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Divirjo muitas vezes do jornalista Ricardo Noblat.
Quase sempre, aliás.
Muito menos aprecio a orientação política que ele assume em sua coluna em O Globo e eu seu blog, na mesma empresa.
Não desconheço, também, que ele jamais tomou a defesa de outros profissionais, a que vê serem chamados de ‘blogueiros sujos”, sem que lhes proclame o direito de escrever o que pensam e tanto quanto qualquer outra publicação, merecerem - na proporção de suas audiências – a destinação de verbas publicitárias.
Nada disso, entretanto, faz deixar de ser absurdo que ele seja denunciado por racismo pelo Presidente do STF, Joaquim Barbosa, por tê-lo censurado por seus modos grosseiros ao agredir verbalmente Ricardo Levandowski.
Por dizer que Barbosa não tem o direito “tratar mal seus semelhantes, a debochar deles” e a “humilhá-los”.
Não tem, mesmo.
Ou que Barbosa teve, na sua indicação para a Corte,o fato de ser negro como elemento de convicção do Presidente Lula para decidir assim.
Foi, e que bom que tenha sido.
Porque significou a ascensão de um negro – como milhões de nossos irmãos – à corte mais alta do País, como é preciso para que esse país comece, um pouquinho, a exorcizar os séculos de discriminação, humilhação e injustiça.
Que Noblat tenha dito que o comportamento de Barbosa é eivado de autoritarismo e recalques, basta ver os espetáculos que ele protagoniza na TV Justiça, ante os olhos de todos.
Ou será que mandar um jornalista ir “chafurdar no lixo” é exemplo de comportamento equilibrado próprio de um magistrado?
Da mesma forma, não é temerário dizer que Joaquim Barbosa sabe do peso com que recai, diante do Ministério Público, uma demanda sua para que se processe alguém.
Noblat talvez seja só o primeiro.
O rancor da derrota final no processo da Ação penal 470, o chamado “mensalão”, já deixou claro, na diatribe final de Barbosa contra seus colegas, onde apontou um “maioria formada sob medida” que iria seguir sua “sanha reformadora”, que aquele era “apenas o primeiro passo”.
Talvez o primeiro passo seja justamente Noblat, a quem, por caminho transverso, se busque punir por no trecho final do julgamento, não ter seguido razões de elevado valor jurídico, como a de dosar penas “sob medida” para evitar a progressão ao regime semi-aberto de determinados presos.
E talvez seja a Noblat uma lição de que os adversários que o enfrentamos com a verve, a ironia e o questionamentos políticos somos muito, muito mais democratas do que aqueles que figuram injúrias para exercer a perseguição.
Porque, afinal, o que se lhe imputa como injurioso é o mesmo – em palavras até mais duras – do que se acusou o jornalista Paulo Henrique Amorim em relação a Heraldo Pereira.
Quando muito, uma ofensa pessoal, não aos negros.
Noblat não achou isso merecedor de defesa
Ainda assim, terá nossa defesa diante de um esgar autoritário.
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