Por Mauro Santayana, em seu blog:
Irônica às vezes, mas nunca desatenta, a história não desperdiça oportunidades, em sua caminhada pelo tempo, para estabelecer mudanças, que às vezes se tornam prementes, no contexto da disputa dos povos e nações pelo poder.
Quando foi criado pelo economista Jim O’ Neill, do Goldman Sachs, o termo Bric, hoje, Brics, estava voltado para orientar especuladores e “investidores” para a obtenção de rápidos lucros, investindo em países de grande potencial de crescimento nos primeiros anos do Século XXI.
Certamente, ao criar o termo, O’ Neill não percebeu que, ao reunir em uma mesma sigla, quatro das maiores nações do mundo em território e população, elas poderiam descobrir, entre si, afinidades e pontos de contato mais profundos, que as características marcadamente econômicas que atraíam os clientes de sua empresa de consultoria em 2001.
Se tivesse parado para pensar, um pouco mais, na ocasião, em termos geopolíticos, ele poderia ter percebido que esses países não demorariam a se unir sob um ponto comum: o fato de todos terem sido dominados, explorados, e tido seu desenvolvimento tolhido, no passado, pelas alianças estabelecidas pelos países mais ricos, ao longo dos séculos XIX e XX, para assegurar seu domínio político e econômico sobre o resto da humanidade.
Em junho de 2003, por iniciativa brasileira, criou-se, em Brasília, o IBAS, um fórum de diálogo sul-sul, entre Brasil, Índia, e - premonitoriamente - a África do Sul.
Exatamente seis anos depois, em 16 de junho de 2009, o então BRIC, reunindo Brasil, Rússia, Índia e China, faria sua primeira Cúpula Presidencial na cidade russa de Ekaterinemburg, à qual se seguiriam os encontros de Brasília, em 2010, Sanya, na China, em 2011 - quando incorporou-se a África do Sul - Nova Déli, na Índia, em 2012, Durban, na África do Sul, em 2013, e, agora, Fortaleza, Brasil, em 2014. Reunião na qual, pela primeira vez, o Grupo BRICS estabelece mecanismos comuns de atuação, apresentando-se, sem subterfúgios, não mais como um acrônimo econômico, mas como uma aliança geopolítica de alcance mundial, que pode vir a influenciar, decisivamente, a evolução do mundo, nos próximos anos.
A imprensa ocidental sempre se dedicou, nos últimos anos, a desestimular e desacreditar o BRICS, apresentando-o como um saco de gatos de nações contraditórias e em certos termos concorrentes e como uma marca a mais, em um planeta por si só já pródigo em siglas de todo tipo, a maioria tão decorativas quanto inoperantes.
O estreitamento paulatino dos laços diplomáticos, comerciais e de defesa entre os BRICS, e, agora, o lançamento de seu banco, e de um fundo de reservas, com um montante de 150 bilhões de dólares, representa o primeiro desafio concreto à hegemonia ocidental nos últimos 200 anos. Abre caminho para um mundo novo, multipolar, mais justo, mais equilibrado.
Irônica às vezes, mas nunca desatenta, a história não desperdiça oportunidades, em sua caminhada pelo tempo, para estabelecer mudanças, que às vezes se tornam prementes, no contexto da disputa dos povos e nações pelo poder.
Quando foi criado pelo economista Jim O’ Neill, do Goldman Sachs, o termo Bric, hoje, Brics, estava voltado para orientar especuladores e “investidores” para a obtenção de rápidos lucros, investindo em países de grande potencial de crescimento nos primeiros anos do Século XXI.
Certamente, ao criar o termo, O’ Neill não percebeu que, ao reunir em uma mesma sigla, quatro das maiores nações do mundo em território e população, elas poderiam descobrir, entre si, afinidades e pontos de contato mais profundos, que as características marcadamente econômicas que atraíam os clientes de sua empresa de consultoria em 2001.
Se tivesse parado para pensar, um pouco mais, na ocasião, em termos geopolíticos, ele poderia ter percebido que esses países não demorariam a se unir sob um ponto comum: o fato de todos terem sido dominados, explorados, e tido seu desenvolvimento tolhido, no passado, pelas alianças estabelecidas pelos países mais ricos, ao longo dos séculos XIX e XX, para assegurar seu domínio político e econômico sobre o resto da humanidade.
Em junho de 2003, por iniciativa brasileira, criou-se, em Brasília, o IBAS, um fórum de diálogo sul-sul, entre Brasil, Índia, e - premonitoriamente - a África do Sul.
Exatamente seis anos depois, em 16 de junho de 2009, o então BRIC, reunindo Brasil, Rússia, Índia e China, faria sua primeira Cúpula Presidencial na cidade russa de Ekaterinemburg, à qual se seguiriam os encontros de Brasília, em 2010, Sanya, na China, em 2011 - quando incorporou-se a África do Sul - Nova Déli, na Índia, em 2012, Durban, na África do Sul, em 2013, e, agora, Fortaleza, Brasil, em 2014. Reunião na qual, pela primeira vez, o Grupo BRICS estabelece mecanismos comuns de atuação, apresentando-se, sem subterfúgios, não mais como um acrônimo econômico, mas como uma aliança geopolítica de alcance mundial, que pode vir a influenciar, decisivamente, a evolução do mundo, nos próximos anos.
A imprensa ocidental sempre se dedicou, nos últimos anos, a desestimular e desacreditar o BRICS, apresentando-o como um saco de gatos de nações contraditórias e em certos termos concorrentes e como uma marca a mais, em um planeta por si só já pródigo em siglas de todo tipo, a maioria tão decorativas quanto inoperantes.
O estreitamento paulatino dos laços diplomáticos, comerciais e de defesa entre os BRICS, e, agora, o lançamento de seu banco, e de um fundo de reservas, com um montante de 150 bilhões de dólares, representa o primeiro desafio concreto à hegemonia ocidental nos últimos 200 anos. Abre caminho para um mundo novo, multipolar, mais justo, mais equilibrado.
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