistema é preciso ter uma atitude cada vez mais reacionária. Há duas tendências na mídia que não se revertem a não ser com rupturas. Uma é concentração e a outra a maior capacidade de manipulação. São duas tendências: concentração e direitização. Cada vez mais ela é concentrada e cada vez com posições mais à direita. Lógico, com contradições. Não dá para ter uma visão também fechada, totalmente blocada.
No Brasil já temos uma concentração histórica. Você falou do golpe de 1964. No pós-golpe de 1964 começou a montagem desses grupos poderosos...
Já havia concentração antes. Porque temos problemas na legislação brasileira e na tradição brasileira. Na Europa, por exemplo, principalmente no pós-Segunda Guerra Mundial, enfrentou-se o papel que a imprensa teve no surgimento do nazi-fascismo. Estudou-se uma forma de democratizar a comunicação, de quebrar aqueles monopólios que foram incentivadores ou cúmplices do nazi-fascismo. Surgiu então a rede pública, como a BBC de Londres, que vem da resistência ao nazi-fascismo. Surgem também TVs públicas na França, na Itália. Mesmo nos EUA há uma rede pública com certa força.
No Brasil, nunca tivemos uma rede pública. Getúlio tenta montar uma, por meio da Rádio Nacional, mas não prosperou. Esse é um problema da mídia brasileira, só há o setor privado. Agora é que estão começando os primeiros passos da montagem de uma rede pública com a da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Então.
Um segundo problema é que nunca houve regulamentação desse setor no Brasil. Há regulamentação nessa área de mídia em várias partes do mundo. Nos EUA, por exemplo, o órgão regulamentador é forte — existem mais de 100 cassações e outorgas de TV e rádio por desrespeito à lei, à Constituição. No Brasil, sem nenhuma regulamentação o início da concentração começou cedo. O caso mais famoso é o de Assis Chateaubriand com os Diários Associados. Foi um baita império midiático. Com vários jornais, depois rádios. A biografia dele escrita pelo Fernando Morais é muito interessante. Ele era um chantagista, um mercenário da mídia.
A Globo, esse império, foi construída com o apoio da ditadura militar. Esse império só existiu por causa da ditadura militar, que permitou acordos lesivos, acordos contrários à legislação. O nascimento da TV Globo em aliança com uma empresa estadunidense, a Time Life, era proibido mas foi permitido. A Globo cresceu à sombra do regime militar. Aí é que ela se transforma num grande império. Hoje é isso, há sete famílias que dominam a mídia brasileira. É um negócio impressionante. São sete famílias.
Como essas famílias se realcionavam com o Estado? Temos exemplos mais recentes, como o caso das famosas concessões do ex-ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães (ACM).
A isso o professor Vinicius Lima chama de coronelismo eletrônico. Há o coronelismo do campo brasileiro e o coronelismo eletrônico. Tudo numa relação de promiscuidade, patrimonialismo com Estado, concessões, apoios. Então, vão sendo constituídos esses grandes grupos por meio de negociatas políticas. E essas grandes empresas passaram a ter um papel no Estado brasileiro. Basta pegar os ministros de Comunicação e, então, pode-se ver quem são. São pessoas vinculadas a essa área, que conta com muito poder. E aí funciona esse mecanismo de coronelismo, de troca de favores, de patriomonialismo.
É uma relação de promiscuidade muito grande. E desrespeitosa inclusive em relação à Constituição e às leis. Porque a legislação brasileira é taxativa: detentor de cargo público não pode ter meios de comunicação. Muito simples, coloca-se um fantasma, coloca-se um parente, mas continua tendo. Não era o ACM o dono da TV Bahia, mas a mulher dele. A mesma coisa com relação ao Sarney. Não é ele, mas o filho dele. E por aí vai. Vai sendo montado todo um esquema de promiscuidade pública e privada, de patrimonialismo mesmo. O que dá uma grande força a esses grupos.
O Luis Nassif usou o termo gangsterismo ao se referir a Otávio Frias, da Folha. Depois dessa ofensiva golpista alguns veículos até recuaram porque se desmoralizaram, mas a Folha e a Veja se mantêm na ofensiva. Você vê aí também gangsterismo?
Acho que são grupos com oscilações em determinados períodos históricos. Por exemplo, a Folha apoiou o golpe, apoiou o setor linha dura da ditadura na época do velho Frias. Não só apoiou escrevendo, chamando de terroristas, justificando assassinatos, como ajudou na logística –, cedeu carros de transporte de jornal para o serviço de repressão.
Quando ela percebe que o regime militar estava se fragilizando e não servia mais, teve uma oscilação ao desemmpenhar papel importantíssimo na luta pelas Diretas. Não dá para desconhecer isso. Lembra daquela capa histórica da campanha das Diretas na Catedral da Sé? A Folha quase foi um jornal da campanha das Diretas. A burguesia é muito hábil, tem flexibilidade. Às vezes a esquerda tem dificuldade de se flexibilizar, a direita se flexibiliza.
A Veja já foi o contrário. Ela nasce como uma revista de oposição. Com Mino Carta e outras figuras como Raimundo Pereira e Pedro de Oliveira. A Veja nasceu como uma revista de resistência. Depois vai se amoldando. Mas acho que ela nunca perdem o seu referencial de classe. Eles têm referencial de classe. Às vezes nós não temos muito. Eles têm. Eles não se iludem. Eles têm um projeto.
Acho que no caso do governo Lula, essa turma tem muito referencial de classe. Percebe o seguinte: no governo Lula, mesmo não enfrentando os problemas estruturais do país, eles batem sem dó. A Veja não perde o referencial de classe. Ela percebe que isso é um processo que pode, em perspectiva, colocar em perigo os seus projetos de classe. O Nassif fala isso porque ele sentiu na carne. Ele fala: com o governo Lula esse setor muda, assume a posição de gangster mesmo. Aí não tem mais conversa, é uma posição de classe. O governo Lula é um perigo.
Estão com mais medo ainda da Dilma. Eles têm mais medo dela porque falam, com faz o Jabbour, que Lula pelo menos é um conciliador que conseguiu afastar os “bolcheviques” e “jacobinos”. Já a Dilma talvez não consiga. Então, esse setor tem muito medo disso. É um problema de classe. Assume uma posição de gangster mesmo. Não tem conversa e vai para metralhar. Acho que a Folha e o Estadão têm demonstrado isso.
A meu ver, outros são mais hábeis, mas também na hora do vamos ver eles se juntam. A Globo sabe pressionar, obter determinadas benesses e dar uma recuadinha para depois pressionar novamente. O episódio da Petrobras é ótimo nesse sentido. A Globo obrigou os partidos de direita a entrar na CPI. Os tucanos e os demos não tinham muito interesse em entrar na briga contra a Petrobras. Quem pautou a direita para entrar na CPI foi a mídia.
Quando essa mesma mídia conseguiu o que queria — basta ver o número de anúncios como aumentou —, a mídia tirou o time de campo. Tanto é que o Rodrigo Maia (presidente do DEM) reclamou: “Nos deixaram pendurados”. É deixou mesmo. A mídia tem uma componente pragmática, mercenária, muito forte. Isso ela aprendeu com Chateaubriand. Aí não é gangsterismo, é algo de jogador de carteado.
A TV Globo parecia que tinha adotado um comportamento mais neutro em 2004, 2005, até 2006. Na hora de dar o bote, quem forçou o segundo turno foi a rede Globo. Não foi a Veja ou a Folha. Então, acho que essa turma não perde a oportunidade. A Maria Inês Nassif, do jornal Valor Econômico, diz isso na dissertação de mestrado dela: o governo Lula forçou um posicionamento mais explícito dessa mídia. Alguns, de forma gangsterista outros de forma mais habilidosa. Mas, a meu ver, no conjunto é um projeto de classe.
Como você vê a ação desse conjunto na campanha eleitoral?
Acho que a mídia alternativa não ganha eleição. Não foi a internet que ganhou as eleições em 2006. E não será a internet, pelo lado progressista, que vai ganhar as eleições de 2010. O que ganha a eleição são as mudanças no Brasil. O que ganha, mais do que a internet, é o Bolsa Família, o Luz para Todos, é o país crescendo, o salário-mínimo valorizado, o emprego.
Não foi a internet, nem blogs e sites progressistas que evitaram a manipulação da mídia e que garantiram a reeleição de Lula em 2006. Acho que aí seria muita presunção de nossa parte. Até porque a internet atinge uma parte pequena da população. Atinge 22%, 23%. A mídia alternativa, a meu ver, tem o papel de fazer a disputa com setores formadores de opinião. Ela tem o papel de municiar o debate de ideias. Ela consegue às vezes reverter determinadas coisas. Veja um episódio recente que, em minha opinião, foi extremamente educativo, sintomático: aquela história do clipping de 45 anos da TV Globo. Aquilo foi impressionante.
Ela fez um clipping e, por mera coincidência, era a cara do PSDB. Era o slogan de campanha do PSDB: O Brasil pode mais. Com a cor azul do PSDB e, por acaso, 45 anos, o número da legenda do PSDB. Houve um bombardeio na internet, rapidamente eles sondaram o TSE, perceberam que ia dar processo e recuaram. Se não houvesse aquela gritaria na internet, possivelmente a campanha durasse um pouco mais. A tendência é de que cada vez mais cresça esse papel. Porque a mídia se democratiza à medida que a sociedade se democratiza.
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Nesta entrevista ao Grabois.org, o jornalista, secretário de Mídia do PCdoB e presidente do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé Altamiro Borges comenta o papel da mídia na formação do Brasil. Para ele, há duas tendências na mídia que não se revertem a não ser com rupturas. Uma é concentração e a outra a maior capacidade de manipulação. “Cada vez mais ela é concentrada e cada vez com posições mais à direita”, diz. Segundo Altamiro Borges, a mídia alternativa tem o papel de fazer a disputa com setores formadores de opinião. Mas não ganha eleição. “O que ganha a eleição são as mudanças no Brasil”, afirma.
O que é o Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé. O que é?
A ideia é fruto dos dois últimos anos, 2008 e 2009, em que o debate sobre democratização da comunicação ganhou certo impulso, principalmente no ano passado com a convocação da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). Essa era uma reivindicação antiga dos movimentos sociais. No interior do governo havia quem era contra. Havia forte pressão das empresas de comunicação para não se realizar a Conferência. Mas ela saiu. Foi convocada em janeiro, depois de anunciada no Fórum Social Mundial de Belém (FSM) em Belém, Pará, pelo presidente Lula anunciou. Para surpresa de muita gente, saiu. Isso fez com que o debate sobre comunicação ganhasse outra dimensão no Brasil.
O Barão de Itararé é fruto desse movimento. Aglutinou muita gente, trouxe à tona muitos que inclusive estão na chamada grande imprensa e que tem uma posição crítica. Muitas entidades do movimento social se inseriram nessa batalha. O Centro não nasceu do nada. Nasceu dessa luta pela democratização da comunicação, casada evidentemente com sua antítese — que é o desmascaramento da mídia hegemônica. Conforme vai caindo a ficha do que representa essa mídia, a luta pela democratização da comunicação cresce.
A ideia do Barão de Itararé, primeiro, é essa homenagem a um grande jornalista brasileiro, Aparício Fernando Brinkerhoff Torelly, um gaúcho que fez toda a sua história no Rio de Janeiro. Foi inclusive foi vereador do Partido Comunista do Brasil, o PCB, no Rio de Janeiro. Era um jornalista muito crítico. Ele foi o jornalista que fez a primeira imprensa alternativa no Brasil — tirando a imprensa sindical, anarquista e comunista. A primeira imprensa alternativa não partidária e nem sindical no Brasil, como o jornal A Manha, o Almanhaque.
Outra característica dele foi a irreverência, a ironia. O Barão é considerado o pai do humorismo no Brasil. Por isso, resolvemos fazer uma homenagem a essa figura, cujas idéias casam com o período que estamos vivendo. Esse movimento de sites, blogs é muito irreverente. A ideia do Barão é agregar essas pessoas, os vários movimentos sociais, agregar as entidades que lutam pela democratização da comunicação, as várias publicações, sites, revistas, jornais que têm um papel contra-hegemônico. E agregar pessoas que têm tido um papel importante na denúncia dessa mídia golpista. Pessoas como Paulo Henrique Amorim, Luis Nassif, Leandro Fortes, Maria Inês Nassif, Luis Carlos Azenha, Rodrigo Viana etc.
São pessoas que têm tido uma contribuição muito grande para estimular o senso crítico, um jornalismo mais crítico. O Barão procura agregar tudo isso. Para quê? Basicamente para quatro coisas: contribuir para o fortalecimento da luta pela democratização da comunicação; contribuir para o fortalecimento das mídias alternativas já existentes ou por existir - como blogs, sites, rádios comunitárias, TVs comunitárias, TVs públicas etc. -; e ajudar na formação dessa galera. Aprendo com ela, pois não há teoria pronta para isso. No intercâmbio vamos construir uma formação, desde o jornalista que está na faculdade — que está sendo formado para ser William Bonner e Fátima Bernardes da vida, mas que poderia ter um senso crítico maior — até a pessoa que está fazendo radiodifusão comunitária, jornal sindical, jornal de bairro.
A idéia é ajudar na pesquisa, no estudo, tentar entender mais o que ocorre com a mídia não apenas no sentido do reativo. Essa mídia que está aí é a nossa crítica, mas estudar principalmente o que está pintando de novo, porque há muita coisa nova. Alguns autores até chamam de nova mídia. Então, tentar entender o que está acontecendo e potencializar isso.
Você diria que o Barão é resultado dessa ressaca da mídia dominante, depois daquela investida feroz, golpista contra o governo Lula?
Para mim, ele é resultado de duas coisas. Do desmascaramento e da ressaca dessa mídia que está aí, com sua overdose de manipulação e golpismo, de preconceito, de pensamento único. E é resultado não apenas da constatação, não apenas da ressaca, mas da reação a essa overdose. É resultado da crítica e do movimento. Da crítica a essa mídia que está aí e do movimento que vem sendo feito principalmente nesse último período por democratização da comunicação no Brasil. A meu ver, são essas duas coisas.
Você acha que a mídia, depois dessa invertida na tentativa frustrada de golpe contra o governo Lula, tem força nestas eleições?
A meu ver, tem. Para mim, a mídia perdeu força. Hoje ela é mais vulnerável. Mais vulnerável basicamente por três razões. Primeiro pela própria mudança tecnológica. O velho Marx tinha razão, porque quando as forças produtivas se mexem outras coisas se movem. O fato de haver alterações profundas na base tecnológica da comunicação, como a internet, fragilizou essa mídia. Vê-se uma queda de tiragem de jornais. Isso não apenas no Brasil.
No Brasil chama a atenção o fato de a Folha de S.Paulo, que na década de 1980 tinha uma tiragem de 1.000.000 /1.100 milhão exemplares aos domingos, hoje ter 300 mil. É um negócio impressionante. O mesmo se dá com o Estadão, com O Globo, com o Correio Brasiliense. Porque houve uma migração dessa mídia impressa para a mídia virtual, para a internet. Isso ocorre não só a mídia impressa. Mesmo a televisão está perdendo audiência. Esse é um fenômeno que se verifica nos Estados Unidos, na Europa, e começa a se verificar no Brasil. As pessoas estão saindo da TV, que é uma coisa unidirecional: o sujeito está lá, sentado no sofá, e ouve todas as abobrinhas ditas. A pessoa é passiva. Já a internet que é mais interativa. A pessoa pode escrever, colocar o filme dela, a foto.
Acho que na crise dessa mídia tradicional tem como primeira razão a questão tecnológica. A segunda é a crise de credibilidade – que Emir Sader chama de crise moral –, porque essa mídia vem se desgastando no Brasil e no mundo. Veja nos EUA, onde se destacou a capacidade de manipulação da mídia na preparação da invasão do Iraque. Tudo o que se disse sobre armas químicas e bacteriológicas era papo furado, era mentira do Bush que a mídia amplificou. O único jornal que reconheceu isso foi o The New York Times — embora timidamente.
Fico imaginando na Venezuela, onde houve um golpe que foi orquestrado pela mídia. O próprio Chávez chama de golpe midiático. Aquele povo não acredita muito na mídia, não chora de amores pela RCTV, que teve a outorga cancelada recentemente. E nem pela Globovisión, com seu dono metido em corrupção. Outro exemplo é a Bolívia, onde quase 90% das notícias na campanha eleitoral, na vitória de Morales, foram contra ele. Ou no Brasil. Há uma crise de credibilidade.
Acho que um terceiro fator é o crescimento de uma consciência crítica, que se materializa até em mudanças legislativas. Têm ocorrido mudanças importantes na Venezuela, no Uruguai, na Argentina, na Nicarágua, em El Salvador, Equador, na Bolívia etc. Portanto, começa a ter não só perda de credibilidade, mas começa a se pensar em alternativas. Políticas públicas, regulamentação. Por isso, acho que essa mídia está em crise. Mas não acho que essa crise tire o poder da mídia. Ela ainda tem ainda muita capacidade de interferir na sociedade.
Há a tese de que acabou-se aquela história da pedra na lagoa que bate e se expande. As redes estariam superando esse efeito. Mas não superam a TV Globo. A TV Globo tem um poder monstruoso. Pegue pela Copa. Nas ruas o povo repete a argumentação da Globo. O Dunga – e olha que eu não gosto do Dunga, acho um técnico retranqueiro – é o vilão e a Globo, coitadinha, a vítima. A televisão ainda tem um papel fenomenal. Os jornais têm um papel fenomenal. A revista Veja, com 1 milhão de exemplares para a classe média, faz a cabeça. Acho que a mídia está mais vulnerável, mas não significa que ela perdeu o seu papel.
Existe uma pesquisa do Vox Populi que mostra que, em 2006, se não fosse o papel da Globo a eleição teria sido decidida no primeiro turno. Aquela onda que a Globo fez nos dois últimos dias, com os tais dos aloprados com pacotes de dinheiro, fez com que 6% do eleitorado se movessem. Foi o que garantiu o segundo turno. Por isso, acho que ela ainda tem muito poder. Às vezes o pessoal brinca que a mídia está na UTI. Nada, a mídia para ir para a UTI ainda vai demorar um bocado.
Você vê um componente ideológico nesses movimentos, baseado no fato de que o sistema norte-americano vai mais para a direita e desperta seu contraponto?
Gramsci, uma figura interessante, ao estudar mais essas chamadas sociedades complexas do Ocidente, como ficou a terminologia, estudou a questão da luta ideológica, o papel da hegemonia. E Gramsci, já nas décadas de 1920 e 1930, disse que quando as instituições da burguesia entram em crise a imprensa – não era a mídia – ocupa o papel do partido da classe dominante, ocupa o papel do partido do capital. Hoje, as instituições burguesas estão com dificuldades de administrar esse mundo cada vez mais sob a hegemonia do capital financeiro, cada vez mais desregulado. Há uma crise dessas instituições e a imprensa passa a ocupar o papel mais proeminente na sociedade.
Não quer dizer que ela não ocupasse isso no passado. Ela já ocupava. Se pegarmos a história do Brasil, o papel da imprensa foi decisivo. Veja o papel do Estadão na época de Canudos. Peguemos fatos mais recentes, de 60 anos para cá – no governo Getúlio Vargas, por exmplo, no governo do Juscelino Kubitschek. Ou o fato dramático que foi o golpe de 1964. Quem ajudou a preparar o golpe de 1964 foi a imprensa. Inclusive, certos chavões ditos hoje são mesmos daquela época. Eles não têm nem criatividade para mudá-los. A história de república sindical que a revista Época recentemente usou tem as mesmas terminologias.
Há um estudo impressionante de um pesquisador da Fundação Getúlio Vargas sobre o papel que a imprensa teve na Constituinte. Como ela foi moldando a Constituinte. Lembremos o papel que a imprensa teve na campanha das diretas, na eleição de Collor. Acho que cada vez mais ela vai por uma confluência, porque adquiriu maior poder econômico. O o setor de comunicação e de telecomunicação é um dos setores que mais cresce na economia mundial. Isso decorre da fragilidade, da crise vivida pelo capital. A mpidia passa a ocupar o papel de partido do capital de forma mais proeminente. E o partido do capital, na situação do mundo atual, tem uma marca reacionária muito forte.
O capital vai contra a humanidade. Esse sistema é contra a humanidade. Portanto, para se expressar a hegemonia desse sistema é preciso ter uma atitude cada vez mais reacionária. Há duas tendências na mídia que não se revertem a não ser com rupturas. Uma é concentração e a outra a maior capacidade de manipulação. São duas tendências: concentração e direitização. Cada vez mais ela é concentrada e cada vez com posições mais à direita. Lógico, com contradições. Não dá para ter uma visão também fechada, totalmente blocada.
No Brasil já temos uma concentração histórica. Você falou do golpe de 1964. No pós-golpe de 1964 começou a montagem desses grupos poderosos...
Já havia concentração antes. Porque temos problemas na legislação brasileira e na tradição brasileira. Na Europa, por exemplo, principalmente no pós-Segunda Guerra Mundial, enfrentou-se o papel que a imprensa teve no surgimento do nazi-fascismo. Estudou-se uma forma de democratizar a comunicação, de quebrar aqueles monopólios que foram incentivadores ou cúmplices do nazi-fascismo. Surgiu então a rede pública, como a BBC de Londres, que vem da resistência ao nazi-fascismo. Surgem também TVs públicas na França, na Itália. Mesmo nos EUA há uma rede pública com certa força.
No Brasil, nunca tivemos uma rede pública. Getúlio tenta montar uma, por meio da Rádio Nacional, mas não prosperou. Esse é um problema da mídia brasileira, só há o setor privado. Agora é que estão começando os primeiros passos da montagem de uma rede pública com a da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Então.
Um segundo problema é que nunca houve regulamentação desse setor no Brasil. Há regulamentação nessa área de mídia em várias partes do mundo. Nos EUA, por exemplo, o órgão regulamentador é forte — existem mais de 100 cassações e outorgas de TV e rádio por desrespeito à lei, à Constituição. No Brasil, sem nenhuma regulamentação o início da concentração começou cedo. O caso mais famoso é o de Assis Chateaubriand com os Diários Associados. Foi um baita império midiático. Com vários jornais, depois rádios. A biografia dele escrita pelo Fernando Morais é muito interessante. Ele era um chantagista, um mercenário da mídia.
A Globo, esse império, foi construída com o apoio da ditadura militar. Esse império só existiu por causa da ditadura militar, que permitou acordos lesivos, acordos contrários à legislação. O nascimento da TV Globo em aliança com uma empresa estadunidense, a Time Life, era proibido mas foi permitido. A Globo cresceu à sombra do regime militar. Aí é que ela se transforma num grande império. Hoje é isso, há sete famílias que dominam a mídia brasileira. É um negócio impressionante. São sete famílias.
Como essas famílias se realcionavam com o Estado? Temos exemplos mais recentes, como o caso das famosas concessões do ex-ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães (ACM).
A isso o professor Vinicius Lima chama de coronelismo eletrônico. Há o coronelismo do campo brasileiro e o coronelismo eletrônico. Tudo numa relação de promiscuidade, patrimonialismo com Estado, concessões, apoios. Então, vão sendo constituídos esses grandes grupos por meio de negociatas políticas. E essas grandes empresas passaram a ter um papel no Estado brasileiro. Basta pegar os ministros de Comunicação e, então, pode-se ver quem são. São pessoas vinculadas a essa área, que conta com muito poder. E aí funciona esse mecanismo de coronelismo, de troca de favores, de patriomonialismo.
É uma relação de promiscuidade muito grande. E desrespeitosa inclusive em relação à Constituição e às leis. Porque a legislação brasileira é taxativa: detentor de cargo público não pode ter meios de comunicação. Muito simples, coloca-se um fantasma, coloca-se um parente, mas continua tendo. Não era o ACM o dono da TV Bahia, mas a mulher dele. A mesma coisa com relação ao Sarney. Não é ele, mas o filho dele. E por aí vai. Vai sendo montado todo um esquema de promiscuidade pública e privada, de patrimonialismo mesmo. O que dá uma grande força a esses grupos.
O Luis Nassif usou o termo gangsterismo ao se referir a Otávio Frias, da Folha. Depois dessa ofensiva golpista alguns veículos até recuaram porque se desmoralizaram, mas a Folha e a Veja se mantêm na ofensiva. Você vê aí também gangsterismo?
Acho que são grupos com oscilações em determinados períodos históricos. Por exemplo, a Folha apoiou o golpe, apoiou o setor linha dura da ditadura na época do velho Frias. Não só apoiou escrevendo, chamando de terroristas, justificando assassinatos, como ajudou na logística –, cedeu carros de transporte de jornal para o serviço de repressão.
Quando ela percebe que o regime militar estava se fragilizando e não servia mais, teve uma oscilação ao desemmpenhar papel importantíssimo na luta pelas Diretas. Não dá para desconhecer isso. Lembra daquela capa histórica da campanha das Diretas na Catedral da Sé? A Folha quase foi um jornal da campanha das Diretas. A burguesia é muito hábil, tem flexibilidade. Às vezes a esquerda tem dificuldade de se flexibilizar, a direita se flexibiliza.
A Veja já foi o contrário. Ela nasce como uma revista de oposição. Com Mino Carta e outras figuras como Raimundo Pereira e Pedro de Oliveira. A Veja nasceu como uma revista de resistência. Depois vai se amoldando. Mas acho que ela nunca perdem o seu referencial de classe. Eles têm referencial de classe. Às vezes nós não temos muito. Eles têm. Eles não se iludem. Eles têm um projeto.
Acho que no caso do governo Lula, essa turma tem muito referencial de classe. Percebe o seguinte: no governo Lula, mesmo não enfrentando os problemas estruturais do país, eles batem sem dó. A Veja não perde o referencial de classe. Ela percebe que isso é um processo que pode, em perspectiva, colocar em perigo os seus projetos de classe. O Nassif fala isso porque ele sentiu na carne. Ele fala: com o governo Lula esse setor muda, assume a posição de gangster mesmo. Aí não tem mais conversa, é uma posição de classe. O governo Lula é um perigo.
Estão com mais medo ainda da Dilma. Eles têm mais medo dela porque falam, com faz o Jabbour, que Lula pelo menos é um conciliador que conseguiu afastar os “bolcheviques” e “jacobinos”. Já a Dilma talvez não consiga. Então, esse setor tem muito medo disso. É um problema de classe. Assume uma posição de gangster mesmo. Não tem conversa e vai para metralhar. Acho que a Folha e o Estadão têm demonstrado isso.
A meu ver, outros são mais hábeis, mas também na hora do vamos ver eles se juntam. A Globo sabe pressionar, obter determinadas benesses e dar uma recuadinha para depois pressionar novamente. O episódio da Petrobras é ótimo nesse sentido. A Globo obrigou os partidos de direita a entrar na CPI. Os tucanos e os demos não tinham muito interesse em entrar na briga contra a Petrobras. Quem pautou a direita para entrar na CPI foi a mídia.
Quando essa mesma mídia conseguiu o que queria — basta ver o número de anúncios como aumentou —, a mídia tirou o time de campo. Tanto é que o Rodrigo Maia (presidente do DEM) reclamou: “Nos deixaram pendurados”. É deixou mesmo. A mídia tem uma componente pragmática, mercenária, muito forte. Isso ela aprendeu com Chateaubriand. Aí não é gangsterismo, é algo de jogador de carteado.
A TV Globo parecia que tinha adotado um comportamento mais neutro em 2004, 2005, até 2006. Na hora de dar o bote, quem forçou o segundo turno foi a rede Globo. Não foi a Veja ou a Folha. Então, acho que essa turma não perde a oportunidade. A Maria Inês Nassif, do jornal Valor Econômico, diz isso na dissertação de mestrado dela: o governo Lula forçou um posicionamento mais explícito dessa mídia. Alguns, de forma gangsterista outros de forma mais habilidosa. Mas, a meu ver, no conjunto é um projeto de classe.
Como você vê a ação desse conjunto na campanha eleitoral?
Acho que a mídia alternativa não ganha eleição. Não foi a internet que ganhou as eleições em 2006. E não será a internet, pelo lado progressista, que vai ganhar as eleições de 2010. O que ganha a eleição são as mudanças no Brasil. O que ganha, mais do que a internet, é o Bolsa Família, o Luz para Todos, é o país crescendo, o salário-mínimo valorizado, o emprego.
Não foi a internet, nem blogs e sites progressistas que evitaram a manipulação da mídia e que garantiram a reeleição de Lula em 2006. Acho que aí seria muita presunção de nossa parte. Até porque a internet atinge uma parte pequena da população. Atinge 22%, 23%. A mídia alternativa, a meu ver, tem o papel de fazer a disputa com setores formadores de opinião. Ela tem o papel de municiar o debate de ideias. Ela consegue às vezes reverter determinadas coisas. Veja um episódio recente que, em minha opinião, foi extremamente educativo, sintomático: aquela história do clipping de 45 anos da TV Globo. Aquilo foi impressionante.
Ela fez um clipping e, por mera coincidência, era a cara do PSDB. Era o slogan de campanha do PSDB: O Brasil pode mais. Com a cor azul do PSDB e, por acaso, 45 anos, o número da legenda do PSDB. Houve um bombardeio na internet, rapidamente eles sondaram o TSE, perceberam que ia dar processo e recuaram. Se não houvesse aquela gritaria na internet, possivelmente a campanha durasse um pouco mais. A tendência é de que cada vez mais cresça esse papel. Porque a mídia se democratiza à medida que a sociedade se democratiza.
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sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Dilma pode ganhar no primeiro turno
Reproduzo artigo de Mauricio Dias, publicado no síto da CartaCapital:
Os três mais importantes institutos de pesquisa do País acertaram os ponteiros: Dilma Rousseff está à frente na corrida presidencial e, mais que isso, projeta a possibilidade de resolver a eleição já no primeiro turno.
Nas últimas duas semanas, a intenção de voto projetada pelo Vox Populi, Ibope e Sensus indica o crescimento da candidata do PT e, por outro lado, mostra a estagnação ou queda nos índices do candidato do PSDB.
A pergunta, então, irrompe contra as vontades estabelecidas: a eleição pode mesmo terminar no primeiro turno com a vitória de Dilma?
O colunista conversou com João Francisco Meira, do Vox Populi, Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, e Ricardo Guedes, do Sensus. Todos responderam “sim”, com maior ou menor ênfase.
Em março, durante reunião da Associação Brasileira de Pesquisas, Meira abalou a estabilidade bem comportada da reunião e anunciou que vários fatores projetavam a possibilidade de a candidata do PT se eleger no primeiro turno.
Ele agora consolida a posição: “Dilma pode ganhar no primeiro turno. Os fatores que informam a decisão do eleitor a favorecem amplamente. Eles existem há longo tempo e estão se consolidando de tal maneira que somente uma mudança radical alteraria isso. São cinco esses fatores: a satisfação da sociedade com a situação econômica; a satisfação com o governo; a admiração pelo presidente da República; a identidade partidária; e o tempo de antena, ou seja, a influência do rádio e da televisão na campanha eleitoral.
Para ele, o favoritismo de Dilma tirou até mesmo a competitividade da eleição.
Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, fala abertamente, pela primeira vez, sobre a possibilidade de a eleição ser decidida em um turno só e a favor de Dilma.
“A eleição pode terminar no primeiro turno. Mas essa resposta só pode ser dada com mais segurança duas semanas após o início do horário eleitoral. Os programas de rádio e televisão, além dos debates, com a repercussão que geram, podem provocar mudanças.
A possibilidade de Dilma vencer no primeiro turno existe. Ela está com todos os indicadores em alta e os resultados de intenção de voto nela no Sudeste são fundamentais para isso.
A virada em Minas, onde ela passou a ter 10 pontos de frente; a diferença de 19 pontos que abriu no Rio e, finalmente, a redução da vantagem que Serra tinha em São Paulo, que já foi de 25 pontos e hoje é de 11 pontos. “Isso pode determinar a vitória dela já no primeiro turno”, afirma Montenegro.
Ricardo Guedes, que divulgou nova pesquisa com Dilma 10 pontos à frente de Serra, diz que a hipótese de a petista vencer no primeiro turno “não pode mais ser desconsiderada”.
Guedes aponta um número fortíssimo da pesquisa nessa direção: ela tem 48,5% dos votos válidos. Muito próximo dos 50% (mais 1 voto) que decretariam a vitória no primeiro turno.
O representante do Sensus não acredita que o rádio e a televisão possam alterar essa tendência. Ao contrário, considera que o horário eleitoral aumentará a possibilidade de Dilma. E explica a razão: “O que hoje os eleitores do Sul e do Norte, do Leste, Oeste e Centro-Oeste conhecem em parte eles conhecerão na totalidade. Eu me refiro aos feitos de uma administração com aprovação extremamente elevada”.
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Os três mais importantes institutos de pesquisa do País acertaram os ponteiros: Dilma Rousseff está à frente na corrida presidencial e, mais que isso, projeta a possibilidade de resolver a eleição já no primeiro turno.
Nas últimas duas semanas, a intenção de voto projetada pelo Vox Populi, Ibope e Sensus indica o crescimento da candidata do PT e, por outro lado, mostra a estagnação ou queda nos índices do candidato do PSDB.
A pergunta, então, irrompe contra as vontades estabelecidas: a eleição pode mesmo terminar no primeiro turno com a vitória de Dilma?
O colunista conversou com João Francisco Meira, do Vox Populi, Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, e Ricardo Guedes, do Sensus. Todos responderam “sim”, com maior ou menor ênfase.
Em março, durante reunião da Associação Brasileira de Pesquisas, Meira abalou a estabilidade bem comportada da reunião e anunciou que vários fatores projetavam a possibilidade de a candidata do PT se eleger no primeiro turno.
Ele agora consolida a posição: “Dilma pode ganhar no primeiro turno. Os fatores que informam a decisão do eleitor a favorecem amplamente. Eles existem há longo tempo e estão se consolidando de tal maneira que somente uma mudança radical alteraria isso. São cinco esses fatores: a satisfação da sociedade com a situação econômica; a satisfação com o governo; a admiração pelo presidente da República; a identidade partidária; e o tempo de antena, ou seja, a influência do rádio e da televisão na campanha eleitoral.
Para ele, o favoritismo de Dilma tirou até mesmo a competitividade da eleição.
Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, fala abertamente, pela primeira vez, sobre a possibilidade de a eleição ser decidida em um turno só e a favor de Dilma.
“A eleição pode terminar no primeiro turno. Mas essa resposta só pode ser dada com mais segurança duas semanas após o início do horário eleitoral. Os programas de rádio e televisão, além dos debates, com a repercussão que geram, podem provocar mudanças.
A possibilidade de Dilma vencer no primeiro turno existe. Ela está com todos os indicadores em alta e os resultados de intenção de voto nela no Sudeste são fundamentais para isso.
A virada em Minas, onde ela passou a ter 10 pontos de frente; a diferença de 19 pontos que abriu no Rio e, finalmente, a redução da vantagem que Serra tinha em São Paulo, que já foi de 25 pontos e hoje é de 11 pontos. “Isso pode determinar a vitória dela já no primeiro turno”, afirma Montenegro.
Ricardo Guedes, que divulgou nova pesquisa com Dilma 10 pontos à frente de Serra, diz que a hipótese de a petista vencer no primeiro turno “não pode mais ser desconsiderada”.
Guedes aponta um número fortíssimo da pesquisa nessa direção: ela tem 48,5% dos votos válidos. Muito próximo dos 50% (mais 1 voto) que decretariam a vitória no primeiro turno.
O representante do Sensus não acredita que o rádio e a televisão possam alterar essa tendência. Ao contrário, considera que o horário eleitoral aumentará a possibilidade de Dilma. E explica a razão: “O que hoje os eleitores do Sul e do Norte, do Leste, Oeste e Centro-Oeste conhecem em parte eles conhecerão na totalidade. Eu me refiro aos feitos de uma administração com aprovação extremamente elevada”.
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Quem venceu o debate da Band?
Reproduzo análise de Cláudio Gonzalez, publicada no sítio Vermelho:
O primeiro debate entre os candidatos às eleições presidenciais de 2010, ocorrido na noite desta quinta-feira (5) na TV Bandeirantes, confirmou um prognóstico feito pelo presidente Lula: o de que a oposição perderia seu último trunfo ao apostar num desempenho ruim da candidata petista Dilma Rousseff. Ao contrário do que previam a oposição e setores da mídia, Dilma, apesar do nervosismo típico de estreante, foi bem, e, assim, ajudou a desmontar mais uma lenda criada pelos oposicionistas.
Primeiro debate entre os quatro principais presidenciáveis teve pouca audiência e não abordou grandes polêmicas, mas serviu para testar cada um dos candidatos. Antes da campanha começar, os adversários da ex-ministra espalhavam, sobretudo em blogs na internet, que Serra iria “estralhaçar” Dilma nos debates. Definitivamente, o tucano não chegou nem perto desse objetivo.
Baixa audiência
O debate da Band é o primeiro de uma série de quatro eventos do mesmo gênero que devem ocorrer na TV aberta. Os outros três debates do primeiro turno devem ser os da RedeTV (12 de setembro), Record (28 de agosto) e Globo (30 de agosto).
Concorrendo com a semifinal da Copa Libertadores, o debate da Bandeirantes patinou na audiência. Durante as mais de duas horas de transmissão do confronto entre os candidatos, a emissora alcançou, no máximo, 5,5 pontos de audiência, empatando em quarto lugar com a Rede TV!. Na média, a audiência do debate ficou bem abaixo disso: 1,8 a 1,9 pontos. A Globo, que transmitiu o jogo entre São Paulo e Inter teve uma média de 36,9 pontos. A média da Record foi de 7,4, segundo levantamento Ibope. Os números consolidados devem ser divulgados na manhã de hoje.
O debate foi mediado pelo jornalista Ricardo Boechat. No total, 210 jornalistas compareceram para cobrir o evento, que também foi transmitido ao vivo pela Rádio Bandeirantes e teve cobertura online em vários portais e redes sociais.
Acompanharam os presidenciáveis no primeiro debate: Indio da Costa (DEM), candidato a vice na chapa de José Serra, Michel Temer (PMDB), vice de Dilma Rousseff, Guilherme Leal (PV), vice de Marina Silva, José Eduardo Dutra, presidente nacional do PT, Sérgio Guerra, presidente do PSDB; a primeira-dama Marisa Letícia, esposa do presidente Lula; os candidatos paulistas Geraldo Alckmin, Aloísio Mercadante, Aloysio Nunes, Orestes Quércia, Netinho de Paula, Marta Suplicy, e o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, entre outros.
Oportunidade perdida para Serra
Serra entrou no debate com a missão de vencer e comprovar que sua "experiência" faria a diferença. Mas não deu muito certo. Pelo contrário, o tucano mostrou-se perdido em vários momentos, fugiu de polêmicas, não teve coragem de repetir os ataques à sua principal adversária como vinha fazendo dias antes e mostrou menos “conteúdo” do que seus aliados esperavam. A comprovação de que as coisas não foram muito felizes para a oposição pode ser medida pela reação do marqueteiro de Serra, Luiz Gonzalez, que saiu dos estúdios da Band com cara de poucos amigos.
Por mais que seus apoiadores entupam a internet com “avaliações” que tentam desqualificar a oratória de Dilma e enaltecer o “preparo” de Serra, foi o tucano quem protagonizou mais momentos constrangedores durante o debate. Por duas vezes, Serra teve que pedir que repetissem a pergunta para ele, pois não estava prestando atenção. Ficou circulando de um lado para outro (as câmeras não mostraram, mas na internet a informação foi muito enfatizada), esqueceu o que estava dizendo em dois momentos e ao elencar três órgãos do corpo humano que representariam os temas educação, saúde e segurança, escolheu o “intestino” para representar um deles.
Tanto Dilma quanto Serra extrapolaram no tempo de algumas respostas e tiveram o áudio de seus microfones cortados.
Treinamentos melhoraram desempenho de Dilma
Elegante, com uma blusa branca rendada, Dilma chegou sorridente aos estúdios da Band e saiu um pouco apreensiva, mas revelando confiança no próprio desempenho.
A candidata petista entrou no primeiro debate eleitoral de sua vida sem o compromisso de “vencer” o confronto. O comando da campanha esperava dela, apenas, que não cometesse erros graves. E ela cumpriu este objetivo. Não brilhou, como gostariam alguns de seus apoiadores. Atrapalhou-se em algumas respostas, mas certamente saiu do debate maior do que entrou.
Dilma dedicou-se, nos últimos dias, a se preparar para o evento. Revisou informações e números do governo, teve aulas de oratória e, com isso, conseguiu superar sua conhecida dificuldade de falar em público. Quem já teve a oportunidade de ver a performance sofrível de Dilma em eventos públicos pré-campanha sabe que no debate desta quinta-feira a ex-ministra se superou e melhorou bastante. Apesar do nervosismo visível, não deixou pergunta sem resposta, apresentou dados concretos, foi feliz na defesa das conquistas do governo Lula e na demonstração de que continuará sua obra. Transmitiu confiança na determinação de combater a pobreza e fomentar o progresso do Brasil. E, o mais importante, soube explorar bandeiras e temas que são do interesse da maioria dos brasileiros como emprego, direitos sociais, Luz para Todos, defesa do SUS, agricultura familiar.
Nas declarações finais, Dilma fez um discurso bem construído, enfático e levemente emocional, como recomendam os especialistas em marketing político. Lembrou de mencionar o protagonismo das mulheres na política e enalteceu as mudanças promovidas pelo governo Lula.
Plínio acende, Marina apaga
Os outros participantes do debate, Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) e Marina Silva (PV) cumpriram o papel que parece estar destinado a eles nestas eleições: o de coadjuvantes numa disputa plebiscitária entre o campo progressista representado por Dilma e pelo atual governo e o campo da direita, representado por Serra e pela aliança demo-tucana que governou o país durante os dois mandatos de FHC.
Sem ter nada a perder, o candidato do PSOL soltou-se. Logo no início, questionou o isolamento que a mídia promove contra os candidatos de pequenos partidos. Com uma postura despojada e tiradas irônicas, Plínio conseguiu aparecer, agradou ao público jovem que acompanhava o debate pela internet e seu nome acabou alçado ao Trending Topics do Twitter. Plínio foi responsável pelos poucos momentos divertidos do debate, como quando chamou Marina de “ecocapitalista” e José Serra de “hipocondríaco”. Mas se o despojamento trazido por Plínio neste primeiro debate soou como novidade e trouxe alguma graça ao tom morno do encontro, não se pode garantir que nos próximos debates, esta postura continuará agradando. Ela não será mais novidade e se exagerar no tom seu comportamento pode acabar sendo interpretado como grosseiro e arrogante, traços de personalidade que os eleitores rejeitam fortemente. Seja como for, o radicalismo de sua plataforma de governo deve barrar qualquer chance do candidato do PSOL deslanchar nas pesquisas ou mesmo alcançar o patamar conquistado por Heloisa Helena em 2006.
Marina Silva, por sua vez, manteve uma postura acanhada, conciliadora demais –tentando agradar governo e oposição-- o que não permitiu que ela se destacasse no debate. Em alguns momentos, a candidata do PV serviu apenas de ponte para uma tabelinha amistosa com Dilma e Serra e, para surpresa de muitos, Marina acabou travando embate mais ríspido com Plínio, do PSOL, partido que, no início da corrida eleitoral cogitou apoiar a senadora acriana.
Utilizando um discurso muito protocolar, cansativo, e abordando temas de pouco interesse geral, a ex-ministra do Meio Ambiente não empolgou e caso mantenha essa toada será muito difícil para ela alcançar o objetivo de se transformar numa “terceira via” competitiva nestas eleições.
Grandes temas ficaram de fora
A primeira pergunta feita aos candidatos envolvia temas sugeridos pelos eleitores através da internet e versava sobre educação, saúde e segurança. Acabaram sendo os temas principais de todo o debate. Outros pontos agregados a estes e que ganharam algum destaque foram emprego, desenvolvimento industrial e reforma agrária.
“Foi um debate morno que versou sobre temas corriqueiros. As regras engessadas não favoreciam a luta de ideias. Parecia um debate de candidatos a prefeitos. As grandes questões nacionais não apareceram, não houve polêmicas sobre as questões de fundo da sociedade brasileira, não ficaram nitidamente demarcadas as ideais-força da campanha”, opinou José Reinaldo Carvalho, secretário nacional de Comunicação do PCdoB, após o debate.
SUS x mutirões / APAE x professores / Latifúndio x agricultura familiar
O que mais se aproximou de uma grande polêmica durante o debate foi a discussão travada entre Serra e Dilma a respeito da saúde. Enquanto Dilma reafirmou diversas vezes que irá fortalecer o SUS –bandeira primordial do movimento de Saúde—Serra ficou insistindo na questão dos mutirões de saúde.
O tucano também insistiu bastante no suposto abandono das Apaes pelo governo federal, um tema de interesse restrito. Dilma rebateu o argumento do tucano e ao falar de educação deu ênfase à necessidade de investir nos professores, abrangendo um público bem mais amplo.
A petista também conseguiu encostar o adversário na parede ao tratar da geração de empregos. Mas Dilma perdeu uma ótima oportunidade de desancar Serra quando surgiram no debate os temas privatizações e o legado de FHC. Neste quesito, Serra conseguiu tirar uma casquinha dolorida da campanha adversária ao lembrar que o petista Antonio Palocci, quando foi ministro da Fazenda, “não se cansava de elogiar a política econômica do governo Fernando Henrique”.
Por outro lado, o tucano se embananou ao responder sobre indústria naval e o programa Luz para Todos. Dilma incluiu estes dois assuntos no debate numa tentativa de arrancar de Serra a admissão de que o governo Lula avançou nestes temas. E conseguiu.
Dilma também conseguiu responder bem ao candidato do PSOL e a Serra quando enfatizou a importância da agricultura familiar ao abordar o tema da reforma agrária. Mas, por outro lado, não foi muito feliz ao responder as acusações de Serra sobre aparelhamento do governo e crise nos Correios. A petista poderia, neste momento, ter sido mais objetiva, mais incisiva e mostrar a hipocrisia dos tucanos que nunca deixaram de aparelhar as estruturas governamentais que administraram, além de terem sucateado empresas estratégicas para depois privatizá-las.
Nesta sexta-feira (6), haverá ampla repercussão do debate, com cada opinante tentando puxar a sardinha pro lado de seu candidato. Mas numa avaliação todos terão que concordar: Dilma revelou que não é o poste que a mídia e a oposição pintavam e Serra perdeu a oportunidade de se mostrar como “o mais preparado”.
Além disso, a partir de agora, cai por terra a acusação recorrente de que a candidata de Lula foge do debate. Dilma não fugiu deste, saiu maior do que entrou no primeiro confronto e espera-se que nos próximos debates os temas de maior relevância e polêmica deixem claro para os brasileiros quem é a representante do avanço e quem representa o atraso.
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O primeiro debate entre os candidatos às eleições presidenciais de 2010, ocorrido na noite desta quinta-feira (5) na TV Bandeirantes, confirmou um prognóstico feito pelo presidente Lula: o de que a oposição perderia seu último trunfo ao apostar num desempenho ruim da candidata petista Dilma Rousseff. Ao contrário do que previam a oposição e setores da mídia, Dilma, apesar do nervosismo típico de estreante, foi bem, e, assim, ajudou a desmontar mais uma lenda criada pelos oposicionistas.
Primeiro debate entre os quatro principais presidenciáveis teve pouca audiência e não abordou grandes polêmicas, mas serviu para testar cada um dos candidatos. Antes da campanha começar, os adversários da ex-ministra espalhavam, sobretudo em blogs na internet, que Serra iria “estralhaçar” Dilma nos debates. Definitivamente, o tucano não chegou nem perto desse objetivo.
Baixa audiência
O debate da Band é o primeiro de uma série de quatro eventos do mesmo gênero que devem ocorrer na TV aberta. Os outros três debates do primeiro turno devem ser os da RedeTV (12 de setembro), Record (28 de agosto) e Globo (30 de agosto).
Concorrendo com a semifinal da Copa Libertadores, o debate da Bandeirantes patinou na audiência. Durante as mais de duas horas de transmissão do confronto entre os candidatos, a emissora alcançou, no máximo, 5,5 pontos de audiência, empatando em quarto lugar com a Rede TV!. Na média, a audiência do debate ficou bem abaixo disso: 1,8 a 1,9 pontos. A Globo, que transmitiu o jogo entre São Paulo e Inter teve uma média de 36,9 pontos. A média da Record foi de 7,4, segundo levantamento Ibope. Os números consolidados devem ser divulgados na manhã de hoje.
O debate foi mediado pelo jornalista Ricardo Boechat. No total, 210 jornalistas compareceram para cobrir o evento, que também foi transmitido ao vivo pela Rádio Bandeirantes e teve cobertura online em vários portais e redes sociais.
Acompanharam os presidenciáveis no primeiro debate: Indio da Costa (DEM), candidato a vice na chapa de José Serra, Michel Temer (PMDB), vice de Dilma Rousseff, Guilherme Leal (PV), vice de Marina Silva, José Eduardo Dutra, presidente nacional do PT, Sérgio Guerra, presidente do PSDB; a primeira-dama Marisa Letícia, esposa do presidente Lula; os candidatos paulistas Geraldo Alckmin, Aloísio Mercadante, Aloysio Nunes, Orestes Quércia, Netinho de Paula, Marta Suplicy, e o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, entre outros.
Oportunidade perdida para Serra
Serra entrou no debate com a missão de vencer e comprovar que sua "experiência" faria a diferença. Mas não deu muito certo. Pelo contrário, o tucano mostrou-se perdido em vários momentos, fugiu de polêmicas, não teve coragem de repetir os ataques à sua principal adversária como vinha fazendo dias antes e mostrou menos “conteúdo” do que seus aliados esperavam. A comprovação de que as coisas não foram muito felizes para a oposição pode ser medida pela reação do marqueteiro de Serra, Luiz Gonzalez, que saiu dos estúdios da Band com cara de poucos amigos.
Por mais que seus apoiadores entupam a internet com “avaliações” que tentam desqualificar a oratória de Dilma e enaltecer o “preparo” de Serra, foi o tucano quem protagonizou mais momentos constrangedores durante o debate. Por duas vezes, Serra teve que pedir que repetissem a pergunta para ele, pois não estava prestando atenção. Ficou circulando de um lado para outro (as câmeras não mostraram, mas na internet a informação foi muito enfatizada), esqueceu o que estava dizendo em dois momentos e ao elencar três órgãos do corpo humano que representariam os temas educação, saúde e segurança, escolheu o “intestino” para representar um deles.
Tanto Dilma quanto Serra extrapolaram no tempo de algumas respostas e tiveram o áudio de seus microfones cortados.
Treinamentos melhoraram desempenho de Dilma
Elegante, com uma blusa branca rendada, Dilma chegou sorridente aos estúdios da Band e saiu um pouco apreensiva, mas revelando confiança no próprio desempenho.
A candidata petista entrou no primeiro debate eleitoral de sua vida sem o compromisso de “vencer” o confronto. O comando da campanha esperava dela, apenas, que não cometesse erros graves. E ela cumpriu este objetivo. Não brilhou, como gostariam alguns de seus apoiadores. Atrapalhou-se em algumas respostas, mas certamente saiu do debate maior do que entrou.
Dilma dedicou-se, nos últimos dias, a se preparar para o evento. Revisou informações e números do governo, teve aulas de oratória e, com isso, conseguiu superar sua conhecida dificuldade de falar em público. Quem já teve a oportunidade de ver a performance sofrível de Dilma em eventos públicos pré-campanha sabe que no debate desta quinta-feira a ex-ministra se superou e melhorou bastante. Apesar do nervosismo visível, não deixou pergunta sem resposta, apresentou dados concretos, foi feliz na defesa das conquistas do governo Lula e na demonstração de que continuará sua obra. Transmitiu confiança na determinação de combater a pobreza e fomentar o progresso do Brasil. E, o mais importante, soube explorar bandeiras e temas que são do interesse da maioria dos brasileiros como emprego, direitos sociais, Luz para Todos, defesa do SUS, agricultura familiar.
Nas declarações finais, Dilma fez um discurso bem construído, enfático e levemente emocional, como recomendam os especialistas em marketing político. Lembrou de mencionar o protagonismo das mulheres na política e enalteceu as mudanças promovidas pelo governo Lula.
Plínio acende, Marina apaga
Os outros participantes do debate, Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) e Marina Silva (PV) cumpriram o papel que parece estar destinado a eles nestas eleições: o de coadjuvantes numa disputa plebiscitária entre o campo progressista representado por Dilma e pelo atual governo e o campo da direita, representado por Serra e pela aliança demo-tucana que governou o país durante os dois mandatos de FHC.
Sem ter nada a perder, o candidato do PSOL soltou-se. Logo no início, questionou o isolamento que a mídia promove contra os candidatos de pequenos partidos. Com uma postura despojada e tiradas irônicas, Plínio conseguiu aparecer, agradou ao público jovem que acompanhava o debate pela internet e seu nome acabou alçado ao Trending Topics do Twitter. Plínio foi responsável pelos poucos momentos divertidos do debate, como quando chamou Marina de “ecocapitalista” e José Serra de “hipocondríaco”. Mas se o despojamento trazido por Plínio neste primeiro debate soou como novidade e trouxe alguma graça ao tom morno do encontro, não se pode garantir que nos próximos debates, esta postura continuará agradando. Ela não será mais novidade e se exagerar no tom seu comportamento pode acabar sendo interpretado como grosseiro e arrogante, traços de personalidade que os eleitores rejeitam fortemente. Seja como for, o radicalismo de sua plataforma de governo deve barrar qualquer chance do candidato do PSOL deslanchar nas pesquisas ou mesmo alcançar o patamar conquistado por Heloisa Helena em 2006.
Marina Silva, por sua vez, manteve uma postura acanhada, conciliadora demais –tentando agradar governo e oposição-- o que não permitiu que ela se destacasse no debate. Em alguns momentos, a candidata do PV serviu apenas de ponte para uma tabelinha amistosa com Dilma e Serra e, para surpresa de muitos, Marina acabou travando embate mais ríspido com Plínio, do PSOL, partido que, no início da corrida eleitoral cogitou apoiar a senadora acriana.
Utilizando um discurso muito protocolar, cansativo, e abordando temas de pouco interesse geral, a ex-ministra do Meio Ambiente não empolgou e caso mantenha essa toada será muito difícil para ela alcançar o objetivo de se transformar numa “terceira via” competitiva nestas eleições.
Grandes temas ficaram de fora
A primeira pergunta feita aos candidatos envolvia temas sugeridos pelos eleitores através da internet e versava sobre educação, saúde e segurança. Acabaram sendo os temas principais de todo o debate. Outros pontos agregados a estes e que ganharam algum destaque foram emprego, desenvolvimento industrial e reforma agrária.
“Foi um debate morno que versou sobre temas corriqueiros. As regras engessadas não favoreciam a luta de ideias. Parecia um debate de candidatos a prefeitos. As grandes questões nacionais não apareceram, não houve polêmicas sobre as questões de fundo da sociedade brasileira, não ficaram nitidamente demarcadas as ideais-força da campanha”, opinou José Reinaldo Carvalho, secretário nacional de Comunicação do PCdoB, após o debate.
SUS x mutirões / APAE x professores / Latifúndio x agricultura familiar
O que mais se aproximou de uma grande polêmica durante o debate foi a discussão travada entre Serra e Dilma a respeito da saúde. Enquanto Dilma reafirmou diversas vezes que irá fortalecer o SUS –bandeira primordial do movimento de Saúde—Serra ficou insistindo na questão dos mutirões de saúde.
O tucano também insistiu bastante no suposto abandono das Apaes pelo governo federal, um tema de interesse restrito. Dilma rebateu o argumento do tucano e ao falar de educação deu ênfase à necessidade de investir nos professores, abrangendo um público bem mais amplo.
A petista também conseguiu encostar o adversário na parede ao tratar da geração de empregos. Mas Dilma perdeu uma ótima oportunidade de desancar Serra quando surgiram no debate os temas privatizações e o legado de FHC. Neste quesito, Serra conseguiu tirar uma casquinha dolorida da campanha adversária ao lembrar que o petista Antonio Palocci, quando foi ministro da Fazenda, “não se cansava de elogiar a política econômica do governo Fernando Henrique”.
Por outro lado, o tucano se embananou ao responder sobre indústria naval e o programa Luz para Todos. Dilma incluiu estes dois assuntos no debate numa tentativa de arrancar de Serra a admissão de que o governo Lula avançou nestes temas. E conseguiu.
Dilma também conseguiu responder bem ao candidato do PSOL e a Serra quando enfatizou a importância da agricultura familiar ao abordar o tema da reforma agrária. Mas, por outro lado, não foi muito feliz ao responder as acusações de Serra sobre aparelhamento do governo e crise nos Correios. A petista poderia, neste momento, ter sido mais objetiva, mais incisiva e mostrar a hipocrisia dos tucanos que nunca deixaram de aparelhar as estruturas governamentais que administraram, além de terem sucateado empresas estratégicas para depois privatizá-las.
Nesta sexta-feira (6), haverá ampla repercussão do debate, com cada opinante tentando puxar a sardinha pro lado de seu candidato. Mas numa avaliação todos terão que concordar: Dilma revelou que não é o poste que a mídia e a oposição pintavam e Serra perdeu a oportunidade de se mostrar como “o mais preparado”.
Além disso, a partir de agora, cai por terra a acusação recorrente de que a candidata de Lula foge do debate. Dilma não fugiu deste, saiu maior do que entrou no primeiro confronto e espera-se que nos próximos debates os temas de maior relevância e polêmica deixem claro para os brasileiros quem é a representante do avanço e quem representa o atraso.
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Governo financia as serpentes da mídia
Reproduzo entrevista concedida ao jornalista André Cintra e publicada no sítio Vermelho:
Na segunda parte de sua entrevista ao Vermelho, o jornalista Altamiro Borges, o Miro, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, critica o boicote do Poder Público ao 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas. “Da mesma forma como financia a Veja e a Globo - e geralmente se financiam serpentes -, o governo deve financiar um encontro de blogueiros”, cobra Miro, que é membro da Comissão Organizadora do Encontro.
“Esperamos que o próximo governo seja mais corajoso e resolva ajudar essa mídia que está sendo construída”, afirma. “Na campanha, todos os candidatos falam e investem em mídias sociais. Na hora de contribuir, fogem de medo.”
Qual é a expectativa de público para o encontro?
As inscrições estão crescendo. Até a manhã desta segunda-feira (2), já eram 210 inscritos. Trabalhávamos com a ideia de 300 participantes, mas pode ocorrer um bom problema - que é estourar essa estimativa. Até agora, a notícia do encontro saiu nos blogs, e nós nem demos prazos de inscrição. Só agora fechamos uma data-limite, que é 13 de agosto, e brasileiro adora se inscrever no final do prazo.
Segunda coisa: a ideia é atingir a juventude, e só agora é que estão saindo os materiais de divulgação para as faculdades de jornalismo. A UJS (União da Juventude Socialista) se comprometeu a ajudar na panfletagem. O Barão de Itararé também tem o contato de sete faculdades de jornalismo de São Paulo. A Ivana Bentes, diretora de Comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), deu um toque hoje de que vai fazer esse agito por lá. Aqui em São Paulo, o Dennis Oliveira faz o agito na USP, e o Igor Fuser, na Cásper Líbero.
Além disso tudo, o estudante de jornalismo não precisa pagar nem meia-entrada - só a quinta. O valor da inscrição é de R$ 100, mas a turma foi muito boazinha com os estudantes, que pagam só R$ 20. Como as aulas estão retomando agora, ao mesmo tempo em que saem os banners e o hotsite do Encontro, acho que o público pode passar dos 300 participantes - e aí teremos um bom problema: o local previsto, o Sindicato dos Engenheiros, não comporta 300. Por isso é que já reservamos um outro local.
Por que o foco na juventude, nos estudantes?
É obrigação nossa levar essa discussão para as faculdades — que talvez não estejam muito antenadas com esse debate sobre a democratização das comunicações. A maior parte dos alunos quer se formar para ser William Bonner e Fátima Bernardes. Só que não há espaço para formar mil “Willians” e “Fátimas” por ano - a família Marinho já tem os dois.
Comunicação não é qualquer mercadoria. O jornalismo tem um compromisso ético, com a sociedade, e essa juventude é que vai fazer o jornalismo no futuro. Ou a gente chega às faculdades, ou a Globo vai chegar lá - ela até já tem cursos para isso. É preciso trabalhar com essa moçada, com a formação delas. Muita gente tem vontade e espírito positivo, quer contribuir com a informação, com o bom jornalismo. Precisamos acompanhá-las desde o início.
Quem financia o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas? Como funciona a promoção “Amigos da Blogosfera”?
Como esse encontro não tem o apoio institucional de nenhum governo, tivemos de ir atrás do apoio das entidades da sociedade civil. Criamos a cota de patrocínio - de R$ 3 mil por entidade. Até agora, estamos com 14 cotas — nosso objetivo é atingir 20. O que já temos de apoiadores são entidades sindicais e veículos de comunicação alternativa.
Entre os veículos, temos, por exemplo, Conversa Afiada, Vi o Mundo, Carta Maior, Revista Fórum e Revista do Brasil. Da área sindical, procuramos as seis centrais. Três já compraram cotas - CUT, CTB e CGTB. As outras ficaram de dar resposta. Outras entidades também entraram, como o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que é ligado à CUT, e a Federação dos Químicos de São Paulo, filiada à Força. Está bastante plural.
Saindo o hotsite do encontro, a ideia é abrir o “Amigos da Blogosfera”, para permitir contribuições individuais. Tem gente que já se inscreveu no Encontro e disse: “Além da minha inscrição, quero dar um a mais, um plus”.
A Comissão Organizadora pretende bancar todos os custos dos participantes?
Temos de garantir uma estrutura para essa turma participar. O objetivo do patrocínio é garantir hospedagem para todo mundo — ninguém vai dormir na sarjeta da Ipiranga com a São João. Queremos garantir também a refeição e, em caso excepcionais, a viagem do blogueiro para São Paulo - caso ele realmente não tenha como bancar essa despesa. Sabemos das dificuldades desse movimento.
Qual é a realidade da maioria dos blogueiros hoje?
A situação do blogueiro é muito complicada. Contam-se nos dedos de uma mão os blogs que já conseguiram uma estrutura de autossustentação. O blogueiro, o grosso deles, é um militante virtual. Mesmo estando com outro emprego ou não estando com emprego nenhum, ele faz desse espaço de expressão uma militância - e não recebe nada.
Pegue o caso do Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania. É um pequeno empresário que se preocupou com a manipulação da mídia e resolveu produzir textos. Além de não ganhar dinheiro com o blog, ele acaba é perdendo. Com o tempo que se dedica para fazer seus belos artigos, ele deixa de fazer negócios. É um ato de heroísmo e coragem. Ele é um puta militante, um baita militante.
Isso é um pouco da realidade. Tem blogueiro que está morando na casa de mãe, porque não tem grana. Tem blogueiro que está cheio de processo nas costas, como o menino de Santa Catarina que denunciou o filho do Sérgio Sirotsky, do grupo RBS, de ter cometido estupro.
Vocês ainda esperam alguma algum apoio do poder público para bancar o encontro?
Esperamos que, na próxima edição - no 2º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas -, o governo federal tome vergonha e veja que a blogosfera é uma forma de mídia. Da mesma forma como financia a Veja e a Globo - e geralmente se financiam serpentes -, o governo deve financiar um encontro de blogueiros.
Houve o encontro do Instituto Millenium (o reacionário Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, em São Paulo, no dia 1º de março). É uma entidade que só reúne empresários - o Basile, da Abril; os Marinho, da Globo; a Judith Brito, da Folha... Só estão lá os grandes, e eles têm apoio público. Por que os blogueiros - que também são cidadãos e pagam seus impostos - não podem ter apoio? É um absurdo.
Esperamos que o próximo governo seja mais corajoso e resolva ajudar essa mídia que está sendo construída. Mas é que todos eles têm medo desse poder. Na campanha, todos os candidatos falam e investem em mídias sociais. Na hora de contribuir, fogem de medo.
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Na segunda parte de sua entrevista ao Vermelho, o jornalista Altamiro Borges, o Miro, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, critica o boicote do Poder Público ao 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas. “Da mesma forma como financia a Veja e a Globo - e geralmente se financiam serpentes -, o governo deve financiar um encontro de blogueiros”, cobra Miro, que é membro da Comissão Organizadora do Encontro.
“Esperamos que o próximo governo seja mais corajoso e resolva ajudar essa mídia que está sendo construída”, afirma. “Na campanha, todos os candidatos falam e investem em mídias sociais. Na hora de contribuir, fogem de medo.”
Qual é a expectativa de público para o encontro?
As inscrições estão crescendo. Até a manhã desta segunda-feira (2), já eram 210 inscritos. Trabalhávamos com a ideia de 300 participantes, mas pode ocorrer um bom problema - que é estourar essa estimativa. Até agora, a notícia do encontro saiu nos blogs, e nós nem demos prazos de inscrição. Só agora fechamos uma data-limite, que é 13 de agosto, e brasileiro adora se inscrever no final do prazo.
Segunda coisa: a ideia é atingir a juventude, e só agora é que estão saindo os materiais de divulgação para as faculdades de jornalismo. A UJS (União da Juventude Socialista) se comprometeu a ajudar na panfletagem. O Barão de Itararé também tem o contato de sete faculdades de jornalismo de São Paulo. A Ivana Bentes, diretora de Comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), deu um toque hoje de que vai fazer esse agito por lá. Aqui em São Paulo, o Dennis Oliveira faz o agito na USP, e o Igor Fuser, na Cásper Líbero.
Além disso tudo, o estudante de jornalismo não precisa pagar nem meia-entrada - só a quinta. O valor da inscrição é de R$ 100, mas a turma foi muito boazinha com os estudantes, que pagam só R$ 20. Como as aulas estão retomando agora, ao mesmo tempo em que saem os banners e o hotsite do Encontro, acho que o público pode passar dos 300 participantes - e aí teremos um bom problema: o local previsto, o Sindicato dos Engenheiros, não comporta 300. Por isso é que já reservamos um outro local.
Por que o foco na juventude, nos estudantes?
É obrigação nossa levar essa discussão para as faculdades — que talvez não estejam muito antenadas com esse debate sobre a democratização das comunicações. A maior parte dos alunos quer se formar para ser William Bonner e Fátima Bernardes. Só que não há espaço para formar mil “Willians” e “Fátimas” por ano - a família Marinho já tem os dois.
Comunicação não é qualquer mercadoria. O jornalismo tem um compromisso ético, com a sociedade, e essa juventude é que vai fazer o jornalismo no futuro. Ou a gente chega às faculdades, ou a Globo vai chegar lá - ela até já tem cursos para isso. É preciso trabalhar com essa moçada, com a formação delas. Muita gente tem vontade e espírito positivo, quer contribuir com a informação, com o bom jornalismo. Precisamos acompanhá-las desde o início.
Quem financia o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas? Como funciona a promoção “Amigos da Blogosfera”?
Como esse encontro não tem o apoio institucional de nenhum governo, tivemos de ir atrás do apoio das entidades da sociedade civil. Criamos a cota de patrocínio - de R$ 3 mil por entidade. Até agora, estamos com 14 cotas — nosso objetivo é atingir 20. O que já temos de apoiadores são entidades sindicais e veículos de comunicação alternativa.
Entre os veículos, temos, por exemplo, Conversa Afiada, Vi o Mundo, Carta Maior, Revista Fórum e Revista do Brasil. Da área sindical, procuramos as seis centrais. Três já compraram cotas - CUT, CTB e CGTB. As outras ficaram de dar resposta. Outras entidades também entraram, como o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que é ligado à CUT, e a Federação dos Químicos de São Paulo, filiada à Força. Está bastante plural.
Saindo o hotsite do encontro, a ideia é abrir o “Amigos da Blogosfera”, para permitir contribuições individuais. Tem gente que já se inscreveu no Encontro e disse: “Além da minha inscrição, quero dar um a mais, um plus”.
A Comissão Organizadora pretende bancar todos os custos dos participantes?
Temos de garantir uma estrutura para essa turma participar. O objetivo do patrocínio é garantir hospedagem para todo mundo — ninguém vai dormir na sarjeta da Ipiranga com a São João. Queremos garantir também a refeição e, em caso excepcionais, a viagem do blogueiro para São Paulo - caso ele realmente não tenha como bancar essa despesa. Sabemos das dificuldades desse movimento.
Qual é a realidade da maioria dos blogueiros hoje?
A situação do blogueiro é muito complicada. Contam-se nos dedos de uma mão os blogs que já conseguiram uma estrutura de autossustentação. O blogueiro, o grosso deles, é um militante virtual. Mesmo estando com outro emprego ou não estando com emprego nenhum, ele faz desse espaço de expressão uma militância - e não recebe nada.
Pegue o caso do Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania. É um pequeno empresário que se preocupou com a manipulação da mídia e resolveu produzir textos. Além de não ganhar dinheiro com o blog, ele acaba é perdendo. Com o tempo que se dedica para fazer seus belos artigos, ele deixa de fazer negócios. É um ato de heroísmo e coragem. Ele é um puta militante, um baita militante.
Isso é um pouco da realidade. Tem blogueiro que está morando na casa de mãe, porque não tem grana. Tem blogueiro que está cheio de processo nas costas, como o menino de Santa Catarina que denunciou o filho do Sérgio Sirotsky, do grupo RBS, de ter cometido estupro.
Vocês ainda esperam alguma algum apoio do poder público para bancar o encontro?
Esperamos que, na próxima edição - no 2º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas -, o governo federal tome vergonha e veja que a blogosfera é uma forma de mídia. Da mesma forma como financia a Veja e a Globo - e geralmente se financiam serpentes -, o governo deve financiar um encontro de blogueiros.
Houve o encontro do Instituto Millenium (o reacionário Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, em São Paulo, no dia 1º de março). É uma entidade que só reúne empresários - o Basile, da Abril; os Marinho, da Globo; a Judith Brito, da Folha... Só estão lá os grandes, e eles têm apoio público. Por que os blogueiros - que também são cidadãos e pagam seus impostos - não podem ter apoio? É um absurdo.
Esperamos que o próximo governo seja mais corajoso e resolva ajudar essa mídia que está sendo construída. Mas é que todos eles têm medo desse poder. Na campanha, todos os candidatos falam e investem em mídias sociais. Na hora de contribuir, fogem de medo.
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quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Blogueiros: inscrições até 13 de agosto
Reproduzo importante matéria de Conceição Lemes, integrante da comissão organizadora do encontro de blogueiros (*):
Desde que começaram as inscrições para o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, a pergunta que a Danielle Penha, do Centro de Estudos Barão de Itararé, mais responde é esta: “Não sou blogueiro, posso participar?”
Evidentemente que sim. Blogueiros consagrados, iniciantes ou aspirantes, leitores, comentaristas, tuiteiros. Todos serão muito bem-vindos. Afinal, o objetivo de todos nós é o mesmo: contribuir para a democratização dos meios de comunicação e fortalecer as mídias alternativas.
“Já temos 230 inscritos de 18 unidades da federação”, informa Danielle. “Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.”
O Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, a Altercom e o MSM (Movimento dos Sem Mídia) são as entidades que apóiam institucionalmente o evento.
Importante. As inscrições vão até dia 13 de agosto devido à logística necessária para receber participantes de outros estados do Brasil e do interior de São Paulo.
Elas custam 100 reais. Estudantes de Comunicação pagam 20. Basta enviar e-mail para este endereço: contato@baraodeitarare.org.br Ou telefonar para (011)3054-1829 .
Conta para depósito de inscrições e cotas
O depósito do valor referente às inscrições e às cotas dos Amigos da Blogosfera deve ser feito na seguinte conta:
Banco do Brasil
Ag. 4300-1
C/C. 50141-7
Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
CNPJ. 12.250.292/0001-08 (é necessário, caso a transferência seja eletrônica)
Por favor, envie o comprovante por e-mail para contato@baraodeitarare.org.br ou via fax para (011) 3054-1848. Escreva no documento o nome do inscrito.
Já são 19 os Amigos da Blogosfera
Continua a todo o vapor a campanha Amigos da Blogosfera, para ajudará a custear parte das despesas de blogueiros que virão de outros estados.
As cotas custam 3 mil reais. Estas 19 estão confirmadas:
Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo)
CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil)
CUT (Central Única dos Trabalhadores) nacional
CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Federação Nacional dos Urbanitários (FNU)
Federação dos Químicos de São Paulo
Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo
Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo)
Agência T1
Café Azul
Carta Capital
Carta Maior
Conversa Afiada
Revista do Brasil
Revista Fórum
Seja Dita a Verdade
Viomundo
* Comissão Organizadora: Luiz Carlos Azenha, Paulo Henrique Amorim, Luis Nassif, Altamiro Borges, Conceição Lemes, Eduardo Guimarães, Conceição Oliveira, Rodrigo Vianna, Renato Rovai e Diego Casaes.
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Desde que começaram as inscrições para o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, a pergunta que a Danielle Penha, do Centro de Estudos Barão de Itararé, mais responde é esta: “Não sou blogueiro, posso participar?”
Evidentemente que sim. Blogueiros consagrados, iniciantes ou aspirantes, leitores, comentaristas, tuiteiros. Todos serão muito bem-vindos. Afinal, o objetivo de todos nós é o mesmo: contribuir para a democratização dos meios de comunicação e fortalecer as mídias alternativas.
“Já temos 230 inscritos de 18 unidades da federação”, informa Danielle. “Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.”
O Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, a Altercom e o MSM (Movimento dos Sem Mídia) são as entidades que apóiam institucionalmente o evento.
Importante. As inscrições vão até dia 13 de agosto devido à logística necessária para receber participantes de outros estados do Brasil e do interior de São Paulo.
Elas custam 100 reais. Estudantes de Comunicação pagam 20. Basta enviar e-mail para este endereço: contato@baraodeitarare.org.br Ou telefonar para (011)3054-1829 .
Conta para depósito de inscrições e cotas
O depósito do valor referente às inscrições e às cotas dos Amigos da Blogosfera deve ser feito na seguinte conta:
Banco do Brasil
Ag. 4300-1
C/C. 50141-7
Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
CNPJ. 12.250.292/0001-08 (é necessário, caso a transferência seja eletrônica)
Por favor, envie o comprovante por e-mail para contato@baraodeitarare.org.br ou via fax para (011) 3054-1848. Escreva no documento o nome do inscrito.
Já são 19 os Amigos da Blogosfera
Continua a todo o vapor a campanha Amigos da Blogosfera, para ajudará a custear parte das despesas de blogueiros que virão de outros estados.
As cotas custam 3 mil reais. Estas 19 estão confirmadas:
Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo)
CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil)
CUT (Central Única dos Trabalhadores) nacional
CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Federação Nacional dos Urbanitários (FNU)
Federação dos Químicos de São Paulo
Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo
Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo)
Agência T1
Café Azul
Carta Capital
Carta Maior
Conversa Afiada
Revista do Brasil
Revista Fórum
Seja Dita a Verdade
Viomundo
* Comissão Organizadora: Luiz Carlos Azenha, Paulo Henrique Amorim, Luis Nassif, Altamiro Borges, Conceição Lemes, Eduardo Guimarães, Conceição Oliveira, Rodrigo Vianna, Renato Rovai e Diego Casaes.
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O que espero do encontro de blogueiros?
Reproduzo artigo de Luiz Carlos Azenha, publicado no blog Viomundo:
A nossa é uma organização declaradamente mambembe. Nossa sede provisória é o Sujinho, restaurante na Consolação, em São Paulo. Quando decidimos vender cotas de patrocínio, com o objetivo de bancar parcialmente a hospedagem, os descontos em passagens e outros pequenos gastos do evento, cada um foi atrás dos contatos que tinha à mão. Até agora tem sido um esforço abertamente colaborativo, bem com a cara da rede: cada um ajuda do jeito que pode. Nada teria sido possível sem a capacidade do Altamiro Borges de agregar pessoas tão diversas e a tenacidade da Conceição Lemes, a nos cobrar prazos e tarefas.
Escrevo em meu nome e é importante que isso fique claro: a blogosfera é muito diversa e é difícil encontrar dois blogueiros que concordem absolutamente sobre um único tema. Por isso, quem imagina que os 200 blogueiros já inscritos vão se submeter a algum tipo de controle, de comando centralizado ou de “ordens superiores” decididamente não conhece a blogosfera.
Como um dos idealizadores do encontro, digo que defendemos mais democracia (não menos) e mais mídia (nunca menos).
Acho importante que os blogueiros se conheçam pessoalmente, para trocar telefones, e-mails, ideias e experiencias.
Acho importante que se discuta a viabilidade comercial da blogosfera, que será tema de uma das mesas (no encontro, pretendo propor que se forme um consórcio de blogs para vender “páginas vistas” conjuntamente às agências).
Acho importante que aqueles que sabem como fazê-lo ajudem os demais a aumentar a audìência de seus espaços, a aproveitar melhor as redes sociais, a fazer vídeos (temas que serão tratados de forma específica).
Acho importante que a gente debata as ameaças já existentes à blogosfera (como a possibilidade de que sejam criados “pedágios” na rede, privilegiando certos conteúdos em detrimento de outros).
Não é muito, mas já é alguma coisa.
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A nossa é uma organização declaradamente mambembe. Nossa sede provisória é o Sujinho, restaurante na Consolação, em São Paulo. Quando decidimos vender cotas de patrocínio, com o objetivo de bancar parcialmente a hospedagem, os descontos em passagens e outros pequenos gastos do evento, cada um foi atrás dos contatos que tinha à mão. Até agora tem sido um esforço abertamente colaborativo, bem com a cara da rede: cada um ajuda do jeito que pode. Nada teria sido possível sem a capacidade do Altamiro Borges de agregar pessoas tão diversas e a tenacidade da Conceição Lemes, a nos cobrar prazos e tarefas.
Escrevo em meu nome e é importante que isso fique claro: a blogosfera é muito diversa e é difícil encontrar dois blogueiros que concordem absolutamente sobre um único tema. Por isso, quem imagina que os 200 blogueiros já inscritos vão se submeter a algum tipo de controle, de comando centralizado ou de “ordens superiores” decididamente não conhece a blogosfera.
Como um dos idealizadores do encontro, digo que defendemos mais democracia (não menos) e mais mídia (nunca menos).
Acho importante que os blogueiros se conheçam pessoalmente, para trocar telefones, e-mails, ideias e experiencias.
Acho importante que se discuta a viabilidade comercial da blogosfera, que será tema de uma das mesas (no encontro, pretendo propor que se forme um consórcio de blogs para vender “páginas vistas” conjuntamente às agências).
Acho importante que aqueles que sabem como fazê-lo ajudem os demais a aumentar a audìência de seus espaços, a aproveitar melhor as redes sociais, a fazer vídeos (temas que serão tratados de forma específica).
Acho importante que a gente debata as ameaças já existentes à blogosfera (como a possibilidade de que sejam criados “pedágios” na rede, privilegiando certos conteúdos em detrimento de outros).
Não é muito, mas já é alguma coisa.
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A crise existencial do Instituto Millenium
Por Altamiro Borges
O jornalista Luis Nassif, sempre bem informado e com trânsito no meio empresarial, informou no final de julho que o Instituto Millenium, que agrega poderosas empresas e o que há de mais conservador na política brasileira, atravessa uma grave “crise de identidade”. Ela teria eclodido após a realização do seminário sobre “liberdade de expressão”, ocorrido em março passado, que foi protagonizado por famosos colunistas da mídia golpista e muitos artistas globais.
O evento teria explicitado a ligação do instituto com a oposição de direita. Entre os convidados, “Roberto Romano, Jabor, Demétrio Magnoli, Reinaldo Azevedo, Eurípedes Alcântara, Otávio Frias Filho e Roberto Civita. Só. Começa o seminário, a ultradireita fez a festa... Conclamaram à guerra, sem direito de resposta aos inimigos (adversários é termo brando)... Só faltou saírem em passeata com grandes bandeiras medievais, daquelas que a TFP gostava de desfraldar”.
“Saia justa com seus patrocinadores”
Mas a reação ao evento foi imediata, principalmente na blogosfera. “O mínimo que se falou do Millenium é que ele seria o novo IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), uma das organizações que conspirou em 1964. Explodiu uma crise entre os patrocinadores... Depois de botar fogo no terreiro, cada artista voltou para seu canto, deixando o Instituto Millenium numa enorme saia justa com seus patrocinadores e com uma enorme crise de identidade”, relata.
Diplomático, Nassif até tenta relativizar os intentos do sinistro instituto. “Bancado por grandes empresários, com um fundo gerido pelo Armínio Fraga, destinava-se a propagar as virtudes da livre iniciativa - ponto importante no debate nacional. Aí foram na conversa de uns espertos e decidiram montar o seminário”. Ao final, ele inclusive faz um alerta. “Espero que o Millenium recupere sua proposta original. E um pouquinho de pluralidade não lhe faria mal algum”.
Golpismo está no seu DNA
Discordo do amigo Nassif. Não acredito na reversão deste instituto, que já nasceu com o projeto de ser um centro do pensamento conservador e um organismo aglutinador do que há de mais reacionário no Brasil. O golpismo está no seu DNA. Criado em 2006, ele é presidido por Patrícia Andrade, filha do falecido jornalista Evandro Carlos de Andrade, um dos mentores da Central Globo de Jornalismo, ex-analista dos bancos Icatu e JPMorgan e uma das signatárias do risível “manifesto contra a ditadura esquerdista na mídia”, escrito pelo fascistóide Olavo de Carvalho.
O Millenium não tem nada de neutro ou plural. É controlado pelas corporações empresariais. Entre os mantenedores estão Jorge Gerdau, o barão da siderurgia, Sergio Foguel, da Odebrecht, Pedro Henrique Mariani, do Banco BBM, Salim Mattar, do grupo Localiza, e Marcos Amaro, da TAM. O gestor do seu fundo patrimonial é Armínio Fraga, o ex-presidente do Banco Central no reinado neoliberal de FHC. Os barões da mídia comandam a entidade. Entre os dez principais mantenedores estão João Roberto Marinho, das Organizações Globo, e Roberto Civita, do Abril.
Sucessão presidencial e pragmatismo
A “crise de identidade” do Instituto Millenium reflete as dificuldades da oposição de direita na sucessão presidencial. No seminário de março, o objetivo maior foi unificar o discurso da mídia hegemônica contra a candidatura Dilma Rousseff. Mas, até agora, a mídia demotucana não está conseguindo abalar a popularidade do presidente Lula nem impedir a sua transferência de votos. Pragmáticos, alguns empresários já temem o futuro e repensam seus “patrocínios”. Talvez seja melhor para os seus negócios se afastarem de um instituto abertamente golpista e de oposição.
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O jornalista Luis Nassif, sempre bem informado e com trânsito no meio empresarial, informou no final de julho que o Instituto Millenium, que agrega poderosas empresas e o que há de mais conservador na política brasileira, atravessa uma grave “crise de identidade”. Ela teria eclodido após a realização do seminário sobre “liberdade de expressão”, ocorrido em março passado, que foi protagonizado por famosos colunistas da mídia golpista e muitos artistas globais.
O evento teria explicitado a ligação do instituto com a oposição de direita. Entre os convidados, “Roberto Romano, Jabor, Demétrio Magnoli, Reinaldo Azevedo, Eurípedes Alcântara, Otávio Frias Filho e Roberto Civita. Só. Começa o seminário, a ultradireita fez a festa... Conclamaram à guerra, sem direito de resposta aos inimigos (adversários é termo brando)... Só faltou saírem em passeata com grandes bandeiras medievais, daquelas que a TFP gostava de desfraldar”.
“Saia justa com seus patrocinadores”
Mas a reação ao evento foi imediata, principalmente na blogosfera. “O mínimo que se falou do Millenium é que ele seria o novo IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), uma das organizações que conspirou em 1964. Explodiu uma crise entre os patrocinadores... Depois de botar fogo no terreiro, cada artista voltou para seu canto, deixando o Instituto Millenium numa enorme saia justa com seus patrocinadores e com uma enorme crise de identidade”, relata.
Diplomático, Nassif até tenta relativizar os intentos do sinistro instituto. “Bancado por grandes empresários, com um fundo gerido pelo Armínio Fraga, destinava-se a propagar as virtudes da livre iniciativa - ponto importante no debate nacional. Aí foram na conversa de uns espertos e decidiram montar o seminário”. Ao final, ele inclusive faz um alerta. “Espero que o Millenium recupere sua proposta original. E um pouquinho de pluralidade não lhe faria mal algum”.
Golpismo está no seu DNA
Discordo do amigo Nassif. Não acredito na reversão deste instituto, que já nasceu com o projeto de ser um centro do pensamento conservador e um organismo aglutinador do que há de mais reacionário no Brasil. O golpismo está no seu DNA. Criado em 2006, ele é presidido por Patrícia Andrade, filha do falecido jornalista Evandro Carlos de Andrade, um dos mentores da Central Globo de Jornalismo, ex-analista dos bancos Icatu e JPMorgan e uma das signatárias do risível “manifesto contra a ditadura esquerdista na mídia”, escrito pelo fascistóide Olavo de Carvalho.
O Millenium não tem nada de neutro ou plural. É controlado pelas corporações empresariais. Entre os mantenedores estão Jorge Gerdau, o barão da siderurgia, Sergio Foguel, da Odebrecht, Pedro Henrique Mariani, do Banco BBM, Salim Mattar, do grupo Localiza, e Marcos Amaro, da TAM. O gestor do seu fundo patrimonial é Armínio Fraga, o ex-presidente do Banco Central no reinado neoliberal de FHC. Os barões da mídia comandam a entidade. Entre os dez principais mantenedores estão João Roberto Marinho, das Organizações Globo, e Roberto Civita, do Abril.
Sucessão presidencial e pragmatismo
A “crise de identidade” do Instituto Millenium reflete as dificuldades da oposição de direita na sucessão presidencial. No seminário de março, o objetivo maior foi unificar o discurso da mídia hegemônica contra a candidatura Dilma Rousseff. Mas, até agora, a mídia demotucana não está conseguindo abalar a popularidade do presidente Lula nem impedir a sua transferência de votos. Pragmáticos, alguns empresários já temem o futuro e repensam seus “patrocínios”. Talvez seja melhor para os seus negócios se afastarem de um instituto abertamente golpista e de oposição.
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Prazo final para o encontro dos blogueiros
Reproduzo matéria publicada no sítio do Barão de Itararé:
Já estão abertas as inscrições para o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas. Marcado para os dias 21 e 22 de agosto, em São Paulo, o encontro deve reunir cerca de 300 pessoas — entre blogueiros, tuiteiros, jornalistas, estudantes de comunicação e outros segmentos interessados na luta pela democratização da mídia.
A taxa de inscrição - de R$ 100 - garante participação em todas as atividades da programação e no show de abertura, em 20 de agosto, com o grupo de chorinho do jornalista Luis Nassif. Estudantes universitários têm desconto promocional e pagam apenas R$ 20. As inscrições vão até 13 de agosto.
Para se inscrever, siga os procedimentos abaixo
– Efetue o depósito de R$ 100 (R$ 20 para estudantes), referente à taxa de inscrição, na conta do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé (Banco do Brasil, Agência 4300-1, Conta Corrente 50141-7);
– Encaminhe o comprovante do depósito para o e-mail contato@baraodeitarare.org.br ou para o fax (11) 3054-1848, aos cuidados de Danielle Penha. Informe também seus dados (nome ou nicknane, e-mail, endereço de blog, Twitter ou outra rede social, telefone, cidade e estado);
– Se o seu pedido de inscrição não for confirmado em até dois dias, entre em contato com Danielle Penha no telefone (11) 3054-1829;
– Caso precise de transporte aéreo, aproveite a promoção especial da Gol, que oferece 20% de desconto na compra da passagem (ida e volta) para o encontro. A compra pode ser feita por telefone, no número (11) 5508-4201, ou via internet, através do link http://gol.directtalk.com.br/clientes/custom/voegol/eventos_pax/init_pax.htm. O código da promoção é E10840SP. Preencha todas as informações e clique em entrar. Você será redirecionado para um chat, que é por onde comprará sua passagem. Antes de entrar no chat, consulte as opções disponíveis de horários de voo e de aeroportos;
– Acompanhe as novidades do encontro no site do Barão de Itararé (www.baraodeitarare.org.br).
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Já estão abertas as inscrições para o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas. Marcado para os dias 21 e 22 de agosto, em São Paulo, o encontro deve reunir cerca de 300 pessoas — entre blogueiros, tuiteiros, jornalistas, estudantes de comunicação e outros segmentos interessados na luta pela democratização da mídia.
A taxa de inscrição - de R$ 100 - garante participação em todas as atividades da programação e no show de abertura, em 20 de agosto, com o grupo de chorinho do jornalista Luis Nassif. Estudantes universitários têm desconto promocional e pagam apenas R$ 20. As inscrições vão até 13 de agosto.
Para se inscrever, siga os procedimentos abaixo
– Efetue o depósito de R$ 100 (R$ 20 para estudantes), referente à taxa de inscrição, na conta do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé (Banco do Brasil, Agência 4300-1, Conta Corrente 50141-7);
– Encaminhe o comprovante do depósito para o e-mail contato@baraodeitarare.org.br ou para o fax (11) 3054-1848, aos cuidados de Danielle Penha. Informe também seus dados (nome ou nicknane, e-mail, endereço de blog, Twitter ou outra rede social, telefone, cidade e estado);
– Se o seu pedido de inscrição não for confirmado em até dois dias, entre em contato com Danielle Penha no telefone (11) 3054-1829;
– Caso precise de transporte aéreo, aproveite a promoção especial da Gol, que oferece 20% de desconto na compra da passagem (ida e volta) para o encontro. A compra pode ser feita por telefone, no número (11) 5508-4201, ou via internet, através do link http://gol.directtalk.com.br/clientes/custom/voegol/eventos_pax/init_pax.htm. O código da promoção é E10840SP. Preencha todas as informações e clique em entrar. Você será redirecionado para um chat, que é por onde comprará sua passagem. Antes de entrar no chat, consulte as opções disponíveis de horários de voo e de aeroportos;
– Acompanhe as novidades do encontro no site do Barão de Itararé (www.baraodeitarare.org.br).
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O fortalecimento da mídia progressista
Reproduzo editorial do sítio Carta Maior:
O 1° Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, que será realizado de 20 a 22 de agosto, em São Paulo, representa mais um passo importante na luta pela construção de um sistema democrático de comunicação no Brasil. Até o dia 2 de agosto, mais de 200 pessoas já tinham se inscrito para participar do encontro que conta com o apoio do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, da Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom) e do Movimento dos Sem Mídia (MSM).
A Carta Maior saúda e apóia a iniciativa do evento e destaca o acúmulo que vem sendo construído nos últimos anos na direção do fortalecimento das mídias alternativas no Brasil. Vale a pena fazer uma rápida retrospectiva desse processo.
Em março de 2008, um encontro realizado em São Paulo reuniu 42 jornalistas, estudantes, professores e outras pessoas que atuam na área da comunicação, de diferentes regiões do país. Entre outras questões, discutiu-se o avanço do movimento de comunicação da mídia alternativa em todo o país. Nascia ali a idéia de realizar um encontro nacional para aprofundar esse debate. Após uma série de reuniões e articulações regionais, em junho do mesmo ano foi realizado no Rio de Janeiro o 1° Fórum de Mídia Livre. O encontro que teve lugar no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro reuniu cerca de 500 ativistas de vários estados, confirmando a crescente rejeição à ditadura dos grandes meios de comunicação e a existência de ricas experiências alternativas e independentes em todo o país.
De lá para cá, essa articulação só se fortaleceu. No final de 2009, a realização da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) deu concretude e forma política às articulações que vinham sendo construídas no setor. Entendendo que seus interesses não são representados ou defendidos pelas associações atualmente existentes, pequenos e médios empresários e empreendedores de mídia (revistas, jornais, livros, sites e blogs) começaram a debater a idéia de criar sua própria entidade. Após uma série de encontros e reuniões preparatórias, um seminário realizado dia 27 de fevereiro de 2010, em São Paulo, definiu a criação da Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores de Comunicação (Altercom).
A nova entidade nasceu com o objetivo de defender interesses políticos e econômicos das empresas e empreendedores de comunicação comprometidos com os princípios da democratização do acesso à comunicação, da pluralidade e da liberdade de expressão. Quanto mais proprietários e empreendimentos de comunicação houver no país, maior será a liberdade de expressão: essa é uma das idéias centrais que animou a criação da Altercom, que propõe também a adoção de critérios mais transparentes e democráticos na aplicação de verbas públicas em publicidade.
As agendas de todas essas iniciativas se cruzam e são articuladas por um fio condutor comum: a compreensão de que a maioria da população brasileira não tem respeitado hoje o direito à uma informação de qualidade. O 1° Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas será mais uma oportunidade para fazer essa luta avançar.
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O 1° Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, que será realizado de 20 a 22 de agosto, em São Paulo, representa mais um passo importante na luta pela construção de um sistema democrático de comunicação no Brasil. Até o dia 2 de agosto, mais de 200 pessoas já tinham se inscrito para participar do encontro que conta com o apoio do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, da Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom) e do Movimento dos Sem Mídia (MSM).
A Carta Maior saúda e apóia a iniciativa do evento e destaca o acúmulo que vem sendo construído nos últimos anos na direção do fortalecimento das mídias alternativas no Brasil. Vale a pena fazer uma rápida retrospectiva desse processo.
Em março de 2008, um encontro realizado em São Paulo reuniu 42 jornalistas, estudantes, professores e outras pessoas que atuam na área da comunicação, de diferentes regiões do país. Entre outras questões, discutiu-se o avanço do movimento de comunicação da mídia alternativa em todo o país. Nascia ali a idéia de realizar um encontro nacional para aprofundar esse debate. Após uma série de reuniões e articulações regionais, em junho do mesmo ano foi realizado no Rio de Janeiro o 1° Fórum de Mídia Livre. O encontro que teve lugar no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro reuniu cerca de 500 ativistas de vários estados, confirmando a crescente rejeição à ditadura dos grandes meios de comunicação e a existência de ricas experiências alternativas e independentes em todo o país.
De lá para cá, essa articulação só se fortaleceu. No final de 2009, a realização da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) deu concretude e forma política às articulações que vinham sendo construídas no setor. Entendendo que seus interesses não são representados ou defendidos pelas associações atualmente existentes, pequenos e médios empresários e empreendedores de mídia (revistas, jornais, livros, sites e blogs) começaram a debater a idéia de criar sua própria entidade. Após uma série de encontros e reuniões preparatórias, um seminário realizado dia 27 de fevereiro de 2010, em São Paulo, definiu a criação da Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores de Comunicação (Altercom).
A nova entidade nasceu com o objetivo de defender interesses políticos e econômicos das empresas e empreendedores de comunicação comprometidos com os princípios da democratização do acesso à comunicação, da pluralidade e da liberdade de expressão. Quanto mais proprietários e empreendimentos de comunicação houver no país, maior será a liberdade de expressão: essa é uma das idéias centrais que animou a criação da Altercom, que propõe também a adoção de critérios mais transparentes e democráticos na aplicação de verbas públicas em publicidade.
As agendas de todas essas iniciativas se cruzam e são articuladas por um fio condutor comum: a compreensão de que a maioria da população brasileira não tem respeitado hoje o direito à uma informação de qualidade. O 1° Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas será mais uma oportunidade para fazer essa luta avançar.
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Perguntas ao Serra no debate da Band
Reproduzo texto irreverente de Paulo Henrique Amorim, publicado no blog Conversa Afiada:
Os debates na Band são – como os outros – muito chatos.
As regras são ininteligíveis.
Prefiro quando o Galvão começa a analisar as chances do Brasil na Copa, o que o José Simão chamava de “Data-Galvão”.
Duvido que o Garrincha entendesse como a coisa funciona.
Mas, o PiG elegeu este o momento da virada.
Depois do “zero a zero” da Eliane Catanhêde, hoje à noite o Serra vai recuperar a dianteira que ele manteve no Globope e no Datafalha desde tempos imemoriais.
O Conversa Afiada defende a tese de que debate não decide eleição.
A literatura americana sobre a matéria é mais extensa do que a obra do Fernando Henrique.
Essa eleição é entre o Lula e o FHC.
Entre a sucessora do Lula e o sucessor do FHC.
Não há debate que reverta isso.
Mas, já que o PiG insiste, o Conversa Afiada resolveu participar do debate da Band e formular algumas perguntas ao candidato José Serra.
Por exemplo:
- Ricardo Sergio de Oliveira foi chefe da parte financeira de qual campanha eleitoral de que o senhor participou?
- Por que o senhor não deixou o Juiz Wálter Maierovitch seguir com a ação de Flavio Bierrembach que o acusava de ser corrupto?
- Qual o seu papel na venda do Banespa?
- Qual o seu papel na venda da Vale a preço de banana?
- O Ministro Jorge Hage, da Corregedoria da União, apurou que, sob sua responsabilidade, o Ministério da Saúde super-faturava a compra de ambulâncias. Onde foi parar o dinheiro?
- Quando o senhor foi Ministro da Saúde tinha um serviço de inteligência liderado pelo hoje deputado Marcelo Itagiba. Fazia o que esse serviço?
- Qual a sua responsabilidade na operação que desmanchou a candidatura de Roseana Sarney à presidência em 2002? O Marcelo Itagiba teve nela papel proeminente.
- O senhor é o responsável pelo dossiê contra Paulo Renato de Souza e a mulher de Tasso Jereissati?
- De quem é a casa em que o senhor mora, já que o senhor não declara possuí-la?
- Por que o senhor não fechou o Denarc como sugeriu o Abadia?
- Por que o senhor não acabou com o PCC?
- Por que o senhor passou cinco minutos e não mais no Jardim Romano enquanto esteve alagado?
- Por que o senhor só construiu um quilômetro de metrô?
- Por que o senhor bate em policial e professor?
- Quais são as suas relações com Daniel Dantas? O senhor concordou em que sua filha se associasse à irmã de Dantas em Miami? O senhor contribuiu para que ela fechasse a firma em Miami?
- O senhor poderia mostrar um diploma que lhe desse o direito de dizer, no Brasil e à Justiça Eleitoral, que é engenheiro e economista?
Como diria o Zé Simão, “só estou querendo ajudar”.
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Os debates na Band são – como os outros – muito chatos.
As regras são ininteligíveis.
Prefiro quando o Galvão começa a analisar as chances do Brasil na Copa, o que o José Simão chamava de “Data-Galvão”.
Duvido que o Garrincha entendesse como a coisa funciona.
Mas, o PiG elegeu este o momento da virada.
Depois do “zero a zero” da Eliane Catanhêde, hoje à noite o Serra vai recuperar a dianteira que ele manteve no Globope e no Datafalha desde tempos imemoriais.
O Conversa Afiada defende a tese de que debate não decide eleição.
A literatura americana sobre a matéria é mais extensa do que a obra do Fernando Henrique.
Essa eleição é entre o Lula e o FHC.
Entre a sucessora do Lula e o sucessor do FHC.
Não há debate que reverta isso.
Mas, já que o PiG insiste, o Conversa Afiada resolveu participar do debate da Band e formular algumas perguntas ao candidato José Serra.
Por exemplo:
- Ricardo Sergio de Oliveira foi chefe da parte financeira de qual campanha eleitoral de que o senhor participou?
- Por que o senhor não deixou o Juiz Wálter Maierovitch seguir com a ação de Flavio Bierrembach que o acusava de ser corrupto?
- Qual o seu papel na venda do Banespa?
- Qual o seu papel na venda da Vale a preço de banana?
- O Ministro Jorge Hage, da Corregedoria da União, apurou que, sob sua responsabilidade, o Ministério da Saúde super-faturava a compra de ambulâncias. Onde foi parar o dinheiro?
- Quando o senhor foi Ministro da Saúde tinha um serviço de inteligência liderado pelo hoje deputado Marcelo Itagiba. Fazia o que esse serviço?
- Qual a sua responsabilidade na operação que desmanchou a candidatura de Roseana Sarney à presidência em 2002? O Marcelo Itagiba teve nela papel proeminente.
- O senhor é o responsável pelo dossiê contra Paulo Renato de Souza e a mulher de Tasso Jereissati?
- De quem é a casa em que o senhor mora, já que o senhor não declara possuí-la?
- Por que o senhor não fechou o Denarc como sugeriu o Abadia?
- Por que o senhor não acabou com o PCC?
- Por que o senhor passou cinco minutos e não mais no Jardim Romano enquanto esteve alagado?
- Por que o senhor só construiu um quilômetro de metrô?
- Por que o senhor bate em policial e professor?
- Quais são as suas relações com Daniel Dantas? O senhor concordou em que sua filha se associasse à irmã de Dantas em Miami? O senhor contribuiu para que ela fechasse a firma em Miami?
- O senhor poderia mostrar um diploma que lhe desse o direito de dizer, no Brasil e à Justiça Eleitoral, que é engenheiro e economista?
Como diria o Zé Simão, “só estou querendo ajudar”.
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Jornal Nacional retira Lula do noticiário
Reproduzo artigo de Emerson Luis, publicado no blog “Nas retinas”:
É evidente o esforço do Jornal Nacional para evitar que a candidata Dilma Roussef seja reconhecida pelo público como a candidata do presidente Lula. À medida que Lula aparece ao lado de Dilma, sua popularidade se cola a candidata. Um presidente com mais de 80% de aprovação popular pode sim impulsionar seu sucessor, apesar da mídia brasileira não querer e agora cobrar do presidente imparcialidade nas eleições.
Para atacar o presidente, espalhando preconceitos, a mídia não o trata como o titular do mais alto cargo público do país. Basta lembrar o bando de cachorros loucos que o entrevistou no Roda Viva em 2005, durante a mais grave crise de seu governo.
Recebi de profissionais de mídia, especializados em clipping e acompanhamento de telejornais, tabelas comparativas que mostram como o Jornal Nacional está limando Lula do noticiário em 2010 enquanto em outros jornais, a média de aparições do presidente muda pouco. Isso não é falta de pauta relevante, pois os outros jornais continuam com cobertura frequente dos atos da Presidência.
Em junho de 2010 Lula teve quatro citações no JN Nacional contra nove em 2009. Em julho foram três em 2010 contra 13 em 2009. Aqui você pode baixar a planilhas de visibilidade do PR nos telejornais. E aqui baixe a tabela padrão de discordância do JN. Veja explicação mais detalhada dos dois arquivos:
De janeiro a julho de 2009, o presidente Lula apareceu falando no JN 57 vezes. No mesmo período deste ano, foram 44. Uma redução acima de 20%. No entanto, se descontarmos as sonoras relacionadas ao Irã, que foram 12 no período, aqueda seria de 44%, perto da metade. Na comparação apenas dos dois meses mais recentes, a diferença é impressionante:
– junho de 2009, nove sonoras do Lula no JN (mais de duas por semana);
– junho de 2010, quatro sonoras (uma por semana);
– julho de 2009, 13 sonoras (mais de três por semana);
– julho de 2010, apenas três sonoras (menos de uma por semana).
Na comparação com os principais telejornais das emissoras concorrrentes (Planilha 2) o JN está sempre abaixo da média, mas a divergência mais grosseira ocorre nos últimos quatro meses, tirando maio, quando o assunto Irã distrorceu a curva. Em abril, as sonoras do presidente no JN estão 60% abaixo da média (0,40), em junho, cai para 64% abaixo da média (0,36) e em julho para 77% abaixo da média (0,23).
Dito de outra forma, tirando os meses com distorção do noticiário sobre Irã (março e maio), o JN vinha dando uma sonora do presidente a cada quatro ou cinco edições do telejornal. Em abril e junho, vai para uma a cada 6,5 edições. Em julho, vai para uma a cada nove edições. No mesmo período, os demais telejornais analisados fizeram praticamente o caminho inverso, aumentando a frequência das sonoras do presidente: Repórter Brasil – de uma sonora a cada 2,5 edições em janeiro para uma a cada dois em julho; Jornal da Record – de uma a cada cinco em janeiro para uma a cada 1,6 em julho; Band – de 3,1 para 1,7 e SBT de 4,2 para 1,8.
Na Planilha 1 tem um estudo comparado de mais de 600 matérias ou notas noticiadas pelos telejornais analisados. A cor vermelha indica uma matéria com sonora do presidente, a amarela uma matéria ou nota em que ele é mencionado como protagonista, mas não há sonora, a azul é quando a nota ou matéria só faz referência a ele e a cinza indica que o telejornal não deu nenhuma informação sobre o assunto noticiado nos demais.
Em 24 ocasiões entre janeiro e julho, o JN usou um critério jornalístico que subavaliou o assunto em relação a todos os demais. Destes 24 casos, destacamos 15 exemplos berrantes, que estão na tabela de padrão de discordância e falam por si mesmos.
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É evidente o esforço do Jornal Nacional para evitar que a candidata Dilma Roussef seja reconhecida pelo público como a candidata do presidente Lula. À medida que Lula aparece ao lado de Dilma, sua popularidade se cola a candidata. Um presidente com mais de 80% de aprovação popular pode sim impulsionar seu sucessor, apesar da mídia brasileira não querer e agora cobrar do presidente imparcialidade nas eleições.
Para atacar o presidente, espalhando preconceitos, a mídia não o trata como o titular do mais alto cargo público do país. Basta lembrar o bando de cachorros loucos que o entrevistou no Roda Viva em 2005, durante a mais grave crise de seu governo.
Recebi de profissionais de mídia, especializados em clipping e acompanhamento de telejornais, tabelas comparativas que mostram como o Jornal Nacional está limando Lula do noticiário em 2010 enquanto em outros jornais, a média de aparições do presidente muda pouco. Isso não é falta de pauta relevante, pois os outros jornais continuam com cobertura frequente dos atos da Presidência.
Em junho de 2010 Lula teve quatro citações no JN Nacional contra nove em 2009. Em julho foram três em 2010 contra 13 em 2009. Aqui você pode baixar a planilhas de visibilidade do PR nos telejornais. E aqui baixe a tabela padrão de discordância do JN. Veja explicação mais detalhada dos dois arquivos:
De janeiro a julho de 2009, o presidente Lula apareceu falando no JN 57 vezes. No mesmo período deste ano, foram 44. Uma redução acima de 20%. No entanto, se descontarmos as sonoras relacionadas ao Irã, que foram 12 no período, aqueda seria de 44%, perto da metade. Na comparação apenas dos dois meses mais recentes, a diferença é impressionante:
– junho de 2009, nove sonoras do Lula no JN (mais de duas por semana);
– junho de 2010, quatro sonoras (uma por semana);
– julho de 2009, 13 sonoras (mais de três por semana);
– julho de 2010, apenas três sonoras (menos de uma por semana).
Na comparação com os principais telejornais das emissoras concorrrentes (Planilha 2) o JN está sempre abaixo da média, mas a divergência mais grosseira ocorre nos últimos quatro meses, tirando maio, quando o assunto Irã distrorceu a curva. Em abril, as sonoras do presidente no JN estão 60% abaixo da média (0,40), em junho, cai para 64% abaixo da média (0,36) e em julho para 77% abaixo da média (0,23).
Dito de outra forma, tirando os meses com distorção do noticiário sobre Irã (março e maio), o JN vinha dando uma sonora do presidente a cada quatro ou cinco edições do telejornal. Em abril e junho, vai para uma a cada 6,5 edições. Em julho, vai para uma a cada nove edições. No mesmo período, os demais telejornais analisados fizeram praticamente o caminho inverso, aumentando a frequência das sonoras do presidente: Repórter Brasil – de uma sonora a cada 2,5 edições em janeiro para uma a cada dois em julho; Jornal da Record – de uma a cada cinco em janeiro para uma a cada 1,6 em julho; Band – de 3,1 para 1,7 e SBT de 4,2 para 1,8.
Na Planilha 1 tem um estudo comparado de mais de 600 matérias ou notas noticiadas pelos telejornais analisados. A cor vermelha indica uma matéria com sonora do presidente, a amarela uma matéria ou nota em que ele é mencionado como protagonista, mas não há sonora, a azul é quando a nota ou matéria só faz referência a ele e a cinza indica que o telejornal não deu nenhuma informação sobre o assunto noticiado nos demais.
Em 24 ocasiões entre janeiro e julho, o JN usou um critério jornalístico que subavaliou o assunto em relação a todos os demais. Destes 24 casos, destacamos 15 exemplos berrantes, que estão na tabela de padrão de discordância e falam por si mesmos.
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O direito de criticar a mídia
Reproduzo artigo de Washington Araújo, publicado no Observatório da Imprensa:
A pergunta da hora é... Como conciliar crítica dos meios de comunicação com liberdade de expressão? É que no debate forjado nos últimos meses pelos grandes jornais e revistas do país não vemos espaço para a crítica ao seu modelo de fazer jornalismo.
Não demora muito e ficará estabelecida a percepção de que somente a grande imprensa pode chamar a si o direito de julgar entre o que é crítica legítima aos meios de comunicação e o que não passa de ataque à liberdade de expressão e, no extremo, de disfarçada defesa do controle social da mídia. Ou seja, a liberdade de imprensa passa a ser tutelada exclusivamente por aqueles que defendem a sua "não tutela", seja pelo Estado, seja por outros atores sociais.
Seguindo esta linha de pensamento, podemos inferir que, mesmo sem ser explicitada, a grande imprensa passa a ser de fato a única dona desta preciosa liberdade. E é aqui que o perigo mora. Isto porque a crítica à imprensa, ou a qualquer outra instituição, atividade profissional ou o que seja, encontra amplo respaldo em nosso ordenamento democrático.
A quem interessa interditar o debate?
Por que podemos criticar o sistema educacional do país, e não os meios de comunicação?
Por que podemos criticar o sistema de saúde, e não a imprensa?
Por que podemos criticar os governantes, os parlamentares e os que operam o sistema judiciário, mas não os veículos de comunicação?
Por que nos é permitido debater os modelos econômicos mais adequados ao desenvolvimento do Brasil e devemos nos fechar em copas ante qualquer debate sobre os modelos informativos vigentes no país?
Questionar nosso sistema de comunicação, analisar criteriosamente suas propostas, criticar o tipo de entretenimento que nos é oferecido e, ainda mais, propor mudanças saudáveis para sua gestão, está muito longe de configurar cerceamento à liberdade de qualquer pessoa ou de qualquer instituição. Precisamos admitir que a liberdade de opinar é de todos e a ninguém é concedido o direito de se apropriar deste direito em detrimento dos demais. Menos ainda deveriam se considerar privilegiados enquanto se autodefinem como guardiães profissionais do direito de expressão.
Por que não debatemos a questão do monopólio dos meios midiáticos no Brasil? A quem interessa interditar o debate? Não sabemos, então, que quanto maior a concentração da propriedade dos meios de comunicação, menor é a possibilidade de que se veiculem expressões múltiplas e plurais nos meios de comunicação?
Poucos falam, muitos se calam
Na medida em que as universidades, as organizações não-governamentais, os sindicatos e outros atores sociais tenham acesso a frequências de rádio e de televisão, será dado o passo inicial para se combater de forma eficiente a formação de novos monopólios no negócio chamado comunicação.
Outro tema que merece ser debatido é o que trata da publicidade governamental. Há que se buscar critérios claros e transparentes sobre o que merece constar como atividade oficial, paga com dinheiro de nossos impostos. É óbvio que é necessário que o governo divulgue suas ações. Mas existe uma distância abissal entre divulgar uma campanha de vacinação infantil e divulgar números favoráveis da economia em período eleitoral. A publicidade governamental não pode ser simplesmente guiada por critérios de êxito comercial, pois isto aprofunda ainda mais as assimetrias ora existentes e que favorecem amplamente os grandes anunciantes em detrimento da utilização de outros meios.
Como o leitor pode ver, não faltam temas para azeitar uma pauta de debates que envolva a sociedade como um todo e que tem tudo a ver com a presente questão de liberdade de expressão, onde uns poucos dizem o que isso significa e outros tantos não
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A pergunta da hora é... Como conciliar crítica dos meios de comunicação com liberdade de expressão? É que no debate forjado nos últimos meses pelos grandes jornais e revistas do país não vemos espaço para a crítica ao seu modelo de fazer jornalismo.
Não demora muito e ficará estabelecida a percepção de que somente a grande imprensa pode chamar a si o direito de julgar entre o que é crítica legítima aos meios de comunicação e o que não passa de ataque à liberdade de expressão e, no extremo, de disfarçada defesa do controle social da mídia. Ou seja, a liberdade de imprensa passa a ser tutelada exclusivamente por aqueles que defendem a sua "não tutela", seja pelo Estado, seja por outros atores sociais.
Seguindo esta linha de pensamento, podemos inferir que, mesmo sem ser explicitada, a grande imprensa passa a ser de fato a única dona desta preciosa liberdade. E é aqui que o perigo mora. Isto porque a crítica à imprensa, ou a qualquer outra instituição, atividade profissional ou o que seja, encontra amplo respaldo em nosso ordenamento democrático.
A quem interessa interditar o debate?
Por que podemos criticar o sistema educacional do país, e não os meios de comunicação?
Por que podemos criticar o sistema de saúde, e não a imprensa?
Por que podemos criticar os governantes, os parlamentares e os que operam o sistema judiciário, mas não os veículos de comunicação?
Por que nos é permitido debater os modelos econômicos mais adequados ao desenvolvimento do Brasil e devemos nos fechar em copas ante qualquer debate sobre os modelos informativos vigentes no país?
Questionar nosso sistema de comunicação, analisar criteriosamente suas propostas, criticar o tipo de entretenimento que nos é oferecido e, ainda mais, propor mudanças saudáveis para sua gestão, está muito longe de configurar cerceamento à liberdade de qualquer pessoa ou de qualquer instituição. Precisamos admitir que a liberdade de opinar é de todos e a ninguém é concedido o direito de se apropriar deste direito em detrimento dos demais. Menos ainda deveriam se considerar privilegiados enquanto se autodefinem como guardiães profissionais do direito de expressão.
Por que não debatemos a questão do monopólio dos meios midiáticos no Brasil? A quem interessa interditar o debate? Não sabemos, então, que quanto maior a concentração da propriedade dos meios de comunicação, menor é a possibilidade de que se veiculem expressões múltiplas e plurais nos meios de comunicação?
Poucos falam, muitos se calam
Na medida em que as universidades, as organizações não-governamentais, os sindicatos e outros atores sociais tenham acesso a frequências de rádio e de televisão, será dado o passo inicial para se combater de forma eficiente a formação de novos monopólios no negócio chamado comunicação.
Outro tema que merece ser debatido é o que trata da publicidade governamental. Há que se buscar critérios claros e transparentes sobre o que merece constar como atividade oficial, paga com dinheiro de nossos impostos. É óbvio que é necessário que o governo divulgue suas ações. Mas existe uma distância abissal entre divulgar uma campanha de vacinação infantil e divulgar números favoráveis da economia em período eleitoral. A publicidade governamental não pode ser simplesmente guiada por critérios de êxito comercial, pois isto aprofunda ainda mais as assimetrias ora existentes e que favorecem amplamente os grandes anunciantes em detrimento da utilização de outros meios.
Como o leitor pode ver, não faltam temas para azeitar uma pauta de debates que envolva a sociedade como um todo e que tem tudo a ver com a presente questão de liberdade de expressão, onde uns poucos dizem o que isso significa e outros tantos não
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A volta da Telebrás e o sorriso de Biondi
Reproduzo artigo de Antonio Lassance, publicado no sítio Carta Maior:
A Telebrás está de volta. Desde o dia 3 de agosto, ela retornou às operações. Seus antigos funcionários foram reconvocados e têm pela frente o desafio de reerguer a empresa, demonstrar a excelência do serviço público e, mais especificamente, implementar o Plano Nacional de Banda Larga.
Quando se informou que a Telebrás seria reativada, houve uma grita geral de algumas empresas telefonia e um ataque feroz da mídia tradicional. Ressuscitar a estatal foi tratado como verdadeira heresia. Na crítica mais amena, um disparate.
A volta da Telebrás não apenas provocou a ira do liberalismo como representou uma derrota amarga, pois incidiu no setor que até hoje é apresentado como modelo do processo de privatização e das benesses dele decorrentes. O tratamento dado ao tema mais uma vez foi acometido de uma patologia crônica, apontada por diversos estudiosos da mídia: a falta de contextualização ou mesmo a descontextualização de um assunto.
Uma falta de contextualização primária esteve na ausência de um diagnóstico sobre o setor, que sabidamente oferece serviços caros e de péssima qualidade. Suas empresas são campeãs de reclamações de usuários e de ações junto aos órgãos de defesa do consumidor.
Outra falta de contextualização, ainda mais importante, está em que poucos se deram ao trabalho de trazer à tona a história da Telebrás e de seu processo de privatização. Lacuna curiosa, pois, afinal, a quem interessaria relembrar tal passado? Resposta: interessaria à maioria das pessoas, aos que têm e aos que não têm acesso aos serviços de telecomunicação.
Até hoje, a melhor forma de contar essa história e travar a batalha da memória contra o esquecimento é revisitar o livro de Aloysio Biondi, “O Brasil privatizado: um balanço do desmonte do Estado”. O livro teve sua primeira edição em 1999. Sua 11ª edição se encontra disponível, gentil e gratuitamente, no site da Editora Fundação Perseu Abramo.
Biondi, como se sabe, foi um monstro sagrado do jornalismo brasileiro, grande mestre do jornalismo econômico. Faleceu há 10 anos (em julho de 2000). “O Brasil privatizado” abria seu capítulo “As estatais: sacos sem fundo?” justamente falando da Telebrás. Biondi relembrava que, entre 1996 e 1997, a empresa teve um salto de 250% em seu lucro, desmentindo categoricamente a mensagem fabricada de que as estatais só davam prejuízo. No livro que tornou-se um clássico para a compreensão sobre o que fizeram com o Brasil nos anos 90, Biondi contextualizava que tanto os prejuízos quanto os lucros das estatais tinham sido fabricados para atender a interesses muito bem identificados.
Dizia ele: “Os prejuízos que o achatamento de tarifas e preços trouxe para as estatais teve efeitos que o consumidor conhece bem: nesses períodos, elas ficaram sem dinheiro para investir e ampliar serviços. Explicam-se, assim, as filas de espera para os telefones, ou as constantes ameaças de ‘apagões’ no sistema de eletricidade. Ou, dito de outra forma: não é verdade que os serviços das estatais tenham se deteriorado por ‘incompetência’. Como também é mentira que ‘o Estado perdeu sua capacidade de investir’, como diz a campanha dos privatizantes. O que houve foi uma política econômica absurda, que sacrificou as estatais”.
Lembrava ainda de uma decisão incrível: em 1989, um decreto do presidente da República proibia o BNDE (hoje BNDES) de realizar empréstimos a empresas estatais.
Biondi era um “antifukuyama”. Só para lembrar, Fukuyama foi um dos garotos propagandas do neoliberalismo, muito badalado durante o governo Reagan, autor de uma tese espalhafatosa sobre o “fim da história” e da vitória do capitalismo sobre tudo e sobre todos. Hoje, se alguém fizer um Google sobre os “francis” existentes na face da Terra, Fukuyama sequer aparece nas sugestões do motor de busca. Fica atrás de Francis Bacon, Francis Ford Copola, Francisco Cuoco e Francisco Alves. Indício de que quem corre o risco de desaparecer é o próprio Fukuyama.
Enfim, Biondi desmentia a tese do fim da história, mostrando que a moda era tentar “cancelar” a história. Contextualizava a esdrúxula decisão que proibia o BNDES de financiar empresas estatais lembrando ter sido ele criado, no governo Juscelino Kubitschek, “exatamente com o objetivo de fornecer recursos para a execução de projetos de infra-estrutura, que exigem desembolso de bilhões e bilhões – e precisam de alguns anos para sua execução”.
A memória do texto de Biondi é mais uma vez útil a um momento em que o BNDES também se tornou alvo de ataques violentos e virulentos à gestão de Luciano Coutinho, veja só, por fazer exatamente aquilo para o qual o banco existe: levantar investimentos e fazer financiamentos.
Biondi também usou o exemplo da Telebrás para relembrar uma diferença básica do setor público em relação ao privado: além de prestar serviços, as estatais deveriam ser utilizadas com o objetivo de justiça social. Tais empresas não têm como objetivo fundamental o lucro, nem têm como sina acumular prejuízos. Seu objetivo fundamental é garantir o atendimento à população em serviços essenciais. O fato de que muitas vezes acumularam prejuízos, além das malversações que acompanharam algumas de suas gestões, decorria das condições de desigualdade do país. A pobreza criava um obstáculo sério ao modelo de negócio de muitas estatais. Milhões de brasileiros excluídos do mercado interno de massas por um modelo de desenvolvimento excludente não tinham como contratar serviços em níveis que garantissem a rentabilidade de certas empresas estatais.
Por isso, na atual situação do país, de expansão acelerada do mercado interno de massas, de ascensão de um contingente expressivo de pessoas à classe média e da tendência de crescimento da economia, do emprego e da renda dos brasileiros, o discurso contra as estatais está obsoleto. É como o relógio quebrado que homenageia a nostalgia e a ostentação, mas é incapaz de fornecer uma informação correta.
As estatais, diante do novo quadro econômico, já podem se dar ao luxo de serem extremamente lucrativas. Mas estão longe de constituir uma ameaça ao setor privado. Elas podem atuar em atividades nas quais empresas privadas têm demonstrado dificuldades crônicas em dar conta do recado ou, como no caso da Petrobrás, podem funcionar como grandes alavancas do crescimento econômico, responsáveis por irrigar inúmeras cadeias produtivas que sequer existiam, ou que haviam sido desativadas.
Passados dez anos desde que perdemos Aloysio Biondi, tem-se a exata dimensão da importância daquilo que ele nos mostrou e de sua contribuição para reverter a cegueira que tomava conta do País. Me arrisco a dizer que, se vivo estivesse, o autor daquele texto célebre e indignado estaria tomado por um sorriso satisfeito com a volta dos elefantes. Até porque, “três elefantes incomodam, incomodam…. incomodam muito mais”.
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A Telebrás está de volta. Desde o dia 3 de agosto, ela retornou às operações. Seus antigos funcionários foram reconvocados e têm pela frente o desafio de reerguer a empresa, demonstrar a excelência do serviço público e, mais especificamente, implementar o Plano Nacional de Banda Larga.
Quando se informou que a Telebrás seria reativada, houve uma grita geral de algumas empresas telefonia e um ataque feroz da mídia tradicional. Ressuscitar a estatal foi tratado como verdadeira heresia. Na crítica mais amena, um disparate.
A volta da Telebrás não apenas provocou a ira do liberalismo como representou uma derrota amarga, pois incidiu no setor que até hoje é apresentado como modelo do processo de privatização e das benesses dele decorrentes. O tratamento dado ao tema mais uma vez foi acometido de uma patologia crônica, apontada por diversos estudiosos da mídia: a falta de contextualização ou mesmo a descontextualização de um assunto.
Uma falta de contextualização primária esteve na ausência de um diagnóstico sobre o setor, que sabidamente oferece serviços caros e de péssima qualidade. Suas empresas são campeãs de reclamações de usuários e de ações junto aos órgãos de defesa do consumidor.
Outra falta de contextualização, ainda mais importante, está em que poucos se deram ao trabalho de trazer à tona a história da Telebrás e de seu processo de privatização. Lacuna curiosa, pois, afinal, a quem interessaria relembrar tal passado? Resposta: interessaria à maioria das pessoas, aos que têm e aos que não têm acesso aos serviços de telecomunicação.
Até hoje, a melhor forma de contar essa história e travar a batalha da memória contra o esquecimento é revisitar o livro de Aloysio Biondi, “O Brasil privatizado: um balanço do desmonte do Estado”. O livro teve sua primeira edição em 1999. Sua 11ª edição se encontra disponível, gentil e gratuitamente, no site da Editora Fundação Perseu Abramo.
Biondi, como se sabe, foi um monstro sagrado do jornalismo brasileiro, grande mestre do jornalismo econômico. Faleceu há 10 anos (em julho de 2000). “O Brasil privatizado” abria seu capítulo “As estatais: sacos sem fundo?” justamente falando da Telebrás. Biondi relembrava que, entre 1996 e 1997, a empresa teve um salto de 250% em seu lucro, desmentindo categoricamente a mensagem fabricada de que as estatais só davam prejuízo. No livro que tornou-se um clássico para a compreensão sobre o que fizeram com o Brasil nos anos 90, Biondi contextualizava que tanto os prejuízos quanto os lucros das estatais tinham sido fabricados para atender a interesses muito bem identificados.
Dizia ele: “Os prejuízos que o achatamento de tarifas e preços trouxe para as estatais teve efeitos que o consumidor conhece bem: nesses períodos, elas ficaram sem dinheiro para investir e ampliar serviços. Explicam-se, assim, as filas de espera para os telefones, ou as constantes ameaças de ‘apagões’ no sistema de eletricidade. Ou, dito de outra forma: não é verdade que os serviços das estatais tenham se deteriorado por ‘incompetência’. Como também é mentira que ‘o Estado perdeu sua capacidade de investir’, como diz a campanha dos privatizantes. O que houve foi uma política econômica absurda, que sacrificou as estatais”.
Lembrava ainda de uma decisão incrível: em 1989, um decreto do presidente da República proibia o BNDE (hoje BNDES) de realizar empréstimos a empresas estatais.
Biondi era um “antifukuyama”. Só para lembrar, Fukuyama foi um dos garotos propagandas do neoliberalismo, muito badalado durante o governo Reagan, autor de uma tese espalhafatosa sobre o “fim da história” e da vitória do capitalismo sobre tudo e sobre todos. Hoje, se alguém fizer um Google sobre os “francis” existentes na face da Terra, Fukuyama sequer aparece nas sugestões do motor de busca. Fica atrás de Francis Bacon, Francis Ford Copola, Francisco Cuoco e Francisco Alves. Indício de que quem corre o risco de desaparecer é o próprio Fukuyama.
Enfim, Biondi desmentia a tese do fim da história, mostrando que a moda era tentar “cancelar” a história. Contextualizava a esdrúxula decisão que proibia o BNDES de financiar empresas estatais lembrando ter sido ele criado, no governo Juscelino Kubitschek, “exatamente com o objetivo de fornecer recursos para a execução de projetos de infra-estrutura, que exigem desembolso de bilhões e bilhões – e precisam de alguns anos para sua execução”.
A memória do texto de Biondi é mais uma vez útil a um momento em que o BNDES também se tornou alvo de ataques violentos e virulentos à gestão de Luciano Coutinho, veja só, por fazer exatamente aquilo para o qual o banco existe: levantar investimentos e fazer financiamentos.
Biondi também usou o exemplo da Telebrás para relembrar uma diferença básica do setor público em relação ao privado: além de prestar serviços, as estatais deveriam ser utilizadas com o objetivo de justiça social. Tais empresas não têm como objetivo fundamental o lucro, nem têm como sina acumular prejuízos. Seu objetivo fundamental é garantir o atendimento à população em serviços essenciais. O fato de que muitas vezes acumularam prejuízos, além das malversações que acompanharam algumas de suas gestões, decorria das condições de desigualdade do país. A pobreza criava um obstáculo sério ao modelo de negócio de muitas estatais. Milhões de brasileiros excluídos do mercado interno de massas por um modelo de desenvolvimento excludente não tinham como contratar serviços em níveis que garantissem a rentabilidade de certas empresas estatais.
Por isso, na atual situação do país, de expansão acelerada do mercado interno de massas, de ascensão de um contingente expressivo de pessoas à classe média e da tendência de crescimento da economia, do emprego e da renda dos brasileiros, o discurso contra as estatais está obsoleto. É como o relógio quebrado que homenageia a nostalgia e a ostentação, mas é incapaz de fornecer uma informação correta.
As estatais, diante do novo quadro econômico, já podem se dar ao luxo de serem extremamente lucrativas. Mas estão longe de constituir uma ameaça ao setor privado. Elas podem atuar em atividades nas quais empresas privadas têm demonstrado dificuldades crônicas em dar conta do recado ou, como no caso da Petrobrás, podem funcionar como grandes alavancas do crescimento econômico, responsáveis por irrigar inúmeras cadeias produtivas que sequer existiam, ou que haviam sido desativadas.
Passados dez anos desde que perdemos Aloysio Biondi, tem-se a exata dimensão da importância daquilo que ele nos mostrou e de sua contribuição para reverter a cegueira que tomava conta do País. Me arrisco a dizer que, se vivo estivesse, o autor daquele texto célebre e indignado estaria tomado por um sorriso satisfeito com a volta dos elefantes. Até porque, “três elefantes incomodam, incomodam…. incomodam muito mais”.
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quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Crianças irritam Serra: "Lula, Lula"
Serra e Alckmin visitam colégio em Heliópolis, na capital paulista, mas esbarram na sinceridade das criancinhas. O professor ainda dá um pito, mas o vexame já havia se consumado. O demotucano ainda vai cortar o pulso!
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Movimento Salve a TV Cultura
Reproduzo importante conclamação do jornalista Luis Nassif, publicado em seu blog:
Não tenho por hábito estimular movimentos de mobilização pela Internet. Mas esse caso da TV Cultura não pode ficar assim.
Não é possível que o trabalho de gerações de paulistas, que a tradição criada por Roberto Muylaert seja destruída pela postura imperial de um presidente indicado pelo governo do Estado. Não se pode deixar João Sayad promover esse desmonte.
Montou-se um Conselho supostamente representativo da sociedade civil paulista, mas que só tem servido para sancionar decisões que partem do governo do Estado.
Nos últimos anos, a TV Cultura foi uma caixa preta. Apesar de indícios veementes de irregularidades, o conselho passou ao largo da gestão Marcos Mendonça. A blindagem proporcionada pela mídia a todos os atos de governo garantiu esse silêncio atroz, um pacto de cumplicidade naquele que deveria ser o Estado por excelência da afirmação da sociedade civil.
Há diversas funções das mais relevantes a serem cumpridas pela TV Cultura. Há uma cultura paulista espalhada por todo o Estado à espera de divulgação, há novas gerações de músicos aguardando espaço, há uma discussão ampla sobre os rumos do estado e do país. Como emissora pública, a TV Cultura teria espaço para prestar serviços a órgãos públicos – como já faz -, tem facilidade para captar recursos pela Lei Rouanet. Poderia se montar um trabalho amplo de mobilização junto às empresas paulistas.
Poderia ser o veículo por excelência das Secretarias da Educação, da Cultura, da Gestão. Mas nas vezes em que se ensaiou essa parceria, foi apenas para validar negócios de ONGs controladas por aliados políticos.
Todo esse potencial é deixado de lado pela postura fácil do desmonte.
Fica aqui a sugestão para a criação de um Movimento Salve a TV Cultura. O Blog ficará à disposição dos que tiverem propostas, ideias e mobilização para essa empreitada que é questão de honra para São Paulo.
Coloque no seu Twitter o hashtag #salveaTVCultura
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Não tenho por hábito estimular movimentos de mobilização pela Internet. Mas esse caso da TV Cultura não pode ficar assim.
Não é possível que o trabalho de gerações de paulistas, que a tradição criada por Roberto Muylaert seja destruída pela postura imperial de um presidente indicado pelo governo do Estado. Não se pode deixar João Sayad promover esse desmonte.
Montou-se um Conselho supostamente representativo da sociedade civil paulista, mas que só tem servido para sancionar decisões que partem do governo do Estado.
Nos últimos anos, a TV Cultura foi uma caixa preta. Apesar de indícios veementes de irregularidades, o conselho passou ao largo da gestão Marcos Mendonça. A blindagem proporcionada pela mídia a todos os atos de governo garantiu esse silêncio atroz, um pacto de cumplicidade naquele que deveria ser o Estado por excelência da afirmação da sociedade civil.
Há diversas funções das mais relevantes a serem cumpridas pela TV Cultura. Há uma cultura paulista espalhada por todo o Estado à espera de divulgação, há novas gerações de músicos aguardando espaço, há uma discussão ampla sobre os rumos do estado e do país. Como emissora pública, a TV Cultura teria espaço para prestar serviços a órgãos públicos – como já faz -, tem facilidade para captar recursos pela Lei Rouanet. Poderia se montar um trabalho amplo de mobilização junto às empresas paulistas.
Poderia ser o veículo por excelência das Secretarias da Educação, da Cultura, da Gestão. Mas nas vezes em que se ensaiou essa parceria, foi apenas para validar negócios de ONGs controladas por aliados políticos.
Todo esse potencial é deixado de lado pela postura fácil do desmonte.
Fica aqui a sugestão para a criação de um Movimento Salve a TV Cultura. O Blog ficará à disposição dos que tiverem propostas, ideias e mobilização para essa empreitada que é questão de honra para São Paulo.
Coloque no seu Twitter o hashtag #salveaTVCultura
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