Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Após os protestos de rua de junho os políticos em geral perderam popularidade – à exceção de Marina Silva, que ganhou aprovação com aqueles movimentos e depois perdeu o que tinha ganhado enquanto políticos como Dilma Rousseff, que haviam sido mais prejudicados, foram se recuperando e a opinião pública foi despertando da catarse em que mergulhara.
Em São Paulo, no início de julho, o instituto Datafolha detectou que a aprovação ao governo Geraldo Alckmin (PSDB) caiu de 52% para 38%. O governo Fernando Haddad sofreu dano similar: sua aprovação era de 34% e caiu para 18%.
A situação de Alckmin, porém, agravar-se-ia ainda mais devido às denúncias que surgiram em agosto envolvendo o metrô, a CPTM e as empresas europeias Alstom e Siemens, que teriam pago propinas a membros do governo paulista a partir de 1998 e durante os governos seguintes (todos do PSDB) até 2009, no mínimo.
É interessante, porém, ver as estratégias que dois dos governantes mais afetados escolheram para se recuperar, ainda que não se saiba se tais estratégias deram certo porque não foram feitas novas pesquisas.
Enquanto Haddad criou faixas exclusivas para ônibus que repercutiram bem entre a população da capital paulista por diminuírem fortemente o tempo de viagem dos que atravessam a cidade todos os dias, Alckmin preferiu priorizar em sua agenda compromissos fora da capital com a finalidade de expor sua imagem nas mídias regionais de maneira positiva.
Mas essa não foi a única estratégia tucana para melhorar a imagem de Alckmin. Assim como fez José Serra em 2010 durante a campanha eleitoral para presidente – quando foi atingido na cabeça por uma bolinha de papel e resolveu ir fazer “tomografia” enquanto acusava o PT de tê-lo atingido –, Alckmin decidiu pegar um “atalho” para melhorar sua imagem elaborando uma farsa, a qual acaba de ser desmontada pelo jornal Valor Econômico.
Em reportagem publicada em seu site na última quinta-feira, o Valor publicou entrevista do ex-secretário estadual da Segurança Pública de São Paulo Antônio Ferreira Pinto, que afirmou que Alckmin (PSDB) busca lucrar politicamente com supostas ameaças de morte feitas por integrantes da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), captadas em escutas policiais.
O ex-secretário, nomeado por José Serra quando era governador e que permaneceu no cargo no governo Alckmin até o ano passado, diz que as escutas nas quais um integrante da facção fala em “decretar” (matar) o governador são conhecidas da cúpula da segurança pública desde 2011 e não têm credibilidade alguma.
“A informação é importante desde que você analise e veja se ela tem ou não consistência. Essas gravações não tinham“, disse Ferreira Pinto.
O ex-secretário de Alckmin explica que, assim como não se pode acreditar na parte dessa gravação em que membros do PCC disseram que foi o grupo criminoso e não o governo do Estado quem reduziu os homicídios em São Paulo, tampouco se pode crer na parte em que um membro da organização fala em matar o governador.
O trecho da gravação de conversa de membros do PCC em que falam em matar Alckmin foi requentado pela mídia, pois era amplamente conhecido desde 2011. De lá para cá, nunca houve evidência de que existiria mesmo algum propósito nesse sentido. Nunca houve um único atentado ou qualquer outra evidência adicional.
Por que, então, os jornais O Estado de São Paulo e O Globo, em suas edições de 12 de outubro último, publicaram uma informação antiga no topo de suas primeiras páginas, com enorme destaque?
No mesmo dia em que Estadão e O Globo fizeram estardalhaço com o suposto “plano para matar Alckmin”, a Folha de São Paulo deu apenas uma nota discreta em suas páginas internas. A mesma Folha que, em sua edição desta sexta-feira (1/11), divulgou, agora sim em sua primeira página, a matéria publicada na quinta-feira (31/10) pelo jornal Valor Econômico denunciando a farsa.
Segundo a matéria da Folha, o plano tucano-midiático pode ter dado certo. O jornal afirma que “(…) pesquisa encomendada pelo PSDB após o episódio [das manchetes dizendo que o PCC queria matar o tucano] detectou alta na avaliação de Alckmin por sua ‘coragem’ (…)”.
Entretanto, como não há maiores detalhes sobre essa “pesquisa encomendada pelo PSDB” que confirmaria que a farsa do governador paulista teria elevado sua popularidade e feito a população paulista esquecer da roubalheira dos casos Alstom e Siemens, não se pode acreditar nela.
O que fica desse episódio, além da opção de mais um tucano pela tática da “bolinha de papel”, é a iniciativa do Estadão e de O Globo de darem destaque tão grande (com manchete principal em suas primeiras páginas) a notícia tão velha (conhecida pela imprensa e pelas autoridades há quase dois anos) – à qual a Folha não deu bola, mostrando ser menos patife.
Após os protestos de rua de junho os políticos em geral perderam popularidade – à exceção de Marina Silva, que ganhou aprovação com aqueles movimentos e depois perdeu o que tinha ganhado enquanto políticos como Dilma Rousseff, que haviam sido mais prejudicados, foram se recuperando e a opinião pública foi despertando da catarse em que mergulhara.
Em São Paulo, no início de julho, o instituto Datafolha detectou que a aprovação ao governo Geraldo Alckmin (PSDB) caiu de 52% para 38%. O governo Fernando Haddad sofreu dano similar: sua aprovação era de 34% e caiu para 18%.
A situação de Alckmin, porém, agravar-se-ia ainda mais devido às denúncias que surgiram em agosto envolvendo o metrô, a CPTM e as empresas europeias Alstom e Siemens, que teriam pago propinas a membros do governo paulista a partir de 1998 e durante os governos seguintes (todos do PSDB) até 2009, no mínimo.
É interessante, porém, ver as estratégias que dois dos governantes mais afetados escolheram para se recuperar, ainda que não se saiba se tais estratégias deram certo porque não foram feitas novas pesquisas.
Enquanto Haddad criou faixas exclusivas para ônibus que repercutiram bem entre a população da capital paulista por diminuírem fortemente o tempo de viagem dos que atravessam a cidade todos os dias, Alckmin preferiu priorizar em sua agenda compromissos fora da capital com a finalidade de expor sua imagem nas mídias regionais de maneira positiva.
Mas essa não foi a única estratégia tucana para melhorar a imagem de Alckmin. Assim como fez José Serra em 2010 durante a campanha eleitoral para presidente – quando foi atingido na cabeça por uma bolinha de papel e resolveu ir fazer “tomografia” enquanto acusava o PT de tê-lo atingido –, Alckmin decidiu pegar um “atalho” para melhorar sua imagem elaborando uma farsa, a qual acaba de ser desmontada pelo jornal Valor Econômico.
Em reportagem publicada em seu site na última quinta-feira, o Valor publicou entrevista do ex-secretário estadual da Segurança Pública de São Paulo Antônio Ferreira Pinto, que afirmou que Alckmin (PSDB) busca lucrar politicamente com supostas ameaças de morte feitas por integrantes da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), captadas em escutas policiais.
O ex-secretário, nomeado por José Serra quando era governador e que permaneceu no cargo no governo Alckmin até o ano passado, diz que as escutas nas quais um integrante da facção fala em “decretar” (matar) o governador são conhecidas da cúpula da segurança pública desde 2011 e não têm credibilidade alguma.
“A informação é importante desde que você analise e veja se ela tem ou não consistência. Essas gravações não tinham“, disse Ferreira Pinto.
O ex-secretário de Alckmin explica que, assim como não se pode acreditar na parte dessa gravação em que membros do PCC disseram que foi o grupo criminoso e não o governo do Estado quem reduziu os homicídios em São Paulo, tampouco se pode crer na parte em que um membro da organização fala em matar o governador.
O trecho da gravação de conversa de membros do PCC em que falam em matar Alckmin foi requentado pela mídia, pois era amplamente conhecido desde 2011. De lá para cá, nunca houve evidência de que existiria mesmo algum propósito nesse sentido. Nunca houve um único atentado ou qualquer outra evidência adicional.
Por que, então, os jornais O Estado de São Paulo e O Globo, em suas edições de 12 de outubro último, publicaram uma informação antiga no topo de suas primeiras páginas, com enorme destaque?
No mesmo dia em que Estadão e O Globo fizeram estardalhaço com o suposto “plano para matar Alckmin”, a Folha de São Paulo deu apenas uma nota discreta em suas páginas internas. A mesma Folha que, em sua edição desta sexta-feira (1/11), divulgou, agora sim em sua primeira página, a matéria publicada na quinta-feira (31/10) pelo jornal Valor Econômico denunciando a farsa.
Segundo a matéria da Folha, o plano tucano-midiático pode ter dado certo. O jornal afirma que “(…) pesquisa encomendada pelo PSDB após o episódio [das manchetes dizendo que o PCC queria matar o tucano] detectou alta na avaliação de Alckmin por sua ‘coragem’ (…)”.
Entretanto, como não há maiores detalhes sobre essa “pesquisa encomendada pelo PSDB” que confirmaria que a farsa do governador paulista teria elevado sua popularidade e feito a população paulista esquecer da roubalheira dos casos Alstom e Siemens, não se pode acreditar nela.
O que fica desse episódio, além da opção de mais um tucano pela tática da “bolinha de papel”, é a iniciativa do Estadão e de O Globo de darem destaque tão grande (com manchete principal em suas primeiras páginas) a notícia tão velha (conhecida pela imprensa e pelas autoridades há quase dois anos) – à qual a Folha não deu bola, mostrando ser menos patife.
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