Na sua condição de porta-voz informal de José Serra – há uma incrível sintonia de alma entre ambos – Reinaldo Azevedo, num dos raros intervalos em que para de babujar sua irritação por Miriam Leitão ter dito que ele “rosna” – que bobagem, Miriam! - escreve para dar a visão do serrismo sobre o almoço de ontem, onde FHC, Geraldo Alckmin e Aécio Neves, decidiram “dar fim” aos assanhos do ex-e-eterno candidato a Presidente.
Tranquilo, escrevendo com a mansuetude dos premeditados, Azevedo diz que isso não passa – claro – de invenção da mídia e diz que Serra não traz problemas para Aécio:
“Aécio será o candidato se quiser; tem hoje o domínio total da máquina partidária; conversa livremente com quem desejar; pode lançar os temas e as teses que julgar convenientes sem dar satisfações a ninguém (a esmagadora maioria concordará); tem estrutura e condições de circular livremente pelo país etc. Pergunto de novo: quais são os obstáculos criados por Serra?”
Num acesso de bondade, Tio Rei se mostra como o melhor amigo do homem de Minas:
“Será mesmo uma boa ideia lançar já a candidatura de Aécio? Será mesmo virtuoso transformá-lo, desde já, no alvo da máquina de desqualificação do “partido oficial”? Será mesmo conveniente que tudo o que diga passe a ser filtrado, desde agora, pela ótica de 2014?”
Mas, apesar de manso, não deixa de mostrar os dentes, cobrando o acordo feito com Aécio, perguntando se “será mesmo desejável desfazer um acordo que tem pouco mais de 30 dias”, acordo, é óbvio, firmado com o próprio Serra e do qual o mineiro está arrependido. A propósito, Reinaldo não se esquece de citar que “o encontro teve testemunhas.”
A nota de Reinaldo deixa claro que Serra não vai ceder por “recados” indiretos. Alguém terá de botar a cara para romper a palavra dada e se sujeitar às consequências.
Serra sabe que essa é a parte difícil do plano, porque Alckmin e o próprio Aécio dependem eleitoralmente dele e de seu peso em São Paulo. Serra pode não somar, mas certamente é capaz de subtrair votos.
E, para quem considera que perdeu eleições por causa da “herança maldita” de Fernando Henrique, nada mais vingativo que fazê-lo assumir a paternidade plena da candidatura de Aécio.
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