Editorial do jornal Brasil de Fato:
Estamos assistindo a um nítido processo de retomada da capacidade de lutas do movimento sindical. Uma recuperação que cala a boca dos diversos analistas que após as dificuldades da década de 1990 anunciavam que a luta sindical estava condenada a uma existência meramente vegetativa. Evidente que o atual momento econômico proporcionou as condições para esta retomada.
Segundo estudos da professora Paula Marcelino, na segunda metade da década de 1980, tivemos uma média de 2.200 greves por ano, mas esse foi um período excepcional na história do sindicalismo brasileiro e mundial; já no período 1991-1997, a média anual de greves caiu para cerca de 930. Na década de 2000, em especial depois de 2004, embora em números absolutos as greves tenham diminuído – em termos médios entre os anos de 2004 e 2010 foram 360 greves e 1,5 milhão de grevistas por ano – as greves ganharam força em termos reivindicativos e de conquistas e vêm avançando quantitativamente.
É importante ressaltar que as greves têm sido, em sua maioria, greves ofensivas, isto é, por novas conquistas, e não greves para recuperar ou evitar perdas. As reivindicações mais presentes nesse novo ciclo têm sido por ganho real de salário e por conquista ou majoração da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). No conjunto do período 2004/2010, as reivindicações ofensivas estiveram presentes na grande maioria das greves: na média dos sete anos considerados, 69,1%. Portanto, reduziu-se o número de greves defensivas – por pagamento de salários atrasados, por respeito a direitos já existentes, etc. A frequência de ação ofensiva não é a mesma em todos os setores. No setor privado, por exemplo, esse tipo de ação é típico dos trabalhadores da indústria, enquanto as paralisações no setor de serviços são notadamente defensivas na maior parte do período considerado.
O fato é que estamos vivenciando uma intensa retomada da luta operária e sindical, que se aproxima, ao menos em número de greves, dos patamares da década de 1980, quando tivemos claramente um vigoroso ascenso das lutas de massas. A grande diferença é que no final da década de 1980, a maioria das entidades sindicais combativas estava unificada numa mesma central sindical e agora contamos com diversas entidades e articulações que reivindicam um compromisso classista.
Porém, ao mesmo tempo em que aumenta a capacidade de mobilização sindical assistimos uma verdadeira ofensiva legislativa, com diversos projetos de lei que buscam precarizar, ainda mais, as condições de trabalho. Eis a razão que torna fundamental a construção da unidade das centrais sindicais, possibilitando que junto com os movimentos sociais possam expressar a força da classe trabalhadora.
É neste contexto que as principais centrais sindicais (CUT, CGTB, CTB, Força Sindical, NCST e UGT), reuniram- se para organizar conjuntamente uma Marcha a Brasília (DF) no dia 6 de março. A intenção é ampliar a mobilização incluindo os movimentos sociais numa ação unitária que representa um importante passo nesta conjuntura. Trata-se de construir uma pauta comum entre as centrais incorporando importantes pontos de convergência com os movimentos sociais: 10% do PIB para a Educação – que tem um impacto direto na melhoria da qualidade do ensino, dialogando com o movimento estudantil, com a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes); os 10% do PIB para a Saúde – que dialoga com uma parcela ampla da população, com os idosos, com as donas de casa e com um leque de atores sociais; e a própria bandeira do desenvolvimento, pois a continuidade do crescimento econômico traz melhores salários e empregos, elevando o padrão de vida da sociedade.
Como esclarece o secretário-geral da CUT, Sergio Nobre, a construção da Marcha à Brasília “é um gesto de unidade, de um amplo leque de forças, que estimula as pessoas a se envolverem. Isso aponta para uma grande manifestação, cuja expressividade demonstrará ao governo e ao Congresso Nacional que é preciso corrigir o rumo e avançar”. Segundo Wagner Gomes, presidente da CTB “ é fundamental também que outros setores da sociedade, como a juventude, por exemplo, se somem à atividade. Não podemos restringir o ato aos sindicalistas. Temos que dialogar e atrair outras forças para essa marcha, pois nossas reivindicações são de total interesse dos outros movimentos sociais do país”.
Fortalecer a construção desta Marcha é fundamental pois representa um passo essencial na unificação das lutas da classe trabalhadora e ocorre num momento em que o governo e o Congresso Nacional sofrem intensas pressões da burguesia.
A retomada da capacidade de lutas do movimento sindical e a construção de uma mobilização unitária, em torno de uma pauta que contempla reivindicações amplas da luta popular, é um passo concreto no esforço de construir a força autônoma da classe trabalhadora e seus aliados históricos, pressionando o governo e o Congresso Nacional.
Através da unidade, centrais sindicais e movimentos sociais podem expressar a força social necessária para pautar o conjunto de medidas que interessam ao povo brasileiro.
Estamos assistindo a um nítido processo de retomada da capacidade de lutas do movimento sindical. Uma recuperação que cala a boca dos diversos analistas que após as dificuldades da década de 1990 anunciavam que a luta sindical estava condenada a uma existência meramente vegetativa. Evidente que o atual momento econômico proporcionou as condições para esta retomada.
Segundo estudos da professora Paula Marcelino, na segunda metade da década de 1980, tivemos uma média de 2.200 greves por ano, mas esse foi um período excepcional na história do sindicalismo brasileiro e mundial; já no período 1991-1997, a média anual de greves caiu para cerca de 930. Na década de 2000, em especial depois de 2004, embora em números absolutos as greves tenham diminuído – em termos médios entre os anos de 2004 e 2010 foram 360 greves e 1,5 milhão de grevistas por ano – as greves ganharam força em termos reivindicativos e de conquistas e vêm avançando quantitativamente.
É importante ressaltar que as greves têm sido, em sua maioria, greves ofensivas, isto é, por novas conquistas, e não greves para recuperar ou evitar perdas. As reivindicações mais presentes nesse novo ciclo têm sido por ganho real de salário e por conquista ou majoração da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). No conjunto do período 2004/2010, as reivindicações ofensivas estiveram presentes na grande maioria das greves: na média dos sete anos considerados, 69,1%. Portanto, reduziu-se o número de greves defensivas – por pagamento de salários atrasados, por respeito a direitos já existentes, etc. A frequência de ação ofensiva não é a mesma em todos os setores. No setor privado, por exemplo, esse tipo de ação é típico dos trabalhadores da indústria, enquanto as paralisações no setor de serviços são notadamente defensivas na maior parte do período considerado.
O fato é que estamos vivenciando uma intensa retomada da luta operária e sindical, que se aproxima, ao menos em número de greves, dos patamares da década de 1980, quando tivemos claramente um vigoroso ascenso das lutas de massas. A grande diferença é que no final da década de 1980, a maioria das entidades sindicais combativas estava unificada numa mesma central sindical e agora contamos com diversas entidades e articulações que reivindicam um compromisso classista.
Porém, ao mesmo tempo em que aumenta a capacidade de mobilização sindical assistimos uma verdadeira ofensiva legislativa, com diversos projetos de lei que buscam precarizar, ainda mais, as condições de trabalho. Eis a razão que torna fundamental a construção da unidade das centrais sindicais, possibilitando que junto com os movimentos sociais possam expressar a força da classe trabalhadora.
É neste contexto que as principais centrais sindicais (CUT, CGTB, CTB, Força Sindical, NCST e UGT), reuniram- se para organizar conjuntamente uma Marcha a Brasília (DF) no dia 6 de março. A intenção é ampliar a mobilização incluindo os movimentos sociais numa ação unitária que representa um importante passo nesta conjuntura. Trata-se de construir uma pauta comum entre as centrais incorporando importantes pontos de convergência com os movimentos sociais: 10% do PIB para a Educação – que tem um impacto direto na melhoria da qualidade do ensino, dialogando com o movimento estudantil, com a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes); os 10% do PIB para a Saúde – que dialoga com uma parcela ampla da população, com os idosos, com as donas de casa e com um leque de atores sociais; e a própria bandeira do desenvolvimento, pois a continuidade do crescimento econômico traz melhores salários e empregos, elevando o padrão de vida da sociedade.
Como esclarece o secretário-geral da CUT, Sergio Nobre, a construção da Marcha à Brasília “é um gesto de unidade, de um amplo leque de forças, que estimula as pessoas a se envolverem. Isso aponta para uma grande manifestação, cuja expressividade demonstrará ao governo e ao Congresso Nacional que é preciso corrigir o rumo e avançar”. Segundo Wagner Gomes, presidente da CTB “ é fundamental também que outros setores da sociedade, como a juventude, por exemplo, se somem à atividade. Não podemos restringir o ato aos sindicalistas. Temos que dialogar e atrair outras forças para essa marcha, pois nossas reivindicações são de total interesse dos outros movimentos sociais do país”.
Fortalecer a construção desta Marcha é fundamental pois representa um passo essencial na unificação das lutas da classe trabalhadora e ocorre num momento em que o governo e o Congresso Nacional sofrem intensas pressões da burguesia.
A retomada da capacidade de lutas do movimento sindical e a construção de uma mobilização unitária, em torno de uma pauta que contempla reivindicações amplas da luta popular, é um passo concreto no esforço de construir a força autônoma da classe trabalhadora e seus aliados históricos, pressionando o governo e o Congresso Nacional.
Através da unidade, centrais sindicais e movimentos sociais podem expressar a força social necessária para pautar o conjunto de medidas que interessam ao povo brasileiro.
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