domingo, 23 de outubro de 2011

Globo e Estadão contra Cristina Kirchner

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Daqui a pouco devem surgir os primeiros resultados das eleições argentinas, confirmando a esmagadora vitória de Cristina Kirchner.

O favoritismo da presidenta argentina, porém, não impediu que O Globo e o Estadão, hoje, publicassem artigos que vão do sexismo mais torpe ao desprezo mais ignóbil pela vontade do povo argentino.

A máfia midiática do Rio Grande do Sul

Do blog Cloaca News:

Entre as inestimáveis contribuições do tabloide Zero Hora à história do jornalismo investigativo brasileiro, figura um caso exemplar, perpetrado na edição do dia 21/9/09 da gazetinha gaúcha. Para quem chegou agora ou para quem já esqueceu, a reporcagem de capa daquela data trazia espetaculares revelações sobre "as estratégias do MST", todas elas esteadas no conteúdo de um suposto caderninho escolar, "com 26 páginas escritas à mão", encontrado dentro de um latão de lixo no estacionamento do Incra, em Porto Alegre.

A rotina golpista da imprensa voraz

Por Roni Chira, no blog O que será que me dá?:

Difícil calcular a profundidade e os interesses financeiros ocultos neste iceberg da Copa do Mundo do qual só vemos a ponta. É coisa de bilhões (se não tri) de dólares.

TV Globo cobra provas da Veja

Por Esmael Morais, em seu blog:

Uma fonte deste blog na TV Globo, do Rio, informa que não está nada amistosa a relação da emissora dos Marinhos com a revista Veja.

Cristina enfrenta e derrota a mídia

http://tiempo.elargentino.com/
Por Altamiro Borges

Pesquisa de boca de urna divulgada na noite deste domingo (23) indica que a presidenta Cristina Kirchner deverá ser reeleita na Argentina com 57% dos votos. Hermes Binner, governador da província de Santa Fé, também apoiado por setores de esquerda, aparece em segundo lugar, com 15% dos sufrágios. Ricardo Alfonsín, filho do ex-presidente Raúl Alfonsín, surge em terceiro, com 9% dos votos.

Tarso rechaça editorial do Zero Hora

Por Marco Aurélio Weissheimer, no blog RS Urgente:

O jornal Zero Hora publicou um editorial neste sábado (22) manifestando “estarrecimento” pelo que chama de “ataque desfechado pelo governador Tarso Genro ao jornalismo investigativo”. O editorial acusa o governador de sustentar uma posição que “tende a interessar mais aos corruptos do que aos cidadãos”. ZH acusa Tarso também de querer “restringir preventivamente a liberdade de imprensa” e o trabalho da “imprensa livre e independente”, no momento em que “o país passa por uma limpeza ética”.

Última chance do governo Dilma

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Não foi por falta de aviso que o governo Dilma Rousseff mergulhou na crise política em que se encontra, com a inédita perda de cinco ministros em menos de um ano. Este blog, assim como o ex-presidente Lula, previram, já no início de 2011, que a demissão do ex-ministro Antonio Palocci por pressão da mídia e de setores do PT faria com que milhões de brasileiros que apoiavam o governo anterior deixassem de apoiar a este.

Reforma agrária está emperrada

Do sítio do MST:

A presidenta Dilma Rousseff corre o risco de encerrar seu primeiro ano de governo sem ter realizado nenhuma nova desapropriação de terra.

A presidenta recebeu cerca de 90 processos de desapropriações, cujos trâmites técnicos já tinham sido completamente realizados no governo anterior, e bastava apenas a sua assinatura. Todavia, as desapropriações dessas áreas ainda não saíram.

A Veja e como são feitas as salsichas

Por Gustavo Alves, em seu blog:

Não pude escrever mais esta semana, pois ela já começou atropelada pelas manchetes da Veja contra o ministro Orlando e também pelas ameaças veladas de mais uma peça de jogo sujo no Rio Grande do Sul.

Mídia não disfarça sua frustração

Por José Dirceu, em seu blog:

Não foi desta vez. Desta, não deu certo. A mídia tentou e forçou para que o ministro do Esporte, Orlando Silva, caísse. Desrespeitou abertamente o seu direito à presunção da inocência e ao devido processo legal ante denúncias em seu Ministério.

Tentou - e continua a tentar - substituir a Justiça. Quando não consegue, pressiona para que o julgamento não a desmoralize, não mostre que todo o escândalo foi factóide criado artificialmente por ela. É sua forma e jeito de continuar tentando impor decisões, primeiro à presidenta Dilma Rousseff, depois à Justiça.

sábado, 22 de outubro de 2011

A urgência da democratização da mídia

http://mediatizados.blogia.com 
Por Emir Sader, no sítio Carta Maior:

Nos meses transcorridos desde as acusações a Palocci até esta ofensiva contra Orlando Silva ficou clara a força da velha mídia para pautar a política nacional. A agenda política ficou periodizada pelos ministros que eram a bola da vez das acusações, numa sequência prolongada de “escândalos, que deu a impressão que essa era a cara mais marcante do governo.

Orlando Silva e o massacre da mídia

Por Nivaldo Santana, em seu blog:

Com a crescente fragilização dos partidos oposicionistas, o conservadorismo político do país se sustenta nos grandes monopólios midiáticos. A mídia vai desde a mentira pura e simples (como no caso das acusações contra o ministro Orlando Silva) até a invenção de factoides ou manipulação grosseira de problemas.

“Nós somos os 99%”: Occupy London

Por Cris Rodrigues, no blog Somos andando:

Fazia 8ºC na City, o coração do mercado financeiro inglês, em Londres, na tarde de quarta-feira, 19 de outubro. Ainda assim, cerca de 150 pessoas continuavam nas barracas montadas desde sábado, 15, em frente à Catedral de St. Paul’s, e não pareciam pretender sair de lá tão cedo. Em Londres, a repercussão do movimento americano Occupy Wall Street está sendo chamada de Occupy the London Stock Exchange, ou Ocupem a Bolsa de Londres (página no Facebook e no Twitter), e segue na mesma linha do que se vê nos Estados Unidos. Não há um líder ou um porta-voz, sequer uma proposta clara do que pode ser feito para mudar o mercado financeiro ou o sistema político-econômico.

Kadafi executado. Otan e mídia vibram

Por Mário Augusto Jakobskind, no sítio Direto da Redação:

Muammar Kadhafi morreu em combate. Foi coerente, porque desde o início da guerra civil incentivada pelo Ocidente dizia que resistiria até a morte. A mídia de mercado, juntamente com dirigentes de países integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) ficaram exultantes. Criticam Kadhafi por ter resistido.

Estudantes fazem "faxina" na Globo

Foto: Fernanda Rangel
Do blog Carta do Rio:

De forma muito irreverente um grupo de 30 estudantes realizou uma grande faxina na tarde de quarta-feira na frente da Rede Globo de televisão no Rio de Janeiro. Armados com balde, sabão e vassoura os manifestantes afirmaram estar varrendo a “sujeira do monopólio dos meios de comunicação no Brasil”.

Os cinco cubanos ignorados pela mídia

Do sítio do Centro de Estudos Barão de Itararé:

Em debate ocorrido ontem (20), no Teatro da Faculdade Paulista de Comunicação (Fapcom), Fernando Morais apresentou Os últimos soldados da Guerra Fria, seu novo livro. Promovido pelo Barão de Itararé, Revista Fórum e Circuito Fora do Eixo, o evento também contou com as presenças de Socorro Gomes, Lázaro Méndez Cabrera, Max Altman e mediação de Renata Mieli e Renato Rovai.

Disputa bilionária entre Globo e Record

Por Valério Cruz Brittos e Anderson David Gomes dos Santos, no Observatório da Imprensa:

Os últimos cinco anos têm sido marcados por uma intensa disputa pelos direitos de transmissão de torneios esportivos por parte das duas principais competidoras no mercado televisivo brasileiro. Trata-se de uma expansão do processo competitivo intenso – que sinaliza a Fase da Multiplicidade da Oferta das comunicações – também para o esporte, especialmente o futebol, de preferência infinitamente superior no país (e em grande parte do mundo). O tripé futebol, telenovela e jornalismo constitui o núcleo de disputa principal da TV nacional, com custos inflacionados por esse interesse dos operadores em torno desses bens.

Tarso Genro e "fascismo pós-moderno"

Ana Nascimento/ABr
Por Igor Natusch, no sítio Sul 21:

Em discurso na abertura de um congresso nacional contra a corrupção, organizado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul, o governador Tarso Genro criticou duramente nesta quinta-feira (20) o modo como a mídia conduz as discussões políticas no Brasil, em especial no que se refere à corrupção.

Orlando resiste ao bombardeio midiático

José Cruz/ABr
Por Orlando Silva Jr., na Folha de S. Paulo:

Estou, há uma semana, submetido à execração pública. O bombardeio é intenso. A calúnia máxima, a de que recebi dinheiro na garagem do prédio do Ministério do Esporte, foi nos últimos dias potencializada por uma sucessão de outros fatos divulgados pela mídia.

O Brasil venceu a calúnia?

Por Miguel do Rosário, no blog Óleo do Diabo:

Foi uma sexta-feira turbulentíssima. A mídia apertou o cerco em torno de Orlando Silva. Seus exércitos iniciaram um bombardeio concentrado durante o dia inteiro, tentando produzir um fato consumado. Na verdade, desde o dia anterior, a mídia vinha divulgando que o Planalto "emitira sinais" de que Orlando deveria pedir demissão. A manchete do Jornal O Globo da quinta-feira era enorme, bombástica e definitiva: Planalto decide afastar Orlando Silva. E nesta sexta quase todos os principais jornalistas políticos anunciavam a queda do ministro como inevitável e certa.

Até que, finalmente, chega a patroa. Dilma Rousseff voltou da África, deu declarações irritadas acerca das notícias sobre sua suposta decisão de afastar Orlando Silva, reuniu-se a portas fechadas com o ministro e, por fim, decidiu que ele permanece no cargo. Foi uma tremenda vitória contra a calúnia, contra a manipulação da notícia, e contra os desmandos enlouquecidos de uma mídia sem escrúpulos.

A tensão gerada pela onda crescente e delirante de denúncias vazias acabou, como era de se esperar, transformando-se em rancor também contra o governo, acusado de agir com pusilanimidade em face ao golpismo midiático. "O governo é covarde", tem sido uma acusação frequente.

De fato, é inegável que os políticos brasileiros têm medo da mídia. É preciso entender, porém, que a mídia não precisa passar pelo incômodo eleitoral. Ela tem dinheiro e estabilidade. Já o poder dos representantes políticos sofre de uma grande "fragilidade" (que também é sua força) democrática: é temporário e descartável.

Lembremos que o conflito entre mídia e governo tem sido um problema grave em todo mundo, e acontece de uma forma muito acentuada na América Latina. As instituições políticas por aqui não são respeitadas. Mas é injustiça dizer que o governo brasileiro e as lideranças políticas não estão reagindo.

Hoje o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, fez declarações contundentes contra o que ele chamou de fascismo pós-moderno.

A própria presidente tem feito, frequentemente, declarações bastante enfáticas contra o prejulgamento e o linchamento político. Hoje mesmo o Planalto divulgou uma nota dura, seca e direta, como uma bala:

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Nota à imprensa

Após a reunião com o ministro do Esporte, Orlando Silva, a presidenta Dilma Rousseff disse que o governo “não condena ninguém sem provas e parte do princípio civilizatório da presunção da inocência”.

“Não lutamos inutilmente para acabar com o arbítrio e não vamos aceitar que alguém seja condenado sumariamente”, disse a presidenta.

Na reunião, o ministro informou à presidenta que tomou todas as medidas para corrigir e punir malfeitos, ressarcir os cofres públicos e aperfeiçoar os mecanismos de controle do Ministério do Esporte.

Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República


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Agora, é evidente que o governo precisa agir com prudência. O governo é um animal pesado, que se movimenta e se comunica com extrema lentidão e dificuldade, pois cada ato e cada palavra devem ser sopesados para que se coadunem sem traumas à sua mentalidade algo esquizofrênica, com múltiplas personalidades.

No entanto, a cada passo dado, a cada palavra emitida, dá-se uma grande transformação. Um pequeno gesto governamental pode ter um enorme significado histórico. O sofrimento do ministro Orlando Silva e dos militantes do aguerrido PCdoB, certamente se converterá numa consciência política mais aguçada, mais astuta, mais forte.

A estratégia de criminalizar a política tem sido o padrão da mídia. O simples fato de uma pessoa ser "filiada" a um partido político torna-a suspeita, como se esta filiação não fosse, na verdade, um ato de transparência ideológica. E o ministério dos Esportes pagou até por seus acertos. Condenou-se sumariamente o ministério pelo fato dele estar fazendo cobranças judiciais contra ongs dirigidas por filiados do próprio PCdoB, como era o caso das entidades dirigidas pelo PM João Dias.O ministério provou que não perdoa ninguém.

Faltou, como sempre, bom senso. O Ministério dos Esportes foi entregue ao PCdoB para que este implantasse políticas em linha com os ideais do partido. É natural, se ele deve contratar entidades privadas, que sejam selecionadas algumas que partilhem dessas mesmas estratégias. Há irregularidades? Sim, sempre há. Mas novamente usemos o bom senso. Há dois tipos de irregularidades. Algumas são provocadas por confusão burocrática. Muitas correspondem a desvios de verbas. Não há nenhuma relação destas últimas, porém, com o PCdoB. Ao contrário, no ranking da corrupção, o PCdoB sempre figurou num dos últimos lugares.

O Ministério mostrou que tem estado atento às irregularidades, às quais correspondem a um percentual pequeno do montante total das ações. Não se pode culpar o ministério, ou o ministro, por erros de terceiros. O ministério é obrigado a dar um voto de confiança às entidades com as quais tem parceria. O governo não pode antever que empresas lhe passarão a perna. O que ele faz é examinar as contas, no âmbito dos próprios ministérios, junto ao Tribunal de Contas e através da Controladoria Geral da União, e, no caso de encontrar problemas, tomar as devidas providências.

O que causa espanto nesse processo todo é a estratégia articulada da mídia para derrubar o ministro. Divulgam-se denúncias uma após a outra, sem preocupação nenhuma com sua consistência. O importante é fazer volume e criar uma atmosfera de crise e linchamento, com vistas a pressionar o governo a tomar uma decisão rápida e intempestiva.

A compra de um terreno de 370 mil num lugar isolado do interior de São Paulo é considerado um crime. O fato da mulher do ministro dos Esportes dar assistência na produção de um documentário feito por uma ONG, sob encomenda do ministério da Justiça, é sensacionalizado. "Mulher de ministro recebe dinheiro do governo", diz a manchete. Ora, a mulher do Serra tem ONG que recebe há anos patrocínio do governo de São Paulo. Dona Ruth, que Deus a tenha, sempre teve ONG patrocinada com dinheiro público. E os últimos casos envolvem milhões de reais, e uma relação direta entre as esposas e o governo, enquanto a mulher do ministro ganhou apenas 40 mil para trabalhar num documentário sobre a ditadura, que obteve, através de uma outra ong, patrocínio de um ministério sem nenhuma relação com seu marido.

Não é o caso de justificar um erro com outro, mas apenas apontar uma injustiça. A mulher do ministro não estava cometendo nenhuma ilegalidade. A lei do nepotismo proíbe o ministro de empregar a sua mulher no ministério, mas não fecha à ela, arbitrariamente, as portas de toda instituição pública.

Em Vigiar e Punir, Foucault nos fala que a história da punição evoluiu de tal maneira que os castigos corporais foram substituídos, gradualmente, por castigos voltados ao espírito:

... e desde então os juízes, pouco a pouco, mas por um processo que remonta bem longe no tempo, começaram a julgar coisa diferente além dos crimes: a alma dos criminosos.

É assim que tem feito a imprensa, ao assumir o papel de um verdadeiro e terrível tribunal de exceção.

Num mundo cada vez mais dominado pela comunicação rápida, onde uma acusação rapidamente multiplica-se em milhões de links, comentários, piadas e juízos, uma calúnia corresponde a um sofrimento bem pior do que uma dor física, porque ataca diretamente a honra, ou seja, a alma do acusado. E dificilmente a ferida cicatriza, porque é extremamente complicado fazer a calúnia fazer o caminho de volta, apagando seus rastros. Na era da internet, as acusações precipitadas, os comentários maldosos, as piadas cruéis, permanecem na rede para sempre, constituindo uma espécie de castigo perpétuo.

Não é de se espantar que os políticos tenham receio da mídia! A mídia pode destruir não apenas a sua carreira política, mas algo muito mais importante: a sua honra, a sua dignidade, a sua alma.

Diante de um poder tão terrível concentrado em mãos inescrupulosas, é natural, ou antes, é necessário que uma parte da sociedade exija que haja um controle democrático da mídia. Não podemos mais ficar reféns dessa nova espécie de tirania, que de certa forma, parece a mais terrível de todas, porque tem o poder de vida e morte sobre a honra dos cidadãos.

Como diria Lênin: o que fazer? Eu vejo as pessoas pedirem uma Ley dos Medios, ou democratização dos meios de comunicação, sem no entanto saber muito bem do que estão falando. E o debate, é forçoso dizer, está sendo vencido pela mídia corporativa. Quanto a isso, tenho mantido uma postura bastante cética. Eu acho fundamental que seja discutido um novo marco regulatório das comunicações. Mas tanta coisa vai mudar quando houver a convergência digital e a entrada definitiva das telefônicas no mercado de televisão digital e a cabo; tanta coisa vai mudar quando a maioria da população tiver acesso a uma banda larga decente; enfim, estamos no limiar de mudanças tecnológicas - e consequentemente, culturais - tão profundas, que acho um pouco ingênuo a gente pretender que será uma lei federal que mudará substancialmente, no curto prazo, a correlação de forças dentro da mídia.

O problema principal, a meu ver, é de ordem prática e orgânica para os partidos e forças políticas do campo popular. Eles têm sido o alvo principal dos ataques midiáticos. Não devemos, no entanto, alimentar um complexo de derrota fora da realidade. A esquerda, com mídia golpista e tudo, tem crescido a um ritmo bastante acelerado no Brasil, e possivelmente crescerá ainda mais em 2012.

Enfim, este problema de ordem prática pode ser resolvido com a instalação, dentro dos partidos e governos, de assessorias de comunicação mais competentes e mais ousadas. A sociedade civil engajada, ou seja, a militância, tem se mostrado bastante presente, e é justamente a ausência do governo nesta seara que a obrigou a portar-se com admirável autonomia e desenvoltura. Há uma responsabilidade, no campo da guerra da comunicação, que pertence à esfera privada, e neste campo também a mídia tem encontrado alguns obstáculos sérios. Há uma pedra no caminho da mídia: ou melhor, muitas pedras: os blogs progressistas.

Nestes momentos de tensão, as pessoas costumam se deixar levar por raciocínios e julgamentos apressados. Não se deve fazer uma análise política com paixão ou rancor. O governo tem se manifestado, nos últimos anos, com uma assertividade cada vez maior em relação aos ataques midiáticos. As declarações de Tarso Genro, acusando a existência de um fascismo pós-moderno (referindo-se, é claro, à mídia) seriam impensáveis há alguns anos. A maneira como Orlando Silva se portou durante esta crise, com altivez e serenidade, respondendo com muita objetividade a todas as calúnias, também mostra que os representantes políticos estão amadurecendo sim.

É preciso elogiar, sobretudo, o espírito combativo, solidário e enérgico do PCdoB e seus militantes, que diferentemente do PT, que costuma ceder a divisões internas, agiu como um bloco uníssono em defesa da honra de um grande quadro. Uma postura que certamente inspirou militantes e dirigentes de outros partidos.

Enfim, as instituições políticas brasileiras sofreram o enésimo ataque, e mais uma vez resistiram. Quero acreditar que, a cada ataque do conservadorismo midiático e golpista, as forças populares emergem fortalecidas. Afinal, não existe melhor exercício político do que a luta.

Devemos, portanto, combater essa tendência, tão constante em nosso povo que se tornou quase um vício, de nos autodepreciarmos. O Brasil venceu mais essa guerra. Orlando Silva resistiu. Devemos comemorar e usar esta experiência para as muitas batalhas que ainda virão. Provavelmente enfrentaremos derrotas, mas também aprenderemos com estas para vencermos mais à frente.

A necessária acomodação entre forças sociais antagônicas tem sido um terrível desafio para qualquer nação. Os EUA perderam quase 1 milhão de vidas com uma guerra civil onde o que estava em jogo era exatamente o mesmo que experimentamos no Brasil: a luta entre conservadorismo e progressismo. Mais tarde, viveu uma época de caça-às-bruxas que até hoje envergonha o povo americano. A Europa, por sua vez, antes de atingir seu atual estágio de desenvolvimento econômico, político e social, testemunhou o nascimento de ideologias fascistas que resultaram em massacres e guerras.

Não esperemos que seja fácil para o Brasil superar suas contradições. A mídia é a cabeça de uma poderosa hidra, e não tem poder por si só, mas por representar setores sociais situados no alto da pirâmide. Não a subestimemos. A mídia brasileira é talentosa, criativa, sabe se reinventar a cada derrota, e sabe que o Brasil, mal ou bem, precisa dela, já que ela é o meio pelo qual a maioria do povo tem acesso a informações necessárias à cidadania. Essa é uma guerra que lutaremos sem cairmos na tolice do maniqueísmo.

Santo Agostinho ensinava que tudo que existe tem bondade, pois em caso contrário não existiria, nem poderia ser corrompido - pois o que é mal, por ser mal, não pode sequer ser corrompido. Tudo que existe vem de Deus, dizia ele; na minha versão atéia, isto significa que tudo que existe e tem força possui uma importância histórica e uma utilidade social (com exceção da escravidão, que é a negação da liberdade e, logo, da vida). Não adianta, portanto, pintarmos os atuais conflitos políticos como uma guerra do bem contra o mal. É ingênuo querer o fim da mídia corporativa ou achar que os políticos não deveriam dar mais entrevistas, nem comparecer a nenhum evento, etc.

A única solução é um acordo. Um pacto de fortes. Não exatamente entre governo e mídia, mas entre governo, Justiça, sociedade civil e mídia. Precisamos de uma mídia independente dos governos. Mas não uma mídia caluniadora. As forças da História, de qualquer forma, estão em movimento, e em luta; diante da História, nobres são os que tombam de arma nas mãos. E numa democracia, a arma mais legítima - ou a única legítima - é a inteligência. Como dizia Morrison: the old get older, the young get stronger; they got the guns, but we got the number. Gonna win, baby, and take it over!