Por Tarso Genro, no site Sul-21:
Juan Gelman abre o seu poema “Tarefas” com os seguintes versos: “a tarefa mais laboriosa dos amantes não consiste em fazer amor, mas em desfazê-lo à luz incerta da madrugada ou alvorada…” Sua poética universal pode ampliar nossa sensibilidade para outras deduções, no campo afetivo ou político: “o dever mais importante dos amigos não consiste em querer-se, mas em saber romper a amizade mantendo a fidelidade afetiva”, ou “a obrigação mais forte dos inimigos não é odiar-se, mas saber preparar-se para uma vitória definitiva ou uma derrota digna”, ou – quem sabe – “no plano político, a dignidade das pessoas não está na capacidade de impor as suas próprias razões nas situações de força, mas está em saber ser julgado pelo sujeito da soberania, o povo real”.