Por João Sicsú, na CartaCapital:
O PIB de 2011 decepcionou. Contudo, foi o resultado de uma decisão de governo. No início do ano passado, temendo a inflação e outros gargalos, a presidenta, junto com assessores mais próximos, tomou a decisão de desacelerar a economia utilizando políticas monetárias, creditícias e fiscais restritivas. Ao câmbio valorizado restou o papel de solidificar a situação em curso.
Cabe lembrar que a taxa de juros Selic foi elevada, de 10,5% ao ano para 12,5%, em cinco reuniões do Banco Central (BC), de forma consecutiva, de janeiro a julho. Ainda assim, o BC sofria ataques de analistas ligados ao sistema financeiro que o acusaram de frouxidão: desejavam que a taxa de juros fosse elevada a uma velocidade maior.
O BC adotou, também, medidas macro prudenciais para reduzir o ritmo de ampliação do crédito. O Tesouro reduziu o valor dos aportes ao BNDES em 2011. Em fevereiro, o governo anunciou um corte de R$ 50 bilhões em gastos previstos para o ano. Posteriormente, elevou a meta de superávit primário em R$ 10 bilhões, que saiu de R$ 117,9 bi para R$ 127,9 bi.
O resultado esperado foi alcançado. A economia cresceu 2,7% em 2011. No ano anterior, havia crescido 7,5%. Este é um resultado medíocre para uma economia que vinha crescendo a uma taxa média, entre 2007 e 2010, de 4,5% ao ano. Não é plausível atribuir a chegada do pibinho à crise europeia que explodiu somente em meados de setembro do ano passado. O cenário brasileiro já era de frenagem brusca.
Há um temor político no ar: a volta da trajetória de pibinhos dos governos FHC. Repetir em 2012 o crescimento do PIB de 2011 representará, no plano econômico, uma descontinuidade política em relação à era Lula. Para reagir, desde o final de agosto, o Banco Central iniciou um processo de redução da taxa de juros Selic. O governo adotou medidas de isenções tributárias, incentivos fiscais e estímulos creditícios. Todas as medidas parecem ser tímidas e insuficientes para enfrentar os efeitos do cenário internacional e a paralisia interna, principalmente, na indústria de transformação. A exceção foi o aumento dado ao salário mínimo – uma medida potente e eficaz.
A presidente estabeleceu uma meta para o volume de investimentos em relação ao PIB para ser alcançada ao final do seu governo. Objetiva que esta relação atinja o patamar de 24%. Em oito anos, Lula fez o investimento crescer de 15,3% para 19,5% do PIB. Dilma já perdeu o primeiro ano, em 2011, tal relação caiu para 19,3%.
Há uma visão, explicitada de forma tímida, que o governo deve fazer investimento público e moderar o consumo privado. Essa seria a fórmula para o crescimento contínuo e não inflacionário. Contudo, tal fórmula colocará o Brasil de volta na trajetória de pibinhos. A marca do crescimento dos governos do presidente Lula, principalmente, em seu segundo governo, foi fazer crescimento com inclusão social. Em termos econômicos, isso representava um forte estímulo ao consumo, que, por sua vez, estimulava intensamente o investimento privado – que cresceu bastante nos últimos anos. É a tensão imposta pelo consumo que estimula o investimento privado.
No segundo mandato do presidente Lula, o investimento crescia, de forma consistente, a uma taxa que era o dobro (quase o triplo) do crescimento do PIB. Em 2010, o investimento cresceu mais que 21%. A economia cresceu 7,5%. Em 2011, o investimento cresceu 4,7%, menos que o dobro do crescimento da economia, que foi de 2,7%.
O que estimula o investimento privado é a continuidade do consumo das famílias e a ampliação do investimento público. Houve crescimento moderado do consumo (4,1%) em 2011. O resultado do crescimento do consumo acumulado em quatro trimestres foi o pior dos últimos sete anos. Mas, para piorar, houve um crescimento medíocre da indústria de transformação (que foi de 0,1%) conjugado com crescimento das importações. Resumo: o crescimento do consumo não provocou, tal como era desejável, aumento da produção industrial e não estimulou o investimento privado, mas gerou empregos fora do país através do consumo de importados. As importações cresceram 9,7% em 2011.
A conclusão é que, para evitar a era dos pibinhos, o governo deve retomar as políticas de estímulo ao consumo das famílias, aumentar o investimento público e adotar medidas de proteção à indústria de transformação, como, por exemplo, medidas para conter a valorização do real. Acima de tudo, governo deve abandonar a míope visão que enxerga o consumo privado como combustível da inflação e o investimento público em infra-estrutura como elemento que deve preceder o investimento privado. Na economia real, são as tensões, muitas vezes descoordenadas, entre consumo e investimento que provocam o crescimento com inclusão social, tal como ocorreu na gestão do presidente Lula.
O PIB de 2011 decepcionou. Contudo, foi o resultado de uma decisão de governo. No início do ano passado, temendo a inflação e outros gargalos, a presidenta, junto com assessores mais próximos, tomou a decisão de desacelerar a economia utilizando políticas monetárias, creditícias e fiscais restritivas. Ao câmbio valorizado restou o papel de solidificar a situação em curso.
Cabe lembrar que a taxa de juros Selic foi elevada, de 10,5% ao ano para 12,5%, em cinco reuniões do Banco Central (BC), de forma consecutiva, de janeiro a julho. Ainda assim, o BC sofria ataques de analistas ligados ao sistema financeiro que o acusaram de frouxidão: desejavam que a taxa de juros fosse elevada a uma velocidade maior.
O BC adotou, também, medidas macro prudenciais para reduzir o ritmo de ampliação do crédito. O Tesouro reduziu o valor dos aportes ao BNDES em 2011. Em fevereiro, o governo anunciou um corte de R$ 50 bilhões em gastos previstos para o ano. Posteriormente, elevou a meta de superávit primário em R$ 10 bilhões, que saiu de R$ 117,9 bi para R$ 127,9 bi.
O resultado esperado foi alcançado. A economia cresceu 2,7% em 2011. No ano anterior, havia crescido 7,5%. Este é um resultado medíocre para uma economia que vinha crescendo a uma taxa média, entre 2007 e 2010, de 4,5% ao ano. Não é plausível atribuir a chegada do pibinho à crise europeia que explodiu somente em meados de setembro do ano passado. O cenário brasileiro já era de frenagem brusca.
Há um temor político no ar: a volta da trajetória de pibinhos dos governos FHC. Repetir em 2012 o crescimento do PIB de 2011 representará, no plano econômico, uma descontinuidade política em relação à era Lula. Para reagir, desde o final de agosto, o Banco Central iniciou um processo de redução da taxa de juros Selic. O governo adotou medidas de isenções tributárias, incentivos fiscais e estímulos creditícios. Todas as medidas parecem ser tímidas e insuficientes para enfrentar os efeitos do cenário internacional e a paralisia interna, principalmente, na indústria de transformação. A exceção foi o aumento dado ao salário mínimo – uma medida potente e eficaz.
A presidente estabeleceu uma meta para o volume de investimentos em relação ao PIB para ser alcançada ao final do seu governo. Objetiva que esta relação atinja o patamar de 24%. Em oito anos, Lula fez o investimento crescer de 15,3% para 19,5% do PIB. Dilma já perdeu o primeiro ano, em 2011, tal relação caiu para 19,3%.
Há uma visão, explicitada de forma tímida, que o governo deve fazer investimento público e moderar o consumo privado. Essa seria a fórmula para o crescimento contínuo e não inflacionário. Contudo, tal fórmula colocará o Brasil de volta na trajetória de pibinhos. A marca do crescimento dos governos do presidente Lula, principalmente, em seu segundo governo, foi fazer crescimento com inclusão social. Em termos econômicos, isso representava um forte estímulo ao consumo, que, por sua vez, estimulava intensamente o investimento privado – que cresceu bastante nos últimos anos. É a tensão imposta pelo consumo que estimula o investimento privado.
No segundo mandato do presidente Lula, o investimento crescia, de forma consistente, a uma taxa que era o dobro (quase o triplo) do crescimento do PIB. Em 2010, o investimento cresceu mais que 21%. A economia cresceu 7,5%. Em 2011, o investimento cresceu 4,7%, menos que o dobro do crescimento da economia, que foi de 2,7%.
O que estimula o investimento privado é a continuidade do consumo das famílias e a ampliação do investimento público. Houve crescimento moderado do consumo (4,1%) em 2011. O resultado do crescimento do consumo acumulado em quatro trimestres foi o pior dos últimos sete anos. Mas, para piorar, houve um crescimento medíocre da indústria de transformação (que foi de 0,1%) conjugado com crescimento das importações. Resumo: o crescimento do consumo não provocou, tal como era desejável, aumento da produção industrial e não estimulou o investimento privado, mas gerou empregos fora do país através do consumo de importados. As importações cresceram 9,7% em 2011.
A conclusão é que, para evitar a era dos pibinhos, o governo deve retomar as políticas de estímulo ao consumo das famílias, aumentar o investimento público e adotar medidas de proteção à indústria de transformação, como, por exemplo, medidas para conter a valorização do real. Acima de tudo, governo deve abandonar a míope visão que enxerga o consumo privado como combustível da inflação e o investimento público em infra-estrutura como elemento que deve preceder o investimento privado. Na economia real, são as tensões, muitas vezes descoordenadas, entre consumo e investimento que provocam o crescimento com inclusão social, tal como ocorreu na gestão do presidente Lula.
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