sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Murdoch e a falta de princípios da mídia

Do sítio Carta Maior:

O comitê parlamentar de Cultura e Mídia britânico publicou uma nota enviada por Clive Goodman, preso em 2007 pela prática de escutas ilegais, ao diretor de Recursos Humanos do grupo News International. Na nota, Goodman afirma que os grampos telefônicos foram “amplamente discutidos” em reuniões de edição do diário e que seu ex-redator chefe Andy Coulson tratou de escondê-los. Além disso, Goodman reclama na carta que recebeu promessas “em muitas ocasiões que poderia voltar a ter um emprego se não envolvesse o jornal”.

“Esta prática foi discutida amplamente na reunião diária de redação até que o redator chefe proibiu toda referência explícita”, afirmou Goodman em referência às escutas ilegais em sua carta dirigida ao diretor de Recursos Humanos da News International, subsidiária do grupo de Rupert Murdoch no Reino Unido.



Goodman é o único jornalista do News of the World que foi preso por interceptar mensagens telefônicas. O ex-repórter cumpriu uma pena de quatro meses na prisão, em janeiro de 2007, depois de admitir a culpa no caso. Na ocasião, News International disse que Goodman “agiu sozinho” e assegurou que nenhum outro jornalista da publicação dominical esteve envolvida nas escutas.

A carta divulgada pelo Comitê de Meios de Comunicação, Cultura e Desportos da Câmara dos Comuns tem data de 2 de março de 2007 e, nela, Goodman pede que sua demissão seja reconsiderada. O ex-jornalista precisou que o ex-redator chefe Andy Coulson, que após deixar o News of the World, converteu-se no chefe de comunicação de David Cameron, e o ex-responsável de assuntos legais do News of the World, Tom Crone, “prometeram em muitas ocasiões que ele poderia voltar a ter um emprego no jornal se não envolvesse a publicação ou integrantes da sua equipe em suas alegações ante a justiça”. “Não fiz isso e espero que a publicação honre sua promessa”, afirmou.

Um membro da Comissão de Meios de Comunicação, o deputado trabalhista Tom Watson, qualificou estas novas revelações como “devastadoras” para Coulson, que deixou seu cargo no governo em janeiro passado. Watson indicou também que o filho do magnata da imprensa Rupert Murdoch, James Murdoch, presidente da News International, será “provavelmente” convocado pela segunda vez a depor na comissão para esclarecer declarações contraditórias entre diferentes testemunhos.

* Tradução de Katarina Peixoto.

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