Por Bepe Damasco, em seu blog:
Até as carpas que habitam o lago em frente ao Palácio do Planalto sabem que a presidenta Dilma precisa distribuir cartões vermelhos e amarelos para vários ministros. Manter um trânsfuga como Paulo Bernardo na Esplanada chega as ser uma provocação aos militantes do PT e a todos os lutadores pela democratização das comunicações no país. Já as gestões de Helena Chagas, José Eduardo Cardoso, Gleise Hoffmann e Ideli Salvati oscilam entre a incompetência e o oportunismo carreirista, entre a concepção equivocada da finalidade de suas pastas e a falta de um mínimo de habilidade política.
Não cabe a comparação entre um gênio da política como Lula e a presidenta Dilma. Toda a brilhante trajetória de Lula foi construída na militância, nas greves, no enfrentamento à ditadura, na fundação do PT e da CUT, nas estreitas relações com o movimento social, no contato direto com o povo. Já Dilma, pessoa de soberbas qualidades, militou na resistência à ditadura militar, foi presa e torturada, e depois optou pela gestão pública, em detrimento da vida partidária e dos embates políticos do dia a dia.
Contudo, o desafio colocado diante da presidenta depois da erosão de sua popularidade é, fundamentalmente, de natureza política. Ou repete o Lula de 2005 ou a vaca vai em definitivo para o brejo. No auge da crise do mensalão, em meados de 2005, com a aprovação ao seu governo despencando para 28% de ótimo e bom, Lula entregou as chaves do palácio e a coordenação do seu governo para a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e avisou : " Vou enfrentar nas ruas o golpe que tramam contra mim. Só venho a Brasília nos fins de semana."
Dito e feito. Durante todo o segundo semestre daquele ano, Lula viajou pelo país, defendendo as realizações de seu governo, inaugurando obras, lançando programas e convênios com prefeitos e governadores, criticando a oposição (que decidira fazê-lo sagrar até as eleições de 2006), denunciando o golpismo dos meios de comunicação, falando pelos cotovelos e travando contato direito com a população. Ou seja, fazendo política 24 horas por dia.
O resultado não tardaria a aparecer : em dezembro, a aprovação ao seu governo já beirava os 60%, pavimentando o caminho que o levaria à reeleição no ano seguinte. Lula, evidentemente, se orientou pela constatação de que crises políticas só podem ser superadas com ação política. Para ir à luta, na arena da política, no entanto, a presidenta tem de arrumar a casa e delegar poderes. Salta aos olhos no governo Dilma a falta de um operador político qualificado e de um ministro ou ministra que desempenhe as funções de coordenação, de "Dilma da Dilma,"
Mas, para isso, a presidenta deve superar rapidamente sua excessiva centralização. É preciso delegar, confiar, transferir responsabilidades. De que adianta um time de ministros sem iniciativa e manietado ? Por outro lado, a nova postura adotada depois das manifestações de receber os movimentos sociais e os segmentos da sociedade para negociações deve ver ampliada a ponto de se transformar em rotina de governo.
Me veio à cabeça algumas sugestões de doses de "política na veia" para romper o cerco político. Implementá-las, porém, depende de coragem e disposição para o confronto, requisitos que até agora não têm sido os pontos fortes do governo Dilma Rousseff :
1 - Fim do sujeito oculto nas falas presidenciais. A presidenta tem de ser mais assertiva e direta. Exemplo : dar nome aos bois dos orgãos de imprensa que fazem terrorismo econômico com a inflação e o baixo crescimento econômico.
2 - Passar a fazer discursos diários para defender programas polêmicos do seu governo, como o Mais Médicos, denunciando a desinformação e da distorção dos fatos como atos de sabotagem contra os interesses dos mais pobres.
3 - Não há motivo para ficar na defensiva em relação à proposta do plebiscito. Defender sua iniciativa como a mais sintonizada com as ruas contribui não só para elevar o nível de politização do debate como também para pressionar o Congresso, a quem deve caber o ônus de ter rejeitado a proposta do plebiscito.
4 - Já que o governo optou mesmo pelo tiro no pé de não encaminhar um projeto de novo marco regulatório para a radiodifusão no Brasil, que, ao menos, pare de pagar para apanhar, desconcentrando suas verbas publicitárias. Resumindo, deixe de financiar o PIG e canalize recursos para a imprensa regional, popular e alternativa.
5 - Usar o máximo possível a cadeia de rádio e TV, só tomando o cuidado de não banalizar sua utilização, é claro. Em tempos de campanha obsessiva do PIG para destruir o governo, esse instrumento é essencial.
6 - Passar um pente fino na base de apoio no Congresso Nacional, repleta de oportunistas, traíras e lobistas. Períodos de crise são adequados para um freio de arrumação. O governo tem de saber com quantos conta de fato. É melhor uma base menor, mas coesa e determinada, do que a legião de fisiológicos e criadores de dificuldades de hoje.
7 - A presidenta deve ter uma agenda de viagens lotada, permanecendo em Brasília o mínimo necessário. Mas de nada adianta viajar se não discursar, se não tiver contato com o povo, se não marcar suas aparições públicas por falas fortes e incisivas, pautando a mídia.
8 -Seus ministros devem também abandonar os gabinetes de Brasília e irem à luta. Quase todas as sugestões para a presidenta são também extensivas à sua equipe. Ministros tem de informar à sociedade sobre suas prioridades, seus projetos, os prazos de execução, etc.
9 - No auge das manifestações de junho, no intervalo de uma reunião com seus ministros, Dilma disse aos repórteres que passaria a fazer muito "quebra-queixo" (conversa com a imprensa quando o entrevistado se vê cercado de gravadores e microfones ) e também convocaria entrevistas coletivas com frequência. Uma boa ideia, sem dúvida. Só que, até o momento, ficou na promessa. A propósito, por que diabos a presidenta foge das coletivas ?
10 - A postura olímpica de não rebater com a contundência necessária os ataques dos adversários pode até funcionar em tempos de paz, mas não em tempos de guerra. Se é estratégia de marqueteiro, pior ainda. O marketing político é muito bem-vindo desde que submetido à política e não ao contrário.
Até as carpas que habitam o lago em frente ao Palácio do Planalto sabem que a presidenta Dilma precisa distribuir cartões vermelhos e amarelos para vários ministros. Manter um trânsfuga como Paulo Bernardo na Esplanada chega as ser uma provocação aos militantes do PT e a todos os lutadores pela democratização das comunicações no país. Já as gestões de Helena Chagas, José Eduardo Cardoso, Gleise Hoffmann e Ideli Salvati oscilam entre a incompetência e o oportunismo carreirista, entre a concepção equivocada da finalidade de suas pastas e a falta de um mínimo de habilidade política.
Está claro, portanto, que sem mudanças profundas na sua equipe, Dilma não vira o jogo. Mas mexer no ministério não basta. O buraco é mais embaixo. O caminho a ser seguido pela presidenta para reverter a situação atual é o caminho da política. Aí vem a pergunta : terá Dilma talento, disposição e sagacidade política para repetir o que Lula fez em 2005 ?
Não cabe a comparação entre um gênio da política como Lula e a presidenta Dilma. Toda a brilhante trajetória de Lula foi construída na militância, nas greves, no enfrentamento à ditadura, na fundação do PT e da CUT, nas estreitas relações com o movimento social, no contato direto com o povo. Já Dilma, pessoa de soberbas qualidades, militou na resistência à ditadura militar, foi presa e torturada, e depois optou pela gestão pública, em detrimento da vida partidária e dos embates políticos do dia a dia.
Contudo, o desafio colocado diante da presidenta depois da erosão de sua popularidade é, fundamentalmente, de natureza política. Ou repete o Lula de 2005 ou a vaca vai em definitivo para o brejo. No auge da crise do mensalão, em meados de 2005, com a aprovação ao seu governo despencando para 28% de ótimo e bom, Lula entregou as chaves do palácio e a coordenação do seu governo para a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e avisou : " Vou enfrentar nas ruas o golpe que tramam contra mim. Só venho a Brasília nos fins de semana."
Dito e feito. Durante todo o segundo semestre daquele ano, Lula viajou pelo país, defendendo as realizações de seu governo, inaugurando obras, lançando programas e convênios com prefeitos e governadores, criticando a oposição (que decidira fazê-lo sagrar até as eleições de 2006), denunciando o golpismo dos meios de comunicação, falando pelos cotovelos e travando contato direito com a população. Ou seja, fazendo política 24 horas por dia.
O resultado não tardaria a aparecer : em dezembro, a aprovação ao seu governo já beirava os 60%, pavimentando o caminho que o levaria à reeleição no ano seguinte. Lula, evidentemente, se orientou pela constatação de que crises políticas só podem ser superadas com ação política. Para ir à luta, na arena da política, no entanto, a presidenta tem de arrumar a casa e delegar poderes. Salta aos olhos no governo Dilma a falta de um operador político qualificado e de um ministro ou ministra que desempenhe as funções de coordenação, de "Dilma da Dilma,"
Mas, para isso, a presidenta deve superar rapidamente sua excessiva centralização. É preciso delegar, confiar, transferir responsabilidades. De que adianta um time de ministros sem iniciativa e manietado ? Por outro lado, a nova postura adotada depois das manifestações de receber os movimentos sociais e os segmentos da sociedade para negociações deve ver ampliada a ponto de se transformar em rotina de governo.
Me veio à cabeça algumas sugestões de doses de "política na veia" para romper o cerco político. Implementá-las, porém, depende de coragem e disposição para o confronto, requisitos que até agora não têm sido os pontos fortes do governo Dilma Rousseff :
1 - Fim do sujeito oculto nas falas presidenciais. A presidenta tem de ser mais assertiva e direta. Exemplo : dar nome aos bois dos orgãos de imprensa que fazem terrorismo econômico com a inflação e o baixo crescimento econômico.
2 - Passar a fazer discursos diários para defender programas polêmicos do seu governo, como o Mais Médicos, denunciando a desinformação e da distorção dos fatos como atos de sabotagem contra os interesses dos mais pobres.
3 - Não há motivo para ficar na defensiva em relação à proposta do plebiscito. Defender sua iniciativa como a mais sintonizada com as ruas contribui não só para elevar o nível de politização do debate como também para pressionar o Congresso, a quem deve caber o ônus de ter rejeitado a proposta do plebiscito.
4 - Já que o governo optou mesmo pelo tiro no pé de não encaminhar um projeto de novo marco regulatório para a radiodifusão no Brasil, que, ao menos, pare de pagar para apanhar, desconcentrando suas verbas publicitárias. Resumindo, deixe de financiar o PIG e canalize recursos para a imprensa regional, popular e alternativa.
5 - Usar o máximo possível a cadeia de rádio e TV, só tomando o cuidado de não banalizar sua utilização, é claro. Em tempos de campanha obsessiva do PIG para destruir o governo, esse instrumento é essencial.
6 - Passar um pente fino na base de apoio no Congresso Nacional, repleta de oportunistas, traíras e lobistas. Períodos de crise são adequados para um freio de arrumação. O governo tem de saber com quantos conta de fato. É melhor uma base menor, mas coesa e determinada, do que a legião de fisiológicos e criadores de dificuldades de hoje.
7 - A presidenta deve ter uma agenda de viagens lotada, permanecendo em Brasília o mínimo necessário. Mas de nada adianta viajar se não discursar, se não tiver contato com o povo, se não marcar suas aparições públicas por falas fortes e incisivas, pautando a mídia.
8 -Seus ministros devem também abandonar os gabinetes de Brasília e irem à luta. Quase todas as sugestões para a presidenta são também extensivas à sua equipe. Ministros tem de informar à sociedade sobre suas prioridades, seus projetos, os prazos de execução, etc.
9 - No auge das manifestações de junho, no intervalo de uma reunião com seus ministros, Dilma disse aos repórteres que passaria a fazer muito "quebra-queixo" (conversa com a imprensa quando o entrevistado se vê cercado de gravadores e microfones ) e também convocaria entrevistas coletivas com frequência. Uma boa ideia, sem dúvida. Só que, até o momento, ficou na promessa. A propósito, por que diabos a presidenta foge das coletivas ?
10 - A postura olímpica de não rebater com a contundência necessária os ataques dos adversários pode até funcionar em tempos de paz, mas não em tempos de guerra. Se é estratégia de marqueteiro, pior ainda. O marketing político é muito bem-vindo desde que submetido à política e não ao contrário.
5 comentários:
Realmente,daqui de longe mas sempre
lendo os blogues ditos sujos não dá
para entender porque ainda permane-
cem ministros Paulo bernardo,José
Eduardo Cardoso e Helena Chagas,que
parecem ser os piores.
Dilma,pensa bem:não é só o seu go-
verno é todo o País e seus 200 mi-
lhões de habitantes,é o nosso que-
rido Brasil como nação!!!
É, a popularidade de Dilma caiu... mas também, com os ministros que ela tem...não bastassem os muitos buscados nas varandas da "casa grande", os que são do PT são o que de pior há no PT, ao ponto de descaracterizá-lo como partido dos trabalhadores.
Acho que está claro para todos que DILMA evita o confronto com o PIG. Por que será?
Ricardo diz:
Excelente artigo!
mas será que a Presidenta e sua equipe de incompetentes,traíras e pelegos vão transcender a burocracia e realmente, ir pra rua????????
Onde eu assino?
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