quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Mensalão teve efeito político zero

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Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Nas últimas semanas, houve um assanhamento da direita demo-tucano-midiático-judiciária em relação a efeitos políticos que esses setores caquéticos da política nacional almejavam que sobreviessem do circo armado pela grande mídia em torno do julgamento da ação penal 470, a qual esse grupo político chama de “julgamento do mensalão”.

Nesta quarta-feira, porém, o que sobreveio desmentiu um sem-número de “análises” sobre aqueles “efeitos políticos” almejados, que, em verdade, são de que Lula, Dilma e o próprio PT estejam sendo desmoralizados pela pretensa condenação (tácita) de todos que vai se desenhando nas deliberações do julgamento daquela ação penal pelo STF.

A pesquisa de opinião da série CNI-Ibope que acaba de ser divulgada, porém, mostra que o governo da presidente Dilma Rousseff ganhou aprovação apesar de todo esse circo midiático, tendo agora 62%, índice maior do que o registrado em junho, que era de 59%. Além disso, a aprovação da própria presidente atingiu espantosos 77%.

Quem não assistiu à entrevista coletiva convocada pela CNI para anunciar as pesquisas, porém, não sabe de mais alguns dados que constituem excelente notícia não só para Dilma, mas, também, para Lula.

Renato da Fonseca, gerente-executivo da Unidade de Pesquisa da CNI, afirmou, em coletiva de imprensa convocada para anunciar a nova edição da pesquisa da entidade, que 57% da população julga este governo igual ao governo Lula, o que significa que a maioria da população está conseguindo ver cada vez mais méritos nos dois últimos governos, ignorando a mídia.

Não há como aprovar Dilma sem aprovar Lula. Aliás, a pesquisa mostra isso. Afinal, se 57% dos brasileiros consideram que os governos Lula e Dilma são iguais – e se 22% consideram que o de Lula foi melhor –, como enxergar essa desmoralização que pistoleiros da mídia golpista – aquela que ajudou a dar o golpe de 1964 – andam alardeando?

Venho dizendo, reiteradamente, que a mídia acredita ter o poder supremo da criação, de fazer acontecer, como por mágica, tudo o que deseja. Não sem razão, diga-se, pois quem controla boa parte do Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal certamente tem razões para se achar todo-poderoso. Contudo, a mídia não entendeu que esse poder discricionário diminuiu.

Apesar de sua influência imensa sobre as instituições e sua capacidade de pautar a opinião pública – que, há que entender, não é a opinião do povo e, sim, a de setores barulhentos e ricos da sociedade –, a mídia não consegue mais fazer o povo acreditar em si. Não quando lhe pede que vote em seus escolhidos, sem pedir explicitamente.

A ridicularia dessa discurseira demo-tucano-midiática encontra exemplo, aliás, em um dos textos mais cretinos que a mídia publicou nas últimas semanas. É de autoria do colunista da Folha de São Paulo Fernando Rodrigues. Ele compara o momento político atual com o início da desmoralização da ditadura que seu patrão ajudou implantar e que ocorreu a partir de 1974.

Vale a pena ler a cretinice para captar o que essa direita delirante anda almejando e que acaba de lhe ser negado por quem manda, ao fim: o eleitorado. Abaixo, pois, a coluna de Fernando Rodrigues publicada na edição da Folha de São Paulo de quarta-feira 26 de setembro de 2012. Volto em seguida.



Rodrigues errou de ano. Acrescentou uma década ao ano com o qual o momento político brasileiro se parece. Primeiro porque à época do “milagre econômico” da ditadura, quando o país crescia muito, foi o período em que a concentração de renda, no Brasil, mais aumentou.

Eis por que a pesquisa da série CNI-Ibope frustra a visão míope desses “analistas” movidos pelas idiossincrasias dos patrões e dos amigos dos seus patrões: hoje, como mostrou notícia recente amplamente divulgada, enquanto os maiores salários cresceram 4%, os menores cresceram 29% (!).

Isso se chama distribuição de renda, o contrário da concentração dela que se abateu sobre o Brasil sobretudo nos anos do “milagre econômico”, que tinha por premissa que era preciso, primeiro, “fazer o bolo crescer” para só depois dividi-lo. Foi a tese que fez a ditadura começar a ruir a partir de 1974.

Hoje, portanto, o cheiro que a política exala é o de 1964. Sobretudo pelo fedor que rescende o caráter dessa mídia golpista, antiética, antidemocrática e seus pistoleiros bem-pagos para assassinar a reputação de mais um líder trabalhista, a exemplo do que foi perpetrado contra Getúlio Vargas e Jango Goulart.

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