Por Altamiro Borges
Resistência ativa e unidade
Benesses do governo federal
Remessa de US$ 14,6 bilhões ao exterior
O "compromisso social" dos capitalistas
GM e Volks acabam de abrir programas de “demissões
voluntárias”. O objetivo, afirmam, é “promover ajustes” para fazer frente à
grave crise econômica internacional. O argumento é desprezível. Na prática, as poderosas
multinacionais auferem lucros astronômicos no Brasil, saqueiam os cofres
públicos e rementem a grana para suas matrizes em crise – respectivamente, nos
EUA e na Alemanha.
O caso mais grave é o da General Motors. Segundo o Sindicato
dos Metalúrgicos de São José dos Campos, a empresa pode fechar o setor de
Montagem de Veículos Automotores (MVA), demitindo 1.500 operários. Em reunião realizada na última sexta-feira, a
direção da GM explicitou que reduzirá ainda mais a produção do setor, que
fabrica os modelos Corsa, Classic, Meriva e Zafira.
Filiado à CSP-Conlutas, o sindicato já aprovou um plano de
lutas que inclui greve na fábrica, protestos de rua, caravana a Brasília e um
ato nacional unitário com as outras centrais. “Os metalúrgicos vão para o
enfrentamento contra o fechamento do MVA e as demissões. A partir de agora,
vamos intensificar as mobilizações e resistir contra esse grave ataque da GM.
Vamos buscar apoio de toda a sociedade, dos parlamentares e dos governos”,
afirma Antonio Ferreira, o Macapá, presidente da entidade.
A resistência dos metalúrgicos da GM e da Volks precisará,
de fato, de muita garra e ampla unidade. Nada justifica a demissão de milhares
de trabalhadores. Em junho, após o corte do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI), a venda de veículos novos disparou – subindo 23%. No
semestre, as vendas das montadoras somaram 1,72 milhão de unidades.
Além da redução do IPI, o governo ainda adotou outras
medidas favoráveis às multinacionais para enfrentar a crise econômica. No final
de maio, o BNDES diminuiu os juros na sua linha de financiamento para a
aquisição de máquinas e equipamentos. Já o Banco Central liberou R$ 18 bilhões
em depósitos compulsórios de bancos para o financiamento de veículos.
Apesar das vendas recordes e das benesses do governo –
feitas, lógico, com dinheiro público –, as multinacionais ainda anunciam, no
maior cinismo e crueldade, a demissão de trabalhadores. Na prática, elas saqueiam
a nação para remeter bilhões para as suas matrizes. Segundo reportagem do
Estadão, nos últimos três anos as montadoras enviaram US$ 14,6 bilhões ao
exterior.
“Desde o início da
crise financeira internacional, o governo brasileiro abriu mão de R$ 26 bilhões
em impostos para a indústria automotiva... As medidas de estímulo à venda de
veículos nos últimos três anos e meio também contribuíram para a remessa de US$
14,6 bilhões ao exterior, na forma de lucros e dividendos, para as matrizes que
contavam prejuízos com a queda na receita nos Estados Unidos e na Europa. O
lucro enviado para fora do país fica próximo do valor que as empresas deixaram
de pagar em impostos”, informa o jornalista Iuri Dantas, do Estadão.
Não dá mais para tolerar esta prática criminosa das multinacionais.
Nada justifica “socorrer” empresas que não têm compromisso com a nação. No
mínimo, o governo deveria exigir contrapartidas para qualquer redução de
impostos ou concessão de subsídios. Do contrário, ele estará alimentando ladrões – que saqueiam o dinheiro público, além de já explorar os trabalhadores
brasileiros.
E o triste é que ainda tem gente que acredita na conversa
fiada do “compromisso social” das empresas capitalistas!
5 comentários:
Na prática, a grana para as famigeradas "demissões voluntárias" é fornecida por nós, seja mediante o IPI que deixa de ser arrecadado, seja pelo decorrente aumento das vendas.
As montadoras estão cometendo, sob as barbas do governo dos trabalhadores, crime de lesa pátria - por destruírem empregos no país, por remeterem divisas que nos são essenciais, por usarem recursos nossos para tapar rombos de fora.
Simples,que o governo volte a cobrar tudo desse imbecis, e promova concorrência entre eles dando benefícios só pra quem continuar investindo.
É igualzin o IOF, se o governo se responsabilizar os investidores não saem correndo não. Porque aqui é mercado. E vamos então pesquisar e criar nossos carros?
...e ontem estive em uma concessionária da Chevrolet, onde fui informado que não estavam mais aceitando pedidos pois a produção já estava comprometida até final de Agosto. ...E ainda demitem?
Não ao corte do IPI! Abaixo o lucro exorbitante!
Empresas que recebem bilhões de incentivos do governo deveriam ter um limite de remessas para o exterior. Além disso, deveriam prestar contas de seus lucros brutos e líquidos ao invés se fazerem de coitadas enquanto continuam retirando bilhões de nosso país.
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