O texto “Dilma irá ao antro midiático da SIP?” gerou certa
polêmica. Alguns amigos argumentaram que, como presidenta da República, ela não
teria como se ausentar de um fórum de empresários da mídia do continente. Uma
atitude deste tipo seria encarada como um “desrespeito à liberdade de expressão”.
Os mais otimistas chegaram a dizer que até seria positiva a sua participação na
68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa, que ocorrerá em outubro
na capital paulista, para “dizer umas verdades”.
Jules Dubois, o homem
da CIA
A Sociedade Interamericana de Imprensa não tem nada a ver
com liberdade de expressão e, muito menos, com democracia. Ela reúne os barões
da mídia do continente que apoiaram golpes militares e sustentaram ditaduras
sanguinárias – alguns destes grupos, como a Globo e o Clarín, inclusive construíram
seus impérios neste período com as mãos sujas de sangue. Com a redemocratização
na região, estes mesmos barões da mídia foram os difusores do receituário
neoliberal de desmonte de estado, da nação e do trabalho.
Sediada em Miami, a SIP defende os interesses das megacorporações
capitalistas e as políticas imperiais dos EUA. Ela até tenta se travestir
de “independente”, mas a sua direção sempre foi hegemonizada pelos empresários
mais ricos e reacionários do continente. Num estudo
intitulado “Os amos da SIP”, o jornalista Yaifred Ron ainda apresenta inúmeros
documentos que comprovam os vínculos da entidade com a central de “inteligência”
dos EUA, a famigerada CIA.
A SIP foi fundada em 1943 numa conferência em Havana, durante a ditadura de Fulgencio Batista. Num primeiro momento, devido à aliança contra o nazi-fascimo, ela ainda reuniu alguns veículos progressistas. Mas isto durou pouco tempo. Com a onda macartista nos EUA, ela foi tomada de assalto pela CIA. Em 1950, na conferência de Quito, dois serviçais da agência, Joshua Powers e Jules Dubois, passam a dirigir a entidade. Dubois comandou a SIP por 15 anos e tem seu nome gravado no edifício da entidade em Miami.
Desestabilizar governos progressistas
Neste período, a SIP se tornou um instrumento da CIA para
desestabilizar os governos progressistas da América Latina. Para isso, os
estatutos foram adulterados, garantindo maioria às publicações empresariais dos
EUA; a sede foi deslocada para os EUA; e as vozes críticas foram alijadas. “Em
resumo, eles destruíram a SIP como entidade independente, transformado-a num
aparato político a serviço dos objetivos internacionais dos EUA”, afirma
Yaifred.
Na década de 50, ela fez oposição ao governo
nacionalista de Juan Perón e elegeu o ditador nicaragüense Anastácio Somoza
como “anjo tutelar da liberdade de pensamento”. Nos anos 60, seu alvo foi a
revolução cubana; nos anos 70, ela bombardeou o governo de Salvador Allende,
preparando o clima para o golpe no Chile. “A ligação dos donos da grande
imprensa com regimes ditatoriais latino-americanos tem sido suficientemente
documentada e citada em várias ocasiões para demonstrar que as preocupações da
SIP não se dirigem a defesa da liberdade, mas sim à preservação dos interesses
empresariais e oligárquicos”.
Contra a regulação da mídia
Na fase mais recente, a SIP foi cúmplice do golpe midiático
na Venezuela, em abril de 2002, difundido todas as mentiras contra o governo
democrático de Hugo Chávez. Este não vacilou e considerou os seus representantes
como personas non gratas no país. Ela também tem feito ataques sistemáticos aos
governos de Evo Morales, Rafael Correa e Cristina Kirchner. Atualmente, o maior
temor da SIP decorre das mudanças legislativas que objetivam democratizar os
meios de comunicação na América Latina.
Qualquer iniciativa que vise regulamentar o setor e diminuir
o poder dos monopólios é taxada de “atentado à liberdade de expressão”. Como aponta
Yaifred, o maior esforço da entidade na atualidade é “para frear as ações governamentais que favoreçam a democratização
da mídia". A 68ª Assembleia Geral
deverá, apenas, ratificar esta linha golpista. Ou seja: nada justifica a
participação da presidenta Dilma Rousseff!
10 comentários:
O que faria a Dilma num congresso do pig(no caso "a internacional piguista")? Convence-los a serem "bonzinhos" ?
Eu acredito que ela deve ir. Se curvar ao pig ela não vai. Isto é o que importa...
Dilma, não vá!
Concordo, Dilma não deve ir a essa assembleia, não.
Espero que ela fique longe desse antro.
Elisa
Concordo em gênero, número e gráu. Até demonstra uma subserviência da presidenta a esses grupos de mercenários!...
Depois de ler o artigo do Miro, concordo que a presidenta Dilma não deve participar dessa tal SIP que eu nem sabia que existia. Já não basta a Veja, Globo, Folha, Estadão, Rede Globo?
Quem gosta de confundir é o pig e não quem sempre apoiou a Dilma, esta muito estranha esta colocação, sobre a ida de Dilma neste evento
Miro, eu ainda acho que a Dilma deveria ir.
Acho que a Dilma poderia fazer um pronunciamento enaltecendo o papel da SIP ao apoiar a Ley de Medios na Argentina e assim trabalhar a favor da pluralização das informação por lá. Também acho que a Dilma devesse conclamar a SIP para que, assim como na Argentina, ela ajude o presidente Rafael Correa do Equador a também levar à frente o mesmo pacote da Ley de Medios. Isto poderia começar por uma carta da SIP em apoio a Correa.
Para terminar, a Dilma poderia também conclamar o apoio da SIP para a liberação de um ícone mundial da liberdade de informação: Julian Assange. Acredito que a presença de Assange no próximo evento da SIP seja de total interesse da entidade.
Dilma, para quem na ONU criticou a politica cambial dos EUA, Europa e Japão tentando nos exportar a miséria deles, para quem falou a favor da criação do Estado Palestino frente aos olhos esbugalhados dos representantes Israelenses, para quem enfiou o dedo na ferida da crescente islamofobia ocidental e do embargo a Cuba, o texto proposto por mim é fichinha, é moleza para a senhora.
Seria pedir muito? Ou a senhora tem mais medo da SIP do que do peso dos EUA, Europa e Israel?
Segue vídeo mostrando a verdadeira face da SIP. http://www.youtube.com/watch?v=VD9f8DgA1iU
Implícita questão, Evo, Correa ou Cristina iriam?
A presença de Dilma funcionaria como uma espécie de credibilidade à SIP que no momento, não merece. Lembrando que sua presença ali, não necessariamente denegriria a sua imagem, já solidificada como íntegra.
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