Por Altamiro Borges
Na tentativa de descolar sua imagem do atual prefeito, cuja
administração é rejeitada por 48% dos eleitores paulistanos, José Serra disse
numa entrevista ao SPTV, da TV Globo, que não tem qualquer ligação com Kassab. “Ele
assumiu porque era meu vice. Completou meu mandato, foi eleito, ganhou por 61%
contra 39% da Marta Suplicy [PT]. A partir daí, desenvolveu o seu mandato”. Já
durante um debate, o tucano afirmou que “o paulistano quer
mudanças. O que eu me proponho é ser o prefeito da mudança”.
Mídia ampara cinismo tucano
O prefeito Gilberto Kassab, o “rejeitado”, e o deputado
Valdemar da Costa Neto, o “mensaleiro”, devem estar magoados com Serra, o
candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo. Eles nem sequer são citados no
horário eleitoral de rádio e tevê e não são destaques nas minguadas atividades
de campanha do tucano. Pelo contrário. Como pragas contagiosas, eles foram
descartados por Serra. Nos últimos dias, a operação esconde ganhou
contornos ainda mais risíveis.
A manobra marqueteira, porém, não colou, como atestam as
pesquisas. Os paulistanos sabem que Serra é Kassab e que Kassab é Serra. Tanto
é que a rejeição ao atual prefeito reforçou a rejeição ao eterno candidato do
PSDB. Já no caso do deputado Valdemar da Costa Neto, presidente do PR, a
situação é mais complicada. Poucos eleitores sabem que ele também está no banco
dos réus no badalado julgamento do “mensalão” no Supremo Tribunal Federal (STF)
e que foi o primeiro a renunciar ao seu mandato para não ser cassado.
A mídia demotucana, por razões óbvias, esconde o caso. Esta omissão
permite que campanha tucana explore ao máximo o julgamento no STF para atacar o
petista Fernando Haddad. No maior cinismo, Serra esconde que recebe o apoio –
inclusive o tempo de tevê – do “mensaleiro” Valdemar da Costa Neto. Ele tenta
posar de “paladino da ética” – logo ele, que até hoje não respondeu às
denúncias do livro “A privataria tucana”, não explicou suas relações com Paulo
Preto e que tem como aliados os “éticos” do DEM.
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