Por Antonio Machado, no blog Viomundo:
O discurso da direita é obtuso, sinuoso, embiocado. Ora mais, ora menos, mas inevitável e necessariamente. Afinal, de que outra forma defender uma injustiça, justificar o indefensável?
Em sua coluna de quarta-feira na Folha de S.Paulo, o jornalista Elio Gaspari resguarda os xingadores da presidente da República - a doutora Dilma, como ele a chama -, já tão repreendidos pela mídia independente. “Argumente-se que o grito foi típico da descortesia dos estádios”, pondera.
A intenção já se define pelo título: “O ódio ao PT e o ódio do PT” (http://naofo.de/g0r). Gaspari, experimentado, não endossa o coro dos desaforados.
Se os protege, é com cautela – e sem apologia, é claro. Põe-se de fora, pretensamente alheio ao ódio manifestado de parte a parte.
Cita comentários de internet e conclui: “Se a rede for usada como posto de observação, os dois ódios equivalem-se e pouco há a fazer”.
Alto lá! Não é o anonimato da rede que deve ser tomado como posto de observação, mas a própria imprensa, a própria Folha.
A imprensa e as declarações de gente pública como Paulinho da Força, Aécio Neves, na linha do “colheu o que plantou”, “mandou para onde tinha que mandar”.
À bem da verdade, o mal não seria propriamente o ódio, mas como ele se manifesta, de quem vem, a quem se dirige e por quê.
Ou o doutor, do alto de sua imparcialidade, acha que odiar o pobre que anda de avião – para usar um exemplo batido, que é também o dele – equivale a odiar o rico que se queixa do aeroporto que virou rodoviária?
Não digo que pertença à elite todo aquele que não gosta do PT. Há até ricos que gostam e outros que, não sendo, dele não gostam justamente por julgarem-no elitista. Mas o leitor da Folha sabe porque ela não gosta do PT.
Na quinta-feira, outra vez no estádio do Corinthians, o jornalista José Trajano, da ESPN, homem de 68 anos, se preparava para entrar ao vivo quando foi chamado de “petista filho da p*” e ameaçado de morte.
A exclamação veio de um torcedor de 30 anos, um e noventa de altura, que avançava sobre as grades que o apartavam da imprensa.
Parêntese. Coisa de um mês atrás, o amigo que presenciou e relatou a referida cena é quem foi a vítima. Repreendeu um desconhecido que atirava um folheto no chão e ouviu de volta: “Vai se f*, seu comunista! Comunista! Você é um petista, seu petista!” (http://bit.ly/TfCGil)
Voltando ao caso do Trajano, seria só uma ocorrência avulsa, embora corriqueira; um desvario como o daquele que hostilizou Joaquim Barbosa. Novo parêntese.
O mesmo sujeito que ultrajou Barbosa foi atacado pelo senador Aloysio Nunes no Congresso Nacional, num episódio que chamou bem menos atenção (http://bit.ly/1lTtyqc).
A’O Globo, o senador ainda avisou: “Só não dei um pescoção porque ele correu mais do que eu!” (http://naofo.de/g0v)
Pois seria só mais uma, não fosse a campanha de ódio contra Trajano promovida por Reinaldo Azevedo, blogueiro e colunista da mesma Folha – aliás, escalado pelo jornal para comentar as “palavras não muito gentis à presidente” – e levada às últimas por sua claque.
Desnecessário reproduzir os impropérios de Azevedo a Trajano, mencionado em nada menos que seis postagens do autor. Quem o conhece pode imaginar.
Não se sabe ao certo o que despertou a ira do blogueiro: se o fato de Trajano reprovar a grosseria contra Dilma, de “pagar pau aos esquerdistas” ou de dizer que Azevedo é semeador de ódio (http://bit.ly/1uMfu7q).
Pelo tamanho da reação, bastava ter se referido a Dilma como presidenta para merecer uma alusão injuriosa.
A verdade é que Gaspari está mais perto do que gostaria de Azevedo; ambos do mesmo lado, em papeis complementares.
Se o doutor ainda não sabe, já é tempo de saber, na origem, conteúdo e forma, o que difere o ódio antipetista da revolta contra a elite e contra quem a representa.
PS do Viomundo: A Folha é aquela que, em plena campanha eleitoral de 2010, publicou na capa uma ficha falsa da candidata Dilma e, em seguida, entrou em crise existencial por não descobrir se era verdadeira a falsidade; antes, foi o jornal que publicou na primeira página artigo de um psicanalista aeronauta acusando o governo Lula do homicídio de 200 pessoas num acidente aéreo cuja causa foi erro dos pilotos; deu espaço à tese de Lula estuprador na cadeia; espalhou o pânico com uma falsa epidemia de febre amarela e, mais tarde, dizimou milhares que ainda vivem com a gripe suína; depois de tudo isso, adotou a tese de que os blogueiros “espalham ódio”. É pra rir, né?
O discurso da direita é obtuso, sinuoso, embiocado. Ora mais, ora menos, mas inevitável e necessariamente. Afinal, de que outra forma defender uma injustiça, justificar o indefensável?
Em sua coluna de quarta-feira na Folha de S.Paulo, o jornalista Elio Gaspari resguarda os xingadores da presidente da República - a doutora Dilma, como ele a chama -, já tão repreendidos pela mídia independente. “Argumente-se que o grito foi típico da descortesia dos estádios”, pondera.
A intenção já se define pelo título: “O ódio ao PT e o ódio do PT” (http://naofo.de/g0r). Gaspari, experimentado, não endossa o coro dos desaforados.
Se os protege, é com cautela – e sem apologia, é claro. Põe-se de fora, pretensamente alheio ao ódio manifestado de parte a parte.
Cita comentários de internet e conclui: “Se a rede for usada como posto de observação, os dois ódios equivalem-se e pouco há a fazer”.
Alto lá! Não é o anonimato da rede que deve ser tomado como posto de observação, mas a própria imprensa, a própria Folha.
A imprensa e as declarações de gente pública como Paulinho da Força, Aécio Neves, na linha do “colheu o que plantou”, “mandou para onde tinha que mandar”.
À bem da verdade, o mal não seria propriamente o ódio, mas como ele se manifesta, de quem vem, a quem se dirige e por quê.
Ou o doutor, do alto de sua imparcialidade, acha que odiar o pobre que anda de avião – para usar um exemplo batido, que é também o dele – equivale a odiar o rico que se queixa do aeroporto que virou rodoviária?
Não digo que pertença à elite todo aquele que não gosta do PT. Há até ricos que gostam e outros que, não sendo, dele não gostam justamente por julgarem-no elitista. Mas o leitor da Folha sabe porque ela não gosta do PT.
Na quinta-feira, outra vez no estádio do Corinthians, o jornalista José Trajano, da ESPN, homem de 68 anos, se preparava para entrar ao vivo quando foi chamado de “petista filho da p*” e ameaçado de morte.
A exclamação veio de um torcedor de 30 anos, um e noventa de altura, que avançava sobre as grades que o apartavam da imprensa.
Parêntese. Coisa de um mês atrás, o amigo que presenciou e relatou a referida cena é quem foi a vítima. Repreendeu um desconhecido que atirava um folheto no chão e ouviu de volta: “Vai se f*, seu comunista! Comunista! Você é um petista, seu petista!” (http://bit.ly/TfCGil)
Voltando ao caso do Trajano, seria só uma ocorrência avulsa, embora corriqueira; um desvario como o daquele que hostilizou Joaquim Barbosa. Novo parêntese.
O mesmo sujeito que ultrajou Barbosa foi atacado pelo senador Aloysio Nunes no Congresso Nacional, num episódio que chamou bem menos atenção (http://bit.ly/1lTtyqc).
A’O Globo, o senador ainda avisou: “Só não dei um pescoção porque ele correu mais do que eu!” (http://naofo.de/g0v)
Pois seria só mais uma, não fosse a campanha de ódio contra Trajano promovida por Reinaldo Azevedo, blogueiro e colunista da mesma Folha – aliás, escalado pelo jornal para comentar as “palavras não muito gentis à presidente” – e levada às últimas por sua claque.
Desnecessário reproduzir os impropérios de Azevedo a Trajano, mencionado em nada menos que seis postagens do autor. Quem o conhece pode imaginar.
Não se sabe ao certo o que despertou a ira do blogueiro: se o fato de Trajano reprovar a grosseria contra Dilma, de “pagar pau aos esquerdistas” ou de dizer que Azevedo é semeador de ódio (http://bit.ly/1uMfu7q).
Pelo tamanho da reação, bastava ter se referido a Dilma como presidenta para merecer uma alusão injuriosa.
A verdade é que Gaspari está mais perto do que gostaria de Azevedo; ambos do mesmo lado, em papeis complementares.
Se o doutor ainda não sabe, já é tempo de saber, na origem, conteúdo e forma, o que difere o ódio antipetista da revolta contra a elite e contra quem a representa.
PS do Viomundo: A Folha é aquela que, em plena campanha eleitoral de 2010, publicou na capa uma ficha falsa da candidata Dilma e, em seguida, entrou em crise existencial por não descobrir se era verdadeira a falsidade; antes, foi o jornal que publicou na primeira página artigo de um psicanalista aeronauta acusando o governo Lula do homicídio de 200 pessoas num acidente aéreo cuja causa foi erro dos pilotos; deu espaço à tese de Lula estuprador na cadeia; espalhou o pânico com uma falsa epidemia de febre amarela e, mais tarde, dizimou milhares que ainda vivem com a gripe suína; depois de tudo isso, adotou a tese de que os blogueiros “espalham ódio”. É pra rir, né?
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